Pierre - Um conto da saga escrita por Paula Mello


Capítulo 5
As máscaras que caem




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Por muitos meses, Pierre e Hydra eram um casal que viviam grudados, ele era o namorado que ela sempre quis (apesar de nunca terem conversado oficialmente sobre isso), era gentil, carinhoso, romântico, ela estava nas nuvens.

— Vocês dois parecem tão felizes! - Disse Gabrielle, se referindo a Hydra e Pierre, enquanto as duas caminhavam entre uma aula e outra.

— Eu sei, eu estou, é só que... Não sei Gabrielle, eu nunca conheci ninguém como o Pierre, ele me faz sentir tão especial, a pessoa mais especial do mundo, é esquisito, sabe?

— Eu sei... Quer dizer, não sei né! Nunca pensei nisso antes – brincou a menina.

— Nunca? – Estranhou Hydra.

— Ah, sei lá, eu já pensei em casar e ter filhos um dia, mas tão no futuro – disse Gabrielle sem graça.

— Mas não estou falando em casa e nem em ter filhos e sim ter um namorado – disse Hydra sorrindo.

— Quem sabe um dia, mas não agora... – Respondeu Gabrielle sem graça.

— Bom, se um dia eu casar e tiver filhos e você também, quem sabe eles não podem namorar – brincou Hydra rindo.

— Isso sim seria um bom plano – concordou Gabrielle.

As duas foram interrompidas por uma das pessoas que Hydra não queria ver, Fleur Delacour, que vinha acompanhada de suas amigas.

— Ei, Raí-dra, como vai? – Perguntou a menina de sua forma falsamente simpática de sempre.

— Bem e você? – Perguntou Hydra tentando ser educada para que ela saísse logo de sua frente.

— Bem também, fim do inverno chegando, não posso reclamar – disse a menina, enquanto as suas duas amigas ficavam apenas caladas.

— Que bom... – Disse Hydra, fazendo menção de andar com Gabrielle.

— Me diga, Hydra, o que você e o Pierre tem? – Perguntou Fleur, aguçando a curiosidade das suas duas amigas ao seu lado.

— Não é da sua conta, Fleur, com todo o respeito, é claro – disse Hydra deixando a menina parecendo profundamente ofendida.

— Há, realmente não é, nem da minha e nem de muitas, não é mesmo? – Disse ela a peitando.

— Como assim muitas? – Perguntou Gabrielle.

— Nada, não é da minha conta afinal... – Disse Fleur se retirando com as meninas.

— Do que ela está falando, Hydra? – Perguntou Gabrielle, observando enquanto a menina saia.

— Eu não sei, mas coisa boa não deve ser... – Disse Hydra, se sentindo extremamente desconfiada agora.

Durante muitos dias, Hydra tentou questionar Pierre sobre o que Fleur estaria falando sobre, mas ele sempre desconversava.

— Hydra, ela tem inveja de você, não percebeu isso ainda? Esquece essa menina vai...

— Mas eu achei que vocês eram amigos – disse Gisele que estava perto deles.

— Nós somos, mas eu sei os defeitos da Fleur – disse ele.

Hydra encontrava Pierre todos os dias agora depois dos treinos de quadribol, sempre perto da mesma fonte aonde deram o seu primeiro beijo, mas o rapaz ficava mais atirado e impaciente com o tempo, o que antes era apenas romântico, agora ficava um pouco bruto, ele tentava forçar Hydra a fazer mais do que ela se sentia preparada, porém sempre pedia desculpas depois e falava o quanto gostava dela.

— Vamos para o seu vestiário? – Perguntou ele em uma das noites que eles se encontraram.

— Para que? – Perguntou Hydra espantada.

— Só para termos mais privacidade... – Pediu ele.

— Pierre eu...

— Calma Hydra, não vamos fazer nada, apenas nos beijar como sempre – disse ele com um sorriso encantador.

Hydra acabou o seguindo até o vestiário perto do campo de quadribol, que estava agora totalmente vazio.

Pierre começou a beijar sua boca e seu pescoço, a pressionando contra a parede, no começo era até bom, Hydra não conseguia negar, mas depois foi ficando intenso demais.

