Mudanças escrita por carolze


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Só posso dizer que no capítulo de hoje tem uma boa surpresa!
Boa leitura :)



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Cecilia não era iludida em achar que tudo seria fácil, não, não. Ela tinha ideia do quanto essa adaptação podia ser complicada. E foi. Pelo menos na primeira semana.
Cecilia chegara pela primeira vez, meia hora atrasada no trabalho. Dulce se recusou a entrar em sala de aula sem Cecilia, o que ela poderia fazer? Teve que ir junto, colocar a menina no lugar e explica-la novamente que no final do dia ela ficaria com a Ana e as meninas, até que ela chegasse do trabalho. Feita a promessa de que ela iria sim pra casa e ganhar mais abraços e beijos, se despediram e Cecilia foi trabalhar, atrasada mas chegou.

O senhor Lários só a olhou, ela pensou em contar o que estava acontecendo, o motivo do atraso. Mas depois do que houve da ultima vez, e quando o mesmo lhe disse, que pouco se importava com seus problemas pessoais, ela calou-se e seguiu com o dia. Que correu.
Saiu do trabalho mais cedo, e a sensação de chegar em casa e ter alguém esperando por você foi completamente diferente, foi divina.

Dulce a bombardeou sobre como foi seu dia. Falou das professoras, que amou a aula de canto, que na de artes estava fazendo uma caixinha e no meio do bombardeio, perguntou se elas poderiam ter um cachorro.
— É Cecilia, um cachorrinho. Eu vi um lindo hoje na pracinha quando voltava do colégio! Você devia ver!!
Falou com olhos brilhando, provavelmente já se imaginando brincando com ele.
— Dulce, nós não podemos ter um cachorro. Pelo menos não agora. Ele ia ficar triste, sozinho aqui o dia todo.
— Mas eu fico com ele depois da escola...
Já falou fazendo biquinho.
— Você também não pode ficar aqui o dia todo sozinha.
— Tudo bem. Dessa vez você ganhou! Mas eu não vou desistir não viu! E o seu dia? Foi legal?
— Aham... Foi bom sim.
— Você fez uma cara engraçada.
Falou sorrindo.
— Bom, é que eu tenho um chefe, que ele é emburrado. Não gosta que eu chegue atrasada. Como hoje.
— Foi minha culpa, me desculpa. Eu fiquei nervosa na escola.
— Tudo bem meu amor, eu entendo que você ficou nervosa. E outra ele só ficou emburrado, nem brigou.
Falei rindo e dando de ombros.
— Vai ver ele é triste Cecilia, ai ele fica com bico.
Disse fazendo um bico.
Cecilia que não aguentou, caiu na gargalhada. O melhor seria encerrar o assunto e as duas jantarem em paz.
— Bom, se ele é triste eu não sei. O que eu tenho certeza, é que eu tô morrendo de fome e sei que você também! Vamos jantar, e depois fazer lição de casa...
— Eu já fiz a lição de casa!
— Então depois vamos escolher um filme pra ver agarradinhas no sofá!
Falei fazendo uma dancinha e servindo a comida. Dulce gargalhou e foi um dos sons mais lindos da minha vida. Eu daria minha vida, pra que ela sempre fosse feliz. Faria o que fosse necessário.

E assim as semanas se passaram. Semanas que viraram meses. Tudo entrou na rotina, na mais perfeita ordem.

Mas todos sabem como são crianças. Muitas e muitas vezes elas aprontam.
E com a Dulce não era diferente. Por mais que antes da travessura, ela lembrou da mãe, que em sua cabeça já era mamãe mas ela tinha medo de dizer em voz alta, sempre lhe pedisse que se comportasse, aquela oportunidade era única. E assim, a tarde, Dulce com a ajuda da Adriana da Duda, e resolveram matar formigas. Mas isso usando o extintor de incêndio do colégio.
O que deu a maior confusão! Professoras correndo, meninas gritando! Todos achavam que a sala em questão estava pegando fogo! E como as meninas acharam engraçado, caíram na gargalhada ali mesmo. E ninguém menos que a diretora Maristela as encontrou.
Foram parar na direção. E isso não eram nem três da tarde.

