Curse escrita por Grimmliz


Capítulo 1
Curse


Notas iniciais do capítulo

Hello ♥
Faz séculos que estou com vontade de escrever uma ArcheRin nova, e eis que a oportunidade surgiu com o P.E.C., quando escolhi a música 'Periscope' para a rodada. Estava MUITO inclinada a escrever GrimmHime, mas nem só de oposição vive o homem. Enfim, espero que gostem ♥



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A noite já havia caído quando Archer retornou para a mansão Tohsaka. Uma única luz estava acesa, a da sala — foi onde teve certeza que a encontraria. Assim que se materializou dentro do cômodo, seus olhos perspicazes recaíram sobre Rin, que estava apagada, com livros jogados sobre a mesa e o corpo desajeitadamente recostado contra o sofá. Não se admirava pela maga estar exausta daquela forma. Nos últimos dias, tudo que tinham feito fora discutir estratégias e repensar seus próximos movimentos, e como nada que Tohsaka Rin se propunha a fazer era feito pela metade, ela não parara de se dedicar desde então.

Archer contera o ímpeto de acordá-la, e provocá-la sobre sua “fraqueza”, mas nem mesmo ele era cruel a esse ponto — oportunidades é que não faltariam para importuná-la. Sorrindo e suspirando em sinal de derrota, caminhou silenciosamente até o local onde ela se encontrava, pegando o casaco que ela havia deixado sobre uma das poltronas, estendeu-o sobre o corpo de Rin, a fim de aquecê-la, logo, sentando-se ao seu lado.

O heroi não pôde deixar de observar com atenção sua mestre, que quando dormindo, era tão diferente do usual. A maior parte do tempo ela era repleta de energia, e dona de uma personalidade que não poderia nomear como fácil. Não que ele visse problemas nisso, muito pelo contrário. Se havia algo que Archer admirava em Rin, acima de sua clara habilidade com magia, mesmo em idade tão nova, era sua maturidade e poder de decisão, a segurança contida em cada ação e palavra. Talvez ele houvesse duvidado dela no começo, mas agora, a ligação que compartilhavam, não era devido a Guerra do Santo Graal, onde servos juravam lealdade a seus mestres. Independente de qualquer coisa, Archer a protegeria, lutaria ao seu lado — e este era o maior dos problemas.

Archer levou uma das mãos ao rosto de Rin, afastando uma mecha de cabelo que escorregara para seu rosto. Este era um ato o qual não se atrevia a realizar quando ela estava acordada. Apesar da certeza de que a surpreenderia, duvidava que conseguisse esconder seus sentimentos, ou se se controlaria, dependendo da forma como a maga reagisse. Ele quase conseguia visualizá-la explodindo em uma raiva fingida, tentando mascarar sua timidez, e corando até as orelhas. Assumia que por vezes fazia algo invasivo, apenas para vê-la reagindo exageradamente, e para acalentar parte da inquietação que sentia quando estava com ela — como naquele momento. E como se para testá-lo, a cabeça de Rin escorregou para seu ombro.

O arqueiro sorriu em resignação, encostando a nuca contra o sofá, fechando os olhos.

O destino, Graal, ou o que quer que fosse aquilo que os unira, era um tanto cruel — tão cruel quanto seu passado. Imaginava ter passado por todos os tormentos que uma vida poderia reservar-lhe. Lutar pelo povo e morrer por sua ingratidão, parecia castigo suficiente, mas agora, ao retornar como heroi, percebia que havia coisas piores, como amar sem nem ao menos poder cogitar ser amado; e se havia um sentimento que poderia ser tão belo e trágico ao mesmo tempo, este era o amor.

Não era como se uma pessoa tivesse o direito de escolher senti-lo. Ele apenas surgia, e tão sutil quando uma tempestade, revirava mentes e corações de uma forma irreparável, só podendo ser dominado, se o objeto causador do desastre, estiver ao alcance. Mas eis que surge outra questão. Muitos, mesmo que com a mulher de sua vida nos braços, não se vêem no direito de expressar tal afeição, deixando-se consumir pelos próprios desejos.

Estar com Rin, era uma mistura de sensações para Archer. Uma existência nas condições dele, não deveria perder tempo com distrações como esta. Se apaixonar por sua mestre, no meio de uma Guerra, era pedir por problemas com os quais não poderia lidar. A possibilidade de tudo acabar em tragédia era muito maior, na verdade, esta era praticamente a única certeza, pois, as únicas opções eram: ser derrotado em batalha e desaparecer, vê-la morrer por suas falhas, e até mesmo, no pior cenário possível, matá-la com as próprias mãos — algo que ele duvidava que todos os comandos do mundo fossem eficazes em forçá-lo.

A melhor das hipóteses seria vencer, e ter seu desejo realizado, mas depois de tudo que passara, ‘expectativa’ não era uma palavra que existia em seu vocabulário. Ele trabalhava com fatos, e a verdade, era que, o futuro era uma mancha negra — assim como o presente, pois, Archer não tinha ideia de como Rin de sentia em relação a ele. A maga, teoricamente, era a mais imatura dos dois, mas no fim das contas, aquele que se deixara levar fora o arqueiro.

Rin se ajeitou contra Archer, o que lhe chamou a atenção, fazendo-o abrir os olhos e encará-la. Ela continuava a dormir, e por mais que quisesse passar as horas seguintes em contato com a calidez de seu corpo, tinha ciência de que o sofá não era o mais confortável dos lugares. Levantando-se cuidadosamente, livrou-se do casaco que a cobria, tomou-a nos braços, e carregou-a escada acima, até o quarto dela, onde depositou-a sob os lençóis — quando na verdade queria mantê-la consigo.

Por mais que por vezes quisesse revelar o que sentia, sua hesitação o impedia, levando-o sempre a manter-se calado. Não queria confundi-la, e muito menos forçá-la a viver algo que nem se via no direito, devido aquela maldição à qual era fadado. Gostar de alguém também significa proteger, não desaparecer depois de um período, para sabe-se lá em que era retornar. Após tantos pecados, tantas mortes, talvez aquela fosse sua punição — a qual ele aceitaria silenciosamente, mas não completamente condescente.

Sentando-se no colchão, apoiou um dos braços ao lado da cabeça de Rin, abaixando-se até que seu rosto estivesse próximo do dela, esquadrinhando-a uma última vez, antes dos lábios roçar os dela, levemente, demorando mais do que o bom senso lhe aconselhava. Com um suspiro, conteve a necessidade de se manter junto dela, nem que apenas para zelar por seu sono. Mas seria imprudente e torturante, preferindo então, dar as costas à maga, saindo do cômodo.

Para o bem dos dois, Archer simplesmente continuaria a estimá-la ao seu próprio modo, mergulhado em suas próprias incertezas, demônios e sentimentos controversos, vivendo das migalhas que colhia pelo caminho, não clamando por esperança e muito menos convidando-a a se afogar com ele. Não. Em suas limitações, ele a amaria através de um periscópio — assim como Rin, cujos olhos cianos brilhavam na escuridão da noite, encarando a figura dele se afastando, com um sorriso doloroso, contendo as palavras presas em sua garganta, que gostariam de revelar o quanto também o queria.


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Notas finais do capítulo

Desculpem o drama, mas não resisti, tô na fase. ♥ rs

Link da música: https://www.youtube.com/watch?v=NrEVYQ4zQAA
Créditos da fanart, na arte: http://imgur.com/oAr3COu



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