Hyuuga escrita por SBFernanda


Capítulo 1
Único: Hyuuga


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal!

Essa é uma história escrita para o especial de dia dos pais. Sei que o objetivo era fazer mais sobre a família Uzumaki, mas eu sempre quis mostrar um lado do Hiashi que sempre acreditei existir e que, com Boruto, ele se mostrou bem real. Não esperem que ele vai ser tão escandaloso, mas esperem um Hiashi bem reflexivo aqui.

Espero que, mesmo não focando em NaruHina aqui, apreciem a história. A escrevi de todo o coração e tentei ao máximo encaixar na personalidade de Hiashi. Espero que gostem.

Obrigada e boa leitura!



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Hyuuga

Escrito por SBFernanda

 

Ele aprendeu que ser um Hyuuga era ser sério. Era não demonstrar seus sentimentos. E ele foi assim durante muito tempo. Até ela chegar em sua vida.

Quando sua primeira filha nasceu, com feições de anjo e passando paz e amor para ele como nunca antes tinha imaginado, Hiashi Hyuuga teve a primeira prova de resistência de sua vida. Pois essa foi a mais difícil de se cumprir.

Hinata era toda delicada, como a mãe. Ela era capaz de trazer paz apenas por ele a olhar e seu coração se aquecia cada vez que fazia isso. Hinata se tornou o seu anjo assim que a viu pela primeira vez e ele soube, tanto quanto sabia que o seu sobrenome era Hyuuga, que ela seria forte, que seria o seu maior orgulho.

E talvez seja por isso que ele se decepcionou tanto com ela.

Quando a mãe de Hinata faleceu, pouco depois de dar a luz à segunda filha do casal, a filha mais velha se apagou. Ela, que sempre tinha sido uma criança quieta e tímida, se tornou fechada para o mundo, com medo de agir. Essa falta de ação incomodava Hiashi. Ele não queria uma filha que não se destacasse. Ele queria que ela cumprisse o que ele sonhara para ela.

E foi por desejar demais que ela fosse algo que ele idealizara, que se decepcionou. Se decepcionou a ponto de passar a investir apenas na filha mais nova, de admirar mais até mesmo o sobrinho que tanto o odiava. Todos se mostravam mais fortes e mais brilhantes do que o seu pequeno anjo.

Por muitos anos, mais do que ele se orgulhava em admitir, essa decepção tomou forma de frieza, de rancor e até mesmo mágoa. Para Hiashi, a culpa era dela por não se esforçar.

E ele tinha tentando fazer com que ela ganhasse aquele brilho. Colocara a filha para lutar com a mais nova... E ainda assim ela perdia. Mesmo na academia ninja ela não se mostrou tão excepcional quanto esperava, ou quanto o seu sobrinho prodígio. Ela era uma estrela apagada.

Os Hyuugas então, através dele, ganharam a fama de frios e até mesmo calculistas. As pessoas os temiam, mesmo que alguns não soubessem explicar por que. Ele viu, durante toda a infância de Hinata, esse mesmo temor em seus olhos.

Um temor que se misturava a tristeza de não dar orgulho, de não ser tão amada quanto a irmã era, de não receber o mesmo olhar que ela. Não era inveja, era tristeza. E Hiashi só foi perceber isso muitos anos depois, quando já havia causado muita dor e mágoa a seu pequeno anjo.

Ele observou ela se tornar uma moça. Viu a força crescer nela, ainda que não fosse como a das duas pessoas que a cercavam, e sua pequena menina permanecer tímida aos olhos de todos, inclusive de alguns membros da família.

Viu, também, ela fazer amigos. Amigos que eram também companheiros de equipe, que a protegiam quando saíam juntos e que comemoravam suas vitórias. Amigos que a ajudaram a se tornar uma pessoa mais forte, assim como uma ninja mais forte.

