- Rosemerie Helena Delisair, se você não sair desse quarto em cinco minutos eu te arrasto pra fora pelos cabelos. – ouvi minha mãe gritar do lado de fora do meu quarto.

 

-Já vou mãe. – respondi.  Analisei-me no espelho. Meus cabelos negros lisos estavam presos em um rabo-de-cavalo alto. Meus olhos verdes estavam bem marcados por delineador. Na escola não era necessário o uso de uniforme, então quase todo dia eu trocava de roupas, hoje vestia uma calça jeans skinny escura, uma T-shirt branca com o desenho de uma rippie no final da blusa. Usava também um tênis que eu não sei a marca, branco.  Peguei minha mochila e saí do quarto. – Vamos mãe.

 

Minha mãe, Hellen, tem cabelos negros lisos cortados em chanel, seus olhos são verdes esmeraldas. Mamãe trabalha numa empresa de cosméticos. Ela é secretária do presidente.

 

-Você anda acordando muito tarde mocinha. Vai acabar chegando todo dia atrasada na escola. – reclamou minha mãe.

 

-Releva e deixa em off, mãe. – disse entrando no carro e ligando o rádio, tocava “Use Somebody”  do Kings Of Leon

 

Minha mãe entrou no carro logo em seguida, mudando a estação para uma que tocava músicas do tempo do ronca.  Eu voltei à estação e minha mãe me fuzilou com os olhos.

 

-Que foi? – perguntei.

 

-Eu estava ouvindo.

 

-Eu cheguei primeiro, então tenho direito de escutar o que eu quero. Foi o nosso trato mãe. – falei, lembrando-a do trato que fiz com ela, para que não brigássemos todo dia sabe?!

 

- Ta, sei. Coloca o cinto. – eu e ela pusemos o cinto no mesmo tempo.

 

 

Minha mãe é uma mulher legal, bonita e bem humorada. Porém ela mudou bastante desde que se divorciou do meu pai. Continua bonita e legal, mas o seu humor nem sempre é um dos melhores.

 

Ok, eu tenho uma pequena grande parcela de culpa nisso. O quê? Eu sou uma adolescente de dezesseis anos, você esperava que eu fosse como?

 

Enfim, meus pais se divorciaram quando eu tinha dez anos e desde então tenho dois quartos e duas casa. Meu pai, Greg, é um homem sério e linha dura, mas comigo ele é um coração mole. Meus pais se separam porque não se agüentavam mais. Meu pai disse que queria ter mais liberdade e minha mãe disse que enjoou dele. Eles são a maior comédia.

 

-Hoje vou chegar mais tarde em casa. – avisou-me.

 

-Ta – abri a porta do carro citröen C4 prata da minha mãe e sai. – te vejo mais tarde então. – disse mandando um beijo pra ela.

 

-Tchau querida.

 

-Tchau.

 

Afastei-me e fui para o pátio. Procurei minhas amigas, Fernando e Aline. Fernanda é a típica mulher brasileira, pele bronzeada, cabelos cacheados castanhos e olhos da mesma cor, alta, corpão e simpática, super gente boa. Aline mais parece uma irlandesa, ruiva de olhos verdes esmeralda, pele branca feito papel, ela é baixinha e tem um corpo sem muitas curvas, mas com as certas.

 

  Achei-as sentadas em uma das mesas perto da entrada do refeitório.

 

-Oi garotas. – cumprimentei-as.

 

-Oi. –responderam.

 

Fê estava usando uma saia jeans escura com uma regata amarela cavada em decote em ‘U’, ela usava um All Star quadriculado em cores claras. Seus cachos caiam sobre seus ombros.  Line estava com um vestido verde limão de alças grossas, ele era justo no busto e um pouco mais largo no resto, uma fita azul grossa estava amarrada abaixo do busto. Em seus pés uma rasteirinha. A maquiagem das duas era leve.

 

- Rose você vai à festa da Gabi?- perguntou-me Fernanda.

 

-Gabi? Que Gabi?

 

-A irmã do Erick. – respondeu-me Aline.

 

-Ajudou muito.

 

-Cara, onde você fica com a cabeça? – perguntou Aline.

 

- Ah sei lá! Mas quem é Erick ou Gabi? Afinal eles são alunos novos?

 

-Eu desisto. Garota, eles estudam aqui há um ano. Nós somos da mesma turma que a do Erick. Meu Deus! Você vive demais no mundo da lua. – exclamou Line.

 

Ai, ela esta dramática demais. Eu só sou um pouco avoada.

 

Rindo eu respondi. – Tem culpa eu?

 

-Aiii! Rose, pára de palhaçada cara! – resmungou Line.

 

Eu ri.

 

-Ok, ok. Chega. Daqui a pouco ela começa a ficar vermelha, Rose. E deixa de ser dramática Line. Até parece que você não conhece a Rose, tu sabe muito bem que ela praticamente não olha para nenhum garoto, a não ser o gato do Brad. – disse a Fê.

 

-Hey! Eu olho sim pros garotos, só não me interesso em conhecê-los um pouco mais. – resmunguei logo depois fazendo um biquinho.

