Bastards and Queens escrita por kelly pimentel


Capítulo 2
O Norte


Notas iniciais do capítulo

Voltei. Depois da súbita melhorar, Jon tem uma piora e isso força sua ida para o Norte. Espero que gostem.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/741053/chapter/2

Daenerys deixou a cabine de Jon com as pernas fracas, estava sentindo tantas coisas ao mesmo tempo que parecia que a qualquer momento tudo começaria a simplesmente escoar sem controle. Jon havia concedido a honra de chamá-la de sua rainha, e ela sabia que era mesmo uma honra ter alguém como ele como seu súdito. Ele havia pedido desculpas de uma forma tão sincera, parecia tão vulnerável naquele momento, e aquilo era claramente algo que não fazia parte do modo como Jon se comportava, o tempo que passaram juntos em Pedra do Dragão havia deixado claro que ele era uma pessoa cheia de muros, proteções, mas naquele momento, naquela cabine, todas essas proteções estavam desarmadas, e havia apenas a verdade dos seus olhos negros.

Jon havia a chamado de “Dany” e embora aquilo realmente a lembrasse do irmão, não era ruim, ela gostava de como a voz dele dizia seu nome, ela precisou se esforçar para sair daquele quarto em vez de se enfiar embaixo das cobertas com Snow. Não por pudor, se fosse apenas luxúria, estaria tudo bem, ela o teria e pronto, poderia fazer isso, não estava presa a noções de Westeros sobre o comportamento feminino, afinal de contas, cresceu nas terras livres, se tornou rainha, quebradora de correntes, a não queimada, e de que adiantaria todos esses títulos se ela não pudesse ter prazer quando bem desejasse? Mas não era só isso, de alguma forma Daenerys temia que entregar seu corpo a Jon, implicaria em entregar também seu coração.

E ela temia aquilo mais do que tudo. Amar alguém em meio a uma guerra seria como colocar um alvo nas suas próprias costas, como ela se sentiria se algo acontecesse com ele? Além disso, Jon Snow não parecia o tipo de homem que simplesmente se deitava com alguém, ele era num nortenho afinal de contas, um homem de sangue Stark, mesmo que seu sobrenome fosse Snow, uma das mais antigas famílias de Westeros, uma das mais respeitadas e tradicionais, conhecida pela moral, pela capacidade de se apegar a seus costumes, bem como aos rancores. Claro que ela não sabia muito sobre o Norte além do que os livros que cresceu lendo contavam sobre as grande casas e famílias de Westeros.

—Está tudo bem minha rainha? - Tyrion Lannister perguntou. Daenerys olhou para o homem e sentiu seu peito rugir, sua vontade era perguntar como tudo poderia estar bem quando um de seus filhos está morto, congelado no fundo de um lago, quando o homem que admira está desacordado, quando a guerra que supostamente estava dada como ganha parecia sair do seu controle, Jardim Alto perdido, os aliados de Dorne mortos, os Greyjoy inutilizados, mas ela não podia colocar a culpar a sua Mão, não pelo último acontecimento, Tyrion pediu que ela não fosse, e, no fim das contas, ela nunca se perdoaria se não tivesse ido.

—Não, mas vai ficar. Precisamos pensar sobre o nosso próximo passo. O contato com a sua irmã.

—Não quer esperar um pouco? Esperar que o Rei do Norte acorde, que você esteja menos... - Tyrion parou no meio do caminho e ela se sentiu grata do homem por isso. Pensou se deveria contar sobre a decisão de Jon, mas achou melhor que ele mesmo fizesse isso, do seu jeito. Sabia que o apoio era real, não tinha que se preocupar com a lealdade de Jon Snow.

—Jon Snow já acordou, agora pouco. Estive com ele por alguns minutos. Avise a Sor Davos. Vou para minha cabine e assim que possível iremos nos reunir.

………………..x…………………

A breve melhora de Jon Snow havia se mostrado algo passageiro, no dia seguinte o nortenho estava ardendo em febre, uma de suas feridas estava infectada e os planos precisavam ser mudados. Davos insistia para que ele fosse levado para casa, Tyrion dizia que isso podia ser arranjado e falava sobre como os Starks prezavam por sua cripta.

—Podemos desembarcar perto do castelo Ramsgate e seguir. Fica a menos de uma dia de Winterfell. - Davos afirma.

—Ele pode sobreviver a uma viagem dessas? - Sor Jorah questiona.

—Já chega! -Daenerys afirma. - Sor Davos, peça que a parada seja feita em Ramsgate, temos uma carruagem adequada neste navio e os vassalos nortenhos podem ceder cavalos para seu Rei. Tyrion, vem comigo e Sor Jorah volta para Pedra do Dragão, preciso ter certeza de que Drogon e Rhaego estão bem cuidados. Não posso levar dragões para WInterfell.

Davos deixa a sala fazendo uma reverência para a Rainha.

—Minha Rainha, deixe-me pelo menos escoltá-lo para Winterfell".

—Sor Jorah, pedi-lhe para certificar-se de que os meus Dragões estão seguros quando você chegar em Pedra do Dragão, é disso que preciso.

