A última Missão escrita por Liz-san


Capítulo 1
A Última Missão - Capítulo Único




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Era noite. Uma menina, com uns 17 ou 18 anos, vestida com um pesado sobretudo preto, saiu de um beco e começou a andar na parte mais escura da rua. A grande lua cheia daquela noite estava encoberta pelas nuvens e não estava iluminando o caminho muito bem. Ela estava andando com pressa e, pelo modo como andava, sabia o caminho. Seus cabelos negros eram curtos e caíam em cachos sobre seus ombros, e o único contraste com aquela escuridão era a pele alva da menina, quase albina. A cada minuto que passava ela olhava para trás, como se estivesse se certificando que não estava sendo seguida. Após andar alguns minutos parou na frente de uma grande casa, porém simples. Bateu na porta e alguns segundos depois uma mulher a abriu.

-- Sim? -- A mulher perguntou, avaliando a menina dos pés à cabeça e, depois de olhar bem para o rosto se surpreendeu.

-- Estou procurando pelo Tristan, ele está? -- A menina perguntou, com sua voz baixa.

A mulher continuava surpresa. Por um segundo, as feições da mulher ficaram tristes, mas essa expressão foi substituída por um tímido sorriso.

-- Iris... é você? -- A menina fez que sim com a cabeça e sorriu. A mulher abriu um sorriso ainda maior. -- Entra. Quanto tempo não te vejo.

A menina olhou para a rua, que estava vazia, e entrou. A casa era muito espaçosa, aconchegante e a lareira estava acesa, o que a deixava quente.

-- Onde você esteve? Você nunca passou tanto tempo fora em uma missão. Estava com muita saudade. -- A mulher abraçou Iris, que retribuiu o abraço.

-- Me desculpe, Anna. Eu tive que fazer essa, afinal foi a última. -- Iris falou, com um sorriso.

-- Que bom que você conseguiu. -- Anna falou.

-- Mas está tudo bem com Tristan? Ele é o que mais quero ver no mundo. -- Iris falou, ansiosa.

Após Iris falar isso, os olhos de Anna ficaram vermelhos.

-- Iris. Não dá. -- Anna começou a chorar. -- Eles o levaram.

-- Como assim? O quê aconteceu? Explique, por favor.

Anna enxugou as lágrimas e respirou fundo.

-- Eles vieram no meio da noite, enquanto eu estava dormindo. Tristan tentou se livrar deles, e acabei acordando com o barulho. Mas já era tarde demais, e quando olhei pela janela, os vi indo embora.

-- Não. Como puderam? Fiz tudo que me pediram e agora isso? -- Iris questionou, com raiva. -- Vou tirá-lo de lá, prometo. -- Ela segurou as mãos de Anna com força e se levantou, abrindo a porta e desaparecendo na noite.

Ela corria, cobrindo seu rosto com as mãos. Não parou nem para descansar e, mesmo olhando para baixo, percorria o caminho com clareza. Não havia mais ninguém na rua naquela hora, e a lua havia saído detrás das nuvens, emprestando sua luz para aquela noite escura.

Meia hora depois a menina parou, um pouco ofegante, na frente de uma mansão. Ela só precisou lançar um olhar para o porteiro e o portão foi aberto. Passou pelos jardins pisando forte e andando rápido. Abriu a porta central com força e todos que estavam na sala olharam para ela, espantados, mas não ousaram falar uma palavra. Ela abriu uma outra porta e seguiu por um longo e vazio corredor, com mais uma porta ao fim, que ela abriu e a fechou com força, batendo-a.

-- O quê você fez? -- Iris perguntou, furiosa.

A pessoa a quem Iris estava se referindo estava sentada em uma alta e larga poltrona, e se virou quando Iris falou. Era um homem alto, que usava óculos e tinha uma cicatriz que começava no nariz e atravessava seu rosto, parando perto da orelha.

-- A quê você está se referindo? -- O homem perguntou.

-- Como se não soubesse! -- Ela gritou, batendo com seu punho fechado na mesa.

-- Senhorita Henebra, respeito é bom e eu mereço. -- O homem falou.

Iris ficou quieta, como se tivesse entendido o recado, mas depois voltou a falar.

-- Onde ele está? -- Ela perguntou. -- Eu cumpri tudo o que me pediram, por quê isso está acontecendo?

-- Bom, temos um problema, Iris. Você vale muito. É uma excelente agente. Não podemos perdê-la.

-- Não acredito. Vocês disseram que essa última missão que cumpri era a última! Passei quatro anos naquele lugar. Quatro anos!

-- Eu sei. Eu que a mandei para lá.

-- Eu já cumpri as cem missões. Esse era o acordo.

-- Você pertence a nós. Quem decide se você vai ou fica somos nós. -- Respondeu o homem, com uma voz fria.

-- Não. Isso não é possível. O acordo...

-- O acordo foi mudado. -- O homem a interrompeu, cruel. -- Você nos pertence.

Os olhos de Iris estavam vermelhos. Ela estava quase chorando. Depois de passar anos cumprindo as missões que lhe eram passadas sem dizer nenhuma palavra contra, agora isso acontecia.

-- Este é o novo acordo: Você continua trabalhando conosco e seu amigo vive. Caso não queira mais trabalhar, ele morre.

Tudo que Iris queria era pular no seu pescoço e matá-lo. Mas ela não tinha escolha.

-- Que desperdício, ele era um garoto tão...

-- Está bem! -- Iris o interrompeu. -- Eu continuo aqui. Mas não encoste um dedo nele.

-- Bom, isso eu já fiz. -- O homem falou, surgindo um estranho sorriso no seu rosto. -- Então, apareça na segunda e conversaremos sobre isso.