Hiashi viu Hinata ganhar uma mãe em forma de professora, de mestre e exemplo. Kurenai ganhou um espaço grande no coração de sua filha, um espaço que mereceu devido ao carinho que dava para a moça desde sua juventude. Aquele foi também o primeiro momento em que Hiashi Hyuuga se questionou quanto ao tratamento que dava à filha mais velha, sobre o quanto de expectativa tinha posto em um bebê que tinha acabado de nascer.

Foi através das ações de Kurenai que Hiashi questionou-se. E foi através de Neji que ele viu como estivera errado durante muito tempo.

Mesmo com tamanho ódio por ele e por sua família “principal”, Neji se aproximou de Hinata, jurou protege-la e se tornou, ao longo do tempo, um irmão mais velho que a filha nunca teve. Apesar de muito parecer consigo, Neji conseguia demonstrar preocupação através de suas ações. Ele também poderia ser assim?

Foi enquanto refletia sobre aquilo, sobre como ele podia ser apesar de tudo o que crescera aprendendo que houve a primeira perda em sua família. A Guerra estava acontecendo e nunca se sabia quem sobreviveria e quem não. E, daquela vez, quem se foi, protegendo Hinata, não porque era o seu dever como membro da família secundária, mas porque ele a amava como uma irmã que ela se tornou, foi Neji.

Uma perda que o afetou mais do que jamais imaginaria, assim como não conseguiria dizer. Que afetou também as suas duas filhas. Mas, também, uma perda que o fez decidir-se por não mais esconder-se.

Ele se preocupava com Hinata da mesma forma como sempre se preocupou com Hanabi. Hinata nunca deixou de ser seu anjo, apesar da decepção que ele mesmo se impôs. E ele soube que, caso Neji não estivesse lá, caso ele não tivesse escolhido aquele destino, ele teria perdido a sua filha. Hinata teria ido sem saber o quanto era importante.

Ela lembrava a mãe em muitos traços. Mas lembrava muito mais no seu jeito meio de ser. Ela era diferente de qualquer Hyuuga que Hiashi se socializou durante muito tempo. Ela não tinha medo de demonstrar atenção, amor, compaixão e preocupação. Ela nunca havia se escondido atrás da frieza. E Hinata lhe lembrava ela em todas essas coisas.

No fim das contas, ele soube que a grande decepção sempre havia sido ele mesmo.

Foi difícil se aproximar da filha depois de tantos anos a desprezando, ou ao menos demonstrando não se importar. Hinata ficou surpresa quando o pai a chamou e conversou com ela para saber o que pensava sobre determinado assunto e, também, para saber como ela estava.

A passos de tartaruga, ele conseguia mostrar mais sua atenção a ela. Os jantares, quando todos estavam em casa, aconteciam com a família toda reunida e ele mesmo passou a acompanhar os treinos de Hinata, observando o quanto ela havia crescido longe dos seus olhos. Ela se tornou o seu orgulho, por ter se superado mesmo sem qualquer apoio.

Mas como se o destino tivesse resolvido brincar com ele, quando as coisas estavam ficando melhores, Hanabi foi sequestrada. E aquele foi o primeiro momento em que Hiashi Hyuuga se mostrou realmente abalado.

Aquele foi o momento mais angustiante de sua vida. Suas duas filhas estavam à mercê do destino, contando apenas com suas habilidades e de seus amigos para conseguirem voltar para casa. Longe dele. Teriam sido os últimos anos suficientes para que elas nunca tivessem dúvidas do que ele realmente sentia por elas?

Quando as duas voltaram, sãs e salvas, Hiashi estava decidido a ser um pai mais presente. E ele foi. Tão presente que notou a aproximação que aconteceu entre sua menina mais velha e o Uzumaki.

Como qualquer pai, coisa que ele não sabia ser normal, Hiashi se sentiu trocado. Quando decidiu ser o pai que Hinata sempre desejou, ela estava pronta para ser mulher, para ter uma família. Ele estava perdido em como se portar.

