Capítulo 15  - A proposta

Um mês havia se passado desde os trágicos acontecimentos na Toca e tudo parecia ter voltado ao normal. Draco havia reconhecido sua paternidade no Cartório de Registro Civil Bruxo tornando Helena oficialmente sua filha, também havia se mudado da casa de Hermione passando a viver sozinho em sua própria residência determinado a provar sua independência. Contudo, o loiro passava mais tempo com a namorada e a filha, que seus conhecidos passaram a questionar a decisão do bruxo em se mudar ao invés de se casar logo e acabar com as formalidades, mas Hermione parecia fugir do assunto quando o mesmo era tocado, já que Draco só sugeria e não fazia um pedido formal. 

Do outro lado da cidade, as coisas pareciam ter se normalizado também, porém no momento, Narcisa vivia sozinha na mansão Malfoy e agora administrando os bens da família, sempre estava viajando, mas de vez enquanto ia visitar o marido em Azkaban e a neta no bairro trouxa que tanto abominava. No interior do pais, nos campos de Devon, os Weasley trabalhavam incansavelmente para preparar a cerimônia de casamento de Gina e Harry que já logo enviaram o convite para Hermione e Draco que tomavam chá em uma tarde ensolarada, porém fria em Londres. 

— É daqui a uma semana! - Exclamou Hermione lendo o verso do convite. 

— É, eles comentaram que seria daqui a um mês mesmo - Murmurou Draco indiferente colocando de lado o convite. 

— Como assim? - Hermione levantou-se da mesa recolhendo os pratos. - Ele me disse que só se casaria daqui a um ano! 

— Mamãe, eu não terminei de comer o bolo! - Gemeu Helena puxando seu prato de volta. 

— Desculpe - Hermione respondeu sem graça devolvendo o prato a filha e voltou a se sentar após colocar o restante na pia. 

— Eu não vejo problema eles se casarem amanhã, eles estão juntos a quase uma década - Draco comentou ainda indiferente. 

— Sim, é verdade, mas por que mentir? Todos sabiam, menos eu - Bufou irritada. 

— Doce vingança! - O loiro sorriu irônico e se espreguiçou - Não é legal todos saberem de algo menos você? 

— Você que pediu para o Harry não me contar? - Hermione ficou séria o encarando. 

— Logico que não, foi coincidência, e o Potter mentiu porque queria que você ficasse, se ele se casasse logo você se mudaria ou estou mentindo? - Ele levantou-se e foi até ela a abraçando pela cintura. 

— Tem razão - Hermione concordou pensativa. 

— Mas sabe o que mais me aborrece? - O loiro roçou o nariz levemente no rosto dela descendo a boca até o pescoço. 

— O que? - Ela respondeu sentindo cada traço do seu corpo arrepiar-se. 

— O Potter se casar primeiro que eu - Draco deu uma leve mordiscada na pele nua dela. 

— Isso não é uma competição - Disse Hermione afastando-se do loiro nervosa. 

— Eu sei que não, mas você continua recusando e eu não sei porque. O que eu sugeri de errado? - Ele correu até ela e a abraçou por trás deitando o queixo no ombro da mesma. 

— Porque você tem que se ajoelha e dizer que a ama papai! - Helena respondeu suja de bolo de chocolate. 

— É sério? - Draco olhou para a filha surpreso. 

— Bom, devo dizer que você não propôs adequadamente, apenas sugeriu que talvez pudéssemos nos casar enquanto você lia um jornal. - Hermione desfez o abraço novamente e se afastou. 

— Achei que não precisasse - Ele virou-se para Hermione preocupado. 

— Eu vou tomar banho, já venho e limpe o resto por favor. - A morena o encarou com desdém sem acreditar no que ouvirá e deixou a cozinha às pressas. 

