Kiss Me If You Can escrita por Serena Blue


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Olaaaar...
Estou de volta no mundo do Nyah para variar com mais uma fic Jily. Porém, dessa vez, escrita com um carinho a mais para minha amiga Nina. FELIZ ANIVERSÁRIO MEU AMOR, espero que goste do presente ♥️ E, tem bastante referências que eu também espero que você capte hahah.
Bem, no mais, é só isso.
Boa leitura a todos ;)



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Tenho que admitir. James Potter tinha motivos para se gabar e talvez ele estivesse absolutamente certo quando dizia aquela famosa frase: “Não há nada que eu não consiga”. Mas, mesmo tendo essa consciência e sabendo que ele iria até o fim, eu estava disposta a testá-lo.

A surpresa (ou nem tão surpresa assim) foi que eu perdi. Porém não antes de me divertir bastante com toda a situação, o que no final, valeu muito a pena.

 Mas, deixe-me explicar essa história de modo certo.

Do começo. Há duas semanas.

[27 de março, Universidade de Oxford, 17h20min]

— Não acredito que James fez isso! – Marlene McKinnon praticamente gritou enquanto caminhava pelos corredores da universidade. – Eu preciso encontrar esse gênio desgraçado! – jogou os braços para cima de uma forma nada discreta atraindo a atenção de alguns alunos que passavam por nós.

Era sábado, fim de tarde, e eu, Marlene e Tonks estávamos voltando da sala do professor de Cálculos III, no Campus da Engenharia, por sinal o curso que Marlene, Sirius e James frequentavam juntos. O humor da loira melhorou consideravelmente depois de receber a notícia de que o trabalho gigantesco de Análise das Variáveis em Sólidos Inversos fora transferido para o próximo fim de semana devido a “incompatibilidade de horário do Sr. Potter”.

— A habilidade de xingar quando se está feliz, só a Lene possui – comentei com Tonks enquanto encarava as costas de Marlene que caminhava a passos rápidos, atravessando o gramado verde de Oxford indo de encontro aos meninos do outro lado do jardim. 

— Ela está oscilando entre “James eu te idolatro você salvou meu final de semana” e “Seu miserável sortudo como conseguiu essa proeza”? – brincou Tonks rindo e levando as mãos ao rosto para protegê-lo do sol que incidia forte sobre nós à medida que seguíamos Marlene.

Metade dos estudantes estava espalhada pela grama bem cortada de Oxford, quase todos se encontravam deitados por sobre suas mochilas demonstrando todo o cansaço da semana. Tive uma imensa vontade me juntar a eles, afinal eu estava carregada pela carga horária pesadíssima que cursar Direito me proporcionava.

Mas, apesar do cansaço, estava animada para hoje à noite. Já que me reuniria com minhas amigas e com os Marotos para comemorar o aniversário de James e eu mantinha elevadas expectativas de me divertir. Embora eu não tivesse a mínima ideia de onde Potter comemoraria seus 21 anos.

— James Potter eu te venero! – proferiu Marlene assim que os alcançou chamando a atenção dos três que, assim como os outros estudantes, estavam deitados no gramado relaxando com alguns livros espalhados ao redor. Remus sempre com um bom exemplar em mãos, mas sua leitura foi temporariamente “interrompida” quando Tonks chegou por trás e o beijou de ponta-cabeça, com saudades, mesmo estando só há algumas horas sem ver o namorado.

— Eu também – James respondeu sorrindo displicente.

— Ah, seu miserável sortudo como você conseguiu isso?! – Marlene quase jogou a mochila em seu abdômen em uma clara mistura de euforia e indignação.

— Como ele conseguiu convencer o Hebert a adiar aquele puta trabalho só por causa de um “compromisso inadiável”? – Sirius fez um gesto de aspas com as mãos enquanto filava o cigarro. – Proezas do Prongs.

— Novidade nenhuma – eu disse fazendo um coque frouxo em meus cabelos e atraindo o olhar de James para mim. – Esse professor de vocês puxa muito o seu saco. – terminei também o encarando. Não era de hoje que Marlene me contava que Hebert fazia algo para beneficiar Potter e suas particularidades, mas isso também tinha a ver com o fato dele ser muito próximo do Sr Charlus Potter.

— Além disso, você sabe Evans, não há nada que eu não consiga – ele me fitou ainda deitado, as mãos postas atrás da nuca para dar apoio a cabeça, em uma posição que favorecia muito a minha visão de seus braços fortes delineados pelos músculos bem trabalhados.