—Sim, sua graça, mas receio por sua segurança quando chegar em Winterfell. Os Targaryens são detestados no Norte, seu irmão Rhaegar não fez nenhum favor a sua reputação. Daenerys conhecia a história, ou pelo menos já tinha ouvido falar.

—Eu não posso ser culpada pelos erros do meu irmão. - Ela respondeu aproximando de Jorah e tocando levemente sua mão. - Tenho certeza que Sor Davos pode me garantir uma estadia segura, eu confio nele, agora faça o que eu pedi.

Já na carruagem, Daenery sentou-se ao lado de Jon Snow, que estava deitado e agasalhado, mas ainda assim tremia de frio. Vez ou outra ele balbuciava alguma coisa, o nome “Arya”, “caminhantes brancos”, o nome de Daenerys, a palavra dragão. Em alguns momentos, Daenerys vestia seu manto com capuz e cavalgava ao lado de Tormund, Davos e Tyrion enquanto o Meistre cuidava de Jon na pequena carruagem.

—Jon odiaria isso. -Disse Ser Davos enquanto caminhavam. Ele estava se referindo a todos os homens da bandeira Stark e reforços que cercaram a carruagem. Homens do castelo mais próximos que haviam se oferecido para escoltar o Rei do Norte. - Ele não é chegado a extravagância.

—Eu notei isso quando vocês chegaram em Pedra do Dragão. - Daenerys, o lembrou que Jon nem sequer havia determinado seu título completo quando chegou em sua sala do trono. Davos simplesmente informou: "Ele é rei no norte".

—Ah sim, eu acho que não sou uma mão do Rei muito apropriada, mas Jon não se importa de verdade com o título, e sim com a guerra.

—Ele sabe que coisas como títulos ou casas não importarão se não derrotarmos o Rei da Noite. -Daenerys completou. Aquilo fez Davos sorrir, mas no momento as preferências de Jon não importam, se a notícia de sua condição se espalhasse, se soubesse que Daenerys estava ali, vulnerável, tudo poderia ser perdido.

—Ele gostaria de ouvir vossa graça dizendo isso.

—A Mãe dos Dragões finalmente começou a entender. - Disse Tormund, mas Daenerys sabia que o gigante de cabelos vermelhos ainda não confiava completamente nela.

Quando a carruagem estava prestes a alcançar os portões do que Daenerys havia acabado de aprender que era o limite de Winterfell, pouco antes de chegarem à entrada, Sor Davos afastou Daenerys e disse que seria melhor que ela não entrasse imediatamente, que deixasse a carruagem seguir sozinha. Ela não entendeu de imediato, mas assim que o transporte com Jon parou em frente ao castelo vários homens começaram a gritar “O Rei do Norte!” e ela pode compreender que aquele era um momento no qual sua presença poderia chamar atenção demais.

Vários homens levantaram suas espadas e dobraram os joelhos, mesmo os que estavam a cavalo desmontaram para mostrar respeito pela chegada. Eles só voltaram a levantar quando jovem e linda de cabelos vermelhos entrou no pátio, Daenerys assumiu que aquela era Sansa Stark, a Lady of Winterfell. Ela observou enquanto Sansa cumprimentou Davos, ignorando-a completamente, e depois pediu para que o irmão fosse trazido para dentro do castelo.

Daenerys desmontou do cavalo, mas não tirou seu capuz. Ela caminhou ao lado de Davos e o seguiu até o cômodo no qual colocaram Jon.

—O que houve com ele? - A ruiva perguntou.

—Gelo e caminhantes brancos.

—Chame o Meistre. -Sansa pediu a um homem que a acompanhava. - Ele está febril. - Falou passando a mão na testa de Jon.

—Ele já está sendo cuidado. - Daenerys disse, falando pela primeira vez. Os olhos da garota de cabelos vermelhos a encararam.

—E você, quem é? - Uma garota ainda mais nova perguntou. Daenerys não pode deixar de notar a adaga de aço valiriano em sua cintura.

—Alguém importante para Jon. - Um jovem disse. Ele estava numa cadeira de madeira com rodas, Daenerys nunca vira algo assim antes. - Ela salvou sua vida.

—Como você?… Sim, sou Daenerys Targaryen - Dany disse tirando finalmente seu capuz. Os olhares dentro do quarto se voltaram para ela, principalmente os de Sansa que pareciam capazes de fulminá-la. Dany pensou que talvez Jorah tivesse razão, um Targaryen realmente não pertencia a Winterfell, mas toda tensão foi cortada por um uivo ensurdecedor.

—É fantasma! - A garota mais nova disse.. - Ele deve saber que Jon chegou.

—Vou voltar para o meu quarto. Não se preocupem com Jon. Ele ficará bem. - O jovem disse movendo as rodas de sua cadeira e deixando o quarto.

—Eu sou Arya, a irmã de Jon. - A jovem esguia disse oferecendo a mão a Daenerys.

Daenerys não estava mais acostumada a encontrar com pessoas que não a tratavam como uma rainha, mas apertou a mão de Arya Stark. Havia algo nela que lembrava Jon, talvez o olhar.

—Vamos deixá-lo descansar. - Sansa disse.

