Xanadu escrita por magalud


Capítulo 6
Capítulo 6




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  Parte II - Intervalo

Capítulo 6 - O louco homem imortal



Por um longo tempo, ele pareceu imerso apenas num oceano de dor sem fim. E desespero. E só o que ele queria era o fim, o fim da dor, o fim de tudo.


Rostos surgiam diante dele. Rostos distorcidos. O Lord das Trevas, Bellatrix Lestrange. Lucius Malfoy. Harry Potter. Remus Lupin. Hagrid.


Sua mãe, Eileen. Tobias. Sirius Black. James Potter. Lily, doce Lily.


Madame Pomfrey também aparecia distorcida, trazendo poções. Ele não sabia se bebia as poções de verdade ou se só sonhava que bebia as poções. Devia ser sonho. Ainda mais quando Madame Pomfrey se transformava em Sirius Black.


Severus não sabia dizer quanto tempo ele permaneceu distante da realidade. Até uma noite em que ele acordou e pareceu um pouco mais desperto. Estava num quarto, não na casinha de Hagrid. Talvez fosse outro sonho, pensou.


Com dificuldade, ele sentou-se na cama, os olhos acostumando-se rapidamente ao escuro e a uma fresta de luz que entrava por baixo da porta. Severus esforçou-se ainda mais para se levantar, e ouviu vozes atrás da porta. Ele não entendia o que as vozes diziam.


Severus andou até a porta, cambaleando. Sim, talvez ele estivesse sonhando. Achou que estava sonhando, quando abriu a porta e viu um corredor. A luz vinha de um outro aposento. Ele se segurou nas paredes para ir até lá.


E teve a certeza de que estava sonhando.


No tal aposento, uma sala de estar ou de visitas, ele viu as figuras de Sirius Black e Harry Potter conversando acaloradamente. Estranho que as palavras não estivessem claras para ele, e Severus sentiu que ia escorregar de novo para o sono. O Sirius de sonho de repente detectou a presença dele e alertou Harry. Os dois pareceram muito alarmados, mas Severus não viu mais nada, sentindo-se como se estivesse desmaiando no chão. Um pouco antes de perder totalmente os sentidos, Severus ficou admirado de como aquele chão (de madeira corrida, uma madeira escura e bem polida) parecia tão sólido quando ele bateu com a bochecha nele.


Aí, então, tudo ficou cinza.


o0o o0o o0o o0o o0o



Havia um incômodo danado no seu ventre. Lá, um pouco abaixo do umbigo. Uma dorzinha chata que o incomodava e não o deixava dormir. Severus abriu os olhos.


Sirius Black estava com gaze e esparadrapo, na mão, resmungando:


- Se ele ficasse quieto um minuto, isso seria bem mais fácil...


Severus não escondeu seu espanto. Aquilo parecia tão real!... Ele não estava sonhando, tinha certeza que não. Então... o que estava acontecendo ali?


A aparição o encarou, com igual espanto:


- Está acordado!


- Estou morto - concluiu Severus, falando para si mesmo. - Se isto é real, então eu morri.


Sirius terminou de fazer o curativo no abdômen de Severus, ralhando:


- Deixe de bobagem, Snape. Você, infelizmente, está muito vivo. E eu também.


- Não. Você morreu, Black. Entrou no Véu e morreu...


Com ar entediado, Sirius dirigiu-se à mesa de cabeceira e de lá pegou um frasquinho, que passou a Severus:


- Tome isso. Deve ajudar a fortalecê-lo, segundo Madame Pomfrey.


Severus o encarou, ainda sob o impacto de ver o homem morto. Sirius se sentou numa cadeira ali perto, explicando:


- Foi idéia de Dumbledore. Merlin sabe como eu briguei com ele por isso. Especialmente pensando em Harry, que sofreu tanto. Mas o bode velho insistiu que ninguém deveria saber que eu estava vivo. Foi ele quem me tirou do Véu. Não me pergunte como.


- E você tem ficado aqui esse tempo todo? Onde é aqui?


- Depois que me recuperei do Véu, demorou algum tempo a convencer Dumbledore a me integrar de novo à luta contra Voldemort. Passei a ter a vantagem de estar morto, para todos os efeitos. Só que, para me integrar de novo à Ordem, exigi que pelo menos meu namorado Remus soubesse que eu estava vivo. Ele ficou muito tempo fora, sob o pretexto de "tentar convencer colônias de lobisomens". Como se Greyback fosse deixar os lobisomens livres para se desprenderem de Voldemort...


- Lupin? Você ficou com Lupin aqui, como um ninho de amor canino?


O sarcasmo provocou um brilho de ódio assassino nos olhos de Sirius, e ele chegou a se erguer da cadeira. Mas depois Sirius simplesmente suspirou.


- Sim, pode dizer isso. Mas Dumbledore precisava de mim, ainda mais quando bolou o plano de descobrir as Horcruxes de Voldemort para dar fim àquela praga. Ele me nomeou Chefe Substituto da Ordem, o homem de sombra. Remus era meu segundo, meu homem de luz.


- Como eu não soube disso?


- Você não podia saber. Ao menos até que todas as Horcruxes fossem encontradas, e ele dependia de você totalmente para isso. Ele confiava em você. Eu sempre achei arriscado, mas no final ele estava certo. Você era o único que podia fazer o serviço. Só depois, quando fomos resgatar Harry e você foi encontrado, é que soubemos que seu papel de espião tinha sido descoberto.


Severus considerou aquela afirmação. Só então se deu conta de que estava pensando claro, como há meses não fazia. Levou a mão ao pescoço: sem coleira. Levou a mão à barriga: sem barriga.


O rosto dele deveria refletir sua confusão, porque Sirius respondeu à pergunta antes mesmo que ele a formulasse:


- Quando Voldemort foi morto, você instantaneamente foi atingido. A coleira mágica explodiu, e o bebê também foi afetado. Ambos eram visceralmente ligados a Voldemort. Morreram com ele. - Sirius abaixou a cabeça. - Houve... mais vítimas.


Severus encarou Sirius, reconhecendo a dor de uma grande perda. Ele balbuciou:


- Potter...


- Não, Harry está bem. Mas Remus... - Sirius não conseguiu completar a frase, abaixando a cabeça.


Severus ficou em silêncio. Ele conseguia ver, naquele momento, que Remus salvara sua vida. Ele gostaria de ter retribuído o gesto de alguma forma. Lamentou aquela morte, como nunca pensou que lamentaria a morte de um dos Marotos.


De repente, uma dúvida o atingiu no coração. Ele perguntou:


- E Hagrid?


Sirius manteve a cabeça baixa e não emitiu qualquer som, apenas fez sinal negativo com a cabeça. Severus sentiu mais ainda. Hagrid tinha sido um amigo, o único e verdadeiro amigo de que Severus podia se lembrar além de Dumbledore. Mais do que isso, Hagrid cuidara dele e o protegera de si mesmo.


Os dois ficaram em silêncio, cada um perdido em pensamentos diferentes. Como mal tinha se recuperado de uma cirurgia mágica de emergência, Severus voltou a se deitar e terminou pegando no sono.


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