Apaixonada pelo Destino / Hiatus escrita por Asheley Dream, Diabolikamente


Capítulo 1
Eu sou o Destino


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura! ♥



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A garota vazia fingia que não sentia, mas no fundo sabia que isso era mentira e para si dizia: - Eu sou vazia. Compreendia que isso a tornaria viva, pois, se admitisse que sentimentos sentia no final se magoaria e isto doeria, sua alma se quebraria. E tudo por que a garota vazia sentia, mas não admitia.

J.M.Ashe

Que ódio, só de pensar que um dia eu já fui uma jovem boba e apaixonada, assim como este casal agora na minha frente. Faço uma careta pros dois jovens abobalhados que se abraçam no meio do pátio da escola trocando beijinhos.

—Você que é. –A garota diz sorrindo, como se estivesse em uma consulta com o dentista. Coitado, nem pro dentista ela deve mostrar tanto os dentes.

—Não, é você. –Ele também sorrir. Que vontade de vomitar. É sério, estas cenas me dão enjôo. O pequeno desentendimento que eles tão discutindo neste momento: quem é o mais fofo da relação. Poupe-me, perdi até a vontade de terminar de tomar meu suco. Olho pra caixinha de suco na minha mão. Esse suco foi caro e é gostoso, não vou jogar um bom suco fora por causa do melo-melo de um casal diabetes.

 O sinal soa, indicando o final do intervalo. Ignoro os dois pombinhos e sigo caminhando para a minha cela presidiária temporária. A famosa sala de aula. Enquanto minha vontade de viver diminui à medida que me aproximo do meu cárcere, vou terminando de tomar meu suco de caixinha. Uma delicia.

Os corredores estão lotados de alunos seguindo para suas respectivas salas. Alguns mais apressados esbarram em mim. Ao contrario de mim que ando lentamente, retardando o máximo de tempo possível que posso ter de liberdade, longe da minha cela. 

—Olha por onde anda! –Trevo diz em seu tom baixo e delicado, esbarrando no meu ombro, é claro, de propósito. O que me faz derrubar um pouco de suco na minha blusa, que, olha que maravilha do destino: É branca.

 Ele e seus amigos babacas riem como hienas no cio. Esses garotos têm problemas. Amasso a caixa de suco. Ele vai se arrepender. Aguarde-me Trevo. O encaro com um olhar mortal. E pensar que num passado distante cheguei a gostar dele. Que idiota eu fui. Isso tudo agora é passado, hoje meus olhos enxergam a verdade sobre assa idiotice que é se apaixonar. Uma total perda de tempo.

Assim que entro na sala de aula Theo questiona o que houve com a minha blusa. Ele é meu amigo, mas tem a infelicidade de ser primo do Trevo. Sorte que ele não herdou a genética ruim da família.   

—Estou vivendo um inferno cósmico constante é isso que está acontecendo. –Digo totalmente revoltada. Na moral, as entidades cósmicas só podem está de sacanagem com a minha cara. Ele ver meu estresse e não diz mais nada. Agradeço por isso. Theo entende quando preciso de espaço a sós e essa é uma das razões da nossa amizade está durando tanto.

São dois tempos de uma tediosa aula de geografia. Eu lá quero saber de planalto e relevos? Que chatice! Suspiro deitando minha cabeça sobre a mesa. A única alegria é saber que a ultima aula do dia é de filosofia, uma das minhas matérias favoritas. Gosto bastante também da professora Alexandra. Ela é super legal. É a única aula onde esses meros mortais escutam minha voz e me vêem interagindo com a professora.

—Bom dia classe! –Cumprimenta a todos assim que entra na sala de aula. Um “Bom dia”, uma coisa irônica para se dizer a mim. Ela coloca seus materiais sobre a mesa e segue para frente do quadro, escrevendo na lousa: Amor, realidade ou superstição? Só de ler o tema já sinto uma pequena vontade de ir corrigir a pergunta: Amor é uma superstição, por que vocês acreditam?

—Bem, nesse bimestre vamos falar sobre os diferentes tipos de amor. Mas antes, quero que vocês façam uma tarefa. Um texto valendo cinco pontos. O tema é: Destino, o amor verdadeiro. Sejam originais. –Mas que merda! Corrigindo ela não é mais minha professora favorita. Por que ela fez isso? E esse maldito trabalho ainda vale metade dos pontos do bimestre. Não tem nem como eu não o fazê-lo. Sou rebelde, mas não tanto a ponto de levar bomba nas matérias. Tenho alma nerd.