Sorri de modo sarcástico gostando de contrariá-lo. Eu sabia que aquilo era verdade, já que eu convivi com ele desde o final do ensino médio até quando entramos em Oxford. Potter sempre conseguia o que queria, tinha motivos para se gabar e isso eu não podia negar. Mas, mesmo assim, eu fazia questão de refutar esse ponto de vista.

— Você disse para ele que era por causa do seu aniversário? Que você quer sair para beber hoje à noite? – Tonks perguntou sentando-se na grama no que Remus depositou rapidamente a cabeça em seu colo. 

— Nah, ele só disse que tinha que comparecer ao enterro de seu tio – respondeu o loiro para a namorada.

— Credo que fúnebre – Marlene deixou escapar um riso incrédulo. – Mas e aí, James, aonde a gente vai hoje à noite?

— No Garden.

Eu não podia estar menos surpresa. Se tratando de James, óbvio que ele não nos decepcionaria com relação ao lugar de comemoração, além do mais, ele sabia que o Garden Club era o meu lugar preferido. Lá tinha jogos, boas bebidas e comidas, e músicas maravilhosas. Ele tinha a absoluta certeza de que eu compareceria, mesmo estando cansada, se fosse no Garden.

E pôde ter essa confirmação mais ainda quando percebeu o sorriso divertido que eu deixei transparecer em meus lábios.

[Casa da Marlene McKinnon, 22h00min]

Confesso que eu não teria me aguentado em pé até agora se Marlene não tivesse feito sua ação solidaria do dia e compartilhado comigo e com Tonks umas boas taças de sua coleção de vinhos.  Lene comprava os melhores vinhos cada vez que viajava e eu sempre tive um fraco por essa bebida produzida através do sumo da uva. Já estava na terceira taça enquanto nos arrumávamos na casa da loira. Com certeza o vinho ajudou a driblar o cansaço e nos deixar mais alegres para o resto da noite.

Enquanto Tonks terminava o seu banho, Marlene estava tentando ajeitar suas rebeldes madeixas loiras e eu me esforçava para não borrar o delineado de gatinho. A música Radioactive do Imagine Dragons soava por todos os cantos do quarto enquanto a letra e o ritmo se fundiam com a voz de Marlene, que cantava animada.

Soltei a respiração, aliviada por terminar o delineado do olho direito e deixá-lo nos mesmos parâmetros do esquerdo. Isso era algo raro de se acontecer. Afastei-me alguns passos do imenso espelho para poder avaliar meu visual completo. Eu usava uma calça bordô, botas pretas de salto e cano alto e uma blusa branca de mangas compridas, mas soltinhas e que continha pequenos detalhes em vermelho com um decote que valorizava meu busto.

Sorri com o resultado.

— Nossa, isso tudo aí é para o James? – vi Marlene que exibia um sorriso malicioso através do espelho. Revirei os olhos, mas não deixei de retribuir a expressão divertida no rosto.

— Nada a ver, Lene – desconversei enquanto ajeitava meus cabelos ruivos os puxando para o lado. – Até parece que eu sou oferecida para ele assim...

— Ué, mas você é mesmo – ela deu de ombros alisando seu vestido preto onde se destacava um cinto prateado preso a cintura.

— Cretina! – procurei uma almofada por perto e joguei em sua direção, mas como era de se esperar, Marlene desviou e eu acabei acertando Tonks que saía do banheiro de roupão e já com seus cabelos rosa secos. – Desculpa amiga!

— Vai se foder Lily, acabei de ajeitar o cabelo! – ela devolveu o arremesso causando uma gargalhada em Marlene.

— Que está bem delicado assim como você – respondi com sarcasmo enquanto ria.

Não estávamos em condições de ficarmos com o humor irritado, ou negativo de alguma outra maneira, pois afinal, o vinho surtia efeitos positivos sobre nós e a noite não havia nem começado.

Mesmo Tonks sendo a última a sair do banho, não demorou muito para terminar de se arrumar e depois de mais alguns minutos eu liguei para o número de um táxi já que nenhuma de nós estaria habilitada para pegar em um volante essa noite.

Principalmente eu.