 

-É claro, sei. Se você realmente olhass... – parei de escutar o que Fernanda dizia, pois Brad sentou-se exatamente em minha linha de visão.

 

Gente, se vocês vissem Brad também ficariam deslumbrados. Me entendam, o garoto é simplesmente perfeito, tem a pele avermelhada, olhos escuros, cabelos pretos curtos, lábios carnudos, musculoso e super gentil. Ele até me lembra o Taylor Lautner. Brad usava uma calça jeans clara combinando com uma camiseta preta, do tipo “mamãe sou fortinho”. Ele olhou em minha direção e sorriu.

 

OMG! Ele sorriu pra mim. Pra mim! Agora eu posso morre feliz! Ok, sem exageros.

 

-ROSE! – ouvi Fê gritar praticamente no meu ouvido.

 

-Heyy! Não precisa gritar. – disse. – Não sou surda.

 

-Mas parecia. Estou te chamando tem um bom tempo. Afinal, o que você estava olhando? – Fernanda acompanhou meu olhar e depois me fitou com raiva. – Era ele?

 

-Ér... – disse sem jeito.

 

-Voc...

 

O sinal tocou. Salva pelo gongo. Literalmente.

 

Nós nos levantamos e as meninas pegaram seu material, quando passávamos entravamos pela porta do refeitório Brad passou por meu lado, seu cheiro era forte e doce, uma delicia.

 

-Oi. – ele disse.

 

-Oi. – murmurei. Acho que ele nem ouviu, pois não parou para falar nada ou alguma coisa parecida.

 

Suspirei.

 

-Rose! Pare de babar pelo Brad. Ele mal dá um ‘oi’ pra você.

-Já é um começo. Deixe de ser pessimista Fê, um dia ele vai vir falar comigo e vai perceber o quanto me ama.

 -Você viaja! – respondeu ela. 

-Nahh! Nem vem, não sou a única que baba por um certo alguém. - disse. Line corou. É engraçado vê-la corar, ela fica da cor do próprio cabelo. Super engraçado.

 

-Mas eu sou discreta, né Rose?!

 

-Uhum, tão discreta que quando o garoto chega perto é capaz de você dar um gritinho de alegria. - falou Fê. - Oh! Oh! Ai Meu Deus, ele está aqui, do meu lado. Oh! Já posso morrer feliz. - disse Fê, imitando Aline, num de seus ataques histéricos.

 

Fernanda e eu rimos. Ou melhor, gargalhamos.

 

-HA HA! Muito engraçada vocês. - falou irônica.

 

Entramos em nossa sala e nos sentamos, esperando o professor de Biologia chegar. As aulas passaram rápidas e logo já estava na hora do intervalo. Eu e as meninas nos dirigíamos ao refeitório quando Line parou em frente a um cartaz.

 

-Vamos Line, estou com fome! – falou Fernanda.

 

Line juntou-se a nós e disse:

 

- Vocês sabiam que estão procurando uma banda pra tocar no baile de outono?

 

-Não. – respondi enquanto pegava um prato de salada, uma maçã e uma latinha de coca-cola, nos sentamos na mesa de sempre. Perto das janelas.

 

-Nem eu.

 

Meus olhos varriam o refeitório atrás de algo que realmente me chamasse atenção. Sério, o assunto das garotas estava meio chato. Foi quando o vi. O garoto alto de pele clara, cabelos loiros arrepiados, olhos verdes, forte e ele tinha um boca pequena esticada num sorriso.

 

Levantei da mesa e corri em direção do garoto.

 

-Zack! – gritei quando o abracei. Zack retribuiu o abraço e me rodou dizendo:

 

-Pequena! Que saudade de você! – ele me soltou.

 

-Quando você voltou? – perguntei.

 

-Cheguei ontem de madrugada. – fiz uma careta.

 

-Por que não me avisou? – perguntei.

 

-Sei lá. – deu de ombros.

 

-Belo irmão você, hein?!

 

-Eu sei que sou bonito.

 

Não sei se contei a vocês, meus queridos leitores, que eu tenho dois irmãos. Meu pai, super garanhão na época de escola, engravidou uma adolescente cheia de hormônios e fértil chamada Sharon, que é mãe do meu meio-irmão, James que por sinal, tem vinte e quatro aninhos. Papai não se casou com Sharon como deveria, ele apenas a visitava todos os dias para saber de James e passar algumas horas com ele.

 

Depois de quatro anos nessa mesma rotina, papai resolveu se casar com sua namorada Leonora, com quem ficou por dois anos, só que em dois nasceu à cópia do meu pai, o pateta convencido ou se preferirem, apenas Zack. Aí papai, conheceu minha mãe, então eles começaram a namorar depois se casaram, para então ter a pessoa que vos fala. O resto é apenas isso, resto.

 

-Convencido. – disse enquanto sentava-me no meu lugar e Fê abria um lugar entre eu e ela, para Zack senta-se ao meu lado.

 

-Hey, meninas quanto tempo.

 

-É, você se esqueceu da gente. – disse Line.