Fico vegetando em minha mente, enquanto ela responde a duvidas das turmas. Explicando o trabalho, que será individual e com prazo de entrega até amanhã.  Nossa, olha, quanto tempo!

—Eu quero que falem do destino, pois também trabalharei com vocês sobre superstições. Quem aí acredita em destino? –Questiona e começa a debater com alguns alunos que expressão suas opiniões sobre o tema. Cada argumento, um mais irritante que o outro:

—Professora, eu acredito que o destino e o amor estão interligados. Algumas pessoas estão destinadas a encontrar outras e isso pode nos levar a nossas almas gêmeas. –Diz Anne, uma garota sem noção que também não vai muito com a minha cara. Como se me importa-se se ela gosta ou não de mim.

—Ótimo argumento Anne. –É sério isso, professora? É esse tipo de coisa que me dá vontade de ir para outro planeta.  

Começo a escrever e elaborar meu texto. Ela quer que eu seja original. Sejamos originais. Quero terminar logo esse trabalho inútil e ridículo. Uma total perda de tempo e esforço da minha existência.

Começo a gargalhar, uma risada maléfica enquanto observo meu trabalho em mãos. Um texto original com minha opinião sobre o tema. Algumas garotas do meu lado cochicham me chamando de louca.

—Astrid não quer participar do nosso debate? –A professora pergunta com um sorriso convidativo e amigável.

—Desculpe professora, mas não gosto desse tema.

—Por que não? –Questiona curiosa.

—Não acredito no amor. –Digo e toda a turma fica chocada. Alguns cochicham coisas maldosas, dizendo: Não falei que ela era estranha. Ela é louca. Só pode ter retardo. Outros riem e fazem caretas diante da minha resposta, como se eu não fosse desse planeta. Acredite, às vezes, como nesse exato momento, eu queria não ser.

—Já terminei meu texto. –Digo querendo me livrar logo desse trabalho. Agora é só entregar e esperar a aula acabar.

—Não gostaria de ler para a turma e mostrar o que acha sobre o tema? –Dou de ombros, levanto-me e começo a ler:

Amor? Destino? Estão de palhaçada.... Sinceramente, em pleno século 21, 2016 a era da putaria e ainda iludidos acreditam em amor verdadeiro? Sério mesmo... Como nos filmes e novelas mexicanas, meu estomago até embrulha de pensar em “Romeu e Julieta”.

Sinto informar, mas o que os fracos chamam de amor não passa de uma ilusão criada pelo ser humano para não se sentir solitário, afinal, não basta reproduzir, tem que ficar dependendo da outra pessoa... Amor não existe, é uma mentira! O que vocês chamam de amor não presta. Diga-me um alguém apaixonado que não sofreu? Aposto que não vai conseguir. Essa coisa só serve para causar dor e sofrimento. É uma doença.

E destino... Isso não passa de superstição idiota. Eu não acredito nisso. Alma gêmea... Cara metade... Sorte... Azar... Paixão... Destino não existe. Você continua com sua vidinha fazendo o que faz e nada irá mudar. O único sentimento real é o ódio. Ah, sim! O ódio esse tem meu respeito. 

O ser humano não aceita que o amor foi criado apenas para deixar mais fofo o lance de você e outro alguém copularem e gerarem outra vida e depois morrer. Por que a única realidade é a morte. Você se entrega a escuridão e ponto.

Na minha miserável vida eu tentei ser de acordo com as outras meninas: Amar e ser amada.

Porém, meu órgão chamado coração foi tão pisado e humilhado que hoje vejo que nada daquilo era real. Se fosse, então por que existe divórcio, traição, términos, violência doméstica?

 Por que o amor não existe e o destino não passa de uma lenda urbana. Na qual não estou disposta a cair. Para mim isso é fraqueza. E medo do ser humano burro de ficar sozinho. Daí se ilude. Não ligo pra solidão. É melhor que muitas pessoas...

Não retiro o que disse. Não sou obrigada a acreditar nisso. Nunca vou acreditar nisso. Por que isso simplesmente não existe.

Ao terminar de ler a turma inteira está em completo silêncio. A professora Alexandra me encara chocada, com a boca meio aberta. Assim como os alunos. Ouço algumas meninas cochicharem dizendo: Não falei que ela era estranha. Outros riem.

—Tudo bem... –A professora diz ainda em estado de choque. Ela pega a folha da minha mão com o texto. O sinal soa, indicando finalmente o termino da aula. Que maravilha, pelo menos uma coisa boa. Junto meus materiais e saio o mais rápido possível da sala de aula, quero sair desse hospício.

