I'm Still Here escrita por Sophia Potter


Capítulo 3
Capitulo 3




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POV Alice Longbottom:
        No dia seguinte...

—Alice! – Senti alguém me chacoalhando levemente. Ignorei. – Alice! – Ignorei novamente. – ALICE! – Lorcan berrou e eu abri os olhos, assustada.

—O QUE?! – Elevei minha voz e ele abriu um sorriso.

—Está na hora de você sair dessa cama... Você está dormindo à quase um dia... E seu pai está preocupado com você. – Meu melhor amigo comentou, enquanto eu sentava na cama.

Fiquei uns segundos encarando a parede do quarto dele, na tentativa de fazer meu raciocínio funcionar novamente. Nossa mas que droga, de repente, senti aquela tristeza invadindo meu peito novamente, e naquele instante eu tive o choque de realidade, inesperadamente um nó se formou na minha garganta e eu baixei a cabeça.

—Lice... – Lorcan tocou meu ombro, me fazendo suspirar. – Sinto muito...
Meus olhos ardiam, mas eu não conseguia chorar. Tristemente o olhei.

— Tudo bem... Isso vai passar. – Falei tentando convencer a mim mesma, mas aquilo era algo muito difícil de aceitar. Ele pegou a minha mão a apertou, e em seguida depositou um beijo estalado nela, como se quisesse me dizer que iria estar do meu lado para sempre. Isso me confortava.

— Você precisa comer. – Falou preocupado, eu fiz uma cara de nojo. – Desfaz essa cara e se arruma, enquanto eu preparo um lanche para você.

Murmurei algumas palavras que certamente ele não pode ouvir, e levantei-me da cama sem fazer muito esforço, na verdade eu já estava pronta, afinal estava com a roupa que usei no enterro de Victor.
Andei até o espelho, e me encarei.

C-A-R-A-L-H-O.

Que merda aconteceu com o meu rosto? Minhas pálpebras estavam inchadas e minha pele estava pálida feito cera. Hesitei em pedir para que Luna, mãe do meu melhor amigo, me emprestasse algum tipo de maquiagem trouxa, mas tive a certeza de que nada, nem mesmo, magia iria me ajudar a ficar com uma cara melhor.

Bufei, eu realmente estava esgotada, não do sentido cansada, mas sim no sentido da vida.

Me direcionei até o banheiro, lavei o meu rosto e fiz o resto das minhas necessidades, em seguida fui ao encontro de Lorcan. Adentrei na cozinha e todos, menos o Sr. Scamander, estavam presentes. Luna veio me abraçar, não que ela já não tivesse feito isso ontem, mas ela me entendia muito bem, e mesmo eu não demonstrando, nós duas sabíamos, que eu estava precisando disso.

—Lice... – Começou ela, soltando-se de mim. – Você está tão abatida querida... Sente-se, Lorcan preparou algo muito especial. – Ela sorriu carinhosamente e eu retribui.

Olhei para Lorcan e ele me encarava com uma bandeja carregada de hambúrguer, batata frita e suco de abóbora. Minha comida predileta.

—Lorcan! – Exclamei sorrindo, todos os dias ele me dava mais motivos para gostar tanto dele. – Você sabe que não precisava fazer isso... – Ele sorriu deixando a bandeja em cima da mesa, e eu fui em sua direção o abraçando.

— Claro que precisa, aí assim, você lembra de hoje, e faz algo legal para mim também. – Riu-se ele, e eu apenas murmurei um “metido”.

Sentei na mesa e em poucos minutos eu já havia detonado tudo, talvez eu estivesse com um pouquinho de fome. Conversei um pouco com Lysander, Lorcan e Luna, e em seguida decidi que estava na hora de ir, me despedi dos três, e antes de sair Lorcan me desejou o seu famoso “se cuida”, e disse que iria me ligar antes das 22:00.

Como minha antiga casa era uma esquina depois da de Lorcan, me direcionei para lá, andei em passos lentos, talvez eu não estivesse preparada para ver aquilo. Me dava medo e me causava arrepios, saber que em instantes eu iria encarar a causa da morte de meu irmão.

E de repente meus passos falharam, meu coração palpitou com menos intensidade e minhas pernas falharam. Era como se eu não tivesse vivido às cenas de duas noites atrás, eu não conseguia lembrar de absolutamente nada. Encarei a casa, e minhas lágrimas desceram, meu coração já despedaçado, foi partido ainda mais.

Tudo, tudo, tudo arruinado. Minhas lembranças mais felizes queimadas junto com a casa. Meu refúgio, minha paz, destruídos. Meu irmão, morto. Respirei fundo, limpando as minhas lágrimas, e comecei a andar pelos destroços, não conseguia identificar nada, apenas uma coisa que estava ao chão em meio as cinzas. A foto da minha família, onde, nela mamãe estava grávida de mim e dava sua mão esquerda ao meu pai e a direita ao meu irmão.

Eu sabia que não iria conseguir ficar mais ali por muito tempo, então recolhi a foto e saí de imediato. Algumas lágrimas ainda caíam sobre meu rosto, mas de alguma forma, me sentia mais conformada.

Eu tinha em mente, que tudo iria demorar para cicatrizar, e que talvez isso não aconteceria, mas eu precisaria ser forte, e transmitir a minha força ao meu pai.

Antes de ir para a chácara da minha avó, quis passar no cemitério, para talvez suprir minha necessidade de querer ter meu irmão de volta. Mas com certeza ir até lá, não me ajudaria em quesito nenhum.