[Garden Club, 23h53min]

Eu tinha uma leve impressão de que as luzes neon que iluminavam o letreiro escrito Garden Club estavam em constante distorção. Aliás, parecia que tudo ao meu redor estava distorcido e talvez (só talvez) fosse por causa do sexto drink de absinto que eu pedi ao garçom que, inclusive, trazia a bebida nesse instante.

 Ele teve certa dificuldade de desviar-se de alguns clientes já que o clube estava bastante frequentado aquela noite. Mas, apesar das conversas paralelas incessantes, bem como o incômodo calor que eu sentia por causa dos drinks, eu estava extremamente à vontade ali, sentada naquela poltrona aveludada enquanto assistia a disputa acirrada entre Tonks e James no boliche.

Remus estava mais desinibido do que o seu normal e comemorava com um sonoro “uhul” cada vez que a namorada realizava um strike, o que me causava gostosas gargalhadas. Enquanto que Sirius e Marlene pareciam estar em um beijo interminável e nem um pouco decente na outra poltrona do canto.

— Ainda não acabou essa partida? – ouvi Marlene perguntar o que significava que sua boca estava desgrudada da de Sirius milagrosamente.

A encarei com as sobrancelhas arqueadas enquanto levantava meu copo como se fosse brindar.

— Assim como a pegação de vocês – debochei sentindo o calor subir em meu corpo mais um pouco.

— Você devia seguir o meu exemplo e mostrar para o James o seu lado felino – Marlene comentou provocando em Sirius uma sonora risada divertida. Eu ri também, pois por um breve segundo eu cogitei essa possibilidade.

— Eu adoraria ver isso, por favor Lily, aproveita e já marca o casamento que eu quero ser o padrinho – Sirius sorriu fechando os olhos deixando transparecer que estava imaginando o casório. Eu jamais poderia decidir qual dos dois ficava mais engraçado em seu estado ébrio: Remus ou Sirius.

— Calem a boca e voltem a se beijar que vocês são mais úteis assim – disse com o cenho franzido balançando as mãos na direção deles que prontamente fizeram o que eu pedi. Ri com o modo como eles encontraram a sincronia no beijo tão instantaneamente tal como se troca de música no Spotify.

Ouvi mais um grito de comemoração e virei a cabeça na direção da pista de boliche. James fez um strike a mais que Tonks e ganhou a partida. Ele sorriu vitorioso e caminhou em direção a mesa do centro para servir-se de mais uma dose de uísque.

— Essa última jogada foi pura sorte, só por isso que você conseguiu ganhar de mim – disse Tonks com um biquinho convencido enquanto tentava esconder uma expressão brincalhona.

— Você é muito boa no boliche Tonks, mas... – ele levantou uma das mãos enquanto terminava de beber o líquido âmbar – Como eu sempre digo e volto a repetir: não há nada que eu não consiga.

Ao ouvi-lo eu tomei um profundo gole de absinto esvaziando o copo e o coloquei por sobre a mesa.

— Eu discordo. Você não conseguiria me beijar. – ouvi minha própria voz proferir aquela frase sem nenhuma objeção de meu juízo perfeito que fora profundamente afetado pelo último gole de absinto.

Todos viraram a cabeça em minha direção no mesmo instante em que minha fala surtiu efeito na cabeça de cada um. Até Sirius se desvencilhou de Marlene quando escutou o que eu havia dito.

— Senti um desafio no ar – proferiu Remus levantando as sobrancelhas de modo frenético.

— O que você disse ruiva? – inquiriu James com um sorriso e o semblante intrigado.

Eu respirei um pouco exausta por ter de repetir e me levantei indo em sua direção vagarosamente. Ele me analisava, circunspecto, e quando seu olhar pousou no decote de minha blusa James mordeu o lábio inferior. Não pude deixar de sorrir.

— É isso mesmo que ouviu. – parei em sua frente e cruzei os braços. – Você pode conseguir tudo, exceto roubar um beijo meu.

Pude ouvir um sonoro “ooooooo” provindo de Sirius e Remus e as gargalhadas de minhas amigas enquanto travava uma intensa batalha visual com Potter. Ele estava sério olhando fixamente para minhas orbes verdes assim como eu para as suas castanho-esverdeadas.

— Prongs desafiado no dia do seu próprio aniversário? Não vai prestar – disse Sirius vindo até nós e sacudindo James pelos ombros.

Ele soltou-se do aperto de Sirius e se aproximou mais de mim.

— Tá brincando com fogo Evans... – disse olhando para minha boca.