— Vocês fazem ideia da confusão que causaram meninas? Isso seria caso pra expulsão! Não tolero esse tipo de comportamento aqui no colégio! O que vocês pensaram que estavam fazendo?
— Dulce por ter pensado em tudo, foi a primeira a falar.
Diretora, a gente só queria matar as formigas! Só isso! As outras meninas que começaram a correr e gritar!
— Eu vou chamar a mãe de vocês e ter uma conversa séria!
— Não diretora! A Cecilia tá trabalhando, ela não pode vir! O chefe dela é emburrado! Vai brigar!
— Então você deveria ter pensado na sua mãe antes de fazer isso. Ela vai sim, ter que vir aqui Dulce Maria e hoje!

Dulce Maria já pensou na broncona que iria levar. Isso se Cecilia não entregasse ela na policia pra ser mandada pra um orfanato. Já tava sentindo vontade de chorar, a “rabiga” ficou toda gelada.

A diretora pediu que as meninas fossem sentar do lado de fora da sala e aguardassem pelas mães, enquanto a mesma ligava para elas.

LIGAÇÃO ON

O celular de Cecilia começou a tocar, era do colégio da Dulce, o seu coração já apertou.

— Alô? Oi Diretora! Tá tudo bem com a Dulce? O que?
Cecilia quase não acreditou no que a diretora estava contando. Dulce Maria acionou o extintor de incêndio da escola pra matar formigas, e agora ela teria que ir até a escola.
— Claro diretora, eu entendo a situação. Eu vou estar ai o mais rápido possível. Claro que sim. Não eu entendo a urgência. Obrigada por ligar.

LIGAÇÃO OFF

Ela agora precisava falar com o chefe. Não seria fácil. Ela teria que pedir pra ir até a escola e ainda teria que trazer Dulce para o trabalho. Ana teria que conversar com Adriana e elas precisariam de privacidade. E lá foi ela, enfrentar o senhor emburrado.
— Senhor Lários, desculpe por interromper o seu trabalho mas eu preciso de um minutinho.
— Pode falar.
Falou isso, sem nem ao menos levantar a cabeça.
— Eu preciso dar uma saidinha. Acabaram de ligar da escola da minha filha, eu preciso ir até lá para busca-la. Juro que volto o mais rápido possível!

Falei tudo isso de olhos fechados, e quando abri o mesmo me olhava com uma cara estranha, não parecia raiva, parecia mais surpresa.

— Desculpe? Você falou filha?
— Sim senhor, é uma longa história. Eu poderia ir? Sua agenda tá bem tranquila agora a tarde, consequentemente a minha também. Eu volto rápido.
— Sim. Não demore por favor, temos a teleconferência no final do dia e vou precisar de você.
— Pode deixar.
Sorri pra ele e sai quase correndo da sala.

Eu não podia acreditar, a Cecilia tinha uma filha! Uma filha. Como isso nunca foi comentado. Não que eu seja do tipo de chefe que fique jogando conversa fora, mas um filho, é algo a se comentar. Ela não falou na entrevista, talvez por pensar que eu não daria o trabalho a ela. Se foi isso que pensou, ela estava certa. Não que ela não fosse uma excelente funcionária. Mas uma filha. E isso me incomodava. Não que eu fosse averso a crianças, mas ainda assim, tinha alguma coisa.

E ela me pedindo permissão pra sair de olhos fechados, achei uma graça. E no final de tudo, me dá aquele sorriso, sorriso esse que transborda até os olhos. Se afasta Gustavo, a mulher tem uma filha e é sua secretária. Nunca misture trabalho e prazer.