Namorar o herói de Konoha era um título de peso e sabia que Hinata não estava ali para isso. Ela nunca quis atenção desta forma. Via a filha se esconder e corar, ficar encabulada com as perguntas e pedir perdão diversas vezes quando essas eram feitas diretamente a Hiashi. Ele não se opôs. Como poderia? Os olhos de Hinata brilhavam por aquele garoto.

O verdadeiro choque de realidade, porém, veio quando Naruto foi pedir a mão de sua menina em casamento. As coisas entre a família Hyuuga estavam muito melhores do que jamais fora. Hiashi ainda era sério, ainda tinha dificuldade em conversar e demonstrar suas emoções, mas isso não o impedia mais de mostrar que estava preocupado e atento a cada uma delas.

Concedida a bênção para o casamento, Naruto e Hinata começaram os preparativos. Hiashi deixou tudo e todos do clã à disposição da filha. Mas ele via que ela fazia questão de organizar tudo pessoalmente, por mais que a desgastasse. Era o sonho de sua menina se casar com aquele rapaz. E ele só foi descobrir isso quando a ouviu dizer à irmã.

Em toda a vila as pessoas falavam sobre o casamento, sobre os presentes que dariam e sobre o quanto gostavam do casal. Aquilo fez Hiashi se perguntar que tipo de pai estava sendo naquele momento, sem estar presente a ajudando. Hinata não tinha a mãe. Ele era a sua família.

Em um dia à noite, ela estava terminando de planejar o buffet, anotando tudo em um pedaço de papel, quando Hiashi se sentou de frente para ela. No mesmo instante Hinata parou o que fazia e esperou que ele dissesse alguma coisa.

— Gostaria de lhe ajudar. Sinto que nada estou fazendo e isso não é papel de um pai. — Seu tom de voz era formal e aquilo, para sua surpresa, fez com que a filha risse.

— Papai, faz mais do que o suficiente. — Antes que ele pudesse pensar em algo para dizer, Hinata continuou: — Deu-me sua benção, isso é o que há de mais valioso que um pai pode dar à sua filha.

Aquelas simples palavras, ditas de forma tão sincera e com um sorriso tão gentil, conseguiram tirar todos os argumentos que Hiashi pudesse estar pensando. Ele simplesmente acenou em uma confirmação, sentindo seu interior esquentar.

Ele não sabia, mas o que sentia por Hinata não era apenas orgulho por quem ela havia se tornado, mas, também, amor. Ele amava o seu pequeno anjo, mesmo sem admitir isso mesmo em seu pensamento.

Hinata se levantou e fez uma pequena reverência em respeito antes de sair. E ele ficou só, olhando a lista perfeitamente escrita e planejada por sua menina... Que agora era uma mulher.

Aceitar que não teria mais Hinata pela casa, andando, treinando, rindo baixo e, a seu modo, cuidando deles, era o que mais deixava Hiashi tenso nas últimas semanas. Os dias que antecederam ao casamento foram tristes para o líder dos Hyuugas, tanto que sua filha mais nova notou.

— Papai? — ela o chamou, entrando no escritório. ­— Eu bati, mas não me respondeu.

Hanabi, apesar de muito forte, ainda era uma criança, e agora ele via isso que Hinata sempre dizia. Ela se portava como adulta naquele momento, todavia.

— O que quer? Precisa de algo?

— Preciso saber quando vai dizer à Hinata que sentirá falta dela nessa casa e que ela sempre poderá visitá-lo.

— Hanabi...

— Papai, não precisa ser um Hyuuga com uma Hyuuga. — Ela tinha um sorriso no rosto que o deixava encabulado. — Sei o que é se fazer de forte, porque isso nos é exigido. Mas Hinata já quebrou isso. E ela precisa saber, papai.

Hiashi se inclinou sobre a mesa, encarando a filha a todo instante enquanto o fazia. Hanabi não fraquejou, devolvendo o olhar com firmeza.

— Quando iria imaginar que minha garotinha iria me dar conselhos?

— Não sou criança, papai! — reclamou, mas tinha uma cara emburrada e com bico, como criança que era.