— Eu, de fato, estou fervendo. – respondi em sussurros que, pelo alto som da música, James só conseguiu entender fazendo leitura labial.

Ele sorriu abertamente para mim e, no instante seguinte, inclinou-se para me beijar pegando-me de surpresa. Afastei-me depressa recuando apenas o tronco de meu corpo e ri com sua atitude racional, mas com absoluto fracasso.

Eu não cederia tão fácil assim.

O momento que se sucedeu pareceu divertir ainda mais nossos amigos que agora nos analisavam com entusiasmo e comentavam entre si as hipóteses e deduções que imaginavam acontecer daqui para frente.

Desviei de Potter indo até a mesa para me servir de mais um pouco de absinto, mas não antes de proferir:

— E feliz aniversário, James Potter!

[30 de março, Livraria Lellos, 13h15min]

A primeira tentativa de James Potter de me beijar fora completamente esperada por mim. Logo, mais uma derrota.

Depois que Tonks e Marlene me contaram os devidos detalhes do aniversário de James, eu não sabia se ria ou se chorava. Riria pelo fato de ter o incumbido desse desafio desinibido e por (de acordo com minhas amigas e também com meus lapsos de memória) ele ter ficado boquiaberto do início ao fim daquela noite. Por outro lado eu choraria, pois agora teria de me prevenir a cada instante de todo e qualquer movimento suspeito de Potter.

Nós só havíamos nos beijado uma vez, em setembro, na festa dos calouros de Direito onde eu, mais uma vez, deixei o álcool controlar minhas ações e o agarrei no meio te tudo e todos.

Se me arrependi? Em parte sim, não pelo beijo em si, afinal James Potter beijava muito bem, mas por nosso primeiro beijo ter sido em circunstâncias tão embaraçosas. Gostaria que fosse mais íntimo e calmo.

Mas, por mais que eu estivesse almejando mais um beijo dele (afinal era evidente que o que sentíamos era recíproco) eu estava disposta a testar seus limites. E faria isso o máximo que eu conseguisse aguentar.

Por isso quando Potter foi até o meu local de trabalho, a Livraria Lellos, naquele começo de tarde eu já imaginava que era para conseguir alguma brecha e tentar me beijar. Eu deveria estar preparada para tudo, afinal ele era esperto. Ele era maroto. Ele era James Charlus Potter.

Às terças feiras a Lellos não ficava muito movimentada por esse horário, então quando ele adentrou por aquela porta, foi fácil notá-lo. Do balcão de onde eu estava pude avistá-lo trajando jeans folgados e aquela camisa polo branca que eu tanto adorava. Seus cabelos estavam molhados e espetados indicando que acabara de sair do banho e é claro, um sorriso de lado lhe brincava nos lábios.

— Boa tarde, senhor, precisa de alguma ajuda? – perguntei ajeitando minha toca e meus cabelos para ficar mais apresentável para James, pois eu fazia isso para todos os clientes.

Ele desviou o olhar do meu e analisou a loja e todos os milhares de livros postos ordenadamente nas extensas estantes. Colocou as mãos nos bolsos dianteiros da calça e veio até mim com o andar descontraído.

— Você trata todos os seus clientes com essa formalidade toda ou foi só comigo? – disse parando enfrente ao balcão de atendimento.

Deixei escapar um meio sorriso e caminhei até a estante mais próxima para organizar os livros da última caixa de novas encomendas e, é claro, manter uma distância segura de James e de seus movimentos suspeitos.

— Só os que merecem. – respondi sem olhá-lo enquanto empilhava os romances de Nicholas Sparks. – E você não respondeu minha pergunta.

— Procuro obras peculiares. – ele proferiu e, mesmo sem fitá-lo, senti seu olhar fixo em mim analisando cada gesto meu.

— Hum, parece interessante. – me virei em sua direção e apoiei o dedo indicador sob o queixo. – Que tipo de obras?

— Escritas por Max Müller, por exemplo – citou com a voz mais madura e eu tentei segurar uma gargalhada.

— Não sabia que lia livros eróticos. – comentei com o cenho enrugado e tentando não imaginar James Potter como esse tipo de leitura habitual sentado em sua cama nas noites de domingo.

— Mike Müller. Mike Müller, o romancista romântico – ele corrigiu-se rapidamente balançando a cabeça e dessa vez eu não consegui me conter. – Os nomes são parecidos! – James explicou rindo junto comigo.

