Xanadu escrita por magalud


Capítulo 14
Capítulo 14




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Capítulo 14 - Jardins luminosos


- Eu quero pedir desculpas.


- Não tem do que se desculpar.


- Vou entender se você não quiser mais... mais...


- Não seja ridículo. Eu entrei nisso sabendo exatamente onde tinha me metido. Não vou parar agora.


- Droga, Snape. Você terminou não sendo nada daquilo que eu achava.


- Você também não é o celerado que eu pensava inicialmente. Mas você tem que admitir que teve momentos em que ficou bem próximo de ser um.


- Eu estou tentando me desculpar. Poderia ter fineza suficiente de me deixar terminar?


- É inútil. Já disse: não há do que se desculpar


- Quando eu penso que estamos nos dando bem...


- Não ouvi reclamações essa noite. - Risinho.


- Não estou falando disso, Snape. - Rosnado.


- Pensei que estávamos nos tratando pelos primeiros nomes, Sirius.


- Ah, você é impossível. - Sirius se ergueu. - Vou fazer o café. Hoje temos que renovar feitiços na lareira da casa de Harry, e vou precisar de sua ajuda, portanto, nada de ficar de papo para o ar!


Severus olhou-o sair do quarto e não reprimiu um sorrisinho. Para quem não o conhecia, era um sorrisinho cínico de sempre. Para os demais, era um sorriso muito atípico, cheio de afeição e ternura.



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A inauguração da casa de Harry ficaria eternamente gravada na lembrança de Severus. Em primeiro lugar, porque Harry deixara a decoração de seu lar a cargo do namorado. Por isso, a casa tinha uma aparência mais do que Slytherin. Pior do que isso: havia uma atmosfera decididamente Malfoy.


Finalmente, Severus pôde rever Draco. Os dois tinham sofrido muito no cativeiro. Lord Voldemort adorava se gabar a Severus sobre o que tinha feito a Draco. Uma vez apenas, quando Severus estava semimorto nas masmorras, Voldemort obrigara Draco a ir até ele.


O herdeiro dos Malfoy estava vestido como prostituta e fora obrigado a se oferecer para Severus. Era uma humilhação muito grande porque Severus era o rebotalho dos Death Eaters, menos que um cachorro, certamente muito abaixo de Wormtail. O rapaz, vestido com lingerie feminina, parecia ainda mais semimorto que ele, notara Severus na ocasião. Ele não quis pensar no que tinham feito a ele. Voldemort adorava agredir seus oponentes nos pontos mais fracos. No caso de Draco, era o orgulho e a imagem. O rapaz parecia mesmo mortificado.


Severus tentou não pensar naqueles momentos terríveis quando reviu Draco. Preferiu se concentrar no encontro entre o filho de Lucius Malfoy e Sirius. Foi memorável.


Ver Sirius Black constrangido e contido era uma experiência inigualável. O animago estava tão tenso que parecia a ponto de se quebrar. Severus estava achando aquilo muito divertido.


Observando com cuidado, mais tarde, Severus notou que a casa não tinha o ar pomposo dos Malfoy. Era melhor assim: Harry não parecia ser o tipo capaz de se sentir à vontade no fausto e ostentação. Foi refrescante ver que Draco tinha mudado seus conceitos. Estava mais tratável, mais maduro. Diplomático, também. Tanto que garantiu a Severus que não poria os pés em Xanadu sem assegurar total concordância com Sirius, para não magoar Harry.


Foi uma noite interessante.


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Outra noite interessante foi um jantar com o casal Potter-Malfoy em Xanadu. Não era qualquer ocasião especial, tanto que o cardápio foi despretensioso: lasanha. Mas a champanhe depois da sobremesa deveria ter alertado que havia algo no ar.


Harry estava esperando um filho. Sirius quase teve um ao saber disso.


Severus foi imediatamente recrutado como parteira e ginecologista. Não, eles não quiseram nem ouvir falar em voltar ao mundo bruxo.


O mais estranho é que, assim que o casal Potter deixara Xanadu, Sirius começou a interrogar Severus.


- O que você sabe sobre esse Malfoy?


- Como assim?


