Me chamam de Corvo (Bulletproof) escrita por Jéssica Sanz


Capítulo 8
A novidade que você já sabia


Notas iniciais do capítulo

Tá começando a ficar bom lalalalala

P.S. Yolo yolo yolo yo vicia mais que o assobio do JK



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As apresentações foram bem interessantes, mas não teve nada de muito impressionante no que diz respeito ao Cheer. Tivemos as Princesas, que são praticamente um grupo de dança com algumas elevações. As outras equipes fizeram mais algumas coisas, mas Yumi disse que estava tudo errado. Eram elementos de ginástica, mas não necessariamente se encaixavam no Cheer. A equipe vencedora foi a Abelhas. Yumi disse que elas eram as que mais conheciam o Cheer, mas faltaram elementos obrigatórios.

— A gente não precisa fazer nada incrível — explicou Yumi. — A gente só precisa executar uma rotina com o mínimo de erros e com todos os elementos obrigatórios. Se pudermos fazer mais, faremos, mas só isso já é suficiente para superar as Abelhas.

Resumindo: mesmo sem competir, o evento nos deu muito gás para nos esforçarmos e fazermos o nosso melhor, porque tínhamos todas as chances para ser a melhor da cidade. O risco era que, enquanto estávamos nos desenvolvendo, as Abelhas poderiam fazer o mesmo.

— Elas podem ser atletas de alto rendimento. O motivo? Coaches, equipamentos, apoio da universidade. As Princesas ficaram em último lugar, mas não porque são ruins. É porque o SNU não dá muito apoio. Sogang e Honkuk apoiam seus atletas, e a FDS moderadamente. Isso explica as colocações. Por isso precisamos de muito esforço. Precisamos que nossa dedicação seja suficiente para suprir a falta de recursos. A nossa sorte é que a atlética já nos dá alguma base: temos times de modalidades de luta, então temos aqueles tatames. Aquilo é nosso, não da universidade. Mas precisamos de colchões se quisermos treinar certas coisas. Precisamos de tênis próprios, principalmente para as flyers. O tênis tem que ser firme e não pode machucar as mãos das bases. É muita coisa pra pensar, muito pra investir, mas o principal é ter atletas que estejam dispostos a aprender.

— E uma coach maravilhosa para ensinar — acrescentei. — Isso nós temos. Temos atletas dispostos a aprender?

Cada um defendeu sua própria vontade. No começo, era só uma brincadeira, mas, de repente, estavam todos animados para transformar o conceito Cheerleading no câmpus.

— Outra coisa — disse Namjoon. — Nós temos que inovar. Temos que ser diferentes se quisermos ganhar o público. Os jurados a gente ganha executando os movimentos. O público a gente ganha sendo simpático, interagindo nas redes sociais, sendo simpáticos e tendo um diferencial. Eu acho que já descobri qual vai ser o nosso.

— E qual será? — perguntou Yumi, curiosa.

— Um Cheer Mix autoral. Todas as equipes pegaram partes de Cheer Mix no YouTube, ficou uma bela porcaria. Mas a galera vibrou com nossas autorais. Nós temos um estúdio na Big Hit, temos composições, temos tudo para fazer nossos próprios mashups e surpreender todo mundo.

— Acho excelente essa ideia — confessou Yumi. — E vocês?

— Mais ou menos — disse Sana, e todo mundo achou um absurdo.

— Por quê? — perguntei, incrédulo.

— Depende de onde vamos apresentar. Temos que fazer mashups com músicas impactantes, diferentes do que as outras usam, mas acho que devemos guardar as autorais para uma grande competição. Isso aqui não é uma grande competição.

— Você tá falando do Nacional? — perguntou Yumi.

— É — respondeu Sana. — Vamos pensar em músicas que tragam a mensagem que queremos, como Baepsae, mas não original. Para nossa estreia, uma música que diga que chegamos e que vão ter que nos engolir.

— Pesadíssimo isso — disse Joy. — Mas eu amei.

— Vamos escolher as músicas e pensar na rotina — disse Yumi. — O Champions Cheers é semestral, então teremos outro exatamente daqui a seis meses. É tempo mais que suficiente para treinarmos, então vai ser muito top.

— Você vai estar com oito — calculei. — Vê se não me apronta, por favor.

— Oito o quê? — boiou Jiwoo.

— Meses — eu disse. — Oito meses de gravidez. Eu tô com medo só de pensar.

— Por isso que eu quero começar desde já — explicou Yumi. — Tenho que passar o máximo do conhecimento prático agora, enquanto ainda posso fazer demonstrações. Mesmo assim, temos que continuar a teoria, porque sem embasamento não chegamos a lugar nenhum. Vamos treinar os movimentos e só mais para a frente montar a rotina.



Dois ensaios por semana estavam nos matando, mas era isso ou desistir do esporte. E desistir não era uma opção. Mergulhamos de cabeça nesse desafio, e iríamos até o fim. Iríamos até o Campeonato Nacional, o oficial da USC. Estávamos em setembro; tínhamos entrado no segundo semestre do ano, graças à troca de turma semestral. Os Champions Cheers eram sempre em começos de semestre, e o Nacional no fim do ano, porém era bienal e só aconteceria no ano seguinte. Então, estávamos nos preparando para a competição do começo do ano, e depois para o Nacional do final do ano. Poderíamos, eventualmente, participar do outro Champions Cheers que tinha no caminho, mas com foco no Nacional.

