Maneiras de dizer eu te amo escrita por Cuddly, Maegor


Capítulo 23
Capítulo 23: Novidade




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Mamãe estava roendo as unhas. Benjamin estava segurando forte minha mão e Touby estava olhando para a parede com as mãos nos joelhos.

Então,a enfermeira que estava com o papai aparece. Ela é velha e usa óculos fundo de garrafa,com cabelos grisalhos tomados pelo tempo.

—O Sr. Smith está melhor. Era apenas uma falta de ar pelo nervosismo. Já podem ir vê-lo.-Anunciou e sumiu pelo corredor. Mamãe respirou fundo se acalmando. Ela vai na frente.

Eu e Benjamin discutimos um pouco sobre de que maneira poderíamos dizer ao papai que estamos namorando. Mamãe abre a porta e entra junto com Touby,que por algum motivo estava com os lábios brancos. Talvez seja porque o nariz dele estava sangrando hoje mais cedo.

Entrei no cômodo segurando a mão do alemão idiota. Papai olha diretamente pra cá com seus eletrizantes olhos azuis que serviram de herança para o Touby.

—O-Oi papai!-Gaguejei antes de me aproximar e me sentar na maca.

—Oi Angel. Que história foi aquela?-Perguntou me olhando sério. Abaixo a cabeça e respiro fundo.

—É verdade. Nós agora estamos namorando.-Expliquei olhando para o loiro que estava em pé do meu lado.

Papai ri alto com minha declaração.

—Minha princesinha não pode namorar. Angel,você ainda é muito nova pra isso.-Falou em um tom de voz divertido.

Eu e Benjamin nos entreolhamos. Ele estava com uma expressão preocupada,eu senti que minha face estava tomada pela mesma expressão.

—Pai pára com isso.-Pedi sem-graça com as bochechas vermelhas. Aquilo era constrangedor,Benjamin vendo meu pai me chamando de "Princesinha" como se eu fosse uma menina com 7 anos.

—Eu quero conversar só com vocês dois. Emily,Touby,podem nos deixar sozinhos por favor?-Indagou olhando para minha mãe e para o ser insignificante.

Ambos se retiram.

—Pai,qualé? Eu tenho 16 anos partindo pra 17 em agosto. Eu não sou uma criança.-Esbravejei e ele ri debochado. Touby tem a quem puxar.

—Você sempre vai ser minha garotinha.-Deu de ombros com o sorriso vitorioso e irritante.-Aliás,eu não disse se vocês poderiam namorar ou não.

Oras,ele é a cara do Touby! Ou melhor,o Touby é a cara dele...

—Eu quero namorar a sua filha. Posso?-Ben pergunta agora com mais coragem do que estava hoje mais cedo. Papai assente com a cabeça relaxando os músculos.

—Está bem. Eu deixo vocês namorarem. Mas... Com algumas condições.-Afirmou sugestivo olhando nos olhos do alemão.

Condições. Essa palavra me dá nos nervos quando são retiradas da boca do papai.

—Que condições são estas?-Benjamin pergunta com a voz um pouco desconfiada. Eu estaria se estivesse no lugar dele.

—Só quero os dois namorando na minha frente.-Ironizou com a voz. Eu revirei os olhos.

—Eu já disse pai,não sou uma criança de 7 anos!-Debati brava. Ele ri.

—Mas age como uma. Só espero que não tenha que arrancar suas tripas,rapaz.-Afirma olhando para Benjamin,que ficou branco como papel.

Não confio no papai. Ele é um pouco psicopata.

—Pai,pára com isso.-Rangi os dentes já furiosa,fazendo meu pai rir mais ainda.

—Está bem. Podem ir.

Benjamin sai do cômodo um pouco traumatizado e hiperventilando.

—Céus,seu pai é um maníaco!-Afirma olhando para trás.

—Era brincadeira amor...-Informo o abraçando.

Fico pensando sobre isto. Por mais que seja meu pai,eu não confio muito nele. Ele já me deixou cair de bicicleta quando eu tinha 7 anos e eu acabei quebrando o braço.

—Espero que você esteja certa.-Deu uma última olhada para trás,no cômodo do papai.

Quando voltamos para casa,fiquei a viagem inteira tentando persuadir o Benjamin de que o papai não era tão mau quanto parecia. Ele tem um irmão mais velho que é mais normal que ele,ou seja,papai é a ovelha negra da família mas é um cara legal.

Chegamos na minha casa e vamos para o meu quarto. Coloco La Casa De Papel para assistir.