O corredor está novamente lotado de alunos loucos para irem às casas, assim como eu. Alguns companheiros de turma falam sobre mim e outros zoam.

—Ela não acredita no amor. Será que tem algum problema? –Comenta uma garota com suas  amigas

—Oh, garota fria! –Grita um dos amiguinhos do Trevo. Os ignoro e continuo andado em direção a saída.

—Cuidado, ela não tem coração! Fria como uma pedra de gelo. – Grita Trevo e alguns garotos riem. Acelero o passo e saio de dentro do prédio escolar, desço as escadarias apressadamente. Os alunos retiram seus carros das vagas, manobrando para irem embora. Nem presto atenção a nada, só quero sair dessa droga de escola. Caminho apresada pelo estacionamento, praticamente correndo.

Ouço o som de uma buzina do meu lado esquerdo e quando olho para a direção, já é tarde e tudo fica em câmera lenta. Um carro vem pra cima de mim. Suspiro e fecho os olhos com força. Ao fundo posso ouvir o barulho de pneu derrapando, numa tentativa de freia. O cheiro de borracha queimada. Entregarei-me à escuridão. Esse é meu último pensamento.

—Abra os olhos. –Uma voz masculina me pede, gentilmente. Será que essa é a voz da escuridão? Abro os olhos lentamente e me deparo com o mais belo par de olhos negros, tão profundos quanto a mais densa escuridão da noite. Hipnotizante. Como se fosse possível perde-se em seu olhar. Fascinante.

—É você escuridão? –Toco seu rosto. É como se tomasse uma descarga elétrica, com o simples gesto de tocar em sua pele. Ele rir, uma risada que faz meu coração palpitar em um ritmo mais acelerado. Como se aprendesse a dançar tango, desta forma ganhando vida. E isso me deixa assustada. Como uma pessoa pode provocar isso em mim somente com o som de sua risada?

—Acho que deve ter batido a cabeça com muita força. –Diz, ainda sorrindo. Ele coloca sua mão sobre a minha que está em sua bochecha. Ouço o burburinho a nossa volta e olho ao redor,  eles formam uma pequena roda. Praticamente toda escola está a nos observar. E ao fundo posso ouvir frases soltas:

—Olha ela dando em cima do garoto. Não foi essa doida que acabou de dizer que não acredita no amor? –Comenta uma voz feminina.

—Pagando maior mico. –Diz outro rindo.

—Que retardada! -Ouço Trevo dizer e seus amigos rirem.

—Você está bem? -Pergunta-me ainda segurando-me em seus braços. Retiro a mão do seu rosto. Confirmo com um pequeno aceno de cabeça. Incapaz de pronunciar uma palavra se quer. Meus olhos se enchem de lágrimas. E só quero desaparecer. Não penso com clareza. Apenas que me afastar deste lugar.

—Você pode me tirar daqui? -Ele olha a nossa volta e confirma.   Levanta-se me carregando como uma criança pequena e frágil em seu colo. Coloca-me dentro do carro. Não tenho reação nem uma. Estou esgotada. Quero sumir. Ele afivela o cinto em mim antes de dar a volta e entrar dentro do carro, dando partida.

Observo a paisagem do lado de fora através do vidro, tentando me acalmar, mas sem prestar muita atenção aos detalhes. Minha mente ainda está presa naquele estacionamento lá atrás. Nisso, me dou conta que já se passaram quase quinze minutos que estou dentro de um carro com um completo desconhecido. A minha mãe vai me matar se souber disso.

O observo disfarçadamente enquanto dirige. Ele não disse somente uma palavra desde que entramos no carro, só dirige. Nem sei para onde estamos indo. E isso me preocupa, mas enquanto o observo, sua beleza me distrai de meus pensamentos caóticos.

Moreno, alto, cabelos preto, bagunçados de uma maneira rebelde, o que combina com suas feições. Alguém aparentemente, sério.  Olhos concentrados na estrada a sua frente. Lábios pequenos e carnudos entre abertos. Queixo quadrado, barba rala por fazer. Tem uma corrente prata em volta do pescoço.  Veste-se de uma forma meio despojada, charmoso e misterioso. Camisa branca, calça jeans lavada, justa com alguns rasgos e coturnos pretos. É um tremendo gato que exala rebeldia e ao mesmo tempo perigo. O típico cara que só de olhar você já sabe que vai bagunçar a sua vida. Dançar tango no seu coração e fazer da sua mente um parque de diversões.

Suas mãos seguram firme o volante, os músculos do braço flexionados. Parece que algo o incomoda. Decido quebrar o gelo e iniciar uma conversa amigável.

