Dia Mau escrita por Labi


Capítulo 1
Único


Notas iniciais do capítulo

Eu queria tirar estes dois do meu sistema (são como duas velhas a discutir algures no fundo das minhas ideias) e queria fluff mas depois queria angst e de tanto que queria tudo que acabou por ficar uma bosta sem sentido. De qualquer das maneiras acho que ficou meio OOC e peço desculpa.



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O que Chuuya tinha a menos em altura Dazai tinha a mais de ego. Era esse o problema.

O moreno sorria depois uma implicação qualquer, um daqueles sorrisinhos que invejaria até o gato de Cheshire, e estava calmo aguardando a explosão do menor depois das suas piadas.

Chuuya bufou irritadiço dando-lhe uma cotovelada simbólica, "Tu és um grande filho da puta."

"Pelo menos sou grande em alguma coisa~"

"É a única coisa em que és grande." 

Dazai pousou uma mão sobre o coração numa falsa expressão de espanto e ofensa, "Que rude, Chu! Não foi isso que pareceu ainda agora--", desviou-se de outra cotovelada e fez um biquinho, apertando o abraço na cintura do menor.

"Calado."

"Sim senhor!", respondeu-lhe imitando o tom de voz de um soldado (continência incluída) e assim que baixou a mão pousou-a sobre os cabelos macios e longos do seu antigo parceiro. Ele ia ficar calado, sim. Mas Chuuya sabia que era uma questão de tempo até ele dizer alguma idiotice. Até lá, ia aproveitar o silêncio dele.

O ruivo relaxou de imediato no carinho, fechando os olhos e suspirando num contentamento leve ao concentrar-se no som calmo e ritmado dos batimentos cardíacos do detective assim como no cheirinho familiar que ele tinha.

 

Estava uma noite particularmente tempestuosa. Chovia de forma intensa lá fora e o barulho das gotas de água a baterem na janela era bem reconfortantes sobretudo para um membro da máfia depois de um dia inteiro numa missão difícil e desgastante. Tinha havido sangue (sempre havia), gritos, explosões... Foi por pouco que Chuuya não conseguiu reaver um carregamento importante de armas e nem queria imaginar o que Mori lhe faria perante um falhanço daquela dimensão.

Logo após anunciar ao seu boss os resultados da missão e ouvir um sermão, foi dispensado sem nem mais uma palavra porque para o líder da Port Máfia ele era apenas uma ferramenta como qualquer outra.

 

Exausto, sujo, encharcado e francamente aborrecido, o único lugar para onde Chuuya podia ir era para o apartamento de Dazai.

A nova vida do moreno permitia que ele vivesse quase como uma pessoa comum: com rotina, viver sem medo que o chefe lhe atirasse com um bisturi, uma casa própria, vida doméstica... E mesmo que quisesse negar a si mesmo, o ruivo sabia que passava mais tempo lá do que nos seus aposentos no dormitório da Máfia.

E quem o podia censurar?

 

É certo que Dazai o irritava, o deixava a tremer de raiva, com uma vontade louca de provocar um acidente que matasse aquela múmia insolente... Mas... Dazai também o conhecia melhor que qualquer outra pessoa. Nenhum dos dois era do tipo carinhoso e amável em demasia mas preocupavam-se um com o outro o suficiente para evitar o caos mental e a solidão mutua.

 

Foi só abrir a porta do apartamento e ver o baixinho a tremer de frio para que logo o puxasse para dentro, fazendo-o ficar perto do aquecedor sem nem perguntar uma palavra. Não era necessário.

Preparou-lhe um banho, emprestando-lhe alguma da sua roupa limpa confortável e assim que ele voltou, já limpo e quente, sentou-se no sofá sem grandes cerimónias. Dazai trouxe-lhe um café, deixando que o ruivo pousasse as pernas sobre o seu colo, e enquanto o outro bebia, aproveitou para fazer algumas implicações para aliviar o ambiente. Chuuya reclamava de volta mas era mais por hábito do que por azedume até porque era a primeira vez em semanas que tinha uma folga para poder estar com aquele homem irritante.

