Continue a nadar escrita por queijo e uvas passas


Capítulo 3
Capítulo 3




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Louis congelou. Amanda, aquela garota bonitinha, mas completamente desconhecida, estava convidando-o para um encontro? Por quê?

— Eu… Hum… Sinto que… Ér, eu acho que não, viu, Amanda. Ahn… Acabamos de nos conhecer. — “O que eu faço, o que eu faço, o que eu faço, o que eu faço, senhor, me ajuda, que desespero, ela vai me odiar pra sempre depois dessa, ai, meu Deus.” Manter a respiração normal estava ficando difícil para Louis, além de que ele não parava de suar, o que dificultava ainda mais as coisas.

— Tudo bem — Não havia sido um “tudo bem” comum, mas sim um seco, pesado e de dar dó “tudo bem”. Ela baixou a cabeça, levantou-se da cadeira e foi embora do auditório.

— Mano do céu! Cê não devia ter feito isso. — Louis pulou do seu assento. Virou-se para trás e, logo na fileira atrás dele, estava sentado um tipo um tanto esquisito. Botinas de couro, camisa do AC/DC e calça jeans. Parecia que um furacão havia passado pelo seu cabelo. “Na verdade, pra ser justo com os furacões, nenhum seria capaz de fazer isso. Talvez um furacão, um tsunami, um terremoto e uma ventania juntos…”

— Por que eu não deveria ter feito isso? Aliás, isso o que? — “Quem esse garoto pensa que é pra se intrometer na minha vida?”

— Dispensar a Amanda. Ela é osso. Pode fazer da sua vida um inferno. Acredite, eu sei. Dispensei ela verão passado: ela não fazia, e nem faz, meu tipo. Aí espalhou uns boatos sobre mim. — Ele, então, virou o rosto para frente, como se estivesse realmente prestando atenção na palestra.

— Que boatos? — Ok, a curiosidade estava vencendo.

— Você não precisa saber.

— Tá. — Ele fazia todo aquele alarde e não queria abrir o jogo depois. Louis conhecia bem aquele tipo.

— Ei, cara, você parece legal, quer fugir dessa tortura?

— Eu... tô bem aqui.

— Ah, qual é. Vamos sair daqui. Fugir dessa desgraça.

Louis podia ter fingido que não tinha ouvido nada e ignorar o menino, contudo resolveu dar uma chance, tentando deixar a timidez de lado. “Fazer um amigo não deve ser a coisa mais terrível do mundo...” — E, hum, tem como fugir?

— Ué, claro que tem.

— Pensei que aqui fosse como o Inferno, que não tem escapatória — soltou Louis, logo se repreendendo. Ele tinha sim senso de humor, mas também tinha muita vergonha de fazer piadinhas e chamar a atenção. Para sua sorte, o garoto estranho recebeu bem a piada, explodindo numa risada.

— Ah, mano, eu gostei de você. Vamos. — Ele saltou da cadeira e se abaixou em seguida, começando a engatinhar no chão. Louis fez o mesmo, apesar de ter se atrapalhado um pouco, por não ter a “manha”.

Eles rastejaram-se pelo chão até o final do auditório, perto da porta de saída.

— Como vamos escapar? — Louis olhou nos olhos do menino — Os professores estão rondando a saída. A única saída.

O garoto pareceu pensar um pouco. “O que está passando na cabeça dele? Posso ver as engrenagens.”

— Tá, presta atenção agora: quando eu der o sinal, a gente corre.

— Sinal? — E ficava cada vez mais estranho.

— Significa que elas estão distraídas.

— Ok — disse Louis, não muito certo sobre o que ia fazer. Ele nunca tinha feito aquilo antes.

Eles esperaram por uns cinco minutos; Louis estava ficando sonolento já. O chão tinha um carpete pinicante e sujo, mas que de repente parecia tão macio…

Agora! — O garoto levantou-se e correu para a porta. Louis precisou se esforçar para fazer a mesma coisa, tentando seguir o ritmo dele.

Eles correram com toda a força que tinham, desviando das pessoas pelo caminho; seguiram corredor após corredor, procurando uma saída, algum lugar onde pudessem se esconder e escapar de uma punição.

Após alguns minutos, eles se encontraram numa encruzilhada. De um lado, a sala da diretora; do outro, a sala dos professores; logo adiante, o banheiro das meninas.

— Ei, por aqui, cara! Acho que sei onde podemos nos esconder. — Gabriel voltou um pouco por onde tinham vindo, virou à esquerda na enfermaria, seguiu em frente, virou à direita, à direita novamente, com Louis tentando acompanhá-lo. Haviam chegado a um armário velho de madeira. — Por favor, abre, abre — Louis o ouviu sussurrar. Ficou mexendo no cadeado por um minuto até que um clique foi ouvido em alto e bom som. Louis olhou de um lado para o outro. Não tinha ninguém.

O garoto abriu o armário e, para a surpresa do amigo, entrou nele. Fedia a naftalina e Veja. E não era por menos: era para guardar produtos de limpeza.— Ei, cara, vem aqui. Juro que não sou nenhum tarado, ou algo do tipo. — Ele deu uma risadinha. Louis, então, entrou no armário.

— Isso vai ficar estranho quando a gente tiver que sair do armário — disse Louis, se soltando um pouco mais, embora ainda fosse estranho para ele conversar normalmente com alguém.

— Meu Deus, mano, olha as ideias. — O garoto estava se matando de rir. Depois de alguns segundos, parou. Olhou pro lado, depois de volta para ele:

— Não somos da mesma sala, não somos?

— Acho que sim. Turma B?

— Turma B.

— Hum, eu não sei o seu nome, cara.

— Louis. E o seu?

— Gabriel.


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