A Caixa de Merlin escrita por Hanlia


Capítulo 4
Onde está Sir Cadogan?


Notas iniciais do capítulo

Enrolei eu sei aaaa.
Eu tô naquela fase que você tem várias ideias e não sabe direito como encaixar. Sim, vou dar essa desculpa.
Esse capítulo era pra ser bem grande, mas resolvi dividir. Não sei se é melhor assim, enfim, espero que gostem. yey



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/739888/chapter/4

As semanas que se passaram foram resumidas aos estudos, Evangeline lia tudo o que encontrava. Como os livros do primeiro ano eram inúteis, já que havia escassez de informação, a bruxa começou a ler livros avançados, desde “Numerologia e Gramática” até “Transfiguração Avançada” e “Estudos avançados no preparo de poções”.

Não demorou para a biblioteca ser um dos lugares mais visitados por ela, todo o tempo livre que lhe restava Evangeline perdia naquele local. Tudo isso apenas para tentar ler aquele maldito livro que a garota podia apostar que abriria a caixa. Quer dizer, deveria ter uma infinidade de informações mágicas naquelas paginas velhas, certo?

Como os Weasley tiveram a audácia de dar a ela uma caixa sem chave!? Uma porcaria de caixa que não abria com nenhum feitiço que ela conhecesse, e céus, como ela conhecia feitiços... Afinal passara semanas estudando. Ainda por cima ela tinha a marca da runa de Merlin, por suas barbas! Por que Merlin influenciava tanto a sua vida? Estava no livro, na caixa, nas figurinhas dos sapos de chocolate, até a madeira da varinha dela era igual à de Merlin. Era alguma espécie de peça que o destino lhe pregara? Podia até ser, lembrou-se de ter lido algo do tipo em “Esclarecendo o Futuro”, de Cassandra Vablatsky. Mas de qualquer forma, Evangeline abriria aquela caixa, nem que fosse a última coisa que fizesse.

A festa de Halloween ocorreu sem nenhuma novidade, exceto por uma sessão de histeria do professor de defesa contra as artes das trevas que jurava ter visto uma cobra gigante rastejando pelos banheiros, mas como a sanidade do professor era duvidosa, ninguém se importou muito. Provavelmente deve ter sido algum pesadelo esquisito ou só uma brincadeira mal sucedida de Halloween.

Evangeline também se distanciou muito de Samantha e Milla, apesar de não ter notado tal ato. Ela acordava cedo para tomar rapidamente o café da manhã e ir estudar na biblioteca, almoçava e ia à biblioteca, jantava e ia à biblioteca, dormia e pensava em qual seria o melhor assento da biblioteca. Nem os Weasley ela voltou a encontrar, mas bem que queria para dar uma boa e bela bronca neles. No entanto, estava completamente focada e fechada, não tinha tempo para esses assuntos banais.

— Evangeline! Evangelineee! — a voz carregada da indignação de Samantha acordou a bruxa de um transe de pensamentos esparsos. — Olá? Eu estou falando com você! Caramba... Quando você se tornou tão desligada? Isso é irritante, sério.

Evangeline inclinou levemente a cabeça na direção de Samantha, encarando-a pelo canto dos olhos absortamente, com um pudim de chocolate nas mãos. Ela possuía olheiras muito escuras, mas eram um certo charme, destacava seus olhos azuis.

— Eu tenho coisas mais importantes para me preocupar. — respondeu desinteressada e sem qualquer ânimo.

O local ficou até mais frio depois da resposta, mas coincidentemente, era só o Barão Sangrento que passava por lá.

— Mais importantes que eu? — questionou Samantha com as mãos na cintura pronta para proclamar um grande discurso. — Como se não bastasse ter me abandonado no Halloween...

— Posso abrir uma brecha para o seu ego. — interrompeu Evangeline a fim de evitar a preleção que estaria por vir, o tom da bruxa era tão sarcástico que Snape ficaria com inveja.

— Se eu não fosse uma ótima pessoa, te daria uma bela estuporada bem agora. Mas como EU estava dizendo, a Sonserina vai jogar contra a Grifinória hoje, é o primeiro jogo do ano e a gente precisa ver!

— Meh... Estudar vale mais o meu tempo.