Cheguei no colégio em tempo recorde! Fui direto pra sala da diretora e chegando no corredor já vi as meninas, as três encontrava-se cabisbaixas. Mas Dulce estava com cara de desespero.
Parei na frente dela.
— Dulce.
— Cecilia! Eu não queria...
Já fui interrompendo. E falando séria.
— Vamos falar com a diretora, e depois nós duas vamos ter uma conversa.
Ela baixou a cabeça e pegou na minha mão. Entramos e falamos com a Diretora.
— Cecilia você sabe que eu infelizmente, não posso deixar isso passar em branco. Dulce fez algo serio. Poderia ter ferido alguém.
— Nós sabemos disso diretora. Eu vou falar com a minha filha.
Quando Dulce ouviu o “minha filha”, apesar da situação, ela levantou a a cabeça maravilhada.
— Cecilia a Dulce tá suspensa da escola nesse período da tarde e também na sexta-feira. Estamos entendidas Dulce Maria? Você poderia ter ferido alguém, ou se ferido.
— Desculpa diretora, eu prometo que juro, que nunca mais faço isso!
— Está desculpada mas o castigo continua. E vai pra suas amigas também.
— Mas elas só foram porque eu contei o que ia fazer, não castiga elas não.
— Elas também vão ser castigadas. As três aprontaram juntinhas e vão ser castigadas do mesmo jeito. Juntas. Até segunda-feira Dulce Maria.
— Até.
As duas saíram da sala, Dulce de mãos dadas com Cecilia, o coração disparado de tanto nervoso.
Quando passou pelas amigas, deu um tchauzinho. Elas também já estavam com as mães.

Cecilia pensou em tudo o que poderia dizer pra Dulce, nada que a diretora já não tivesse dito. Mas precisava repetir, garantir que ela não fizesse mais isso, colocasse os outros em perigo e principalmente, a si mesma. Sentaram no jardim da escola.
— Dulce, eu vou conversar seriamente com você.
— Cecilia, não me leva na polícia! Não me devolve pro orfanato por favor! Eu juro mamãe que nuca mais faço uma dessas. Mas não me devolve!
Cecilia no meio de tudo que ouviu o mais importante e que a emocionou foi o mamãe. Deve ser desse jeito que uma mãe se sente quando o filho diz essa palavra uma primeira vez.
Seus olhos marejaram.
— Não chora mamãe, eu prometo não fazer mais. Mas não chora que o meu coração doí.
— Eu não tô chorando pela a sua travessura. Tô chorando de alegria.
Cecilia abraçou Dulce e a mesma entendeu o motivo das lágrimas da mãe.
— Eu já te chamava de mamãe aqui na minha cabeça, mas tinha medo que você não gostasse, ai eu não falava. Mas hoje eu fiquei com muito medo e eu só queria você, minha mamãe.
Cecilia e Dulce se abraçaram mais uma vez.
— Eu te amo filha, E eu sempre vou te amar, independente da travessura que você venha a aprontar. Eu nunca vou te devolver, você é minha filha, o meu coração te escolheu, e nada nem ninguém nunca vai mudar isso. Você entendeu?
— Sim pi ri rim!
— Ótimo. Mas você sabe que errou hoje, que não devia ter feito o que fez. Que você poderia ter machucado alguém, ou pior, se machucado. Você tá de castigo.
— Eu tô sim, vou passar o dia em casa amanhã...
— Além disso, lembra do passeio que faríamos no sábado?
— A praia?
— Isso mesmo. Não vamos mais. Você vai ficar em casa todo o fim de semana, estudando o que perdeu hoje e os assuntos de amanhã. Estamos entendidas?

A carinha dela era de pura tristeza, Dulce estava radiante porque iríamos a praia, mas depois dessa de hoje. Ela tinha que entender o quanto errou. O passeio ficaria pra depois.
— Sim, eu entendi.
— Ótimo. Agora vamos, que a senhorita vai comigo pro escritório.
Ela sorrio.
— Mas nem adianta ficar toda animadinha, você vai ficar na minha sala e estudando. Nada de passeios.
— Tudo bem.

Saímos do colégio e fomos direto pro escritório. Assim que entramos, Silvana já foi perguntando se Dulce queria lápis pra colorir e se ela queria alguns desenhos. Já fui cortando a conversa e avisando que a mocinha estava de castigo. E que ficaria estudando na minha sala.

— Dulce, o meu chefe está na sala. Eu preciso que você fique quietinha. Tudo bem?
— Claro mamãe, eu faço boca de siri!

Assim que entramos na sala o Senhor Lários levantou-se da cadeira e se aproximou.

— Então você é a filha que andou aprontando?
Falou seriamente. Dulce Maria não pensou duas vezes e respondeu.
— E você é o chefe emburrado neh mamãe.
Minha cara ficou vermelha e tudo que eu queria era me esconder. Eu fiquei mortificada.
Gustavo não conseguia acreditar no que acabara de ouvir! Chefe emburrado?! Ele?!


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Notas finais do capítulo

Bom gente... Foi bem Dulce Maria o final dese capítulo!



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