Três semanas depois do Champions Cheers, tinha uma ultrassonografia marcada. O médico da Yumi disse que nessa talvez já desse para ver o sexo do bebê. Estávamos esperando esse momento para comprar as coisas definitivamente. Tínhamos decidido que, se fosse menina, se chamaria Sunghee, e se fosse menino, se chamaria Jungkook.

Era a primeira vez que eu estava indo com ela para os exames, depois de Namjoon me chamar de “pai desnaturado”. O pior era que eu estava começando a sentir que era pai daquela coisinha. Me pegava muito interessado em notícias, e estava sempre preocupado com a saúde da Yumi, principalmente quando ela fazia as acrobacias de demonstração no time. O que me tranquilizou foi que, sempre que alguém pegava o movimento (o que não era difícil num time de 25, sempre tinha alguém que sabia), essa pessoa passava a ser a cobaia. Ainda por cima, eu me flagrava olhando para as vitrines de lojas de bebês, pesquisando coisas na internet, assistindo matérias na TV e vídeos no YouTube. Se era pra ser pai, eu ia fazer direito, pelo Jungkook.

Não tinha como mentir: eu estava muito ansioso para saber se era menino ou menina.

— Para de mexer essa perna, que coisa irritante! — disse Yumi, na sala de espera. Um pouco arrogante? Nem tanto. Quando você mora com uma pessoa, acontece esse tipo de liberdade.

— Miane. Eu não vi que estava mexendo.

— Está mais nervoso que eu.

— Quem está nervoso? Não tem motivo para ficar nervoso, é só um exame, não tem risco nenhum.

— Não tem, realmente. Mas vou fingir que não sei que você está doido pra ser uma menina e você poder vestir ela de rosa.

— Ah, tem que aproveitar enquanto ela for um bebê e não tiver vontade. Quando crescer, você sabe, vai ficar batendo o pé e a gente não vai poder escolher nada.

— Eu espero muito que você não mime essa criança, Kim Seokjin. Ela pode até ter uma cor favorita, mas quando a gente fala não é não!

— Deixa essa parte com o padrinho que ele está acostumado a lidar com crianças.

— Ah, tá! Namjoon é acostumado a mimar crianças, isso sim. Não era ele que inventava os planos malucos? Tipo, vocês querem a garota, então vamos lá que a gente vai obrigar ela a escolher um de vocês.

Eu não queria falar do passado. A sorte foi que chamaram a gente. A conversa tinha descontraído, mas não adiantou muita coisa. Só de levantar eu já estava querendo roer as unhas.

Dr. Hwang jogou aquela conversinha de “já sabem o nome” e aquelas coisas repetitivas que todo mundo pergunta, enquanto Yumi deitava na maca. Eu estava convencido que tinha que parar com aquele nervosismo todo, mas eu ia. Só queria matar a curiosidade de uma vez, e depois ficaria mais tranquilo. Aí, só no parto mesmo para voltar a ficar pilhado.

Eu já tinha visto fotos dos ultrassons anteriores, mas não era a mesma coisa. Eu estava vendo em tempo real. Tá, eu não estava enxergando nada naquela televisão, mas era detalhe. O importante era que tinha uma vidinha ali. Dr. Hwang não estava ajudando, eu não entendi nada do que ele disse antes de

— Vai ser uma princesinha.

— Sério? — eu não consegui segurar. Todas as fotos de coisas rosas de bebê que eu já tinha visto ou imaginado passaram pela minha cabeça naquele momento.

— Não vai ser tudo rosa, Kim Seokjin — alertou Yumi, acabando com a minha alegria. — Pode parar de inventar moda.

— Afe. Por que não?

— Vamos dar uma variada, por favorzinho. Talvez a maioria seja rosa, mas precisamos de preto, laranja e vermelho.

— As cores da atlética — notei, sorrindo. Também era excelente.

— E outras cores, também. Todas as cores.

— Com muito rosa.

Yumi riu.

— Talvez.

 

Fomos direto para a sala de aula. Uma excelente vantagem de um hospital dentro da própria universidade. Tínhamos faltado o primeiro horário para fazer isso, e todo mundo sabia, até a professora. A aula parou instantaneamente quando a turma toda perguntou.

— E aí, deu pra ver? — perguntou um dos colegas mais próximos.

— Deu — disse Yumi.

— Sunghee ou Jungkook? — perguntou Namjoon, na expectativa.

— Sunghee — eu informei.

— Bem que eu tava sentindo — disse ele, futucando a mochila.

Eu fui para o meu lugar, ingenuamente acreditando que ele estava pegando algum material, até que um embrulho de plástico prateado caiu em cima da minha mesa.

— O que é isso? — perguntei.

— Abre, criatura.

Eu obedeci, tentando que o barulho do plástico não atrapalhasse a aula ainda mais.

Eu desdobrei o bolinho de pano rosa e encontrei a frase “Princesa do Papai” estampada no body junto com uma coroinha.

— Decepcionante — eu disse.

— Quê? — Namjoon ficou até sem reação.

— Devia estar escrito “Corvo do Papai”. Aderiu à Monarquia? — eu ri, enquanto Namjoon ainda estava com cara de bobo, e o empurrei de leve. — Tô brincando. Eu amei. — Olhei de novo para o presente. — É perfeito.


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Notas finais do capítulo

Ai meu Namjin. Alguém me segura.



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