— E quem disse que você tem opção, Evangeline? Você vai ir comigo assistir àquele jogo sim! Nem que eu tenha que te arrastar daquela porcaria empoeirada que você chama de biblioteca. Só tem nerds da Corvinal lá, não sei como você aguenta... — Samantha disse descontente e deu uma mordida furiosa na coitada da torrada.

— Que agressiva... Além disso, Milla é da Corvinal, lembra?

— A Milla não é como os outros, ela é superior, como a gente. E também, só sou agressiva quando preciso ser. — ela jogou o cabelo escorrido para trás.

— A tá, claaro que é. E eu só vou abrir essa exceção e ir com você porque gosto de quadribol, tem vários acidentes legais. Se não houver algum, você vai passar a noite ouvindo minhas lamentações.

Samantha deixou escapar uma risada em meio ao semblante sério, o que acabou abrindo um pouco o sorriso de Evangeline. Entretanto, nesse exato momento sentiram um gigante se posicionar entre as duas.

— Com isso você não precisa se preocupar, Hill. — disse Marcus Flint que havia passado atrás das bruxas e pegado parte da conversa. — A Sonserina possui um estilo próprio de jogo.

— Eu espero que sim. Na minha opinião, se não tem braço quebrado, nem é quadribol de verdade. — Evangeline respondeu prontamente, evitando contato visual.

Ele e os outros sonserinos, que pareciam ser da equipe de quadribol, divertiram-se com o comentário da bruxa e seguiram para uma parte distante da mesa, onde estava Stanislau Shunpike, e as espinhas dele também.

— As pessoas te amam por aqui, não acha? Você é tipo a nova celebridade da Sonserina. — Samantha disse sorrindo de lado.

— Você está exagerando, a única coisa que eu fiz até agora foi ser sincera. Sonserinos não estão acostumados com sinceridade, só isso. — disse a bruxa terminando de comer o pudim, se levantando.

— Sério que você já vai? Só pode estar brincando.

— Tenho coisas a fazer, quadros para procurar. Você não entenderia... — disse Evangeline se distanciando.

— Claro que não! Você nunca explica! — gritou Samantha da mesa, obtendo como resposta um sorriso corriqueiro de Evangeline que com passos rápidos ia em direção à saída do Salão Principal.

Em meio às escadas, Evangeline procurava o quadro de Sir Cadogan, que sabia que existia, só não sabia onde. Pedir ajuda aos outros quadros não adiantou muito, eles sempre apontavam para direções diferentes, pareciam estar tirando uma com a cara dela. Mas a bruxa precisava falar com o quadro, qualquer informação que ele tivesse sobre Merlin seria importante, afinal, eles eram amigos, certo? Foi ele quem o colocou na posição de Cavaleiro na Távola Redonda, apesar de não ter sido muito conhecido.

Quando se deu conta, estava num corredor do sétimo andar, acabou se perdendo com o vai e vem das escadas. Lá havia um grande quadro de uma mulher gorda e outros quadros menores, Evangeline aproveitou e examinou cada um deles. Nada de Sir Cadogan. Estava começando a ficar cansada quando levara um susto com o quadro da mulher que simplesmente se abriu, mostrando uma passagem na parede, da qual saíram dois alunos da Grifinória. Ambos encaravam Evangeline com estranheza.

— O que faz aqui? — o garoto mais novo de cabelos castanhos e curtos perguntou desconfiado.

— Não é comum ver alunos da Sonserina por aqui. Está perdida? — comentou o outro garoto com um sorriso despreocupado. Ele era sardento, ruivo e estranhamente familiar

— Perdida? Claro que não. Eu só estava procurando uma coisa, mas acho que não está por aqui mesmo... — a bruxa respondeu desconfortável com aquela situação, obviamente não iria admitir que estava perdida.

Evangeline não parava de olhar para o garoto ruivo, tinha quase certeza que já o vira em algum lugar. Ela o encarava tão firmemente, que o garoto começou a achar graça. Ele olhou para o outro bruxo sem falar nada, provavelmente pensando que ela era uma doida varrida, ao menos foi o que a bruxa imaginou quando percebeu o que estava fazendo.

—Talvez possamos ajudar. — disse ele bem-humorado, de certa forma parecia achar aquela situação cômica, tanto pela reação de Evangeline, quanto pela do seu colega que continuava desconfiado.

— O que?! — exclamou o garoto mais novo, que evitava ao máximo olhar nos olhos de Evangeline. — Não parece certo confiar numa bruxa da Sonserina justo num dia de jogo.

