Pierre - Um conto da saga escrita por Paula Mello


Capítulo 2
A Paris trouxa




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— Desiré! – Exclamou Hydra ao ver a amiga do lado de fora da porta da sala onde estava.

Desiré correu para abraça-la e as duas ficaram dando gritinhos enquanto o pai da menina pedia para que elas seguissem para o saguão do Ministério.

— Eu mal posso esperar pela minha festa – dizia Desiré enquanto as duas caminhavam pelo corredor brilhante, aonde as janelas davam vistas para o mar onde estavam em baixo.

— E como vai ser isso Desiré? Digo, a família da sua mãe é trouxa, certo? Como vai ser seu aniversário – Perguntou Hydra curiosa.

— Uma festa trouxa normal, nada de mágico, os meus amigos bruxos e a família do papai já está avisada – disse a menina, enquanto as duas entravam agora no elevador.

— Uau, eu nunca vi isso antes, deve ser sensacional! – Disse Hydra empolgada.

— Eu sei, nós vamos fazer umas compras antes, você precisa de roupas trouxas – disse Desiré, olhando a veste vermelha que a amiga usava.

— Qual é o problema com as minhas vestes? – Perguntou Hydra.

— Nenhum, é linda, aliás, todas elas são, mas são bruxas, te denunciam – disse Desiré rindo.

— Okay então, vamos comprar roupas trouxas! – Disse Hydra sorrindo.

Depois de saírem do Ministério (e uma viagem enjoativa na cabine branca que Hydra tanto detestava), eles seguiram de carro até a casa de Desiré.

— Vocês moram em Paris mesmo? – Perguntou Hydra para o pai de Desiré, enquanto o mesmo dirigia.

— Sim, minha cidade preferida no mundo – respondeu o bruxo simpaticamente em francês.

— Hydra, Gabrielle e Gisele vão nos encontrar hoje para sairmos – disse Desiré, que também estava sentada no banco da frente, ao lado de seu pai.

— Mal posso esperar, estou com tantas saudades... – Afirmou Hydra sorrindo.

— Vai visitar aquela sua tutora, Hydra? – Perguntou o pai de Desiré.

— Sim, eu vou fazer a viagem por flu amanhã, já combinei com ela.

Hydra amava poder visitar Apolline durante as férias, era um ótimo jeito de matar as saudades daquela que tanto amava.

— Pode a chamar para o meu aniversário também – disse Desiré simpaticamente e Hydra agradeceu, apesar de saber que ela provavelmente não iria querer ir.

Hydra chegou a um bairro de subúrbio aonde todas as casas pareciam iguais, um telhado de madeira, dois andares e paredes brancas com um lindo jardim na frente.

— Bem-vinda – disse Desiré quando o pai estacionou o carro na garagem de uma dessas casas.

Hydra teve que levar sem a ajuda da magia (que o Sr. Fauré não podia usar ali, mas a ajudou a carregar junto com Desiré), seu malão, vassoura e a gaiola de Lydra, alguns vizinhos já olhavam curiosos para a cena de uma menina com vestes incomuns carregando uma vassoura enquanto Desiré carregava a sua coruja.

— Realmente preciso de roupas novas – disse Hydra, olhando sem graça para os vizinhos da amiga e os cumprimentando.

A casa de Desiré era bonita e simples, no primeiro andar, à direita ficava uma cozinha americana, à esquerda uma bela sala com três sofás, uma estante e o que Desiré contou para Hydra que se tratava de uma televisão, uma grande caixa preta para onde os sofás apontavam. No andar de cima, tinha um corredor (aonde nenhuma das fotos se mexia) com três quartos. O de Desiré era de tamanho médio, tinha uma cama de solteiro com uma cama ao seu lado embaixo, dois criados mudos (todos em madeira), um armário, uma escrivaninha com um aparelho de TV e uma porta que dava para o banheiro. Também tinha diversas fotos (algumas dessas sim se mexiam) na parede perto da cama e nos porta-retratos, um pôster da sua casa na Beauxbatons Lucctore e de cantores bruxos e não bruxos famosos, além de alguns bichinhos de pelúcia e uma estante cheias de livros (de novo, sobre o universo bruxo e trouxas).

— Eu amo, é encantador como você mistura os dois mundos aqui dentro do seu quarto! – Dizia Hydra admirada, olhando tudo.

— Eu sei, tem um pedacinho da minha mãe e um pedacinho do meu pai aqui, mas eu tenho que tirar as fotos que se mexem sempre que os meus parentes veem – reclamou ela, se tacando em sua cama e abrindo a gaiola de Lydra para que ela pudesse voar solta pela janela (que dava vista para os fundos da casa e um pequeno quinta, cheio de flores e com dois cachorros que corriam de um lado para o outro, brincando um com o outro e agora tentando latir para Lydra que voava livre, os ignorando totalmente).

— Eu amo de verdade Desiré, eu tenho tanto a aprender com você! – Disse Hydra, se sentando em sua cama (mais ou menos confortável) e mexendo em seu malão.

— E eu vou te ensinar tudo que puder, não se preocupe, quando sair daqui vai ser provavelmente uma especialista trouxa – disse ela rindo junto com Hydra.