—Eu apoio a Tokio com o Río. Eles são bonitinhos juntos.-O loiro comentou olhando para a televisão de plasma sentado no puff.

—Bonitinho é uma palavra que eu acho meio brega.-Dei de ombros e ele me olhou fingindo estar impressionado.

—Nossa,senhorita super do mal. Tá bom,eles são um fucking casal.-Corrigiu com um sorriso charmoso.-Sabe quem mais é um fucking casal? Nós.

—Falou e disse,fucking namorado.-Jogo uma almofada nele,fazendo-o cair para trás. Logo menos,fiquei por cima do alemão e comecei a beijá-lo,então o loiro se sentou e retirou sua camiseta.

Sentir seu corpo sobre o meu e sua temperatura era algo que eu adorava. Ainda mais quando ele beija meu pescoço com voracidade e deixa ematomas,assim como eu deixo nele.

De repente,escuto a porta se abrindo. Eu e Benjamin observamos assustados.

Era a mamãe.

Ela ficou extremamente vermelha. Eu estava deitada,Benjamin por cima de mim a poucos milímetros de tirar meu sutiã. Me senti esquentar e simultaneamente a vontade foi embora. mamãe arregalou os olhos e voltou alguns passos para trás vagarosamente e fechou a porta,fingindo que nada viu.

Eu e Benjamin nos encaramos. Ele se senta normalmente e eu fico com a coluna ereta,saio da cama e visto minha camiseta e minha calça com a expressão de constrangimento nítida em meu rosto.

—Eu deveria ter trancado a porta. Merda!-Praguejei olhando pelo trinco.

—Concordo.-Murmurou vestindo sua calça e sua camisa branca.

—Vamos lá pra baixo,antes que a mamãe pense que ainda estamos... Você sabe.-Falo constrangida,aumentando a cor em meu rosto.

—Tem razão. Vamos.-Conclui se levantando e indo até a porta. Eu a abro e nós vamos para o andar de baixo,mamãe e Touby estavam conversando sobre qualquer outra coisa que não fosse a cena que minha progenitora viu no quarto e Touby apenas ouvindo enquanto jogava Candy Crush no celular.

—Já terminaram de transar?-Ela grita da sala e Touby segura o riso. Ele me paga. Não era mais possível aumentar a temperatura do meu rosto por tamanho constrangimento que eu havia passado minutos atrás.

—Mãe... Não fizemos nada disso.-Afirmo batendo com a palma da mão na testa.

—Mas pretendiam.-Corrigiu com um sorriso.-Eu não vou incomodar mais vocês,se quiserem podem voltar a fazer oque estavam fazendo.

—Não vamos fazer nada,mãe... Quer parar por favor?-Peço com a voz baixa. Benjamin estava com o ar desconfortável de timidez que ele tem quando acontece algo semelhante.

Não é a primeira vez que isso acontece. Semana passada,o diretor foi revistar as mochilas dos alunos pois o celular de um deles tinha sumido. Quando foi revistar a mochila do Benjamin,o alemão começou a ficar branco quando o funcionário abriu um dos bolsos de fora. O motivo era óbvio. Não preciso citar oque havia na mochila para ele ficar constrangido daquele jeito.

Ou melhor,vou citar sim. Havia uma camisinha porque ele iria na minha casa mais tarde fazer o trabalho de sociologia.

A turma inteira riu e ele ganhou apelido de transão. Foi engraçado,mas tenso a um certo ponto. Eu tive que rir junto,afinal não é oque acontece todo dia. Passou uns três dias,tudo voltou ao normal. Mas desde então,Benjamin nunca mais levou camisinha na mochila. Isso é arriscado a um certo ponto,mas eu sei me cuidar.

—Sra. Smith...

—Emily,por favor.-Mamãe pediu com calma.

—Emily,estou indo. Diga para o Sr. Smith que eu mandei melhoras e Touby,vê se não implica com a sua irmã. Tchau!

Ele se despede e se vai. Amanhã será um dia cheio.

(Ponto de vista)Ashley

As notícias passam rápido pelo bairro. E o pior é que minha mãe é amiga da irmã da mãe do Benjamin. Então,não demorou muito para mamãe e papai estarem comentando sobre a novidade que ficamos sabendo através da tia Josephine. Chamo ela de tia desde pequena por puro costume.

—A menina Angel está com o menino Benjamin. Eles estão namorando. Não acha isto um absurdo?-Mamãe pergunta olhando para mim,como se eu tivesse culpa de algo.