Draco estava sem entender o que ele havia dito de errado, nem mesmo sua filha de cinco anos lhe explicando ele conseguiu compreender a rispidez da mulher. Determinado a encerrar aquela desavença boba entre os dois, o loiro passou a esperar Hermione na sala enquanto brincava com a filha, até que fora interrompido pela a campainha tocando. Ao atender a porta assustou em ver um homem mais alto que si, forte, de olhos claros e pele bronzeada desvair o sorriso ao ver bruxo e provavelmente não outra pessoa. 

— Posso ajudar? - Perguntou o loiro arqueando uma das sobrancelhas. 

— Procuro Hermione Granger, mas acho que errei de endereço - Disse o homem fazendo menção em deixar a entrada. 

— Tio Daniel? - Helena largou seus brinquedos e correu para a porta ansiosa o que fez o visitante inesperado voltar. 

— Tio Daniel? Você não pode ficar por ai chamando qualquer um de tio - Draco murmurou perplexo, nunca ouvirá falar do cara e agora ele estava ali abraçando sua filha. Abraçando Helena? Logo fechou a cara e cruzou os braços nervoso. 

— Que saudades de você pequena - Daniel sorria para Helena que estava pendurada em seus longos braços fortes. Ele tinha um tronco nos braços? Pensava Draco irritado com a forma física do homem. 

— Você demorou - Murmurou ela aborrecida. 

— Desculpe, eu tive alguns imprevistos e vejo que sua mãe também - Disse mostrando os dentes brancos a Draco que ainda o fuzilava com raiva. 

— Esse é meu papai! - Helena disse empolgada e desceu do colo de Daniel para segurar a mão de Draco - Esse é Daniel papai, meu amigo! 

— Oh! - Daniel olhou o loiro surpreso de cima abaixo, fazia mais de um mês que não falava com Hermione, logo viu que muita coisa mudou. Então sorriu novamente e esticou a mão para cumprimentar - Sou Daniel, prazer. 

— Draco - O bruxo esticou a mão com desdém e apertou firmemente a de Daniel, então soube naquele momento que o homem a sua frente era trouxa e aquilo não era nada bom, pois não sabia se ele tinha ciência da genética de Hermione ou se não tinha, deveria a qualquer custo manter em segredo, inclusive sua varinha e a louça lavando magicamente.  

— Perdão, mas Hermione está? - Daniel perguntou novamente, estava ansioso para vê-la. 

— Ela está tomando banho titio, entre, entre! - Helena puxou o homem para dentro, sem soltar a mão de Draco, o que incomodou o loiro, não queria compartilhar nada com Daniel, nem mesmo a filha. 

— Eu vou chama-la - Murmurou irritado se afastando brutalmente dos dois. 

Draco subiu as escadas amaldiçoando Daniel de todas as formas, não que suas palavras fossem surti algum efeito, mas certamente sua varinha iria. Apalpou o bolso a encontrando, seria rápido, ninguém notaria, nem mesmo Helena, porém quando chegou no pé da escada desistiu, pois se encontrou incapaz de machucar os sentimentos de sua primogênita que parecia feliz com o homem no andar de baixo. Guardando a varinha, seguiu para o quarto fechando a porta atrás de si e encontrou Hermione se trocando enquanto ela o indagava com o olhar se perguntando o que ele fazia ali sem Helena. 

— Quem é Daniel? - Perguntou Draco por fim de braços cruzados e encostando-se na porta. 

— Daniel é uma pessoa que me ajudou no Brasil, por que? - Perguntou Hermione preocupada pensando onde Draco ouvirá falar de Daniel. 

— Você nunca me falou sobre ele - O loiro deixava claro o ciúme. 

— Muita coisa na minha cabeça desde que voltei e você nunca perguntou nada sobre esse tempo que fiquei lá, então ele nunca surgiu - Suspirou ela irritada com a atitude dele. 

— Helena parece gostar muito dele - Draco dizia calmo sem olha-la. 

— Sim ela gosta, ele praticamente a criou - Hermione concordou, então o olhou com medo - Mas como sabe disso? Ela disse algo? 

— Por que? Tem algo a ser dito? - Draco se aproximou de Hermione surpreso com as palavras. 