 

-Claro que não, eu estava viajando. Rose não contou a vocês? – perguntou.

 

Eu acho que também esqueci de dizer, que Zack é um baterista que viaja pelo mundo divulgando a sua banda e que por isso ele é um repetente e ainda não saiu do segundo ano do ensino médio. Que decadência.

 

Todos se viraram para me encarar. Fiz uma carinha de inocente e respondi:

 

-Eu esqueci.

 

-Esqueceu? – perguntou os três em uníssono.

 

-É gente. Esqueci, normal isso.

 

Todos riram de mim. - É a idade que faz isso com ela. – falou Zack.

 

-Você é mais velho que eu, sua besta. – respondi.

 

-Um mero detalhe.

 

-Você é dois anos mais velho que eu.

 

Zack deu de ombros.

 

-Continua sendo um mero detalhe. – revirei os olhos, Zack continua o mesmo desleixado de sempre.

  

-Como está a banda, Zack? – perguntou Line, que logo depois corou. Nossa. Que progresso. Antigamente Line, começaria a gaguejar, suar, ficar beem vermelha e depois iria sai correndo. Mas ela apenas corou.

 

Zack sorriu. Ele tinha um precipício por Line. É realmente engraçado, ver seu irmão garanhão ficar caidinho por uma de suas melhores amigas.

 

- Legal. Estamos conseguindo fama. Daqui a pouco seremos famosos e eu vou... Vou... Deixa quieto.

 

Eu e Fê gargalhamos, enquanto Line mudava de vermelho pra roxo e Zack sorria sem graça.

 

-Ok, chega. Vocês vão à festa da Gabi? – perguntou Zack.

 

-Mas que droga. Quem é Gabi? – QUASE gritei.

 

-Hey! Calma. A Gabi é a irmã do Erick. – respondeu Zack. Line e Fê sorriram marotas.

 

-Vocês estão de sacanagem com a minha cara. Só pode. – falei dramática.

 

-Como assim? – perguntou Zack.

 

-Ela não sabe quem é Gabi, muito menos quem é Erick. – respondeu Fernanda.

 

-Aonde você anda com a sua cabeça? – perguntou.

 

-Desisto. – disse pegando minha bandeja de comida quase intocada e me retirando da mesa, eu joguei a comida no lixo. “ Que pecado” foi o meu primeiro pensamento.

 

-Pequena, vem pra cá! – chamou-me Zack.

 

-É Rose, vem pra cá. – concordou as meninas.

 

-Nop. Só volto quando me apresentarem a esse tão famoso Erick. – cruzei meus braços sob o peito e fiz carranca.

 

Aline e Fernanda reviraram os olhos, Zack se aproximou com as meninas em seu encalço.

 

-Ok. - Fê passou o braço pelos meus ombros e me levou até o pequeno jardim em frente à escola. – Agora procure um garoto alto, forte, pele branquinha, branquinha, cabelos pretos espetados e olhos azuis.

 

-Fernanda, querida. Acho que você se esqueceu que metade do pessoal dessa escola tem olhos azuis, cabelo preto e tudo isso aí que você descreveu. – respondi.

 

-Pára de palhaçada, Fê. Ele está bem ali – Zack apontou para um garoto exatamente como Fernanda descreveu. Ela só não me disse que o garoto tinha braços fortes e era muito alto. – Erick! – Zack, Fernanda e Line gritaram.

 

O garoto que estava sentado nas raízes de uma árvore, procurou pela as vozes que o chamava. Quando as encontro sorriu e ele veio de encontro ao pessoal.

 

-Oi gente. – cumprimentou. Ow, que voz linda. COMO, MEU SANTO DEUS, EU NÃO O NOTEI?

 

-Oi. – respondemos juntos.

 

- O que mandam?- perguntou.

 

-Erick, eu quero te apresentar a minha irmã avoada, Rosemerie – eu fingi estar meio desligada do mundo, tipo olhando pro nada. – Rose?!- Line cutucou-me a costela.

 

-Meu nome.

 

-Você tem certeza, que não tem defícit de atenção? – perguntou Zack.

 

-Não tenho certeza,você me leva no hospital pra fazer os exames?- perguntei brincando.

 

-Besta. – revirei os olhos e sorri para Erick, estendendo minha a ele.

 

-Como você já ouviu, meu nome é Rose, bem é só apelido, mas vale.

 

Ele riu e apertou minha mão. – Erick.

 

-Ouvi falar muito de você hoje.

 

-É?

 

-Sim, acho que a Fê nutre um amor secreto por você. – Ok, eu sei que foi golpe baixo, mas ela mereceu.   – Ops, eu não devia ter falado nada.

 

-Muito engraçada. – respondeu Fê, no modo irônica.

 

-Vocês vão à na festa da Gabi, certo?! – perguntou Erick. Minhas amigas e meu irmão me olharam.

 

-É claro, estaremos todos lá. – respondi por todos. Rá! Estão vendo? Até para tomar decisão para ir á uma festa precisam pedir para minha pessoa.

 

-Beleza.