— Cadê a sua mãe? – Perguntou Hydra, tirando algumas roupas do malão e as dobrando delicadamente ao seu lado.

— Trabalhando, mamãe é enfermeira em um hospital trouxa, mais tarde ela deve estar por aqui – disse a menina, deitada com as mãos embaixo da cabeça.

Gabrielle e Gisele chegaram logo depois. Gisele era uma bruxa de cabelos e olhos muito negros e pele bem branca, ela era muito bonita, apesar de ter 13 (quase 14) anos apenas, parecia mais velha. Gabrielle era doce, tinha os cabelos curtos e louros e um olho azul e outro castanho, era um pouco gorduchinha, Hydra também achava a amiga muito bonita. Desiré era uma linda bruxa de pele marrom e grandes cabelos castanhos cacheados e grandes olhos também castanhos. Hydra amava estar com aquelas três meninas, suas primeiras amigas de verdade fora de casa e as três se cumprimentaram com entusiasmo.

— Eu fiquei sabendo que seus primos trouxas são bem bonitinhos – disse Gisele rindo, deitando na cama de Desiré.

— Você já conheceu todos eles, Gisele e quando eu digo conheceu... – Desiré lançou um olhar de falso "julgamento" para a amiga.

— O que eu posso fazer? Trouxas são fascinantes! – Disse Gisele rindo.

— Vamos sair? Temos que comprar roupas e apresentar o resto da cidade para Hydra – disse Gabrielle com empolgação.

— Você não conhece nada do mundo trouxa? – Perguntou Desiré, enquanto Hydra olhava com atenção o tal de filme que ela mostrava em uma caixa quadrada que ela aprendera se chamar televisão.

— Não muito, minha tutora me ensinou algumas coisas, mas eu nunca vi tudo assim tão de perto! – Disse Hydra admirada.

— Vamos sair então, mamãe é trouxa e minha família materna também, eles não sabem que eu e meu pai somos bruxos, então eu conheço vários lugares e várias coisas deles, vamos, vou te levar para conhecer a Paris trouxa! – Disse Desiré alegremente, fazendo as três amigas darem gritinhos de alegria.

— Eu não tenho o que vestir que não vá chamar atenção – alertou Hydra para as amigas.

— Não tem problema, eu te empresto uma roupa – disse Desiré correndo para o armário, acho que um vestidinho deve ficar bom, está fresquinho lá fora.

A menina emprestou um vestido branco florido até o joelho para Hydra e um casaco preto com uma botinha combinando, Hydra amou o que vira.

— A moda trouxa é tão legal! – Disse Hydra, se admirando no espelho.

— Vou lhe ensinar tudo sobre isso também – brincou Desiré.

Hydra saiu com as meninas (todas vestidas como trouxas).

— Como vamos até o centro da cidade? – Perguntou Hydra.

— Primeiro nós temos que trocar o nosso dinheiro para dinheiro trouxa, a rede de flu não está aberta aqui em casa, então vamos de metrô até a entrada do Mal Cristal para trocar o dinheiro e podemos aproveitar e comprar o material escolar, você trouxe a permissão dos seus pais para trocar dinheiro? – Perguntou Desiré.

— Não, eu não sabia... – Disse Hydra meio sem graça.

— Não tem problema, eu troco para você, só vamos levar as capas da escola para colocar em cima da roupa, eles podem estranhar as roupas trouxas no Mal Cristal – sorriu Desiré, entregando a capa de seda azul com detalhes em vermelho para Hydra.

— Okay então, mas eu tenho uma dúvida – disse Hydra ainda admirada com toda a informação.

— O que? – Perguntaram as três, levantando da cama para sair.

— O que é um metrô?

As três riram ao mesmo tempo.

— É uma espécie de trem, algumas estações são embaixo da terra – disse Desiré.

— Fascinante! – Disse Hydra com os olhos brilhando.

Hydra colocou seu ouro no bolso de sua jaqueta, assim como sua varinha e as quatro saíram pela rua de Desiré, depois de recusarem o pedido do pai da menina de acompanha-las pelo passeio (por segurança, mas Desiré garantiu que podiam ir sozinhas sem problemas), até uma estação subterrânea de metrô. Hydra admirou tudo, desde a estação que parecia branca e muito iluminada até o trem branco e verde que se aproximava.

— E assim que eles viajam todos os dias? – Perguntou Hydra quando as duas entraram em um dos vagões, onde duas fileiras de assentos ficavam dispostas de frente para a outra.

— Alguns sim, outros pegam ônibus ou vão de carro – disse Desiré, se sentando enquanto as outras a seguiam.

Hydra viu um grupo de meninos trouxas olhando para elas, Gisele correspondia os olhares, Gabrielle parecia corar e Hydra só ficava pensando que nunca nem mesmo conversou com um menino trouxa sem ser quando era criança, não saberia nem por onde começar um assunto e nem como não entregar que era uma bruxa.

— Deve ser chato viajar sem magia todos os dias, imagina demorar tanto para chegar a um lugar – disse Hydra, distraindo Gisele dos rapazes (ela não queria que eles se aproximassem, tinha medo do que poderia dizer).

