Another lover hits the universe escrita por lux


Capítulo 1
leave it behind, we come undone


Notas iniciais do capítulo

é uma one shot muito da sentimental sobre uma menina que se apaixona por um comensal da morte que não quer ser um comensal da morte e está sendo coagido
ela narra esse amor ao longo dos anos e como a guerra afetou a relação dos dois
tristeza por toda parte
E NÃO O MENINO SEM NOME NÃO É O DRACO MALFOY
mas pode ser se vocês quiserem, fica a critério de vocês

eu recomendo que vocês escutem let me follow do son lux, antes, durante ou depois porque realmente ajuda a entrar na vibe



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Em 1992, o trem descarrilhou da plataforma e foi atirado em direção ao oceano.

No meio da multidão de cores primárias que eram os alunos secundaristas, o mar de rostos apavorados ao serem ancorados á vinte mil léguas submarinas. Eles não estavam, de fato, afundando, mas foi assim que eu me senti.

Minhas vestes eram amarelas como o único girassol da enorme estufa, sozinho e pueril. Você era todo o resto. Verde como as outras folhas ao seu redor, uma incrível porção de natureza unitária e acromática que crescia, renascia e devastava.

Você era o que aquela serpente havia lhe escolhido. Eu era o que eu deveria ser, mas não estava onde eu deveria estar. No meio disso tudo, um canário azul, opulento e cativante, espontaneamente rasgava seu caminho para minha caixa toráxica, porque ele não podia ser segurado por carne e ossos. Ele voou. Eu deixei. Ele pousou, no seu nariz, depois nos seus lábios, depois sobre a sua cabeça e ficou nos seus ombros.

Eu fui uma observadora fugaz a partir dali. Sempre tive olhos enormes e um sorriso maior ainda, mas você parecia gostar. Eu te fazia sorrir. Te fiz gargalhar todas aquelas vezes em que a cozinha pareceu o único lugar seguro no meio da noite.

Os fantasmas do castelo eram estranhos e onipresentes, mas nunca foram nada comparados aos que viviam na sua casa. Você me contou, sentado no chão de mármore, sentindo o baseado desaparecer entre os dedos. Estávamos chapados e era 1995.

Eu te amei. Te amei até o ano seguinte e achei que conseguiria parar quando eu quisesse.

"Teresa sempre foi uma tola", ouvi Helena te dizer uma noite. "Especialmente por você".

Em 1996, as paredes começaram a cair. Eu corri para torre de astronomia e você me seguiu até o topo, até a beirada. Você me beijou, depois me abraçou, a guerra virou ao avesso e foi sugada pelos meus ouvidos até se dissipar.

O buraco no meu peito finalmente te engoliu e você ficou seguro lá. Você dormia nos meus pulmões enquanto o canário te sobrevoava. Era seu lugar favorito.

O velho de barba branca e olhos azuis morreu. A maioria de nós sentiu que agora era a hora de partir.

Foi a primeira vez que eu vi sua tatuagem estranha no antebraço. Você não a queria lá e não queria o que ela significava para você, então pegou sua gravata verde, a amarrou em um gancho no banheiro da Murta e sentiu o tempo passar como moscas. Ficou na enfermaria por três semanas, se recuperando dos roxos no seu pescoço.

Disseram que você era jovem, burro e irresponsável e eu ri, concordei, ri mais um pouco, e fiquei apavorada.

Você me disse que não tinha tempo. Sumiu em novembro e no Natal os caras maus invadiram a escola.

Eu te amei.

Eu te amo.

Eu te amei.

Eu amei.

E eu amei.

A guerra começou de verdade, mas você não estava por perto. Eu soube que a culpa não era sua e soube que você queria ficar e lutar com a gente, mas eu também soube que você não podia. Eles (os caras maus, sua família, os sangue azul) disseram que nos matariam.

Todas as torres realmente caíram naquele momento, em 97. Você subiu na torre de astronomia para me procurar, de novo. Era a primeira vez que nos víamos depois de um ano. Eu tinha tinta descascando no lugar da pele, mas a lápide era toda sua. Agora você via, eu era os olhos espectrais da filha da guerra. Uma gestação complicada, conturbada, mas eu havia nascido. Eu estava lutando.

Você cheirava a sangue.

Eu não tinha percebido o quanto eu sentia sua falta.

Cabelos grandes, olhos cansados, barba por fazer.

"O seu cabelo desbotou"

"Você parece mais velho"

"Eu queria ficar"

A saudade era catatônica, assim como o bom senso, assim como a moral e os bons costumes. Nossos membros se fundiram numa chuva de instintos primitivos, as mãos na cintura, as testas grudadas, o lábios cortados, os pés se esbarrando.

O tremor sob nossos pés era orgânico e vitalício, um ser de brutalidades se movendo contra nós e com a gente.
O pássaro sidéreo se moveu com leveza. Se moveu pela primeira vez em meses, quando eu achei que já estava morto.

Eu te vi nos vagões novamente. Eu te amei pelos dias que faltavam, os amantes se chocaram contra o universo e os trens e os animais e o concreto voltaram a sua inércia de criação: me lembrei de que eles eram os objetos e nós éramos os construtores. Nós os críavamos, e eu os destruia.

 

Nos escondemos em trincheiras imaginárias, sem saber para onde iríamos depois, mas você me deixou seguir.

Fugir não era uma opção.

O canário sem nome se voltou para nós como a única vida que háviamos conhecido.

Fugir não era uma opção.


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Notas finais do capítulo

isso foi extremamente sentimental pra mim por razões desconhecidas
por favooooor, comentem
faz um tempão que eu não posto nada nesse site e seria legal pro meu revival slfklsfk xoxo



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