— Sério? Você está com ciúmes? - A morena balançou a cabeça negativamente e se afastou. 

— E se eu estiver? - O bruxo elevou a voz. - Você passou sabe-se lá quanto tempo com esse cara e nem se dignou a me contar e agora ele está lá embaixo com a minha filha. 

— Daniel está lá embaixo? - Hermione começou a vestir os sapatos correndo ansiosa deixando um sorriso estampado no rosto. 

— Está - Disse indiferente e irritado com ela por sorrir - Você ouviu o que eu disse? 

— Sim e depois conversamos - O olhou friamente e deixou o quarto. 

Assim que a porta do quarto se fechou, o loiro sentiu seu sangue subir de raiva, sentou-se na beirada da cama sem saber ao certo o que fazer. Não era culpa de ninguém, mas não podia esconder os ciúmes, afinal, Daniel ocupou o lugar que deveria ser dele por cinco anos e de ninguém mais. Draco retornou para sala onde encontrou Hermione conversando animadamente com Daniel como se ele fosse a pessoa mais importante para ela e não ele mais. Encostou no batente da porta de braços cruzados determinado apenas a observar de longe a interação entre eles e só pode concluir uma coisa, sentia-se excluído e deveria tomar uma atitude antes que fosse tarde demais. 

— Eu vou sair - O loiro fez sua presença por fim. 

— Aonde vai? - Hermione levantou-se e sorriu nervosa, estava com medo que o ciúme o estivesse consumindo ao ponto de deixa-la. 

— Vou no mercado, eu já volto - Disse ele sério a ela e olhou para Daniel mais sereno - Espero que fique para o jantar, com licença. 

— Não demore - Ela engoliu seco sorrindo e viu o loiro deixar a casa. 

— Então, ele é o pai de Helena - Daniel sorriu da mesma maneira que Molly sorria, sem julgamentos. 

— Como soube? - Hermione volto a se sentar surpresa com as palavras do amigo. 

— Por favor, Helena é ele cuspido - Disse o homem rindo. 

— Oh, sim, é o que dizem - Ela concordou. 

— Mentira, a Helena que me contou - Daniel começou a rir sem conter o folego.

— Ai seu bobo! - Hermione riu dando um tapa no ombro do amigo.

— Mas então, ocorreu tudo bem? Vocês parecem ter feito as pazes, já que decidiu ficar. E o casamento, como foi? 

Hermione sorriu nervosa com a quantidade de perguntas, porém lembrou-se que devia uma explicação a Daniel sobre seu passado e então contou tudo a ele, menos o fato que era bruxa, é claro, contudo a ideia passava pela sua cabeça uma vez ou outra, quem sabe um dia. Antes de anoitecer, Daniel deixou a casa, pois disse que tinha um jantar de aniversário com a sua namorada que o aguardava no hotel em que estava hospedado e pediu sinceras desculpas sobre recusar o convite de Draco que ainda não havia voltado. Após fechar a porta, a bruxa retornou à sala ligando a televisão perguntando-se aonde estava o loiro e que raios ele foi fazer para demorar horas para voltar. 

Irritada, a morena foi até a janela espiar a rua, o mercado não ficava longe, mas talvez Draco tivesse ido visitar a mãe ou então resolveu ir para casa com raiva e ciúmes, o que a deixou mais preocupada ainda. Impaciente, Hermione voltou a se sentar no sofá, e em meio segundo levantou-se. Helena assistia desenho enquanto brincava com suas bonecas e a bruxa tentou participar, mas sua tentativa de se distrair foi em vão a fazendo largar a filha que resmungou algo triste. Suas esperanças pareciam ter desaparecido quando ouviu barulho de chave que a fez correr para abrir a porta, quando de repente Draco se preparava para entrar. 

— Onde esteve? - Foi o que conseguiu dizer em meio a raiva. 

— Precisamos conversar - Ele a encarou sério e fechou a porta. 

— Como assim conversar? - Hermione o questionou sentindo seu coração saltar pra fora da garganta só de imaginar o que poderia ser a conversa. 