— Pierre, para, por favor – pediu Hydra.

— Hydra, você não me ama? – Perguntou o rapaz, se afastando um pouco dela.

— Eu... Eu amo Pierre, eu acho que amo sim, mas eu ainda...

— Então calma, não precisamos fazer nada demais, só relaxa um pouco... – Pediu o menino – Ou você não gosta de mim de verdade?

— Mas o que isso tem a ver? – Perguntou Hydra, se sentindo um pouco assustada e encurralada.

— Se você gostasse de mim, você confiaria em mim – disse ele com um olhar triste e um pouco pidão.

— Eu confio em você... – Disse Hydra.

Naquela noite, Pierre a fez sentir bem, muito bem por um tempo e ela a ele, porém ficou extremamente nervoso depois que Hydra não fez tudo que ele gostaria de ter feito.

— Hydra, você está bem? – Perguntou Gisele, quando a menina entrou chorando no quarto. Gabrielle e Desiré também vieram correndo ao seu encontro.

— Sim, é só que... Eu sou uma criança ainda, não sou? – Perguntou a menina.

— O que diabos aconteceu? – Perguntou Gisele preocupada.

Hydra contou tudo para as meninas, Desiré parecia a mais raivosa de todas.

— Ele não pode te pressionar desse jeito, Hydra, não é não! – Afirmou ela.

— Eu sei... Eu vou conversar com ele amanhã – disse Hydra.

— Hydra, você não precisa dar nenhuma prova de amor para ninguém, se a pessoa gostar de você, vai esperar seu tempo para tudo – disse Gabrielle.

— É, isso foi ridículo da parte dele! – Concordou Gisele.

Hydra não conseguiu dormir direito, as emoções boas e ruins do dia se misturavam, era tão estranho para ela...

No dia seguinte, Pierre estava um pouco mais frio, ele não se sentou ao lado de Hydra no café como sempre, ficou com seus amigos e cercado por algumas garotas.

— O que está acontecendo afinal, vocês brigaram mesmo? – Perguntou Gabrielle estranhando a situação.

— Eu não sei, Gabrielle, eu sinceramente não sei – afirmou Hydra, olhando triste para a cena.

Durante todo o dia, Pierre evitou o seu encontro, a cumprimentou antes de ir para as aulas, porém não falava com ela como sempre.

— Se você se sentir culpada pelas atitudes nojentas dele, eu juro que te dou um soco no meio da sua cara – disse Desiré em um tom de "brincadeira" durante a aula de Defesa Contra as Artes das Trevas.

— Eu não estou me sentindo culpada, eu estou me sentindo triste – disse Hydra.

— Garotos são uns idiotas às vezes – disse Desiré.

— Mas nem sabemos ainda o que houve direito! – Afirmou Gabrielle.

— E nem ele a deixa saber, né? – Perguntou Gisele.

Hydra sentiu que deveria falar com o rapaz o mais rápido possível, então depois do treino de quadribol, esperou por ele em seu lugar de sempre, porém não o encontrou. Hydra então vagou um pouco pelo palácio, se sentindo triste de coração partido, aquele não podia ser o Pierre dela, devia ter algo errado, ela sabia que havia... Mas então, ela encontrou Pierre, sentado em uma pilastra do jardim, um pouco afastado de onde ela estava antes, conversando com uma menina loura de cabelos curtos chamada Natalia Moraes, Hydra sabia que ela era portuguesa de outra casa, ela se agachou perto de onde eles estavam para ouvir o que eles falavam.

— Mas você não está namorando aquela menina inglesa? A Malfoy? – Perguntou a menina para Pierre em português (língua que Hydra também falava).

— Sim e não, eu estava saindo com ela, mas não namorando, sabe como é, né? Além disso ela é uma criança, não sabe ainda o que fazer direito, nada que se compare a você, que já é uma mulher... – Disse ele segurando em seu queixo.

— Mas ela é bem bonitona, alguns meninos a acham a mais bonita da escola, ela e a Fleur – admitiu a menina.

— É, ela é bonita mesmo, mas é muito bobinha, não faz meu tipo – afirmou Pierre.