 

O que tinha começado por ser alguns comentários depressa se tornou numa luta de almofadas e de cócegas. Dali até à mão de Dazai misteriosamente subir por baixo da t-shirt velha que Chuuya tinha vestida foi uma questão de tempo e o ruivo não lhe negou os beijos, nem as mordidas leves que se iniciaram no seu lábio inferior e foram parar ao seu pescoço.

Dazai levara-o para o quarto com facilidade e sabia, melhor que ninguém, como ajudar a aliviar o stress do seu baixinho.

 

A vida na Máfia não era fácil e Dazai, o calculista e egoísta Dazai, sabia que algumas situações eram melhor ser esquecidas e ignoradas. Não adiantava desabafar sobre o medo de uma missão correr mal ou do medo da morte quando se tinha crescido num meio tão violento e onde falhar não era sequer uma possibilidade. Sabia como ajudar o seu antigo parceiro a esquecer o dia mau nem que fosse por uns momentos e era isso que faria.

 

A familiaridade e intimidade entre ambos era grande e Chuuya achava o toque de pele com pele e o cheirinho do perfume de Dazai bom demais ao ponto que por momentos, enquanto a boca do moreno se ocupava em deixar marcas pelo seu peito e ele estava calado, o menor quase desejava que o tempo parasse ali e eles pudessem ser só um casal comum a matar saudades um do outro.

Sem passado trágico, sem sangue derramado, sem habilidades.

Mas eles nem sequer eram um casal, fará um casal comum.

(Ou era isso que eles respondiam sempre que alguém perguntava se finalmente se tinham resolvido).

 

Dazai podia estar cheio de chupões pelo corpo - alguns em lugares menos ortodoxos até- mas negaria sempre o seu encantamento por Chuuya.

Chuuya podia sair do escritório com o cabelo todo despenteado e a camisa amarrotada seguido por um certo e determinado detective que assobiava feliz demais com a vida que negaria qualquer comentário sobre um possível romance.

Eles não mentiam.

Não era amor no sentido puro da palavra. Era carência, conforto, cuidado. Mas nunca amor.

Como podiam dois dos mais negros e sangrentos monstros do underground  serem sensíveis a algo tão puro e inocente como o amor?

 

 

Ainda assim, ali estava Dazai, enroscado junto daquele anão insuportável que o abraçava de maneira demasiado agradável enquanto suspirava pelo carinho.

Desde quando é que aquela presença perto de si lhe era tão agradável? Desde quando os dedos dele pareciam encaixar nos seus tão perfeitamente? Desde quando dava por si a olhar para ele distraído? Para todas as suas feições, sempre tão sérias, tão mal-humoradas. Mas valia a pena - porque a alma não é pequena- quando ele olhava para si e sorria, mesmo que discretamente. Bônus se sorrisse de uma das suas piadas.

 

Beijou-lhe levemente o ombro e apertou o abraço, usando a mão livre para lhe fazer carinho nas costas despidas.

 

"Podias vir comigo."

"Já disse que não sou adepto de duplo suicídio."

Ele riu, "Também não és uma lady bonita. Apesar de teres as pernas de uma~"

"Dazai..."

"Referia-me à Agência. Podias vir trabalhar comigo."

 

Houve um breve silêncio, seguido de um suspiro de Chuuya.

"Tu sabes que eu não posso deixar a Máfia. E que não quero ter de te aturar o dia inteiro."

"É uma honra ter-me por perto o dia todo."

"É um pesadelo."

"Ah Chu~ Também te amo."

Chuuya sorriu de lado, "Tem dias."

O detective mordeu-lhe o pescoço, virando-se para ficar sobre ele, "Nos dias maus?"

O sorriso do ruivo suavizou e ajeitou a sua posição para que ele pudesse ficar confortável ente as suas pernas mais uma vez.

"Nos piores."

 


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