Em uma noite sombria e chuvosa  segui o rastro de um possível vampiro até um beco isolado, entrei atendo olhando para todos os lados, olhos e ouvidos atentos para qualquer sinal de movivmento.

Sem encontrar nada admito que perdi a criatura de vista, me viro para sair do beco, após alguns passos sinto algo se aproximando pelas minhas costas, me viro bruscamente ao mesmo tempo que saco minhas armas e as miro em direção a criatura que me encarava com seus olhos brilhantes e vermelhos como o sangue.

—Finalmente te encontrei, estava me perguntando quando iria aparecer -Disse enquanto ajeitava o meu capuz

—A quanto tempo me observa? Como descobriu que eu sou uma vampira?

—Três dias, sobre a outra pergunta, não foi fácil. você é boa nisso, mas não perfeita, mesmo sendo uma daywalker vampiros não gostam muito da luz do dia, além de ser incrivelmente pálida, eu só fui ter certeza quando te segui a noite e a vi se alimentando -Respondi num tom de deboche

— Vejo que é um dos bons também, mas não é a primeira vez que um "caçador" vem atrás de mim -A criatura mostra seus caninos indicando uma intensa intenção assassina.

—Humpf... vejo que eles não tiveram sorte visto que ainda vive.

—Vejamos se você consegue me divertir mais que aqueles fracotes de antes -Diz a vampira antes de avançar em minha direção, desviando dos disparos de minhas armas.

  Uso minhas pistolas para aparar o golpe de suas garras que tinham como alvo o meu rosto.

—Tome cuidado com essas coisas mocinha, um dia vai acabar machucando alguém com elas -Aproveito a brecha que consegui para contra-atacar com um soco no estomago que jogou a criatura contra a parede que por sua vez se partiu.

 Aponto minhas armas na direção da criatura e começo a abrir fogo, continuo puxando os gatilhos até ouvir o "click" indicando que havia descarregado toda a munição de minhas pistolas.

—Sei que isso nem ao menos te acertou, bem, parece que terei de usar minha velha amiga -Digo enquanto jogo as pistolas para trás as fazendo desmaterializarem em pleno ar.

 Um selo de invocação vermelho e brilhante surge a minha frente, extendo minha mão em direção ao selo, que se quebra e forma uma foice em minha mão.

—Olhe só, parece que o Sr. Caçador tem alguns truques escondidos, não é mesmo? Vejamos se isso é o suficiente para me parar.

—Gostei de você garota, mas infelizmente tenho que acabar logo com isso -Respondo enquanto assumo postura de combate.

—Digo o mesmo Sr.Caçador -Responde a criatura fazendo o mesmo.

 Ambos avançamos, um em direção ao outro, ao me aproximar tento atacar com toda minha força mas a lâmina da minha foice é parada pelas garras da vampira, o impacto foi forte o suficiente para emitir,além de faíscas, uma onda de choque tão forte que criou um "vácuo" mesmo em meio a uma chuva pesada.

—O que me diz garota? Me concede esta dança?

—Com prazer Sr. Caçador.

 Os olhos vermelhos da vampira ficaram ainda mais brilhantes, nos encaramos por alguns segundos antes de começarmos a trocar ataques ferozes um após o outro numa velocidade que olhos normais seriam impossíveis de acompanhar.

 Conforme os ataques iam ficando cada vez mais fortes e mais rápidos, mais o meu sangue fervia e mais me sentia vivo novamente, a adrenalina de uma batalha onde não há a certeza da sobrevivência... Fazia anos que não sentia algo do gênero.

—Heh... he he he heh- Senti a força que a muito não sentia tomando conta do meu corpo mais uma vez

Minha força e velocidade aumentaram drasticamente, em apenas um ataque quebrei a defesa da criatura, parando a lâmina da minha foice a apenas alguns centímetros da garganta da vampira.

—Ugh... essa força, essa velocidade, você com certeza não é um simples humano.

—Tem razão,não sou um humano -Digo antes de abaixar o capuz que cobria todo o meu rosto.

—N-Não pode ser... esses... esses olhos, até a cor de seu cabelo mudou, V-Você é um...

—Vampiro? -Digo interrompendo a vampira -Exatamente, sou um vampiro, mas cansei de ser um deles e resolvi caçá-los.

  Olhei para uma poça d'água que havia se formado no chão, meu olhos brilhavam em vermelho, meus cabelos que há pouco eram negros se tornaram brancos, e em meu rosto, um "sorriso assassino" com longos e pontiagudos caninos.

Percebo a vampira a minha frente tremer e suar frio, claramente demonstrando o medo que sentia.

 Faço a foice se desmaterializar em pleno ar e aos poucos a cor de meus olhos e cabelos voltam ao normal.

—Deixarei você viver, mas não me faça me arrepender disso ok garota? Se ouvir que você "voltou a ativa" eu faço questão de voltar para terminar o serviço... Entendeu?

A vampira concordou com a cabeça e ficou um pouco aliviada ao ouvir que viveria para ver outra noite.

—M-Mas como vou fazer para sobreviver sem sangue?- A vampira também retornou para sua forma humana.

—Sei lá, se alimente de ladrões, arranje num banco de sangue, beba o sangue de ratos em becos, se eu arranjei o meu jeito você pode fazer o mesmo -Digo enquanto me viro de costas e caminho em direção a saída do beco.

—Espere... -Paro alguns instantes para ouvir o que a garota tinha a dizer -Qual o seu nome?

—Vlad... Nosferatu Vlad -Digo enquanto volto a caminhar em direção a saída deixando para trás a jovem e boquiaberta vampira.

Mais tarde naquela mesma noite estava olhando para cidade de cima do telhado do prédio mais alto, a chuva havia parado e a vida noturna da cidade continuava tranquilamente sem saber das criaturas que rastejam pelas sombras apenas esperando uma brecha para atacar suas presas.

—O que você está fazendo aqui? Veio me arrastar de volta para aquele lugar? -Pergunto assim que sinto alguém se aproximando pelas sombras.

—O que? claro que não, não seria capaz de te vencer em um duelo, apenas vim conversar -Respondeu a pessoa sem sair das sombras.

—Então o que quer? Não tenho mais assuntos pendentes com você... ou tenho?

—Isso lá é jeito de tratar um amigo? Vim apenas para conversar -Diz o homem ainda sem sair das sombras.

—Quanto tempo faz desde a ultima vez que você se transformou? 6 anos? quando senti o seu poder fiquei curioso para saber que tipo de criatura havia feito o grande Nosferatu Vlad usar seus poderes vampíricos, admito que fiquei um tanto quanto decepcionado, a vida de Caçador deve ter te amolecido, por que poupou a garota?

—Pare de me provocar! Você sabe muito bem que Caçadores não matam ninguém a menos que está pessoa tenha um coração realmente negro.

—A garota atacou vários humanos, tenho certeza de que o coração não é dos mais puros.

—Ela não é má e você sabe disso, apenas não sabe como lidar com o vampirismo.

—E você vai virar o Mestre dela? -Debocha o homem nas sombras.

—Você vai continuar me provocando? -Respondo assumindo minha forma vampírica.

—Não precisa ficar estressado, já vi tudo o que tinha para ver aqui, parece que as coisas vão ficar muito interessantes por aqui -Diz o homem rindo antes de desaparecer sem deixar rastro algum em meio as sombras.

—Odeio concordar com você, mas as coisas realmente vão ficar interessantes -Sussurro para mim enquanto retornava a minha forma humana e voltava a encarar a cidade.