— É claro que é. Para os pais, os filhos sempre são crianças. — Hiashi se levantou. Ele tinha um tom de voz gentil, porém, ainda estava sério. — Venha, vamos aproveitar que sua irmã está em casa para comermos juntos.

Apesar de não ter feito o que Hanabi disse, Hiashi pensou muito nas palavras sábias de sua filha mais nova. Em breve a vida de Hinata mudaria, em breve ela estaria morando e cuidando de Naruto e, muito provavelmente, eles teriam filhos logo.

Filhos. Seus netos.

Pensar que dali a algum tempo ele teria netos fez com que algo dentro de si se aquecesse novamente. E desta vez, Hiashi soube identificar. Ele queria que os seus netos soubessem que eram bem vindos naquela casa, queria acompanhar seu crescimento.

No dia do casamento de Hinata, o último dia, a seu ver, em que teria a chance de ser para ela o que ela sempre quis, Hiashi estava nervoso. Hanabi estava ansiosa para ver sua irmã novamente e por isso o apressava para ir busca-la.

Quando os dois entraram na sala em que o casal se encontrava, Hiashi não conseguiu sequer olhar para o genro. Ainda de costas, Hinata parecia mesmo um anjo sem asas. Vestida de branco, com o cabelo preso. Hanabi a chamou e ela se virou, dando a visão que fez Hiashi segurar a emoção.

Ela estava com a mesma expressão de quando a viu pela primeira vez. Serena, calma e aparentando toda a felicidade e pureza do mundo. Estava mesmo entregando um anjo a Naruto Uzumaki. O seu anjo.

— Ela não está linda, papai? — Hanabi perguntou, o olhando.

Ele não conseguia falar. Queria dizer que era a mulher mais linda que já vira, que era a noiva mais linda que já vira, mas não conseguiu. Naqueles segundos, percebeu o olhar de Hinata em si, ansiosa para saber o que ele pensava dela. Naquele momento, ele soube que ela realmente precisava ouvir algo dele.

Mas não conseguiu.

Em vez disso, Hiashi deu um pequeno e raro sorriso, acenando com a cabeça em confirmação.

Lágrimas brotaram nos olhos de sua linda filha. Ela nunca tinha recebido um sorriso tão gentil de seu pai e saber que ele estava assim por ela, era, claramente, emocionante.

Os noivos saíram, Hiashi e Hanabi logo atrás. Antes, porém, que atingissem o lado de fora, o Hyuuga os parou.

— Uzumaki — chamou a Naruto. O loiro se virou, desta vez se mostrando nervoso. — Estou lhe entregando minha filha, uma pessoa maravilhosa. Não faça como eu, não demore a ver o quão orgulhoso devemos ser por tê-la em nossa família.

Naruto abriu um grande sorriso, ainda segurando a mão de Hinata.

— Sim, senhor. — Se havia algo que Naruto tinha era orgulho de quem Hinata era.

— Hinata... — A voz se tornou mais baixa e mais gentil. — Espero que perdoe seu velho pai por demorar tanto e que se lembre que sempre será uma Hyuuga também.

Hinata soltou a mão de Naruto. Era a primeira vez que ela se arriscaria a fazer algo assim. Pegou as mãos de Hiashi e sorriu ao encarar seu pai.

— E eu sempre estarei presente em sua vida, papai. Obrigada por suas palavras e por sua benção nesse momento.

Os dois trocaram olhares por alguns segundo mais, antes de Hinata fazer a sua comum reverência em respeito ao pai e se juntar a Naruto novamente.

— Seja feliz, minha filha.

 

Hiashi soube que ser um Hyuuga era, na verdade, ter orgulho de sua família, era proteger os seus e amá-los, sendo fácil ou não demonstrar isso. Ele soube que depois dela, nada mais seria como antes.

E soube também, naquele momento, que seu pequeno anjo agora já era um grande anjo, capaz de ser feliz e trazer alegria para todos a volta.


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