Nesse instante mais alguns clientes adentraram a loja e nós interrompemos as risadas altas. A família cumprimentou-me e se dirigiu para o segundo piso da livraria onde ficavam os exemplares infanto-juvenis.

— É claro, James, muito comum as pessoas se confundirem. — disse tentando soar séria, ao contrário dele. – Os livros do Mike estão aqui atrás. – fiz um gesto com a mão indicando o local da seção dos romances.

Voltei a organizar a estante normalmente quando percebi que James não tinha saído do lugar.

— Você não ia procurar os livros?

— Você não vai acompanhar o cliente? Que falta de profissionalismo, tsc tsc... — ele estava claramente me provocando.

Eu sabia o que ele tinha em mente, ou melhor, tinha uma ligeira ideia do que aprontaria. Contudo, o jogo tinha apenas começado e eu queria brincar um pouco mais para alegrar minha tarde de terça feira.

— Óh, que cabeça a minha. – disse batendo em minha testa e sorrindo em falsa desculpa. – Me acompanhe. – pedi contornando o balcão e me locomovendo para o fundo da livraria onde a claridade do dia incidia com menos intensidade o que tornava a luz mais ambiente e um tanto, escura.

Os romances de Mike Müller ficavam na penúltima estante e eu tive a sorte (ou azar) de encontrar o corredor vazio naquele momento.

— Podemos começar com alguns dramas – sugeri sem fitá-lo e parei enfrente a alguns exemplares. Estiquei o braço para alcançar aquele que julguei ser a altura das necessidades de Potter quando senti sua respiração bem próxima da minha nuca.

Senti meu coração acelerar e depois de ter o livro em mãos abaixei o braço vagarosamente em seguida virando-me para fitá-lo.

Ele estava muito próximo.

— Achou algum bom? – perguntou com um fio de voz me encurralando entre a estante e seu corpo.

Eu precisava pensar rápido antes que cedesse a algum beijo seu e por Deus, eu não podia ceder logo na primeira tentativa.

— Eu... Sugiro... – sussurrei fitando sua boca. – Que aprecie essa leitura – terminei de forma direta, colocando o livro entre nossas bocas impedindo o possível beijo. James se assustou com a ação repentina e eu me afastei depressa rindo, depois de entregar-lhe o romance, para atender mais um cliente que acabara de chegar.

Não foi dessa vez, e ele saberia disso mais ainda depois que lesse o título da obra.

Just one more try era um dos meus livros preferidos.

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James Potter

online

 

Não acredito que você me indicou esse livro (00:02)

Não gostou? (00:05) ✔✔

Achei que o protagonista combinou com você.. (00:05) ✔✔

Exatamente por isso (00:08)

Me identifiquei muito com ele (00:09)

Em qual quesito? (00:10) ✔✔

Me diga você... (00:10)

Ele não desiste tão fácil ;) (00:12) ✔✔

Você curte caras assim Evans? (00:14)

Só por curiosidade hahah (00:14)

O que você deduz? (00:15) ✔✔

Só por curiosidade hahah (00:16) ✔✔

Tá respondendo uma pergunta com outra, ruiva? kkkk (00:17)

Blz, eu não faço a menor (00:17)

Gosto de caras que persistam e que me surpreendam (00:26) ✔✔

Demorou p responder (00:28)

Anotado :) (00:28)

Você é mt cara de pau Potter kkk (00:29) ✔✔

Sou direto apenas (00:29)

Eu vi (00:29) ✔✔

Hj na livraria (00:29) ✔✔

Não sei do que vc tá falando (00:30)

Eu não ia tentar nada em seu local de trabalho (00:30)

[ ⚫—————— ]

00:04 (00:31) . ✔✔

Fiquei assustado com essa gargalhada agora (00:32)

Vc é um idiota (00:32) ✔✔

Vou dormir, bjs :3 (00:32) ✔✔

 Kkkkk obrigado ganhei minha noite agora (00: 33)

Hahahah boa noite James (00:34) ✔✔

     Boa noite ♥ (00:35)

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[03 de abril, Universidade de Oxford, 21h42min]

Hoje foi um dia daqueles em que você se sente esgotada aos extremos. Nas sextas feiras o índice de provas e trabalhos costuma ser bastante elevado, já que os professores aproveitam a “ausência-pré-final-de-semana” da maioria dos alunos para poder ferrar com a vida de todos. E, por mais que eu ame o meu curso, ter três períodos consecutivos de Direito Penal com um professor que sussurra ao invés de falar com clareza realmente me deixou derrotada.

