Me chamam de Corvo (Bulletproof) escrita por Jéssica Sanz


Capítulo 15
Tutorial de inconveniência


Notas iniciais do capítulo

Aquele momento que você nota que respondeu comentário e esqueceu de postar capítulo.
Amo esse capítulo também. Cômico. E, cá entre nós... Essa fic tá precisando de risos.



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Eu acordei com o choro da minha filhinha, de novo. Eram três da manhã. Conseguimos fazê-la dormir novamente e voltamos para o sono. Por volta das sete, ela acordou de novo, com fome. Eu levantei para esquentar o leite. Namjoon apareceu com ela quando eu estava fechando a mamadeira.

— Bom dia — disse ele, com voz de manhã.

— Bom dia — eu respondi, enquanto me aproximava para beijá-lo.

Como era bom ter um beijo do Namjoon pela manhã!

Fiz que ia pegar a Sunghee, mas ele se ofereceu para dar a mamadeira.

— Você já tem feito muito por ela — eu disse, porque era verdade. — Não tem nenhuma obrigação de cuidar da Sun, e mesmo assim tem se esforçado por isso…

— Eu tenho tanta obrigação quanto você, hyung. Eu sei que oficialmente você é o pai dela, mas agora que a Yu se foi, nós precisamos dividir isso, ao menos enquanto estamos em casa.

— Você diz isso porque ainda não trocou nenhuma fralda — eu disse, entregando a mamadeira a ele. — Vamos esperar até que essa bebê fofa se torne irritante.

Eu continuei ajeitando algumas coisas na cozinha enquanto Namjoon dava mamadeira a ela, mas logo depois, alguém bateu na porta, e eu fui abrir. Preciso dizer que fiquei levemente chocado ao encontrar meu tio. Depois de alguns instantes até absorver que ele realmente tinha tido a cara de pau de aparecer ali, fechei a cara, franzi os lábios e coloquei as mãos no batente como se quisesse impedir a passagem dele, mas tentei parecer natural.

— O que você quer?

— Bom dia, Jinnie. Eu vim conhecer a minha neta, será que eu posso?

Olhei para trás, como se quisesse protegê-la. Obviamente, ela e Namjoon eram algo a ser mantido longe dele. Voltei minha atenção para ele.

— Sua sobrinha-neta, você quer dizer?

— Você sabe que sempre foi como um filho pra mim, Jinnie… Tanto que seus pais não estão aqui. Mas eu estou.

— Meus pais são educados, eles não vão aonde não são convidados.

— Por que está sendo tão frio?

— Você ainda pergunta? Quer que eu te lembre tudo o que você fez? Tudo o que você não teve vergonha de esconder?

— Não precisa me lembrar disso. Essa é uma parte de mim que eu quero esquecer. Eu achei que estava te protegendo, mas você me fez ver que não é bem assim. Tudo o que eu faço é pelo seu bem, e assim que eu percebi que estava agindo errado, eu mudei minha atitude.

— E quem garante que você não está dizendo isso só pra que eu volte a confiar em você?

— Eu não posso provar nada sem que você me dê uma chance.

— Não tem como te dar outra chance. Sinto muitíssimo.

— Eu não posso nem ao menos conhecê-la?

Eu olhei para baixo, enquanto ponderava. Eu não queria, de jeito nenhum, permitir aquilo, mas pensei, por um momento, que talvez estivesse sendo duro demais. Olhei para ele.

— Não sei se confio em você o suficiente para isso.

— Annyeong — disse Namjoon, surgindo de repente atrás de mim.

— Annyeong, Namjoon. Como vai?

— Bem, e o senhor?

— No geral, estou bem, mas um pouco decepcionado, no momento.

— Tadinho dele — murmurei ironicamente.

— Eu vim conhecer a Sunghee.

— Que bom, entre e seja bem-vindo.

Eu suspirei. O amor podia acabar tão rápido assim? Chung Ho deu de ombros. Eu tirei as mãos do batente e fui para dentro. Minha vontade era dizer a Namjoon que podia recepcionar a visita como bem entendesse e que eu estaria no quarto, mas o medo do que Chung Ho poderia fazer na minha ausência foi maior. Portanto, voltei para a cozinha como se ele não estivesse ali.

— Pode sentar, Sr. Kim, fica à vontade — ofereceu Namjoon. — Só estou terminando de dar o leite.

— Eu não pretendo demorar. Realmente só vim conhecê-la. Também não quero ser inconveniente.

— Não está sendo.

— Talvez não para você, Namjoon.

— Peço desculpas pelo Jin Hyung. Ele ainda está magoado com…

— Eu sei. Só não sei o que mais preciso fazer para mostrar que eu mudei.

— Não se preocupe — disse Namjoon, aproximando-se de onde eu estava para deixar a mamadeira vazia. — Isso vai vir com o tempo. Não é fácil… O senhor sabe…

— Não é fácil esquecer o que eu fiz, eu sei. Sei porque eu mesmo tento esquecer e tenho muitas dificuldades.

Namjoon voltou para perto dele.

— Pode segurá-la.

Meu tio pegou Sunghee com cuidado, enquanto eu observava atentamente. Ele a olhou por algum tempo, e riu meio abobalhado, de um jeito que eu raramente via.

— Ela é muito bonita — disse ele, passando o olho por mim.

— É sim — disse Namjoon, sorridente. — Ela é linda como o pai dela.

Eu quase caí pra trás. Como Namjoon dava um mole daqueles, assim? No entanto, para minha surpresa, meu tio não esboçou nenhuma reação a isso.

— Eu concordo. — Chung Ho olhou em volta. — A casa de vocês é uma gracinha.