Reviro os olhos.

—Eles estão namorando. E daí?-Bufo desinteressada.

—E daí? Ashley,ele era seu namorado! Já estávamos fazendo preparativos do noivado de vocês,casamento e até procurando um apartamento para vocês dois morarem...-Repreendeu-me irritada. Papai estava apenas me olhando de canto. Tom numa hora dessas deve estar lá no quarto com alguma vadia.

—Eu não gosto do Benjamin! Não assim! Nunca fizemos nada,entenderam? N-A-D-A! Eu não gosto de meninos,entendam isso!

—O que você quer dizer com isso,Ashley?-Papai se manifestou com a voz rígida. Minha espinha se arrepiou e comecei a suar frio. Porém,devia terminar oque tinha começado.

—Eu sou lésbica.-Finalizei com a voz trêmula. Mamãe arregalou os olhos e papai se levantou. Em passos duros,veio até mim se preparando para me dar um soco exatamente no local do meu olho.

—Repita se for mulher.-Falou posicionando sua mão para me atacar.

—Eu sou lésbica!-Gritei com todas as palavras. Senti o punho pesado em meu olho e o impacto me jogou contra a parede. Mamãe correu até papai,impedindo-o a fazer qualquer outro movimento de ameaça.

—Me solta,Samantha! A Ashley vai aprender a virar mulher de verdade!-Papai range os dentes enquanto fazia esforço para me atacar de novo. Mamãe já estava não conseguindo mais segurá-lo,até que Tom veio correndo do quarto e ajudou mamãe a segurar o papai antes que ele me batesse.

—Pai,fica calmo pai!-Meu irmão mais velho pediu enquanto segurava o ucraniano pelos ombros e pelo braço. Papai o olha nos olhos. Eu,Tom e a mamãe temos os mesmos olhos azul-turquesa.

—Está bem.-Falou se acalmando. Mamãe e Tom o soltam.-Mas...

Mas eu não estava calma. Meu olho estava ardendo e eu estava chorando por ter levado o golpe,o soco forte que deu início a um ferimento.

—Por que você fez isso? Eu te odeio,eu odeio a Angel,odeio o Benjamin,odeio todo mundo!-Gritei e fui correndo para meu quarto no andar de cima. Por mais que o impacto tenha sido forte,oque ficou roxo foi apenas a maçã do meu rosto. Então,cubro com maquiagem.

Me visto da maneira que queria: Calça jeans rasgada preta,cropped,all-star e casaco camuflado. Coloco uma touca antes de bagunçar o cabelo e alguns acessórios como uma chocker,colares,várias pulseiras e anéis.

Coloco algumas coisas na minha mochila e pulo a janela,indo ao telhado da garagem e ao chão verde de gramado em seguida. Desci do telhado com estilo,sem me desequilibrar ou coisa do tipo. Por mais que eu tenha talento e seja flexível e ágil,meus pais me tiraram do treino de torcida ontem porque disseram que eu estava ficando selvagem.

Mas eu sou selvagem. Por isso,irei quebrar todas as regras. As regras deles.

Pego minhas chaves da moto vermelha e meu capacete,então dou partida no veículo. Saio sem rumo com os olhos embaçados por ter chorado tanto. Quando cheguei até uma cafeteria,estaciono minha moto e entro no local. Estava garoando,era possível ver as gotas de chuva caindo sobre o vidro.

A garçonete chega e eu peço um café bem forte.

Fico pensando sobre oque meu pai fez. Eu tenho que,de alguma forma,de qualquer jeito,começar a gostar de meninos. Eu não posso ficar para sempre me estranhando com ele por isso.

Logo menos,um rapaz de mais ou menos minha idade se senta em minha frente e pede um chá a garçonete. Ele ficou me encarando até trocar alguma palavra comigo.

—Lucca. Você é...?

—Ashley. Eu te vi aquele dia no parque,lembra que me pediu o número para o seu amigo?

—Lembro... Mas você não gostou dele,ele me falou. Mas... Me dá seu número?-Pede um pouco tímido.

—Sou lésbica.-Reviro os olhos. Ele franziu a testa e respira fundo.

—Me desculpe.-Diz com a voz baixa. Vi os amigos dele lá atrás olhando diretamente pra cá. Sim,eu sou bonita,na verdade eu sou linda. Mas não gosto de garotos.

—Eu posso até te dar meu número,mas provavelmente não rola flerte.-Digo dando de ombros.