- Ele vai ser bom pai? Ele gosta de crianças?


- Nenhum Malfoy é especialmente carinhoso. Mas Draco parece muito dedicado a Harry. Suponho que ele vá ser dedicado à criança também. O que tem em mente?


- Só estou protegendo meu afilhado e meu... sobrinho. Quer dizer, é como se fosse meu sobrinho. E seu também, claro. Já que você era tão ligado a Lucius, Draco é como se fosse um sobrinho, não? Harry me disse que você protegia o garoto em Hogwarts.


- Não seja ridículo. Lucius não me suportava. Mas eu tinha que manter aparências com uma família como os Malfoy. É uma coisa Slytherin. Você é um Gryffindor, não sei se entende.


- Severus, esqueceu que eu sou um Black? É claro que eu entendo políticas de puro-sangues.


- Ótimo. Então, lembre-se: Draco é um Malfoy. Mesmo que tenha abandonado o sobrenome e seja tratado apenas como Potter, ele pensa como um Malfoy. Draco não ameaçaria seu próprio herdeiro.


- E por que ele não carregou um, ele mesmo? Não gostei dessa idéia de Harry estar grávido.


- O que me preocupa é que agora Draco é quem terá que ter contato com o mundo Muggle - dificilmente uma tarefa fácil para um Malfoy.


- Harry só está grávido, Severus, não doente. Ele pode sair de casa se quiser.


- Não entre Muggles, Sirius. Eles não têm experiência com homens grávidos. A visão pode alertá-los de que se trata de bruxos. E, pelo que eu li, o folclore desta parte do mundo reputa bruxos como raptores de crianças pequenas. Portanto, se ele for reconhecido como bruxo, e se algum tempo depois, ele aparecer com um bebê...


- Entendi. Você tem experiências com Muggles, não?


- O imprestável do meu pai era Muggle, se é o que tem em mente.


- Podia dar umas aulas para Malfoy? Não quero deixar Harry preocupado. Não no estado dele.


- Não podia se preocupar comigo? Sou eu que vou ter que dar uma de parteiro.


- Você vai se sair bem. Você sempre se sai bem.


- Desde quando?


- Desde sempre. Por que você acha que Dumbledore lhe confiava as coisas mais difíceis? Porque você fazia.


Severus o olhou, admirado. Ele se deu conta do quanto Dumbledore tentou convencer Sirius de que um ex-Death Eater não era um oxímoro. Alguma coisa tinha penetrado aquele crânio denso.


- Isso é um elogio?


- É. - Sirius revirou os olhos ao notar o ar sarcástico do outro. - Não se acostume. Não é todo dia que estou com esse bom humor, só porque vou ser tio.


- Se isso é bom humor... Você está uma pilha. O que foi? É o filho de Harry? Não é pelo bebê ser meio Malfoy, é? Não, não é. Você teria tido um ataque, não estaria tão... melancólico.


Foi aí que Severus se deu conta.


- Merlin, isso tem a ver com Lupin.


O animago perdeu a cor, de olhos arregalados.


- Merda, Severus. Por que você tem que ser tão observador?


Sirius se postou em frente à lareira, de costas para o outro. Severus se aproximou dele.


- Sim, é Remus. - A voz de Sirius era baixa. - Ele teria adorado saber a notícia. Ele adorava bebês. Posso até ver como ele estaria paparicando Harry. Estaria fazendo planos, ia querer montar um quarto aqui para quando o bebê viesse nos visitar. Ia se oferecer para ser babá sempre que eles quisessem. Droga, ele ia ficar mais animado do que os dois.


Severus chegou mais perto. Pôs uma mão no ombro de Sirius. Ele não se virou.


- Sim, ele ficaria animado.


- Você não se importa que eu fale dele?


- Já conversamos sobre isso. - Severus ignorou a dor no seu coração. - Vai melhorar.


Sirius não se virou, mas cobriu a mão de Severus com a sua, no seu ombro.


- Espero que tenha razão.


Aquela noite, o sexo foi memorável. Mas Sirius não gritou o nome de Remus. Estranhamente, Severus não achou nenhum consolo naquilo.


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