Raquel Donovan

Horas mais tarde após nós fazermos compras fui para casa. Isso tudo era estranho. Porque logo a Regina quis falar com a Bler? Ainda mais ajudar ela a escolher uma roupa para a festa?

Apesar de ter conhecido Bler hoje, eu já considero ela como amiga. Não sei, mas foi como se fossemos amigas a anos quando nós conversavam no caminho para a escola.

Já tinha trocado de roupa quando um homem do correio bateu na minha porta com uma caixa pequena de veludo da cor vermelha.

—Srta. Donovan? — pergunta ele.

—Sim, pois não? — Olhava curiosa para a caixa.

Ele pegou uma caneta no seu bolso e me entregou junto com um papel para eu assinar.

—Assine aqui, por favor. — Apontou para o papel.

Devia ser bem para mamãe ou para o papai já que eles ainda não se divorciaram legalmente. E de acordo com isso ele ainda "morava" aqui.

Terminei de assinar os papeis e entreguei para ele.

Depois de verificar tudo ele sorriu para mim e entregou a caixinha pequena.

Fechei o portão e sentei no pufe que estava mais perto. Olho para o destinatário e fico surpresa quando vejo que é pra mim.

Abro a caixinha já não aguentando mais de curiosidade e vejo que dentro dela tinha um colar de ouro com uma pérola no meio. Ele era familiar. Devo ter visto em alguma loja.

—Será que tenho um admirador? 
        — sorrio só de pensar nisso.

Observo a caixinha e olho um pedaço de papel enrolado dentro.

"Use isso na festa de hoje. Ou todo mundo saberá sobre seu pai."
—A.D.

Será que isso era uma brincadeira? Ou estavam falando sério? De qualquer jeito não podia arriscar. Ninguém podia saber sobre o meu pai.

Além do que a minha mãe iria se sentir humilhada se fosse divulgado o segredo dele ao público.

Amasso o papel de tanta raiva que eu estava. Não acredito, por que alguém faria isso? Mas ai me dei conta que as únicas que sabiam disso eram aquelas três vadias. Mas só duas delas teriam coragem de fazer isso, Emma e Regina.

Levei um susto quando a porta de casa foi aberta pela minha mãe mexendo na sua bolsa preta de couro.

Ela percebeu que eu estava com um colar e sorriu para mim curiosa.

— Quem te deu isso Raquel? Já sei um garoto não foi? — perguntou pegando o colar de minhas mãos sorrindo.

Claro. Não podia dizer que isso era mais uma ameaça do que um presente.

— Quase isso. — dou um meio sorriso.

— Ai a minha filha tem um namorado. Espero um dia conhecer ele. — deixou o colar na caixinha.

— Também espero. Espero. — sussurro.

— Olha já são seis horas você não disse que ia sair para uma festa ? — pergunta quando para no meio da escada.

Droga. As horas passaram voando.

— Merda já são seis? Tenho que me arrumar agora. — Sai em disparada para o meu quarto carregando a caixinha com o colar.

Coloquei-a na cômoda e entrei no banheiro do meu quarto colocando a banheira para encher de água.

Quando vi que água já estava quase na borda da banheira fechei a torneira, adentrando na banheira.

O relógio apitou apontando que já era seis e quarenta e cinco. Tinha ficado mais tempo do que devia.

Coloquei a toalha em volta do meu corpo e fiquei na frente do meu guarda roupa.

Escolhi uma meia calça transparente preta, uma saia curta preta, optando por uma blusa de manga branca. Me a baixei para olhar pros sapatos e botas que ficavam na parte de baixo do guarda roupa.

Olhei em volta deles indecisa e escolhi uma bota cinza com cadarços preto. Levantei-me e me olhei no espelho. Coloquei o colar e sorri ao ver que combinava com a cor dos meus olhos.

O chato era que o colar mostrava que tinha alguém que sabia sobre os meus pais. Não sei o que iria dar nessa festa, mas coisa boa não era. E eu ainda tinha uma sensação esquisita sobre esse colar.

Escutei um carro buzinar na frente da minha casa e caminho em direção a janela.

Era uma BMW X-5. Quem fosse o dono dela, só podia ser um ricaço.

A porta do motorista foi aberta revelando uma Bler muito linda.

— Ainda vai demorar cinderela? 
        — pergunta aos gritos ela.

Sorrio e gesticulo para ela dizendo para me esperar.

Passo o perfume da Chanel, em mim e penteio os meus cabelos pela última vez.

Saiu correndo para a porta da frente gritando para minha mãe que já estava indo. Vejo a minha bolsa no sofá e pego.

— Pronta para arrasar? — Bler estava linda realmente.

Seu vestido decotado azul escuro que ia até sua coxa combinava perfeitamente com ela.

— Pronto para acabar com a comida e bebida da Regina. — falo sorrindo, mas a verdade era que eu tava nervosa, faz muito tempo que eu não ia pra uma festa da Regina.