— Ei! O que quer dizer com isso? — Evangeline disse com irritação, cruzando os braços. — Não é por eu ser da Sonserina que isso me torna trapaceira.

O garoto coçou a cabeça, parecia bastante sem graça depois da resposta de Evangeline. Já o ruivo observava toda aquela cena contendo a risada.

— Que tal deixarmos isso de casas pra lá? Eu sou Carlinhos Weasley, e esse aqui é Olívio Wood.

— UM WEASLEY, EU SABIA! Quer dizer... Sou Evangeline Hill. — a bruxa pigarreou e desviou o olhar, após perceber sua empolgação ao descobrir quem era o garoto.

— Então você é a Evangeline! — disse Carlinhos em meio a risadas. — Fred e Jorge praticamente sumiram depois daquele mapa, e levaram o coitado do Lino com eles.

Olívio parecia muito confuso ao testemunhar toda aquela cena, Evangeline estava totalmente constrangida e Carlinhos estava apenas se divertindo.

— O que você estava procurando, afinal? — perguntou Olívio que parecia querer encerrar logo aquela conversa, mas tentando ser educado.

— Nada demais, só o quadro de Sir Cadogan... — Evangeline respondeu de imediato, sem olhar para o garoto. A presença dele a desconcertava de alguma forma.

Os garotos se entreolharam confusos, a bruxa se perguntou se realmente fora uma boa ideia contar a eles sobre o que ela queria. Mas se não dissesse nada, provavelmente pensariam que ela estava lá para espionar as estratégias do jogo ou algo assim, como se a Sonserina precisasse disso.

— Por quê? — o Weasley perguntou curioso.

— Tenho minhas razões, você vai-me falar onde fica ou não?

— Fica no final do corredor perto da sala de adivinhação, na Torre Norte... Mas ele tem uma personalidade forte. — Olívio respondeu rapidamente, e apontou a direção. O que era bom, já que o senso de direção de Evangeline era pior que o de um Trasgo numa aula de aritmância.

A bruxa se virou e saiu andando em direção à torre. Mas foi impedida por Carlinhos que parou em frente a ela com um sorriso torto no rosto.

— Não vai agradecer a ele?

Evangeline estapeou levemente a testa, como ela se esqueceu de agradecer? Ágata a mataria se a visse naquele momento. Se bem que Olívio Wood não foi o maior exemplo de simpatia que havia visto, porém ele a ajudou mesmo assim.

— Valeu. — ela deu um soquinho no braço de Olívio, definitivamente, foi o soquinho mais falso que já dera. Mas no fim pareceu amigável, estranho, mas amigável.

Carlinhos deixou escapar um riso abafado ao ver a cena, e Olívio também acabou por abrir um sorriso testemunhando aquele “agradecimento”. Evangeline queria somente sair de lá o mais rápido possível, sabia que a cena tinha sido ridícula. Até a mulher gorda sabia.

— Você vai assistir ao jogo, Evangeline? — Carlinhos tentou amenizar a situação para a bruxa. Evangeline concordou com a cabeça.

— Mas não vou desejar boa sorte a vocês, até porque eu quero que vocês percam.

Ambos os bruxos riram. Evangeline sorriu, os grifinórios não eram tão horríveis assim, ao menos não os que conhecera até agora. Ágata vivia falando mal deles, que eram esquentadinhos demais.

— Confesso que falaria o mesmo na sua situação. — disse Olívio pensativo.

Carlinhos assentiu, Evangeline acenou e seguiu em direção a Torre novamente, mas lembrou-se de algo e dessa vez impediu o Weasley de seguir seu rumo.

— Pode avisar ao Fred e ao Jorge que eu vou matar eles?

— Hum, acho que vai ter que entrar na fila... Mas aviso sim. — Carlinhos respondeu ainda com bom-humor e Evangeline seguiu, agora de fato, para a Torre Norte.

Evangeline chegou logo ao corredor onde Olívio havia informado a localização de Sir Cadogan, estava esgotada, Hogwarts era enorme. Olhou cada um dos quadros, até se deparar com um onde um pônei estava pastando. Lembrou-se da história em que Sir Cadogan enfrentou a Serpe de Wye, e deduziu que provavelmente aquele seria o pônei que ele utilizou, mas onde estava o cavaleiro?

