Ed, Al e Winry foram caminhando sem pressa em meio à neve, observando com curiosidade enquanto alguns flocos ainda caíam. Ed tremeu um pouco. Estava realmente frio. Winry viu o quanto ele estava com frio e começou a tirar o seu casaco.

- Tome, pode ficar com o meu. - Ela disse, tirando uma das mangas. Ed a olhou, surpreso.

- Nada disso, aí você vai ficar com frio. Não precisa, sério. - Nessa hora ele espirrou, e seu nariz escorreu um pouco.

- Ai, você nunca muda, mesmo. - Ela suspirou. – Realmente acha que eu estou com frio? Estou usando duas camisas e mais esse casaco. Pode ficar com ele, não vou passar frio.

- Mas e seus braços? - Ele contestou. - Eles vão ficar expostos ao frio. Não precisa fazer isso, de verdade.

- Ora, veio se preocupar comigo assim desde quando? - Ela deu um sorrisinho de satisfação, e ele corou.

Ed virou o rosto rapidamente, antes que Winry percebesse que ele estava começando a corar.

- Olha, se quiser tirar o casaco pode tirar. Só que eu não quero usar, sério, eu já disse que não preciso.

Ela deu um suspiro. Estava realmente incomodada com o quanto ele conseguia ser cabeça-dura. "Sinceramente..." Ela pensou, enquanto soltava o cabelo, que antes estava preso em um rabo de cavalo.

- Porque está tão insistente assim? Será possível que nunca aprende?

- É que... - Ele hesitou por um momento. - Eu não quero te dar mais trabalho do que já dei. Odeio dar trabalho aos outros, você sabe disso.

Winry olhou pra ele um pouco surpresa. "Então era por isso..." Ela riu um pouco. "É mesmo... Nunca aprende."

Quando eles chegaram ao hotel, já tinha escurecido. Realmente estava muito frio, por isso Winry fez um chocolate-quente para ela e Edward tomarem antes de dormir. Ela arrumou a cama dele, tomando todos os cuidados possíveis para que ficasse bem confortável, e deixou tudo pronto para receber seu “paciente”.

Depois disso, pegou alguns cobertores bem grossos para protegê-los contra o frio, e assim que Ed chegou e viu tudo pronto, sorriu. "Eu já disse a ela que não precisava... Por que continua fazendo isso?", pensou, se deitando na cama. Winry ia apagar a luz e desejar boa noite a ele, mas quando estava prestes a fazê-lo, Ed a chamou.

- Ei, Winry, posso te perguntar uma coisa? - Ed começou, e ela fez um sinal com a cabeça dizendo que sim.

- Claro, Ed! O que quer saber?

- Por que você continua fazendo tudo isso por mim, mesmo depois de eu ter pedido tanto pra você não se preocupar? É só uma gripe, sabia?

Ela sorriu de canto. "Essa pergunta de novo...", pensou.

- Porque você é o meu melhor amigo, Ed, e eu me importo muito com você. - Ele virou o rosto pra olhar pra ela diretamente. Não esperava por uma resposta assim. - Mesmo não estando com vocês dois, ainda sinto a falta de vocês lá em casa, e quero fazer sempre tudo que estiver ao meu alcance para contribuir para que vocês recuperem seus corpos e voltem pra Resembool logo. É muito bom saber que posso fazer algo além de esperar por notícias e arrumar seu auto-mail. Essa resposta está boa o bastante pra você?

Ela corou ligeiramente, e Ed sorriu. "Heh, essa Winry é mesmo incrível...”

- Está ótima. Me convenceu.

Depois disso, Winry foi para o seu quarto. Quando se deitou na cama, ficou refletindo sobre as palavras que tinham acabado de sair de sua boca. "Será que é por isso mesmo...?", perguntou a si mesma, sorrindo, e então adormeceu. Fora um dia longo e cansativo, eles mereciam descanso.