—Obrigada por me tirar de lá. –Digo realmente agradecida. Porém, ele permanece calado. Pior, nem ao menos me olha. O que me deixa constrangida inicialmente e em seguida irritada e assustada. Será que esse cara é um maníaco e agora ta me sequestrando? Como você foi burra ao entrar no carro de um desconhecido. Ele vai arrancar suas tripas e vender seus rins. Apesar da hipótese dele pode ser um maníaco, também é muito mal educado. Nem se quer olhou pra mim.

—Muito educado. –Comento.

—O quê? –Pergunta com uma expressão de quem não entendeu nada e estava a caminha na lua.

—De nada. –Dou um pequeno sorriso amargo. Ele ergue uma sobrancelha e fica a me encarar.

—Hum... –Murmuro cruzando os braços.   

—Pode me deixar na esquina. –Digo na esperança dele desistir de me matar e sei lá... Vender meus rins. Espero que esse cara não seja um maníaco.

—Você é maluca?! –Questiona em um tom completamente irritado.

—Pode... -Iria dizer para que parasse o carro, mas ele passa direto pela esquina. Engulo seco. É o meu fim. De possível maníaco para: Talvez, ele realmente seja um.

—Custava olhar pros lados antes de sair correndo como uma doida pelo estacionamento? –Encara-me, esperando uma resposta. Decido da logo, para que assim ele volte a prestar atenção a estrada. Não quero que soframos um acidente. Minha mãe me ressuscitaria só para depois me matar de novo, pelo simples fato de eu ter entrado no carro de uma cara que não conheço.

—Desculpa, mas estou tendo um dia ferrado. –Digo, encarando as árvores através da janela, elas ficam para trás na medida em que seguimos para um rumo, este que, para mim é desconhecido. Ele começa a gargalha, como se tivesse acabado de contar uma piada extremamente engraçada. Isso me irrita ainda mais. Esse cara pode até vender meus rins, mas meu lado barraqueira fala mais alto no momento.

—Por acaso disse algo engraçado? Compartilhe para que possa rir também. –Digo com os olhos cerrados em sua direção e imediatamente seu riso se cessa.

—A grande graça, Astrid é que, por sua causa, estou tendo mais um dia ferrado. Você me dá muito trabalho. –O encaro, sem reação. Ainda mais assustada.

—O que foi? Não me diga que isso a deixa surpresa? –Fala de forma sarcástica, com um sorriso amargo.

—Como... Sabe o meu nome? –Gaguejo um pouco ao lhe perguntar.  

—Ah, isso... –Ele rir.

—Astrid, eu sei de tudo sobre sua vida. A conheço muito antes mesmo de nascer. Seu destino já estava traçado. –Como se já não bastasse à professora com esse papo de destino e aquele maldito trabalho, agora esse carinha estranho também vai me perturbar com isso. O que faz a ideia de mudar de planeta bastante atraente nesse momento. 

—Não acredito em destino. Isso não existe. –Ele volta a gargalhar, só que dessa vez, uma risada irônica, porém, triste ao mesmo tempo.

—É, sei disso. Além de não acreditar no destino e no amor, como se isto já não fosse trágico o suficiente, você também precisava fazer seus colegas de classe e sua professora duvidarem da existência real dessas forças cósmicas que mantem a harmonia do universo. Senhorita Astrid, me faltam adjetivos para descrever sua pessoa.

—Não tenho nada haver se eles lá acreditam ou não nessas coisas idiotas. Para mim destino e amor não existe, não passa de uma superstição. Coisas inventadas pelo ser humano. -Digo convicta. Ele aperta as mãos com ainda mais força sobre o volante e freia bruscamente. O cinto me aperta o tórax. O encaro assustada. Um caminhão buzina, reclamando de sua atitude. Ele balança a cabeça e bagunça ainda mais os cabelos. Puxando os fios negros com a mão. Parece desolado e muito irritado. Ele suspira e aperta as têmporas.

—Se não passo de uma superstição, então me explique como estou aqui, agora, bem diante de você? -Encara-me com o semblante sério.

—O que está querendo dizer? -Fico confusa com sua pergunta e também mediante a sua bipolaridade. No começo, calmo e gentil. Depois irritado e irônico. Agora triste e magoado.

—Vou fazê-la entender. Pequena Astrid. -Sorrir.

 -Me chamo Micael e eu sou Destino.


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Notas finais do capítulo

Bem, pessoas, espero que gostem! Não deixe de comentar. Sua opinião é muito importante. Der ideias, dicas, diga o q acha q vai acontecer *-*



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