Iris entendeu que fora dispensada. Porém, não pararia por aí. Ela não desistiria de pegar Tristan de volta, nem que isso resultasse em sua morte. Ao passar novamente pelo corredor, subiu uma escadaria e entrou em uma porta que tinha uma plaquinha escrita: "Sala da Administração”. Ao entrar, viu um homem, de costas e em pé, olhando um arquivo. Ele não percebeu que ela havia entrado até sentir algo afiado na sua nuca.

-- Você vai me falar onde esconderam Tristan, e rápido. Se demorar, não será agradável. -- Iris falou, sombria.

-- Eu não sei do quê você está falando. -- O homem falou, sua voz falhando.

Iris apertou a faca e fez um pequeno corte, e dele saiu um filete de sangue. O homem ficou apavorado.

-- Não minta, senão será pior.

Iris fez menção de colocar a faca mais fundo, mas o homem se rendeu.

-- Pare! Eu falarei onde ele está.

O homem tirou alguns papéis de uma gaveta e deu para ela. Iris checou as folhas, para ver se ele não a estava enganando e, como ele não estava, guardou-os no bolso do casaco.

-- Caso alguma palavra do nosso “encontro” vaze, eu sei onde você vive, sua família também. -- Iris falou, fria, e saiu da sala, guardando a faca na calça. Desceu as escadas normalmente, como se nada tivesse acontecido, e foi para o seu apartamento.

O apartamento de Iris não era muito grande, mas dava a impressão de que era espaçoso. Estava muito arrumado, e havia uma fina camada de poeira envolvendo tudo, já que faziam quatro anos desde que ela havia estado lá. Iris queria se preparar, iria resgatar Tristan. Ela abriu seu armário de roupas, afastou-as e abriu o fundo secreto. Tirou de lá muitos dardos, algumas facas, uma arma de fogo e um isqueiro. Depois de esconder tudo nas suas roupas, pegou as folhas que o homem havia dado para ela e planejou uma rota que fosse mais curta até o local.

Depois de ver uma rota boa, Iris saiu do seu apartamento e foi andando, quase correndo para o local. Como eram cerca de meia noite, a cidade estava envolta em um profundo silêncio, e nem pássaros se atreviam a voar. O lugar onde eles estavam com Tristan era perto do QG que Iris havia ido para discutir o sumiço dele.

Ela entrou em um beco e andou até a parede. Nela estava desenhada um número, que Iris checou se era o mesmo da folha que ela havia recebido. Era, então olhou para a folha e começou a seguir as indicações, mas acabou descobrindo o caminho sozinha.

Atrás de um lixo, havia um alçapão, que Iris abriu. Viu uma escada de metal que conduzia para debaixo do solo, e desceu-a. Iris estava muito curiosa para conhecer este novo esconderijo, pois ele só era usado em casos de emergência, como o dela. Os corredores estavam estranhamente vazios, e Iris achou esquisito, mas logo depois, ao olhar para baixo, viu o motivo de não ter ninguém no andar de cima.

Todos estavam no andar de baixo, como se só quisessem proteger o garoto, mas não o local. “Assim será mais fácil do que eu pensava", pensou Iris. Se escondendo nas sombras, desceu silenciosamente as escadas e, mirando cuidadosamente, atirou os dardos nos guardas. Os dardos continham um líquido que fez os guardas apagarem na hora. Iris desceu correndo o resto das escadas e tirou a faca para cortar as cordas que prendiam Tristan.

-- Tristan! -- Iris chamou, feliz.

Um menino atado à uma pilastra de pedra levantou a cabeça. Ao reconhecer a menina, sorriu.

Tristan tinha somente alguns hematomas espalhados pela face, mas nada muito sério, o que tranquilizou Iris. Antes de o libertar, Iris tirou a mordaça do menino e o beijou longamente. Ela posicionou a faca em cima da corda e a cortou facilmente. Ajudou-o a se levantar e, depois dele ficar em pé, apoiou-o à parede e o beijou novamente.

  -- Iris, é você. Que bom te ver. -- Tristan falou feliz, sua voz rouca e fraca.

-- Eu senti muito a sua falta. -- Iris falou, recuperando o fôlego depois do beijo.

-- Eu também. -- Tristan falou. -- O que você acha de sairmos daqui?

-- Uma excelente ideia. Só vou fazer uma coisa. -- Iris falou, e andou até uma bancada de madeira. Tirou o isqueiro do bolso, ateou fogo, e guardou-o novamente.

Os dois saíram quase que correndo, mas Tristan estava se apoiando um pouco em Iris.

-- Tristan, quero ficar com você pelo resto da minha vida. Só precisamos passar em um lugar antes, tem algo que preciso fazer.

-- Está bem. Vou com você.

Eles andaram até o QG, abraçados. Tristan ficou esperando do lado de fora, e Iris entrou. Como ela esperava, o lugar estava praticamente vazio, e a única luz que tinha lá vinha do escritório do seu chefe. Ela andou até lá, tirou a arma, escondeu-a atrás do corpo e entrou.

-- Iris, o quê você está fazendo aqui? -- Ele perguntou, surpreso.

-- Isso. -- Ela falou, tirando a arma e atirando no homem, que morreu na hora.

Ela deixou a arma no chão, tirou o isqueiro de novo e também colocou fogo no lugar, sendo que o primeiro lugar a queimar foi o escritório. Ela saiu feliz da mansão, cujas chamas iluminavam a noite. Deu à mão ao menino e os dois saíram andando juntos, desaparecendo nas ruas da cidade.

 


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Notas finais do capítulo

Possoal, dêem reviews, ok?



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