Dangerous Girl escrita por WeekendWarrior


Capítulo 3
Smarty


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Se eu disser que não estou ansioso para vê-la, estaria mentindo. Não sei o que essa garota fez comigo, seu olhar está preso em minha mente, seus lábios chamativos se movendo de maneira lenta, o corpo pequeno e curvilíneo… Infernos! Não deveria notá-la dessa maneira, não deveria nem pensá-la.

Não sei o que ocorre, mas algo me prende a ela. A pele clara parecendo de porcelana, deve ser deliciosa de se tocar, macia e sedosa. E o perfume que se desprega dela… como um doce mar de rosas. Deus, sinto-me enfeitiçado.

Deitei-me à noite para dormir com a ninfeta em meus pensamentos. Cada movimento e atitude dela eu estudei até me cansar. A fantasiei em momentos nada inocentes e senti-me enojado com isso.

Tão errado…

Mas que adoraria tocá-la, eu adoraria. Como seria? Ela permitiria? Acho que nunca saberia.

 

Atravesso os corredores do colégio em meu habitual estado cabisbaixo. Sentia os olhares dos alunos sobre mim, o cochicho adolescente por todos os lados.

Meus passos calmos nem fazem barulho, seguro minha pasta forte e levanto o rosto numa tentativa de mostrar confiança aos alunos, ato falho, pois os jovens têm o poder de sentir a aura dos perdedores e deles caçoar.

E encostada em seu armário estava ela; Carmen. A saia curta no mesmo estilo da noite passada, porém de cor diferente, a blusa branca de alças escrito “The Doors” marcando o corpo esbelto.

Seu olhar achou o meu e sua compostura mudou, foi como se a garota tivesse visto a salvação em meio ao deserto, seus olhos se cravaram em mim, seus lábios se esticaram num sorriso. Ela era tão ridiculamente inocente.

Ajeitou os cabelos em tom de cobre e se aprumou.

— Boa noite, professor – cumprimentou-me ao passar por ela.

— Boa noite, Grant.

Encontrei suas íris verdes acesas pela luz fluorescente do local, os olhos acesos pela maquiagem. Carmen era uma mistura de mulher e garotinha, uma ninfeta. E sim, ela estava me atiçando. Ela deve lembrar-me da outra noite no apartamento, talvez tenha até me visto a observá-la.

Eu quase nem acreditava que tinha minha pequena obsessão sob o mesmo teto que eu. Eu era o professor da pequena gangster.

 

Para meu total alívio e desespero o sinal para a última aula bateu, e apressados os alunos saíram quase pulando uns pela cabeça do outro.

A aula foi difícil, pois tinha Carmen em sala. Eu não sabia se seu olhar era cravado em mim pela atenção ou por algo mais, ela tinha um olhar tão forte. Talvez sentisse isso por estar encantado pela pequena, talvez loucura minha…

Ela se levantou depois que a última pessoa da sala saiu, quando ela me olhou, pela primeira vez com um olhar passivo, não tinha nada ali.

Andou calma em minha direção, ela falaria algo de meu interesse, com certeza. Apoiei-me na borda da mesa.

— Eu lembro de você – falou calma em minha frente. Tinha um tom desafiador na voz – O cara que gostava de me observar todo santo dia.

Por um segundo quase me engasguei com minha saliva. Deus do céu, ela sabia que eu a olhava.

— Mas o que…

Ela tocou meu braço e me calei, infelizmente ela retirou seus dedos de meu braço.

— E depois quando eu estava com Sid, eu o vi de perto. Tipo, era bem estranho… mas não liguei, eu estava ganhando a vida.

— Vendendo drogas?

Ela deu de ombros e me fitou firme nos olhos, como se me confrontasse.

— Vai contar pra alguém?

Respondeu minha pergunta com outra pergunta, danada!

— Não… quero dizer… não é certo o que você faz.

— E o que o senhor sabe sobre certo e errado? Preciso me virar.

— O que quer, Grant? – fui direto.

Ela sorriu pequeno.

— Você vai me ferrar, não vai? Sei que vai ligar para o conselho e me entregar, é o que os adultos fazem comigo, me fodem.

Tudo bem, vamos ignorar o duplo sentido nessa frase.

— Não, eu não vou te ferrar. Nem pensei em ligar pro conselho, bom, pensei em conversar contigo sobre o que você faz, mas… – óbvio que eu estava mentindo, porém queria continuar a conversar com a garota – pelo visto você quer ser presa ou acabar com uma bala na cabeça.

Ela arregalou os olhos e engoliu a saliva da boca. Tão linda assustada assim.