— Helena, vou ali no jardim com a sua mãe e já volto, não saia daí - Draco disse a pequena ignorando os protestos da mulher. 

— Claro papai! - Helena o olhou por cima do ombro sorrindo e voltou para o desenho. 

— No jardim? Podemos conversar aqui mesmo! - A bruxa apontou para sala. 

— Precisamos de privacidade, eu preciso de privacidade - O loiro passou por ela sem olha-la e se dirigiu para as portas dos fundos da casa que ficava na cozinha dando acesso a uma pequena área ecológica particular que a mãe de Hermione criou. 

— Ótimo, se assim desejar - Falou exaltada. 

Hermione seguiu Draco para os jardins da casa, entendia que se tivessem uma briga era melhor ser longe de Helena, ela não precisava presenciar mais brigas, contudo quando passou da cozinha a área externa seu sangue gelou, pois não acreditava no que estava vendo, muito menos como e que horas o bruxo havia conseguido fazer tudo aquilo. Ao pisar na grama, pode presenciar um cenário que apenas pensou ter visto em romances no cinema. O jardim estava decorado com diversos vaga-lumes que sobrevoavam iluminando um pequeno caminho de rosas brancas e vermelhas que levavam a um círculo onde o loiro passou a ficar no meio apenas aguardando a bruxa vir até ele. 

— O que está acontecendo? - Ela sorriu admirada com o que via. 

— Venha cá - Pediu ele contendo um sorriso, porém precisava manter a compostura. 

— Draco, eu ainda estou brava com você, não adianta vir com feitiços mirabolantes, não vai me convencer - Hermione foi até ele séria, porém estupefata e então parou no círculo junto com o loiro. 

— Apenas fique em silencio, por favor, eu não vou conseguir repetir se você não escutar e prestar atenção - Disse ele a reprendendo, mas finalmente sentindo seu coração bombear mais que o normal, começara a ficar nervoso e ansioso. 

— Desculpe - Ela mordeu os lábios querendo rir e ficou em silencio. 

— O que eu irei te dizer é algo que eu já deveria ter dito a muito tempo atrás, no baile como eu havia planejado, mas acho que nunca é tarde - Draco suspirou então continuou - Hermione Granger, eu te amo, nossas vidas se cruzaram sem nossas permissões e quando eu vi descobri que você era alguém que eu jamais deveria ter deixado ir. Me desculpe se fui um idiota no passado, me desculpe na verdade por tudo que já te fiz e por algumas mais. Eu acho que sou o homem mais sortudo do mundo, pois nunca pensei que amaria você como eu te amo hoje - Ele pode ver Hermione tinha os olhos marejados enquanto ele falava - Tenho raiva sim de tudo que houve mesmo sem ninguém ter culpa, mas penso que foi para o melhor, pois me fez crescer por dentro e provar a todos, e a você que isso que temos não vai acabar tão cedo, só vai acabar quando dermos os nossos últimos suspiros juntos, porque é isso que eu quero, ficar com você pelo resto da minha vida. Então, Hermione Granger... - O loiro respirou fundo e tirou do bolso uma pequena caixa aveludada. 

— Ai meu Deus! - Hermione gemeu tampando a boca deixando por fim uma lagrima escorrer pelos seus olhos. 

— Hermione Granger... - Draco riu da reação dela e se ajoelhou abrindo a caixinha que revelava um anel com um pequeno diamante lilás - quer casar comigo? 

— Seu idiota! - Ela limpou as lagrimas que escorriam sem parar pelo seu rosto e sorriu - Logico que sim! 

— Eu fiz certo agora? - Ele levantou-se sorrindo. 

— Fez, agora você fez - Hermione escondeu o rosto nas mãos rindo. 

— Eu te amo - Draco disse rindo junto com ela e segurou a mão da mesma colocando o anel que encaixou perfeitamente no dedo anular dela. 

— Eu te amo! - A bruxa o abraçou sorrindo e o beijou no rosto.