— Ainda estamos trabalhando nisso — explicou Namjoon. — Ela é simples, mas estamos tentando juntar dinheiro para fazer uma reforma aos poucos.

— Isso é legal. Vocês já têm o suficiente aqui, mas é sempre bom ir melhorando. — A expressão do meu tio mudou, e eu fiquei desconfiado na hora. — Deve estar sendo difícil dar conta disso sem a menina. Estão recebendo leite do hospital?

— Sim. Mas não sabemos por quanto tempo vai durar. Esperamos que seja um tempo bom.

— Eu acredito que sim. O banco do SNUH não é tão cheio, mas também não tem tantas crianças nessa situação. Ela deve estar tendo dificuldades para dormir, certo?

— Um pouquinho, sim. Mas é coisa de bebê mesmo.

— Principalmente ela. Com certeza ela sente muita falta. Tudo é novo pra ela, tudo o que ela conhecia era a barriga da própria mãe.

— É, a gente pesquisou bastante — eu disse. — A gente já sabe disso tudo.

— Imagino que sim. Bom, não sei se vocês têm uma gravação da menina ou algo assim, mas talvez isso a ajude a dormir. Estou dizendo essas coisas porque sou da área mental e…

— Sabemos que você tem a melhor das intenções, mas já temos o médico de confiança da família, obrigado — eu disse, secamente (não que essa parte seja uma novidade pra você).

— O Sehun — disse ele, com tom de aprovação, como se fosse sonso o suficiente para não notar minha frieza. — Ele é um ótimo menino. De qualquer modo, se precisarem de alguma coisa vocês podem falar comigo — Chung Ho devolveu Sunghee para os braços de Namjoon, o que foi um alívio para mim. — Obrigado por terem me recebido. Até… Até a próxima.

Voltei minha atenção para a cozinha e deixei Namjoon lidar completamente com a despedida. Depois de fechar a porta, ele foi para dentro. Eu terminei rapidamente minhas coisas e fui atrás dele. Estava colocando a Sun de volta no berço. Eu encostei no batente e o observei brincar um pouco com ela, até que ele finalmente voltou-se para mim.

— O que foi?

— Por que você fez isso? — não soei bravo, apenas desapontado.

— Isso o quê? Ser educado com as visitas? Você sabe que essa porta vai abrir muito nesse começo…

— Aish, Namjoon, não se faz de desentendido, tá? Você sabe que eu não suporto mais olhar pra cara do meu tio e faz isso?

— Sei, mas não precisava dessa ignorância toda, também, precisava?

— Talvez não, mas você passou por cima de mim, me fez parecer um idiota.

— De onde você tirou isso?

— Eu não odeio meu tio completamente, mas eu preciso demonstrar isso. Preciso mostrar que eu sou forte também, porque enquanto eu era o fraco da história ele fez tudo o que ele queria. Agora que ele percebeu que eu tenho vontade e que eu posso fazer o que eu bem entendo, ele está pensando dez vezes antes de qualquer decisão. Você reparou como ele tá diferente, não reparou?

— Sim, mas…

— É assim que tem que continuar. Ele tem que continuar vendo a gente dessa forma inalcançável. Não podemos ser vulneráveis a ele!

— Nós não somos. Hyung… Já ouviu aquela frase… “mantenha os amigos perto e os inimigos mais perto ainda”?

— Já… — eu disse, tentando captar o argumento do Nam.

— Então. Ele pode ser o perigo que for, a gente precisa ficar perto se quiser saber qual é a dele. Ele pode ter mudado ou não, só vamos saber se dermos esse mínimo de abertura. Não precisamos ficar vulneráveis. Só precisamos parecer vulneráveis.

— Eu não sei. Se fosse só eu e você, talvez eu topasse, mas…

Olhei para o berço. Tive que me esforçar muito para aturar aquele cara com a Sun no colo.

— É só uma ideia, mas… Você é quem sabe, bae.

Olhei para o Namjoon.

— Você me chamou de quê?

— Desculpa, amor da minha vida. Devo te chamar de príncipe? — Namjoon se aproximou e colocou os braços ao redor do meu corpo. Eu permaneci parado e tenso, fingindo-me de bravo, mas era difícil resistir a ele.

— Não sei.

— Príncipe, não. Rei.

— Você é muito chato, cara.

— Me diz como faço pra não ser chato, então.

— Para de ser tão irritantemente perfeito. É um saco não poder ficar bravo com você nem por um minuto!

Namjoon riu, e lá vieram as covinhas.

— Relaxa um pouco, hyung.

Coloquei as mãos nas costas dele, finalmente correspondendo ao abraço.

— Com um bebê pra cuidar, uma casa pra arrumar, fim do segundo período chegando, trabalho intenso na BigHit, tem tempo pra relaxar?

— Você tem a licença, esqueceu?

— Tava falando de você — eu me permiti rir. — Ao menos em alguma coisa eu tenho que sair na vantagem.

— Tá brincando, né? Você é lindo, tem uma voz maravilhosa, atua super bem, é excelente nos estudos e vai ser o melhor pai que já se viu. E ainda quer dizer que eu, o todo-errado da história, que vive quebrando tudo, sou perfeito?

— Você é sim. Com todos os seus defeitos, e eu amo todos eles, tá?

Namjoon virou a cabeça um pouquinho, como se tentasse me entender. Ficou me olhando, e eu fiquei olhando para ele, e ficamos naquele jogo de quem aguentava mais sem beijar o outro. Namjoon perdeu, e eu fiquei aliviado porque não aguentava mais ficar longe dele.


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Notas finais do capítulo

Nhonhonhonhonho
Jin narrando é muito fofinho. Queria ter tido essa ideia antes.



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