—Jura? Ótimo.-Se anima e dá um sorriso enquanto eu escrevo meu número em um papel. Rosto calmo,fofo a um certo ponto e aparentemente com menos altura que eu.

—Sim. Toma. Agora vai com seus amigos.-Digo e dou o papel.

Ele vai até os amigos e se senta enquanto eu esperei o café. A garçonete trouxe o chá do menino na minha mesa,então ele se levanta e pega o chá. Meu café chegou em seguida e eu fico a noite inteira acordada na cafeteria.

Voltando pra casa,às 04:00 da manhã,fui ao meu quarto e por algum motivo idiota liguei para a Giulia.

Ela atendeu,sua voz de sono dizendo "Alô" era música para meus ouvidos.

—Alô...—Ela pergunta em um bocejo. Eu sorrio.

—Oi. Lembra de mim?—Pergunto com voz animada.

—Hum... Não. Quem é?—Ela questiona com a voz ainda mais sonolenta. Eu respiro fundo e respondo.

—Ashley.

—Ah. Ashley,o que você quer?—Pergunta com a voz mais desperta.—Me ligando em plena madrugada,isso não é normal. Ainda mais vindo de você.

—Eu sei...-*Suspiro*-Eu tenho que desabafar pois minha vida ficou um inferno desde que você foi embora. Então basicamente tudo oque vem acontecendo comigo é culpa sua.

—Não,a culpa não é minha. Você me odeia,isso é fato.—Diz com voz debochada e séria ao mesmo tempo. Eu rio.

—Eu não te odeio. Na verdade,é meio que o contrário de odiar... Entende?—Pergunto na esperança de que ela me entendesse. Pude sentir o ar de surpresa do outro lado da linha.

—Você... O que? É sério?

Imaginei seus olhos castanhos arregalados e sua boca entreaberta enquanto a expressão de surpresa tomava conta de seu lindo rosto.

—É sério. Giulia,eu te amo. Fica comigo.—Peço com a voz mais calma e confiante.

—Desde quando você sente isso por mim,Ashley?—Pergunta ainda mais surpresa. Eu rio e respondo.

—Desde que preguei meus olhos em você. Desde que você me tocou tentando defender sua melhor amiga,sim,me machucou,mas desde então eu sinto algo forte por você. Eu gosto de tudo oque você faz e gosto da maneira com que trata os outros. Gosto de você muito mais que o Mark. Então larga dele e fica comigo!—Insisti sorrindo e senti as lágrimas molhando ainda mais meu rosto.

Suspiro. Isso é tudo que ouço do outro lado da linha.

—Ashley... Eu fico com você.—Diz.

Meu coração acelerou. Será verdade?

—É sério?—Indago sorrindo com a empolgação.

Silêncio. Depois de alguns segundos,ouço um definido "Sim" do outro lado. Não poderia estar mais feliz.

—Quando te ver,eu quero te abraçar independente do que as pessoas irão falar.—Desabafei,como se houvesse algo preso em minha garganta. Giulia dá um riso tímido que não foi discernido como deboche.

—Ashley,já estou indo. Tenha uma boa noite. Ou melhor... Madrugada. Tem aula hoje.—Disse se despedindo. Eu digo tchau e desligo.

Eu estava tão feliz que esqueci por um momento da implicância dos meus pais,mas lembrei do que o papai fez. Isso é culpa da Angel. E do Benjamin.

Dormi por exatas duas horas e quando acordei,coloco uma calça jeans clara,uma camiseta folgada e amarro meus cabelos castanhos em um rabo de cavalo. Coloco um adidas nos pés e arrumo micha mochila para ir a escola. Saio de casa sem comer,pois estava frustrada demais para comer.

Porém,lembrei da ligação e fiquei sorrindo como uma boba o dia todo. Na minha cabeça,só pensava: Será que eu devo me vingar por isso?

Eu não queria. Eu cansei. Cansei de brigas. Cansei de disputas,de discórdias. Cansei de tentar ser oque não sou. Quero apenas ligar o botãozinho do "Foda-se" e seguir minha vida.

No intervalo,fui até a sala do diretor. Como eu não tinha amigos,ninguém se importou ou perguntou o motivo de mim estar indo lá.

Quando abri a porta,a diretora estava sozinha lidando na papelada.

—O que foi agora Ashley?-Ela pergunta assim que me viu. Eu respiro fundo e penso: É agora.

—Diretora,eu quero me mudar de sala.


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Notas finais do capítulo

Boa leitura!



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