Mesmo que eu não trabalhe na Lellos as sextas, consegui ficar exausta do mesmo jeito. Para mim, com toda a certeza, o cansaço emocional é muito pior do que o físico. Por isso, quando o sinal do fim de aula tocou eu deixei escapar um longo suspiro de alívio. O pessoal ao meu redor começou a juntar seus respectivos materiais tão loucos para irem embora daquela sala quanto eu.

Olhei para os lados tentando arranjar forças para ao menos guardar as milhares de canetas espalhadas em minha mesa dentro do estojo, quando na verdade, eu poderia despencar de sono ali mesmo.

A imagem da minha aconchegante cama serviu de combustível para que levantasse da cadeira. Os poucos os estudantes já haviam saído e eu não estava nem um pouco a fim de ficar por último correndo o risco de ser chamada pelo professor para poder discutir alguma teoria.

Assim que deixei a sala, vesti meu sobretudo preto e enterrei a toca em minha cabeça para me proteger do vento gélido que soprava naquela noite. A poucos metros de mim pude avistar Tonks saindo do campus da área da saúde e vindo ao meu encontro.

— Hey Lily, hoje não vou de ônibus, fiquei de ir para casa do Remus, quer carona? – por mais que Tonks e Remus fossem uns amores comigo e a ideia de ter uma carona ao invés de enfrentar o terrível ônibus lotado realmente me tentasse muito, não queria ficar de vela aquela noite.

— Valeu Tonks, mas vou aproveitar os bancos do fundo do ônibus para tirar um cochilo e não deixar ninguém sentar perto de mim – disse com cara de cansada o que causou risos em minha amiga.

— Você que sabe Lil’s, - ela disse ainda sorrindo antes de girar nos calcanhares e ir para o estacionamento da faculdade onde provavelmente Lupin estava esperando-a.

Suspirei mais uma vez, ajeitando a mochila em minhas costas e caminhei até o ponto de ônibus mais próximo de Oxford onde dois seletivos já aguardavam para darem a partida. Desejei, por um milésimo instante poder, sei lá, aparatar em meu quarto e desafiar todas as leis da física existentes. Gostaria muito que fosse possível.

Assim que cheguei até o ponto, pude sentir o vento com mais intensidade e apertei meu casaco.

— Uma voltinha, Evans? – escutei a voz de James e me virei para encará-lo encontrando-o em sua moto, a poucos metros de mim. Ele me estendia um capacete e eu pude enxergar apenas parte de seu rosto já que a maioria estava coberta pelo próprio capacete.

Sua aparição repentina fez com que eu risse.

— Depende de para onde você pretende me levar – respondi me aproximando dele. Ele abaixou a cabeça rindo pelo nariz e deu uma acelerada no motor.

— Hoje para lugar nenhum. Só uma inocente carona para casa. E aí? Eu não posso ficar muito tempo parado aqui.

— Eu detestaria que você levasse uma multa por minha causa – coloquei a mão no peito fingindo assombro e depois aceitei o capacete colocando-o.

Apoiei minhas mãos nos ombros de James e subi na moto. Senti um frio percorrer minha espinha assim que ele desapoiou o pé do chão e acelerou em direção as ruas movimentadas.

Ele costurava o tráfego com agilidade e fazia curvas acentuadas em ruelas para livrar-se de alguns engarrafamentos. Cada vez mais eu apertava sua cintura tentando não pensar muito em minha morte por conta da alta velocidade, mas com certeza estar ali com ele era muito melhor do que qualquer coisa.

Quando me dei por mim, James havia entrado na rua de minha casa e no instante seguinte estacionou na frente do número 604. Apoiou novamente o pé no chão para que eu pudesse descer e eu o fiz, sentindo minhas pernas um tanto bambas.

— Está entregue. – proferiu retirando seu capacete assim como eu. – Nariz vermelho, é? – completou assim que fitou meu rosto.

— Isso que dá ser branca demais. E esse seu percurso rápido com o vento constantemente na minha cara não ajudou muito. – falei indignada e cruzei os braços desviando meu olhar do seu.

— Eu fiz de propósito – confessou e em seguida eu lhe dei um tapa no ombro.

— Eu. Te. Odeio! – cada palavra, mais um tapa.