—Você não presta. — disse ela entrando no carro.

Abre a porta do passageiro do lado do motorista e ela liga o carro indo em direção a R-L4.

Quando paramos em frente à casa da Regina coloquei a minha mão no colar. Vamos ver no que isso vai dar. Entrar na casa da Regina seria relembrar de tudo o que aconteceu.

Como eu me lembrava a casa dela era enorme. Não. Melhor dizendo era uma mansão isso sim. Tinha muita gente. Todo tipo de adolescente que você imaginar estava lá. Alcoólicos, fumantes, nerds, os que só pegam um maço de cigarros para mostrar que podia fumar e os populares.

Regina estava na sala conversando com varias meninas ao seu redor. A música que tocava era de David Guetta. Essa era uma das suas músicas preferidas. E claro do lado dela estava Theo Woods remexendo os botões do seu cardigã preto. Quando nossos olhares se encontraram eu mordo o lábio inferior do mesmo jeito que sempre fazia quando nos encontrávamos.

— Oi. — aceno pra ele.

Meu coração acelera quando Dean começou a andar na minha direção.

— E aí, como você está? — Abraço ele sentindo seu delicioso perfume.

Sinto meu celular vibrar na bolsa e pego ele, desbloqueio a tela e observo que tem uma nova mensagem.

"Pegando o namorado de sua Ex- amiga? Se vingar é feio. Ainda mais para amadores."
—A.D.

Reviro os olhos e olho ao redor.

A maioria das pessoas ou estavam bebendo ou estavam dançando.

Meu corpo todo se arrepiou.

— Eu estou bem. Já você esta pálida. — Ele me olha preocupado.

O quanto eu queria que nós estivemos juntos. Suspiro e tento sorrir falhando miseravelmente.

— Nada não, coisa minha. — Pego um copo de whisky no balcão, mas logo ponho de volta quando lembro que tou tomando remédios. — E aí como vai o seu namoro com a regina?

Dá de ombros pegando uma bebida alcoólica.

— Normal. Como todo relacionamento. — diz e pelo modo que respondeu acho que eles andaram brigando.

Ele não parecia animado em falar no seu relacionamento, então resolvi relembrar os velhos tempos.

— Lembra daquela vez quando fizemos pichações na parede da escola Bay School? — Começo a rir.

Nós começamos a rir relembrando de nossas aventura.

—Sim... eu lembro ainda mais quando aquela diretora idosa correu com a sua bengala em nossa direção, e você. — Apontou rindo para mim. — Caiu de cara no chão. "Oh seus miseráveis. Deus irá castigar vocês. O demônio ira pegar vocês dois quando vocês estiverem dormindo." — diz imitando a voz da velha.

Rir tanto que a minha barriga dói.

— Estou atrapalhando algo? 
        — Pergunta uma voz ríspida.

Era a Regina. Viro-me para pegar um pouco de coca cola e reviro os olhos. Está a mesma de sempre.

— Claro que não amor. — Theo entrelaça suas mãos em volta da cintura dela.

— É Regina, estávamos só relembrando algumas coisas. — falo arqueando uma sobrancelha.

— Claro. — Sorrir irônica.

De repente ela para de sorrir e me olha séria, seu olhar estava fixo no colar que eu usava.

— Aonde você pegou isso? — sussurra.

— Mandaram para mim, dizia no bilhete que era pra mim usar hoje, na sua festa. — Olho para ela tentando entender.

— Minha avó que me deu esse colar.  — Ela arranca o colar do meu pescoço. Claro, ela tinha me falado sobre ele quando ainda éramos amigas.

— Ei porque arrancou?

— Porque isso é meu e não seu. — ela grita comigo.

Woow.

— Isso eu entendo, mas precisa tirar ele assim desse jeito? Eu não tenho culpa sua idiota. — Rebato.

— Olha o jeito como fala comigo!

Bler ficou no meio de nós duas olhando para nós.

— Vocês querem parar com isso? — Bler nos olha indignada.

Nessa hora os celulares de nós três apitou indicando uma nova mensagem.

"Cuidado, segredos são revelados em momentos de raiva. E se olharem ao redor vadias, vocês já tem platéia para o show."
      -A.D

Como se pensássemos a mesma coisa olhamos ao redor. Realmente todo mundo estava olhando para nós.

— Não precisam ficar preocupados. É só uma brincadeira de amigas. Vamos pessoal, vamos dançar DJ solta o som! — diz Regina tentando tirar as atenções de nós ou melhor dela.

— Quem é A.D? — pergunta ela assim que viu que ninguém mais nos observava.

— Também quero saber! — exclama Bler.

— Não é você? — pergunto nevosa para Regina.

Ela negou com a cabeça, estava nervosa e não era pra menos.

Alguém nos espionava e sabia dos nossos segredos e não sabíamos quem era. Não estávamos seguras, não mais.