— Não posso fazer nada quanto a isso, mas se quiser me entregar… ótimo, no entanto será uma pena ter de ir embora de Atlantic City.

Franzi meu cenho em curiosidade.

— Vai embora de Atlantic City? – indaguei sem pensar.

Ela abriu um sorriso presunçoso.

— Se eu me meter em confusão sim, sabe, minha mãe quer me colocar num internato, estou por um fio aqui em Atlantic…

Danadinha, está tentando me persuadir a algo. Acha que vou entregá-la por estar vendendo drogas ilícitas. Logo vejo o quão incitadora Carmen é.

— Por que não arranja um trabalho digno?

Ela fez bico e pendeu o rosto pro lado.

— O dinheiro demoraria muito.

— É a vida. Eu não gostaria de receber a notícia de que você foi pega.

Ela ficou a pensar por alguns segundos, umedeceu os lábios e falou:

— É sempre assim, todos me dizem para deixar pra lá, mas ninguém está disposto a me ajudar.

Fitei seu belo rosto emburrado por alguns segundos, cocei a barba e lancei:

— Eu posso te ajudar…

— Não diga isso professor, porque o senhor não pode, ninguém pode.

Havia algo a mais nessa frase, algo embutido, talvez segredos e tristeza. A frase escondia um duplo sentido, havia algo por trás, porém ignorei meu instinto.

— Entendi, então por que está aqui temendo que eu a entregue? Pelo que entendi não posso ajudá-la, bom, acho que terei de tomar algumas providências.

Vi o rosto da garota se tornar um monte de apreensão. Ela veio até mim na intenção de me persuadir e sim, me tentar. Eu ainda não entendi totalmente a atitude de Carmen, mas ela parece estar interessada em mim, talvez curiosa pelo professor esquisitão.

— Você não faria isso… você… você me perderia.

Minhas sobrancelhas se juntaram e soltei um riso incrédulo. Essa menina tão tem um pingo de modéstia.

— Você nunca mais me veria, eu sumiria – continuou falando rápido, se aproximou de mim – Seria uma pena, pois você sentiria minha falta.

Eu apenas fiquei sem reação, fiquei a encarar os olhos verdes cheios de confiança, a criança havia virado o jogo a seu favor.

Sua mão foi até meu antebraço e o tocou até onde a camisa estava embolada nos cotovelos. Ela umedeceu os lábios lentamente e sem conter-me, fitei aquela cena tentadora.

— É isso que o senhor quer, professor? Que eu suma? – indagou fazendo feição inocente.

— Não… quero dizer, eu não gostaria que parasse de estudar, isso a prejudicaria – consegui dizer.

— Só por isso mesmo?

Agora ela se encontrava quase no meio de minhas pernas. Sentia o magnetismo de seu corpo, sentia o ímã puxando-me insistentemente.

— Pare o que faz, Grant, saia dessa, juro que posso ajudá-la…

Ela abaixou o olhar e tirou sua mão de mim. Levantou o olhar triste, continuou em silêncio.

— Você usa? – a perguntei.

Ela negou num aceno de cabeça.

— Eu só vendo, eu preciso do dinheiro.

— Apenas do dinheiro? E pra quê precisa de tanto dinheiro?

Ela abriu um sorriso, a garotinha triste havia sumido.

— Ah, coisas minhas… minha mãe não pode me dar aquilo que quero, então faço de meus meios pra ter o que nunca tive.

Assenti em silêncio. Era bom, Carmen estava se abrindo comigo, estávamos andando rápido. Só de pensar que a uma semana atrás a encarava pela janela de meu apartamento.

— Bom, pelo que vejo nada que eu diga a fará sair dessa… o que é uma pena. Se não fizer isso por outrem, faça por você. Deixe disso.

Ela ficou em silêncio me encarando, seus olhos não se desviavam dos meus. Eu dificilmente mantinha tanto tempo de contato visual, tinha dificuldade, porém Carmen fazia com maestria, não temia olhares alheios.

— Desculpe te incomodar, professor, preciso ir.

Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, senti seu corpo se inclinar até mim e me dar um singelo beijo quase no canto de meus lábios, por um segundo senti a maciez de seus lábios em minha pele.

A garota se afastou em passos rápidos para fora da sala deixando-me ali, sozinho, bobo, desnorteado. Senti uma quentura em meu corpo, Deus, estava excitado. Porra, eu estava excitado por uma adolescente, eu estava desejando uma adolescente… merda.

Afrouxo minha gravata marrom e penso em quão ferrado estou.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler.



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