Adentrei nos portões, e em meio a tantos túmulos, o seu era o mais iluminado, tantas flores, mantas da grifinória, pomos de ouro e velas cobriam o seu lugar. Sorri, talvez as pessoas realmente se importassem com ele.

Caminhei até ele, e me sentei entre seu tumulo e o da minha mãe. Ir até ali me fez reviver memórias que eu jamais lembraria. Novamente as lágrimas desceram, isso realmente era muito difícil de aceitar.

Alguns minutos se passaram e eu comecei a sentir um cheiro de cigarro, olhei ao meu redor, nada me parecia desvendar de onde vinha o cheiro, e de repente sinto alguém tocar meu ombro. Dou um pulo de susto.

— Ei calma aí... – Olhei para trás com os olhos arregalados e o coração palpitando rapidamente. – Você está bem? – Me deparo com James Sirius Potter com um cigarro em mãos e seu óculos redondo, idêntico ao de tio Harry, cobrindo seus olhos castanhos esverdeados.

— Que susto garoto. – Reclamei voltando a olhar para os túmulos a minha frente, e limpando as últimas lagrimas que cobriam meu rosto.

— O que você está fazendo aqui? – Perguntou ele colocando um caixa de cigarros junto à algumas flores, no tumulo do meu irmão.

— O que você acha? – Respondi. – E porque você está botando isso no tumulo dele? – Interroguei um pouco brava. E ele sorriu de lado, como se tivesse se lembrado de algo.

— Porque ele gostava de cigarro, tanto quanto eu. Seria muita injustiça o deixar partir sem isso. – James falou cabisbaixo, e eu me levantei.

Não sabia que meu irmão gostava de fumar, mas de certa forma aquilo não me surpreendeu, afinal, grande parte deu seus melhores amigos, assim como James, fumava.

— Você pediu se eu estava bem, mas e você... Você está bem? – Questionei, parando ao seu lado, e fazendo o mesmo que ele, encarando o tumulo do meu irmão. James olhou para o céu e tirou seus óculos fundo de garrafa.

— Eu perdi meu melhor amigo, Longbottom, acho que você deve imaginar como eu estou. – Ele respondeu secamente, soprando a fumaça do cigarro. Eu não falei mais nada, nunca gostei de James, mas nesse momento eu entendia sua grosseria. – Foi mal não ter vindo te dar os pêsames ontem, eu realmente não entro nesse clima de falar por falar. – Ele pigarreou logo depois que falou. Fiquei alguns segundos sem responde-lo, pois nada me vinha em mente.

— Tudo bem, na verdade eu não esperava que você viesse... – Respondi e vi ele jogar o toquinho de cigarro no chão. – Você está poluindo o meio ambiente, sabia? – Ele revirou os olhos rindo.

— E você fica mais entediante ainda quando fala essas coisas de trouxas, sabia? – Brincou me fazendo sorrir de lado, mesmo não querendo. Mas que babaca!

Ficamos uns minutos em silêncio, sem trocar uma palavra, apenas tentando superar o luto que trazia a perda de Victor. Cada um com seu pensamento em alguma memória vivenciada junto à ele.

— Jay... Quer dizer Potter. – Falei confusa, porque diabos o chamei de Jay? – Eu acho que vou indo, você vai ficar aqui? – Perguntei, ele botou seus óculos e me encarou.

— Acredito que não... – Respondeu, ele se encaminhou até o tumulo, beijou seus dedos e os colocou na lápide. – Até amanhã meu velho, descansa na paz, meu irmão. – Falou, e aquilo realmente me surpreendeu.

Me despedi de Victor e de minha mãe em pensamento. Talvez eu não fosse tão aberta à esse tipo de coisa, como James. Caminhamos juntos até a entrada do cemitério, e como já estava noite a neblina começou a baixar, trazendo consigo um vento gelado, que me fez tremer os dentes, afinal eu ainda usava o vestido preto do dia anterior.

— Bom, acho que vou indo para... – James começou a falar, mas assim que notou que meu corpo tremia parou. – Você está bem?

— Só estou com frio... – Respondi. - Bom melhor eu ir indo antes que eu congele... – Dei um passo e ele me segurou.

—Peraí Longbottom... Usa meu blusão... – Ele falou tirando seu blusão preto que continha a estampa de uma vassoura e um pomo de ouro, revelando uma camiseta gola V preta.

— O que? Potter? Não, você não precisa fazer isso... Você vai passar frio, a casa da minha vó é perto daqui, e a sua, você tem que cruzar quase a cidade toda. – Ele riu e jogou o blusão na minha cabeça, fazendo com que o seu perfume invadisse as minhas narinas.

— Fica tranquila Longbottom, não estou com frio, e é nítido que precisa dele mais do que eu. – Falou, enquanto mexia no seu cabelo cacheado, bagunçando-o ainda mais.

—Tudo bem então... Obrigada. – Falei colocando o blusão, que ficava definitivamente enorme. Vi ele me observando e sorrindo de lado. – O que foi?

—Nada não... – Falou enquanto o vento batia contra seu rosto, fazendo seu cabelo esvoaçar. – Vou indo Longbottom... Até mais. – Ele disse virando-se.

—Até... – Fiquei encarando-o, mas depois de segundos ele olhou para trás, e isso me fez corar.

—Perdeu alguma coisa? – Ele perguntou maroto, e eu ri, indo em direção oposta da calçada. - Vê se não deixa seu gato metido dormir em cima do meu blusão. - Gritou enquanto eu caminhava, soltei uma risada.

—Pois é exatamente isso que eu vou fazer! - Respondi virando-se para encara-lo e de longe pude ve-lo rir.

É, talvez James Sirius Potter não fosse alguém tão metido, como achei que era.


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