— E eu faço? – Perguntou a menina cheia de malícia.

— Muito... – Afirmou o rapaz que sorria.

Hydra não quis ouvir mais nada, cada palavra era uma pequena facada em seu coração, ela agora chorava desesperada, se sentindo humilhada e enganada e saiu correndo, mas acabou tropeçando em uma fonte e fazendo barulho, Pierre e a menina a viram e ele foi correndo atrás dela.

— Hydra, espera... – Gritava o rapaz.

Hydra conseguiu correr até a Sala de sua casa, aonde Pierre a seguiu e a segurou pelo braço antes dela entrar nos quartos.

— Hydra, o que...?

A menina não pensou duas vezes, deu um tapa bem dado na cara do rapaz enquanto ainda chorava.

— Eu sou uma criança? Você só estava saindo comigo? Qual é seu problema, Pierre? – Perguntou ela.

— Hydra, eu só estava brincando... – Disse ele alisando a parte do rosto aonde apanhou.

— Brincando? Você é um canalha isso sim... Como eu pude me envolver com você eu não sei, mas quer saber? Acabou, nunca mais chega perto de mim, finge que eu não existo, faz qualquer coisa, só me esquece! – Gritou a menina, enquanto algumas pessoas na sala olhavam a cena absolutamente paralisados e chocados.

— Você vai agir assim mesmo? – Perguntou ele de forma cínica.

— Nunca mais me olha Pierre, nunca mais! – Disse ela se livrando de seu braço e correndo para o seu quarto, aonde chorou desesperadamente sendo consolada por suas melhores amigas.

— Você agiu muito bem lá fora – afirmou Desiré.

— Eu sei... Mas... Dói... – disse ela soluçando.

— Quer que eu acabe com ele, Hydra? – Perguntou Gisele.

— Não, eu só quero esquecer... – Afirmou a menina.

— Eu sinto muito que você tenha tido que sofrer assim – disse Desiré segurando em sua mão.

— Eu sei, mas você bem que tentou me alertar no começo do ano – disse Hydra para a amiga, ela tinha os olhos com tantas lágrimas que mal conseguia vê-la direito.

— Bom, eu não tinha nada confirmado... Mas ele meio que parecia um idiota mesmo... – Disse a menina sem graça.

Hydra chorou até dormir, a dor parecia grande demais e a humilhação maior ainda.

No dia seguinte, a escola inteira parecia falar sobre o ocorrido, Pierre tentou falar com ela algumas vezes, mas sem sucesso, Desiré lançou uma azaração que aumentou suas orelhas e o obrigou a ir para a ala hospitalar no meio do Salão de jantar enquanto os professores não olhavam.

— Eu acho que a Fleur tentou te avisar – disse Gabrielle olhando para a mesa da menina, que observava a cena.

— Será? – Perguntou Hydra olhando também para a mesa, mas Fleur virou o rosto.

— Talvez sim – afirmou Gabrielle.

Fleur não deu novas chances para Hydra descobrir, parece ter levado para o pessoal o desaforo de Hydra e não a respondia direito quando ela falava.

Com o tempo, Hydra conseguiu aprender um pouco a como controlar a dor no coração que sentia sempre que via Pierre, aprendeu a ignorá-lo. Primeiro ela pensou em dizer que jamais daria chance a outro rapaz, depois (principalmente depois de Gisele insistir muito que isso seria uma mentira muito provavelmente), viu que isso era bobagem, que nem todos eram como aquele idiota, mas definitivamente iria escolher muito melhor com quem andava e quem deixava entrar no seu coração dali para frente.

Ela também se sentiu grata, grata pelas amigas que tinha que a apoiaram em casa momento e grata por pessoas como a Fleur, que apesar de continuar insuportável com ela, parecia ter tentado alertá-la. Fora um ano em que aprendeu o que era gostar de um garoto e o que era ter seu coração partido, mas também era um ano que aprendera a como ter seu coração reconstruído a partir de muito amor próprio e de suas amizades, que valiam ouro e valiam muito mais do que mil Pierres juntos para ela.

 


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