— Extremamente às vezes, mamãe tem que acordar bem mais cedo do que poderia para ir ao trabalho – disse Desiré.

— Eu não sei, meus pais são bruxos, minha família toda é, igual a sua, eu aprendi tudo sobre trouxas com a Desiré também – disse Gisele, sendo ecoada por Gabrielle.

— E amou tudo pelo visto – disse Hydra rindo.

Depois de um tempo (pareceu muito tempo, Hydra sentia, ela se incomodou que o trem parava em várias estações e não ia direto até onde ela queria ir), elas chegaram a uma movimentada rua do centro de Paris, seguiram até um beco sujo e pichado, elas colocaram as capas da Beauxbatons em cima de suas roupas e Desiré parou na frente do muro e disse em francês:

— Desiré Fauré, bruxa e estudante da Beauxbatons, vim comprar meu material.

O muro se abriu, lembrava um pouco a entrada para o Beco Diagonal, de novo Hydra se viu diante da rua em ladeira com o chão todo cheio de pequenos cristais.

— Vamos primeiro ao Pecunia – disse Desiré se referindo ao banco bruxo da França.

Elas se dirigiram ao prédio no topo da ladeira estreita, uma espécie de torre brilhante de cristais brancos e verdes. Por fora, era bem diferente de Gringotes (mais luxuoso, pensava Hydra), mas por dentro era exatamente igual, com duendes trabalhando quase sem parar em pequenos guichês, a diferença é que as paredes eram muito brancas e um pouco brilhantes.

— Eu não sabia que eles também usavam duendes aqui – disse Hydra admirada.

— Sim, acho que tiraram a ideia do ministério inglês – disse Desiré.

Hydra entregou um pouco do seu ouro (ela iria dar mais, mas Desiré riu e disse que metade daquilo já era o suficiente para comprar roupas nas lojas mais caras da França) e esperou enquanto as meninas trocavam o dinheiro para ser usado mais tarde nas ruas trouxas de Paris.

Elas seguiram depois até as lojas do Mal Cristal, aonde compraram todo o material que iriam precisar para o ano letivo e depois saíram pelo mesmo local que entraram, retirado as capas da Beauxbatons do corpo e as guardando em uma das sacolas que carregavam.

— Agora, vamos nos divertir – anunciou Desiré sorrindo.

Hydra foi levada até uma rua grande e espaçosa, cheia das mais variadas lojas, Desiré entrou primeiro em uma das que dizia ser sua preferida.

— Boa tarde, no que posso ajudá-las? – Perguntou uma vendedora trouxa vindo em direção a elas, Hydra se assustara, ela sempre tinha medo quando trouxas se aproximavam dela, não por eles, mas por medo de se entregar falando.

— Viemos comprar roupas, minha amiga veio da Inglaterra e mal pode esperar para conhecer a moda francesa – respondeu Desiré por ela.

— Muito bem, com modelos como essas não será difícil – afirmou a simpática vendedora.

Hydra passou horas experimentando as mais variadas roupas trouxas, tanto naquela quanto em outras lojas, no final comprou tanta coisa que não sabia aonde iria usar, já que geralmente usava vestes bruxas.

— Eu AMO calça jeans – disse Hydra experimentando um modelo.

— Bruxos usam jeans às vezes, como você nunca tinha tido uma? – Perguntou Gabrielle admirada.

— Minha mãe não usa, apenas vestes, então nunca comprei uma para mim antes – disse Hydra, que comprou seis pares diferentes.

— Bom, acho que você já tem roupa o suficiente para trinta festas trouxas, não? – Perguntou Gabrielle.

— Acho que agora sim – disse Hydra rindo.

Hydra e as meninas saíram das lojas lotadas de compras e foram até um restaurante trouxa perto da torre Eiffel (aonde Hydra sempre quis ir, mas não teve tempo dessa vez).

— Algum jeito especial de se fazer o pedido de comida aqui? – Perguntou Hydra fascinada enquanto se sentavam em uma mesa.

— Não, só pedir ao garçom algo que gostar do cardápio – disse Desiré rindo.

— Okay, simples e fácil – sorriu Hydra.

Enquanto iam até o metrô, Hydra parou em uma loja de música, ela viu diversas discos grandes que quando colocados em uma maquininha, produziam música.

— Já se usa CD hoje em dia, mas eu gosto mais dos vinis – disse Desiré, mostrando algumas bandas para Hydra que as ouvia através do que parecia um abafador de som.

— É maravilhoso, quem está cantando? – Perguntou Hydra.

— Madonna, ela é ótima, mas vem, vou te apresentar as minhas bandas preferidas – disse Desiré.

Hydra saiu de lá com um aparelho chamado vitrola (que ela disse que iria tentar um meio de fazer com que ele funcionasse sem o cabinho que se ligava na eletricidade) e vários discos de bandas diferentes, definitivamente a música se tornou sua coisa preferida sobre os trouxas.

As quatro amigas voltaram para a casa de Desiré no final do dia, completamente exaustas e satisfeitas, Hydra nunca iria esquecer sua primeira experiência com o mundo trouxa.


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