Xanadu escrita por magalud


Capítulo 3
Capítulo 3




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Capítulo 3 - O tempo me esqueceu


- Você vai ser meu novo dono?


Hagrid encarou o homem na cama, intrigado.


- O que quer dizer, Professor?


- Eu não sou mais professor - Severus baixou o olhar. - Só estou perguntando se espera que eu o sirva.


- Você está doente - explicou Hagrid, que estava no fogão, preparando o que parecia ser um cozido. - Vou cuidar de você. Não precisa fazer nada.


- Se quiser que eu o sirva, vou precisar de ervas para fazer poções - continuou Severus. - Claro, poções não são necessárias. Mas ajudariam, por causa da diferença entre nós dois. Você é tão grande...


- Quando você estiver bom o suficiente para fazer poções, podemos voltar a falar disso. No momento, você precisa descansar muito. Deite-se e não se preocupe.


Severus virou-se de lado, de costas para Hagrid. O meio-gigante ficou com a impressão de que algo não estava certo naquele diálogo. Mas, como Severus precisava descansar, ele decidiu não insistir. Logo, a respiração profunda do outro fez o meio-gigante sorrir e continuar a preparar seu ensopado.


o0o o0o o0o


Severus olhou em volta. Hagrid estava sentado numa imensa poltrona, encordoando seu arco.


- Severus! - Ele abriu um sorriso imenso. - Está acordado! Quer comer alguma coisa?


- Não, obrigado.


- Você precisa se alimentar, Severus. É bom para o pequeno.


Por um instante, Hagrid achou ter visto revolta e rebeldia nos olhos pretos. Mas logo eles adquiriram o tom opaco, e Severus se ergueu, sentando-se na cama.


- Não precisa se levantar - adiantou-se o meio-gigante. - Eu faço isso num instante.


Realmente, em questão de minutos, Severus estava frente a frente com um prato fumegante de cozido com batatas. Sem qualquer vontade de comer, brincou com a comida.


- Quantos quartos têm essa casa?


- Só esse. Não preciso de muito.


Severus olhou em volta de novo e, sem uma palavra, desceu da cama, sentando-se no chão. Hagrid ficou confuso:


- Severus, o que está fazendo?


- Essa é a sua cama. Devo ficar no chão. O chão é o meu lugar.


- Mas que idéia é essa? De onde você tirou essas coisas?


Num reflexo, Severus encolheu-se todo, os braços tentando proteger a cabeça, o corpo tentando proteger o ventre. Hagrid arregalou os olhos ao se dar conta do que estava vendo.


Severus esperava ser espancado.


O meio-gigante horrorizou-se em imaginar o que tinha acontecido ao ex-professor durante seu cativeiro e ajoelhou-se ao lado dele. Tocou-o com muita suavidade.


- Está tudo bem, Severus. Você não fez nada de errado. Venha, volte para a cama. Você não vai ficar no chão.


Severus não resistiu quando foi erguido nos fortes braços, posto de volta na cama e alimentado como uma criança pequena, na boquinha. Não disse mais uma palavra. Hagrid estava cada vez mais preocupado com ele.


o0o o0o o0o


Assim que Severus fora descoberto como espião e preso, ele fora mantido numa cela miserável, estreita, úmida, fria e fedida. A verdade é que grande parte do mau cheiro tinha sido causada por ele mesmo, pois o local não tinha estrutura para que ele se livrasse corretamente de seus dejetos. Era terrível admitir que o fedor era nada comparado às sessões de tortura a que ele era submetido.


Severus precisou de todas as suas forças para não desejar morrer. Mas ele cumprira sua missão - descobrira todas as Horcruxes do Lord das Trevas e passara o segredo a Harry Potter. Infelizmente, no processo, ele se deixara ficar exposto, e caíra na armadilha preparada para pegar o traidor que o Lord desconfiava estar se criando em seu ninho de Death Eaters.


Voldemort nem sequer se dava ao trabalho de torturá-lo pessoalmente. Não, Macnair se deliciava fazendo isso, assistido pela insana Bellatrix. Mas todos tinham permissão para tirar uma casquinha. Severus jurava que seus "colegas" estavam descontando broncas de décadas. Seu corpo não tinha mais onde doer, por onde sangrar. Mais vezes do que ele gostaria de se lembrar, ele imaginou que estava morto ou à beira da morte. Eles sempre o reviviam, para renovar a violência.


A violência, aliás, era de diversas formas. Havia o uso de brinquedos, de instrumentos clássicos, de técnicas apuradas. Sexualmente, ele foi agredido de todas as formas possíveis e imagináveis - e algumas que ele nunca tinha imaginado. Foi servido para quem quisesse, ou estivesse disponível. Virou brinquedo, objeto, menos que um homem.


Isso demorou semanas. Severus imaginou que tivessem sido semanas difíceis, aquelas que ele era agredido e vilipendiado por seus ex-colegas Death Eaters. Em compensação, imaginou ter mantido sua sanidade - ao menos até certo ponto.


Mas aí Voldemort resolveu assumir sua punição. Severus descobriu, então, que até aquele instante seu sofrimento tinha sido mínimo.


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