Capítulo 2

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Por um momento tudo estava bem, eu olhava o horizonte e via o céu colorido além de um verde a refletir, conhecia aquele lugar como a palma da minha mão. Brinquei muito com meus primos nesse lugar. Nas férias sempre íamos até lá. Olho ao lado e vejo minha menina feliz, era o fim do verão estávamos brincando de jogar pedrinhas no lago e conversando, ela estava animada na outra semana teria a volta ás aulas. Aquela menina parecia uma boneca vestia um vestido leve e florido, antes eu tinha trançado seu cabelo loiro e colocado uma fita, ela estava linda, além de usar as sandálias que nossa mãe tinha dado a ela no natal, um presente que ela tinha adorado.

—Vai ficar tudo bem garanto que vai fazer muitos amigos — Joguei uma pedrinha e olhei para ela, que sorria ainda olhando o lago, que não era muito longe da casa.

—Vai dar tudo certo né Isa?— Disse sorrindo e vindo ao meu lado. Logo seria a volta das aulas e ela estava nervosa com sua troca de escola.

—É claro que sim! — Olhei para ela, que começou rir sem parar.

—Que foi? — Pergunto olhando em seus olhos, que eram claros assim como o do nosso pai, ela não para de rir.

—É que você está com o rosto sujo — Falava ainda rindo.

Passo a mão no rosto sorrindo também — Qual é nem tem graça! — Olho pra ela que parou de rir mais continua com seu olhar travesso. Começo a correr ela também me acompanha, batemos corrida até a porta da casa que era de certo modo bem grande, acabamos parando ofegantes, vó Helena nos olha de lado percebendo nossa presença.

—Que bom que vieram meninas! Acabo de tirar um bolo de cenoura do forno e o cheiro está ótimo! — Fala sorrindo e cheirando o ar.

Farejo o ar e suspiro nós duas adorávamos os bolos que nossa vó fazia.

—Vão lavar as mãos e venham comer, enquanto faço café!

Vó Helena é muito bonita para sua idade e amorosa, adora mimar os netos.

Quando volto olho o bolo e o levo a boca.

...

E assim acordo, frustrada e no chão, tinha acabado de cair da cama, olho ao meu redor vejo que está escuro e sinto tanta saudade daquela época, percebo que foi mais que um sonho, foi uma lembrança. Suspiro lembrando de seu rosto daqueles olhos marcantes que fizeram e ainda fazem tanta falta.

Levanto e vou até o banheiro tentando não fazer barulho, quando ligo a luz me olho no espelho. Não sou muito alta, tenho 26 anos, meus cabelos são de um castanho escuro igual meus olhos.

Assim lembro de algo, novamente com ela:

...

Morena? Onde você estava? — Me olha com aqueles olhos claros e com cara de interrogação, sorrio pra ela.

—Tinha saído pra ir ao mercado — Disse a analisando, ela sabia que não era muito longe, e fui em direção a mesa, arrumei as sacolas encima da mesma e virei para olhar seu rosto — Por que?

—Queria ter ido junto! — Fala fazendo beicinho, ainda mais com aqueles olhos.

—Mamãe disse que você ainda não tinha terminado a tarefa — Falo arrumando as coisas da mesa, ela me olha e sorri depois diz baixinho.

—E ainda não terminei, só não conte pra ela!

—Que coisa feia Sofia! — Falo no mesmo tom que ela — Quer ajuda?

Então sorrimos em segredo.

...

Sempre a amei ela, tanto que ela acabou se tornando uma peça valiosa nessa minha vida e na minha profissão. Quando volto meu pensamento e observo novamente o espelho percebo que lágrimas dessem pelo meu rosto, me sinto leve, não sinto tanto a dor que antes sentia, o cansaço vem me batendo e olho em direção ao box, decido tomar um banho. Depois de sair do chuveiro e me vestir, tento voltar a dormir então ouço uma batida na porta.

—Tudo bem? — Meu pai pergunta, com cara de sono. Olho pra ele, então ele se aproxima mesmo assim não respondo.

—Não fique assim querida! — Ele fala ao me abraçar — Também sinto falta delas.

Ficamos abraçados e quando percebo a sono me bate, deito enquanto ele fica a mexer no meu cabelo.

De manhã acordo e olho ao redor já sabendo que estou sozinha novamente, procuro meu celular para ver a hora. Demoro um pouco pois meu quarto está bem bagunçado, vou até a janela e puxo a cortina olhando o sol nascer, no dia que parecia mais que perfeito, volto a procurar meu celular e quando acho o que queria me surpreendo ao perceber que me acordei mais sedo que o comum, do mesmo jeito levanto e vou para cozinha, já sabendo que não voltaria dormir se tentasse. Faço café e fico a pensar até escutar um barulho, saio dos meus devaneios e olho na direção o som.

—Pai? tudo bem? Pai? — Chego no seu quarto e me assusto ao ver meu pai meio escorado a cama — Pai o que houve? O senhor está bem? — Digo tentando lhe ajudar, o observo e percebo que está branco como uma folha. Depois de sentar e respirar fundo sua cor vai voltando, mas ainda parece abalado.

—Estou bem foi só uma queda de pressão! — Ele fala meio atordoado ainda.

—Vamos vou leva-lo ao hospital!

—Pare com isso menina já estou bem! — Fala com cara feia.

—Não estou perguntando, me de cinco minutos que resolvo tudo, fique aqui!

Levanto apressada, pego meu celular e ligo no telefone particular da Laís.

—Atende, atende alô! Laís? Flávio? O que tá fazendo com o celular da Laís? Tá deixe pra lá eu preciso de um favor, é meio urgente.

Digo olhando em direção do meu pai que parecia melhor, mas não iria mudar de ideia.

—Você sabe se o Gabriel está de plantão? — Falo nervosa torcendo que ele estivesse de plantão.

Ele era o médico cardiologista que o acompanhava, os sintomas que ele estava não me deixavam nem um pouco animada. Os sinais como fadiga e sonolência, falta de ar, fraqueza, tontura, suor frio, entre outros, são chamados de pré-infarto.

—Que bom, vá até ele e fale que meu pai passou mal e que chego ai em quinze minutos, e obrigada. — Assim desligo a ligação.

—Bela para com isso, nem é pra tanto! — Ele fala mais observo que sem muita convicção.

—Cadê a chave? A chave do carro ? — Falo já procurando a chave.

—Eu não vou dar! Você está nervosa não vou deixar você dirigir! —Ele fala agora com o semblante sério e com nervosismo.

—Pense Isa pense!Já sei! — Acabo tendo uma ideia e saio rápido, pois não posso demorar.

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