— Você me ama Lily Evans – disse rindo tentando se desvencilhar de meus golpes.

— Ai, tchau que eu estou cansada – me despedi girando nos calcanhares quando fui impedida de continuar quando senti meu pulso ser agarrado. Me virei em sua direção novamente para perguntar, nem um pouco surpresa: – É sério isso?

Ele olhou para cima e virou o rosto apontando sua bochecha com o dedo indicador. Revirei os olhos, mas mesmo assim me aproximei para beijá-lo. Quando me inclinei, James virou abruptamente seu rosto e, em um susto, eu desviei de sua boca fazendo com que o beijo fosse ao canto de meus lábios.

— Você não...

— Até mais ruiva – ele sorriu maroto, colocando o capacete e ligando o motor, logo retomando as ruas e deixando para trás uma Lily Evans abismada.

Eu precisava dormir o quanto antes. Antes que meus reflexos me deixassem na mão.

Algo me dizia que eu estava prestes a perder aquele desafio...

[10 de abril, Oxford University Parks, 16h30min]

Depois daquela inesperada e quase concreta segunda tentativa de James de tentar me beijar eu fiquei com os dois pés atrás com relação a ele. Sempre que nos encontrávamos (fosse na faculdade, pelas ruas, na Lellos) eu o analisava em todos os movimentos e ficava atenta para gestos suspeitos. Mas, para a minha frustração, Potter não tentou nada do tipo. Sempre que conversávamos, ele agia normalmente e não fazia questão de chegar próximo de mim. Ou se fazia, tinha as atitudes mais tranquilas possíveis o que sempre me fazia encará-lo com os olhos semicerrados, porém em vão.

O fato foi que depois de uma semana do quase-beijo eu acreditava que James havia desistido e me despreocupei. No início achei estranho, mas preferi supor que eu conseguira ganhá-lo e que, daqui para frente, ele não se gabaria tanto assim com aquela bendita frase. Por isso, naquele dia mais cedo quando Potter marcou de me encontrar no parque da universidade para espairecer por causa da carga pesada de estudos, eu aceitei sem nem pensar duas vezes.

Era de tarde e o clima estava quente, o que me obrigou a tirar minha toca e deixá-la no meu armário. Assim que bateu o intervalo entre as aulas eu guardei meu material na mochila e fui de encontro a James como havíamos combinado.

Atravessei os diversos campi até o parque, sendo banhada pelos raios quentes do sol em um típico dia de verão, embora estivéssemos na primavera. Ajeitei a mochila nas costas e, dados mais alguns minutos, avistei-o parado no meio da pequena ponte por sobre o lago também iluminado pelo sol.

Sorri ao ver sua expressão pensativa enquanto estava debruçado encarando algo no horizonte.

— Hey Prongs – cumprimentei assim que me aproximei o suficiente para que ele pudesse me ouvir.

James virou-se para me fitar e sorriu.

— Ruiva, veio rápido – comentou com uma sobrancelha arqueada.

— Eu queria muito sair daquela sala – confessei retirando minha mochila das costas e a depositando no chão perto das grades da ponte.

— Me deixa adivinhar... Direito Penal?

— Eu detesto essa matéria.

Nós rimos um pouco enquanto encarávamos o lago. Por volta desse horário a paisagem ficava linda em toda a sua essência natural.

— Como andam as coisas com seu pai? – perguntei o fitando e vendo seu sorriso desfalecer aos poucos.

Charlus Potter andava muito doente ultimamente por causa da idade avançada. O coração dele estava correndo sérios riscos e isso preocupava James, mesmo que ele soubesse que não havia muito a ser feito.

— Na mesma. – deu de ombros. – Eu me sinto impotente, sabe? Ver meu pai nessa situação e não poder ajudar em muita coisa. Sinto que o decepciono por isso. – desabafou encarando o horizonte.

— Os médicos já explicaram a situação dele James. Ninguém tem culpa de nada, talvez o tempo, que passou tão depressa. – disse com sinceridade. – Você é um ótimo filho, eu tenho certeza que seu pai sente muito orgulho de você. 

Ao me ouvir, ele sorriu com ternura e me encarou agradecido.

— Vem caminhar – peguei minha mochila colocando-a nas costas novamente e estendi minha mão para James que a segurou no mesmo instante. O puxei sorrindo tentando animá-lo e ele acabou cedendo.