-Um pouco antes disso-

- Al, posso te pedir um favor? - Winry disse, com a voz meio rouca de cansaço.

- Claro, Winry, o que foi? - Ele perguntou, desviando o olhar do livro de alquimia que estava lendo.

- Você poderia... Vigiar o Ed durante a noite pra mim? Tenho medo que ele possa ter alguma febre ou coisa do gênero, sabe...?

Alphonse olhou para ela e deu um sorriso interior. Ah, como queria esboçar um sorriso nessa hora... Iria se divertir muito vendo Winry corar feito um tomate.

- Pode deixar. Agora vá dormir, já está tarde. - Ele disse, se levantando e indo em direção ao quarto dele e de Edward. Winry sorriu cansada, e se dirigiu a seu próprio quarto. Sentia-se mais segura agora.

~~~~

Quando o dia começou a clarear, Roy ainda estava completamente adormecido. Era tão bom poder ficar na cama e debaixo das cobertas naquele clima tão frio! Seu sono era profundo, sem sonhos, revigorante. De repente, começou a acordar em um ritmo muito devagar, sentindo-se confuso. Seu nariz coçava. Morrendo de preguiça, tirou sua mão direita de debaixo dos cobertores e coçou o nariz levemente, ainda de olhos fechados.

Assim que voltou a acomodar o braço debaixo das cobertas, sentiu seu nariz coçar novamente. Não, não era apenas mais coceira, era algo mais intenso. Levou a mão a ele mais uma vez, mas logo voltou a sentir algo. Aquilo parecia até mesmo pinicar levemente, fazendo-lhe cócegas. Roy tentou coçar outra vez e resistir o máximo que pode, mas, de repente, se viu completamente tomado por aquela sensação.

-Ahh-ahh... ATCHIM!

O espirro foi alto e intenso, tão forte que fez com que Roy sentasse automaticamente na cama sem nem ao menos se dar conta. Ainda sentindo-se sonolento, olhou ao seu redor e observou seu quarto com cuidado, logo percebendo que seu mais novo amigo estava de pé em seu travesseiro e observando seus movimentos com atenção.

-Ah... É você – Pausou para um grande bocejo, cheio de preguiça. – Eu quase me esqueci. Você é bem folgado quando quer, não é, Jack?

Jack respondeu com um miado. Ainda com os olhos entreabertos, Roy olhou para o relógio, percebendo que ainda tinha mais meia hora de descanso antes que o despertador soasse. Como realmente não gostava de perder nenhum minuto de folga sequer, acomodou-se na cama novamente para aproveitar seus últimos minutos de descanso o máximo que conseguisse. Assim que fechou os olhos, voltou a sentir algo lhe pinicar. Mas, dessa vez, essa sensação parecia se espalhar por todo seu rosto.

Tomado pela curiosidade, abriu os olhos e logo viu que Jack havia se acomodado ao seu lado no travesseiro. Pensou eu levantar para tirá-lo dali, mas estava tão frio que não teria coragem de fazer aquilo com um gatinho. Sentindo-se derrotado por sua própria gentileza, suspirou e virou para o outro lado, concentrando-se em voltar a dormir para aproveitar os últimos minutos de descanso que lhe restavam.

“É melhor que ninguém fique sabendo de nada a respeito disso, ou com certeza não me respeitarão mais.”, foi seu último pensamento antes de cair no sono mais uma vez.

~~~~~~~~

O dia amanheceu, e já estava bem menos frio que no dia anterior. Alphonse olhou a janela e viu as nuvens alaranjadas e rosadas no horizonte, devido ao nascer do sol. Ficou feliz ao perceber que a neve estava bem mais fraca hoje, porque assim a farmácia já estaria em condições de abrir. Depois de se passarem umas três horas, já eram 8:00h, e ele decidiu ir comprar os remédios antes que Ed acordasse.