Surgindo de outra pintura, o cavaleiro pulou nas ancas do pônei, mas este fugiu fazendo-lhe cair. O cavaleiro levantou atrapalhado com a armadura, possuía uma espada enorme apontada para Evangeline, e o capacete tapando sua visão.

— Afaste-se vilã, para trás! Não deixarei que invadas minha terra!

— Desculpe, não quis ofendê-lo, Sir Cadogan. Admiro sua coragem, não me atreveria a invadir suas terras.

— Ora, ora, a gentil senhora sabe o que diz. — Sir Cadogan mudou rapidamente de postura, estufando o peito e apoiando-se na espada que havia fincado no chão. Exatamente como Evangeline previra.

— Será que o senhor poderia me responder algumas perguntas? Só alguém muito corajoso é capaz de respondê-las.

— Mas é claro, é claro! Um coração nobre e fibras de aço, pode contar com Sir Cadogan sempre que houver problemas! — o cavaleiro ficava cada vez mais orgulhoso, exageradamente na verdade. Evangeline relevou, afinal ele era uma arte, era de se imaginar as personalidades exageradas.

— O que sabe sobre Merlin e seu livro, Sir Cadogan?

— Oh ho ho! Grande Merlin, grandes barbas. Era um bom homem, muito justo, por sinal. — Sir Cadogan falava de Merlin como qualquer pessoa. Não parecia ser alguém íntimo, nem sequer amigos.

Evangeline continuou perguntando mais coisas a fim de saber mais afundo sobre o bruxo, mas Sir Cadogan sempre fazia o mesmo discurso, elogiando-o por seus feitos. Não citou nada sobre livro algum, nem sobre caixas, nem sobre o tempo em que estudaram em Hogwarts. Seria Sir Cadogan uma farsa? A bruxa praticamente fez o cavaleiro falar sobre tudo que tinha pra falar, mas nada o que ele dizia tinha interesse para ela. Conseguiu até uma longa história sobre como Sir Cadogan enfrentou a Serpe, mas nada relevante sobre Merlin.

— Não vai conseguir o que quer desta forma, Senhorita Evangeline. — uma voz calma surgiu ao lado de Evangeline. Era Dumbledore.

— Não entendo, Professor Dumbledore... Sir Cadogan chegou a existir?

— Existiu sim, um ótimo aluno da Grifinória creio eu. — afirmou Dumbledore sorrindo e arrumando os óculos em meia-lua. — Mas sabe, Senhorita, o grau pelo qual os retratos podem interagir com as pessoas ao serem observados, depende não somente da habilidade do pintor, mas também do poder da bruxa ou bruxo pintado. Sir Cadogan poderá até utilizar algumas  de suas frases favoritas, ou até mesmo falar sobre suas aventuras, além de poder imitar sua conduta em geral. Mas, infelizmente, ainda será só uma representação.

— Quer dizer que não importa o quanto eu converse, Sir Cadogan não será nada além da imaginação do artista sobre o real Sir Cadogan? — lamentou Evangeline decepcionada, dando um longo suspiro logo em seguida.

— Exatamente... Mas existem exceções.

A bruxa rapidamente voltou a atenção para Dumbledore, esperançosa.

— Aqueles retratos que conversam muito com o bruxo ou bruxa representados, tendem a formar uma personalidade mais fidedigna a realidade. É possível até formar discussões, digamos, interessantes... — Dumbledore olhou pensativo para cima, mexendo na longa barba, possivelmente lembrando-se de alguma de suas experiências.

— Ah, entendi... — Evangeline olhou para baixo, não sabia como aquilo poderia ser útil pra ela.

— Mas não fique desapontada, Evangeline, a Senhorita é uma bruxa inteligente, com certeza achará outra forma de encontrar as informações que precisa. — disse Dumbledore com um sorriso sincero. — Que tal me visitar mais tarde, após o jogo, é claro. Temos muito o que falar.

— Nós temos? — perguntou Evangeline confusa, Dumbledore parecia saber muito sobre tudo.

— Mais do que imagina.O que comeu hoje, Senhorita?

Era uma pergunta estranha, mas a bruxa respondeu mesmo assim.

— Pudim de chocolate, professor.

— Bela escolha, os pudins de Helga são ótimos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O que acharam? O próximo capítulo sairá rápido dessa vez.
É sério.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Caixa de Merlin" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.