Atravessamos a ponte e começamos a conversar diversos assuntos e aos poucos ele foi se alegrando. Sentamos debaixo de uma figueira aproveitando a sombra que ela nos proporcionava não parando nem um minuto nossas conversas.

— O que achou de Just one more try? Terminou o livro? – de repente me vi perguntando tentando captar algum indício de que ele ainda se lembrava do desafio.

Ele apoiou seu corpo nas mãos atrás de si e cruzou as pernas, relaxado.  

— Terminei. Mas descobri que eu não sou que nem o John. – disse sem me fitar. – No final ele desistiu de tentar conquistar a Jane e eu não desisto.

— Então você não desistiu de te-  – parei de falar no instante em que algo pousou na ponta de meu nariz. Tentei focalizar o que era, mas apenas vi uma bolinha vermelha.

Percebi James se aproximar com cuidado.

— Calma, é só uma joaninha – avisou se aproximando ainda mais até ficar a poucos centímetros de distância de mim e, com o dedo indicador, retirou a joaninha dali.

Eu ainda estava tentando processar todas aquelas informações, mas meu cérebro travou no momento em que James assoprou a joaninha de seu dedo e depois, sem aviso prévio algum, puxou-me pela nuca e selou seus lábios nos meus.

Sentir sua boca contra a minha fez meu coração acelerar e pulsar fortemente assim como o sangue em minhas veias. Eu estava surpresa com sua atitude, mas acho que, bem lá no fundo eu já esperava por isso. E, ao enfim perceber que James havia ganhado aquele desafio e que agora me beijava como nunca antes, só restou-me sorrir durante o beijo e envolver meus braços ao redor de seu pescoço aceitando minha derrota sem nenhuma objeção.

Ele desceu as mãos e depositou-as em minha cintura no mesmo instante em que puxou de leve meu lábio inferior com os dentes. Aquilo fez tudo em mim entrar em ebulição e eu logo entrelacei meus dedos em seus cabelos morenos e macios.

Depois do que me pareceram ser dias, meses, anos, o beijo foi cessando aos poucos de forma calma em contrapartida a nossas respirações ofegantes.

Eu ainda estava com os olhos fechados quando o ouvi:

— Não. Eu não desisti de roubar um beijo seu – sorri abertamente com essa frase enquanto apreciava o carinho que ele fazia com os polegares em minha cintura onde a blusa havia subido um pouquinho.

— Você não roubou, eu é que não quis desviar – menti para provocá-lo ouvindo sua risada baixinha.

— De qualquer forma eu te beijei. Não há nada que eu não consiga – proferiu mordendo o lábio inferior.

Revirei os olhos.

— Cala a boca, James – mandei o puxando-o para mim para capturar seus lábios e dar uma utilidade ainda melhor para eles.

 E não demorou nem meio segundo para estarmos envolvidos em um beijo ainda melhor que o outro. E que não terminou tão cedo.

Acho que estarei em eterno débito com aquela joaninha.

~**~

Tenho que admitir, não havia nada que James Potter não conseguisse e eu sou a prova viva disso. Porém, mesmo tendo essa consciência, não deixei de provocá-lo com alguns joguinhos a mais, principalmente quando estávamos sozinhos no meu apartamento assistindo a alguns filmes aleatórios.

Afinal era sempre bom desafiá-lo. E era melhor ainda perder para ele.

 


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Notas finais do capítulo

Pra quem quiser "ver" a conversa dos dois por wpp, aqui: https://twitter.com/jilygirl/status/911320213131530240
~**~
Bem, é isso. O que acharam? Amaram? Odiaram? Mais ou menos? Confesso que eu sempre quis escrever os personagens da Marauders Era, e a querida Tonks ali, dentro de uma universidade, preferencialmente Oxford :D Vi na fic minha deixa para tal.
A ideia central da fic era o roubo do beijo através da joaninha como estava estipulado no plot do @otplots e, coincidência ou não, o mesmo que a Nina pediu para eu escrever... Bem, amiga, não vi uma ocasião melhor em escrevê-lo senão de presente para o seu niver heheh... E aí, gostou? Captou as referências? Não são muitas, mas as poucas estão bem na cara...
Eu me divirto muito com Jily, escrever sobre eles é como uma terapia para mim ♥️
Espero retornar em breve para as fics com mais alguns projetos :D
Obrigada por terem chegado até aqui! Amo vocês! BJÃO NO CORAÇÃO!!!



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