Alguns minutos depois que Al saiu, Winry acordou, esfregou os olhos cansada e se espreguiçou preguiçosamente. Ah, realmente era um saco ter que se levantar em uma manhã de frio tão bom como essa...

Ela foi caminhando sem pressa até o quarto de Edward. Ela não queria confessar, mas realmente tinha se preocupado bastante com o alquimista. Qualquer surto de febre seria possível, e esse frio só iria prejudicar ainda mais a respiração dele, que já estava difícil devido ao nariz entupido. Assim que entrou no quarto, encontrou o alquimista dormindo tranquilamente, como um bebezinho. Estava realmente muito fofo. Ela percebeu que ele roncava um pouco e riu baixinho. “Ele fica tão engraçadinho dormindo...” Ela pensou, se sentando na beirada da cama, do lado dele.

Ele estava virado no sentido horizontal, meio torto, com a barriga de fora, como sempre. Ela começou  a passar a mão pelo cabelo dele enquanto ele dormia. Que cabelo sedoso... Winry nunca vira um cabelo tão lindo e macio quanto o dele. Ele grunhiu baixinho e se virou, abraçando Winry, dormindo. Realmente não tinha consciência de seus atos durante o sono, afinal, se tivesse, vamos combinar, teria corado terrivelmente.

- Hummmm – Ela ouviu ele dar um resmungo, meio que suspirando.

Ela sentiu a sua face arder em chamas, tinha corado muito. Seu coração tinha disparado e sentia como se tivessem várias borboletas voando dentro de seu estômago, todas querendo sair. Ela estava agora com seu “amigo” de infância, ele abraçando ela enquanto dormia, os dois no quarto. Sacudiu a cabeça para afastar pensamentos desnecessários. Ele abraçou ela um pouco mais forte e começou a esfregar o rosto em suas costas, como um gatinho manhoso. Realmente ele estava dormindo...

Winry não podia negar que estava adorando essa proximidade. Ed tinha um calor tão gostoso em seu abraço que fazia ela ter vontade de ficar abraçando ele por horas. Não sabia se era por causa da temperatura levemente elevada do corpo dele ou se era o calor natural, mesmo. Winry se virou e se aproximou do rosto de Ed, que ainda estava de olhos fechados. “Ele está dormindo, não é? Não precisa saber disso...” Ela pensou, com um sorriso interior, e foi se aproximando mais e mais. Quando estava prestes a beijá-lo, ele abriu os olhos. Ela se afastou bruscamente, corando muito. Sua face estava muito vermelha, e seu coração disparou.

- M-me desculpa, Ed! E-e-eu não deveria ter me aproveitado enquanto você dormia... – Ela virou o rosto. Sua face estava terrivelmente corada. Ele olhou para si mesmo e depois para ela, e corou muito depois também. Mas... Porque não conseguia deixar de abraçá-la?

- Er, Winry, a culpa meio que foi minha... – Ele se sentou, esfregando os olhos, ainda corado. – M-mas você quis mesmo...?

- Er... Bem... Sim, de certa forma mas não deveria. Me desculpe, me aproveitei de você enquanto dormia. Que terrível eu sou... – Ela sentiu sua face arder e corou mais, se é que isso é possível.

- Sim, sim, terrível... – Ele disse, meio que suspirando e sorrindo. Ela se sentiu ainda mais envergonhada. – Mas porque não prosseguiu.

Ela olhou para ele e foi a vez de Edward corar terrivelmente. Winry se aproximou um pouco dele, seu rosto foi corando mais ainda. Ed foi se aproximando dela, estavam cada vez mais próximos. A distância entre eles se resumia a um palmo. Seu lábios estava prestes a se tocar, quando...

- Nii-san! Nii-san! – Al foi entrando, e antes que ele entrasse no quarto, Ed e Winry se afastaram e coraram mais ainda, se é que isso é possível. – Eu comprei os remédios! A farmácia abriu hoje!