—Sinto muito, mas eu não pretendo sair daqui. - Daenerys disse firmemente.

—Vamos providenciar um quarto para a rainha. - Davos disse. - E por enquanto ela permanece aqui.

Dany sentou-se ao lado da cama, perto de Jon. Que parecia sentir sua presença, pois abriu a boca e o nome “Dany” ecoou roucamente pelo quarto. Sansa deixou o aposento contrariada,  seguida por Sor Davos. E então permaneceram apenas o Meistre, Arya e Dany. Depois de administrar algumas gostas de um elixir o homem deixou as duas sozinhas.

—Não é nada particular, ela não gosta de ninguém atualmente. - Arya diz, ela parece capaz de ler os pensamentos de Dany naquele momento. -Não com tudo que passou.

—Seu irmão falou com muita emoção de você, eu estava com ele quando leu a carta que contava sobre você e seu irmão estarem vivos. - Daenerys conta.

—Eu senti falta dele..Na última vez que nos vimos ele estava indo para Patrulha da Noite e eu estava indo para Porto Real. Meu pai ainda estava vivo, minha mãe. Parece que faz mais de cem anos. - Ela afirma encarando o rosto do irmão.

—Sinto muito pelos seus pais.

—Então, qual o seu plano contra Cersei? - Daenerys teria rido se a garota tão tivesse uma adaga de aço valiriano de um lado cintura e um espada no outro.

—É uma bela adaga.

—Um presente de Bran, mortal, mas eu ainda prefiro agulha. A espada que Jon me deu.

—Jon te deu uma espada. - Dany pergunta sorrindo. - Quanto anos você tinha?

—Onze.

—Uma garota de onze anos com uma espada em Porto Real. É uma boa visão. Contra quem você esperava usá-la?

—A pergunta certa é contra quem eu espero usá-la. E a resposta é Cersei, Jaime Lannister.

—Parece que temos inimigos em comum. - Daenerys diz sorrindo.

—Dany… -a voz de Jon chama.

—Eu estou aqui. - Ela disse sem pensar em Arya. - Eu estou aqui. - Repetiu pegando a mão do nortenho.

—Eu sinto muito. - Ele falou abrindo os olhos novamente depois de dias. - Eu sinto muito.

—Jon! - Arya disse se aproximando do irmão. Daenerys queria pedir para que ela fosse cuidadosa, mas não ousou se colocar entre os dois. A mão de Jon ainda segurava a dela, mas os olhos negros não estavam mais nos seus e sim encarando os da irmã.

—Arya, água. Eu preciso de água. - Ele disse. Dany soltou a mão de Jon e encheu um copo, rapidamente ajudando-o a beber. Em seguida Jon arriou novamente, estava suado.

—Me ajude a tirar essa camisa. - Ela pediu a Arya. Daenerys ergueu o torso de Jon enquanto a garota retirou a veste. Do lado de fora, os uivos do lobo ecoavam.

—Espere um minuto. Eu sei o que pode ajudá-lo. -Arya saiu correndo e em poucos minutos abriu novamente a porta, estava acompanhada de um lobo gigante, um animal branco, lindo, de olhos vermelhos. - Não se preocupe, ele não ataca sem o comando de Jon, me contaram que ele se acostumou com pessoas pelo tempo na muralha. O lobo encarou Daenerys por alguns segundos, depois voltou sua atenção para o dono, deitando aos seus pés.

—Foi Jon que sugeriu que meu pai os poupasse. Os seis lobos, um para cada filho. Robb tinha Vento Cinzento, Sansa tinha Lady, eu tinha Nymeria, Bran chamou o dele de Verão, o de Rickon se chamava Cão Felpudo e esse é Fantasma, o menor e mais diferente de todos os lobos.

"O menor e mais diferente de todos os lobos" o lobo bastardo, Dany pensou.

—Estão todos mortos? - Ela quis saber.

—Com exceção de Nymeria, mas eu a libertei muitos anos atrás. Quando ela ainda era um filhote. Bran me contou que Verão esteve com ele por muitos anos, até que foi morto por caminhantes brancos para sacrificando-se para salvá-lo. Verão foi decapitado junto com Robb, eles costuraram a cabeça do lobo no corpo do meu irmão.

—Isso é horrível. - Daenerys afirma, mas Arya falou aquilo com certa frieza.

—Eles pagaram por isso. Todos eles. E muitos ainda vão pagar. Jaime Lannister matou seu pai, eu espero que ele pague por isso, assim como quero fazer Cersei pagar pela morte do meu. Quando você irá atacá-los?

—Quando Jon estiver bem, e podermos pensar sobre o Rei da Noite e continuar nosso plano.

—Vocês parecem próximos. - Arya observa.

—Não dessa forma. - Dany sente a necessidade de se justificar.

—Não precisa se explicar, é uma rainha afinal de contas. E Jon é uma das melhores pessoas do mundo, suponho, a maioria dos meus irmãos não são mais os mesmos depois de tantos anos.

—Bem, eu não posso garantir que ele é o mesmo, mas seu irmão de fato é uma das melhores pessoas do mundo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Bastards and Queens" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.