Continue a nadar escrita por queijo e uvas passas


Capítulo 5
Capítulo 5




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Após dois meses de fugas de diretoras que pareciam fofinhas, mas eram verdadeiros monstros, a amizade dos dois estava fortalecida.

Numa quinta-feira de tarde, Louis ligou para Gabriel, convidando-o para jantar.

— E então, esse menino vem? — perguntou Otávio, da cozinha.

— Vem, sim.

— Que horas? — indagou Marcos, entrando na conversa.

— Às sete e meia.

— Esse menino é legal contigo? — Otávio olhou-o no fundo dos olhos, como se tentasse decifrá-lo.

— Claro. O único, aliás.

— Hum.

“‘Hum?’ O que isso quer dizer?” Louis estava estranhando muito a atitude dos pais. O que todas essas perguntas estranhas queriam dizer?

— E ele é bonito? — “Quê?”

— Acho que sim. — Marcos e Otávio trocaram olhares. O que aquilo significava?

A campainha tocou.

— Tô indo, Gabriel.

Ele correu até a porta, passou pelo espelho e conferiu a aparência, e abriu-a. — E aí, cara? Tudo tranquilo?

— Sim, Gabriel. E tu?

— Bem, né. — Risadinhas.

— Entra aí, Gabriel. A janta tá pronta.

— Beleza. Vamo entrando.

***

— Que trabalho é esse, Gabriel?

— Ah, sei lá, mano. Só sei que vamos ter que ir na escola de tarde e fazer umas pesquisas.

— Não pode ser outro dia?

— Não, é pra segunda.

— Mas eu não tava a fim de ir para a escola hoje.

— Pois é, tanto que nem foi na aula, né, senhor Louis?

— Por favor, né. — Risadas. — Mas ok, vou na aula hoje de tarde fazer essa desgraça.

Gabriel começou a cantar “aêêêê, que milagre”, o que acabou irritando Louis, que desligou o celular.

***

— Não, Hitler não era bonzinho, Gabriel.

— Era sim, cara. Olha essas fotos deles! Com essas... coisinhas.

— Crianças. — Não, aquilo não estava acontecendo. “Meu amigo é muito retardado, senhor!”

— E se não forem crianças? E se forem aliens da área 51?

“Deus, não.”

— Vamos deixar isso pra depois, porque, mano do céu, eu tô com fome. Vou ali na cantina comprar alguma coisa.

— Gabriel… São duas horas da tarde. Faz o que, duas horas, uma, desde que você almoçou?
— Mas eu tô com fome. Tchau. — Gabriel levantou-se e foi para a cantina da escola, deixando Louis sozinho na mesa da biblioteca.

— Ora, ora, ora. Mas quem está aqui? Se não é o viadinho que me rejeitou.

Louis virou-se e deu de cara com Amanda. De repente, um bando de pirralhos do 7° ano o cercou de todos os cantos da mesa.

— Vamos acabar com ele.

— Meu Deus, Amanda, isso é hilário. — Louis estava se segurando, mas, num impulso, começou a rir loucamente.

Amanda ficava com o rosto cada vez mais vermelho. Aos poucos foi se aproximando.

— Quem você pensa que é, hein, seu merda?! — Ela pegou-o pelo colarinho da camisa. — Você não passa de nada além de uma grande e fedida pilha de bosta. Viadinho que nem os pais, certeza. — Era algo que Louis jamais havia sentido: alguém olhando no olho e dizendo essas coisas. Pelas costas era uma coisa, mas cara a cara… Ele começou a lutar contra as lágrimas.


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