Entre Casos e Cafés escrita por garotadeontem


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Olá! A história a seguir não segue o mesmo enredo da novela, aqui estou inventando livremente e escrevendo uma história para o meu casal favorito. Espero que gostem!



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Ele estava deitado no sofá desde quando Expedito o tinha deixado no apartamento. Seu corpo já tão acostumado com a labuta do dia-a-dia estava dolorido, uma dor latejante no antibraço esquerdo e no peito, onde seu coração partido batia a duros compassos. O forte analgésico prescrito pelo médico do pronto socorro começava a deixar seus olhos pesados, sua mente sempre tão ativa e rápida sendo tomada pelo torpor. A voz de quem ele tanto ama ecoando em seus pensamentos, fragmentos das lembranças do susto que ele tomou.

Antônia era uma policial dura na queda, forte em seus atos, e por vezes, arrogante em suas palavras, porém Domenico tinha se apaixonado em um caminho sem volta para a razão. Logo ele, que estava tão focado na carreira, em ser o melhor policial daquela delegacia estava sempre um passo atrás daquela grande investigadora. Suspirando nos cantos, a admirando em segredo. 

Eles já estavam brigados há alguns dias, mal trocavam palavras, somente o estritamente profissional. Ele tinha deixado o lado pessoal e sentimental interferir em seu trabalho, e ela também. 

Antônia tinha se apaixonado cegamente por Julio, um dos suspeitos do roubo milionário do Carioca Palace. Quando Domenico descobriu que ele poderia ter roubado o maldito cofre, sua parceira não aceitou. Por mais que ela já não estivesse mais se relacionando com o miserável, ainda o defendia com garras e dentes. A discussão foi feia. Sabia que ela estava se preparando para pedir para o garçom retomar o namoro.

Então, quando ele, Expedito e Nina tinham chegado até a prova final nas mãos de Maria Pia, o jogo virou. Eles tinham encontrado as imagens que a assistente de Eric tinha tirado de Malagueta e Julio retirando o dinheiro do hotel pela rua de trás. Era nítido que era o garçom.

Domenico ficou exasperado, queria pegá-lo mais do que qualquer outro bandido, enfia-lo atrás das grades pelo crime, por ter feito Antônia chorar, por ter enganado a todos com sua cara de cachorro arrependido e pose de bom moço. 

A policial estava de folga naquela noite, ele pediu para Nina entrar em contato com ela e Antônia respondeu vagamente que estava em casa. Ele a conhecia e sabia que estaria esperando o garçom terminar seu turno no hotel. 

Eles seguiram no carro pessoal dele e ficaram na espreita nas redondezas do luxuoso e cinco estrelas Carioca Palace. Domenico estava nervoso, seus dedos tremiam no volante e Expedito tentava acalmá-lo a todo custo. Sua vida tinha virado um reboliço por causa daquele maldito moleque. 

Nina saiu do carro para ficar de tocaia, ficou de ligar quando visse Julio saindo e acionaria as viaturas mais próximas. Como era o esperado, Nina alertou a presença de Antônia na calçada em frente ao prédio. O coração de Domenico já batia descompassado pelo nervosismo e por deixá-la tão próxima de Julio e do comparsa. Sabia que o garçom não teria coragem de fazer qualquer coisa com ela, mas Victor sim. Assim que eles soubessem que Maria Pia tinha sido detida, eles dariam um jeito de fugir. 

Ele encostou o carro em um ponto estratégico da calçada e observou Julio sair e caminhar até Antônia. A policial tentou cumprimentá-lo com um beijo, mas ele se afastou brevemente visivelmente nervoso. Ela começou uma discussão com o ex-namorado, e Domenico saiu do carro com a mão esquerda na arma no coldre e seu sangue fervendo nas veias. Expedito e mais dois policiais a paisana começaram a fechar o cerco. 

Foi tudo muito rápido. Julio discutia com Antônia e ela dizia que o amava quando Malagueta se aproximou do garçom, pegou-o pelo braço e o arrastou pra trás. Victor apontou a arma diretamente para a policial que rapidamente sacou a sua também. Domenico que apontava a arma para Julio e seguia em sua direção, parou no meio do caminho. Seu coração falhando ao ver a arma tão próxima dela.

—  Solta ele, solta ele! – ela pediu em tom autoritário e nervoso. A arma balançava em suas mãos trêmulas.

— Pede para os seus amiguinhos abaixarem as armas! - o concierge gritou e os civis que passavam pela calçada começaram a se afastar correndo aos gritos com medo de um possível tiroteio. 

A inspetora olhou ao redor, seus olhos se enchendo de fúria ao encarar e notar os colegas ao redor com as armas em punho. Ela pediu aos berros para que eles abaixassem as pistolas e todos obedeceram menos Domenico, que segurava a sua com as duas mãos na direção do garçom. 

— Abaixa a arma, Domenico! – ela gritou novamente.

Ele ignorou totalmente o pedido dela e se dirigiu aos dois bandidos.

— Abaixa a arma, Victor! Vai ser pior pra você! Tô com seu mandato e do seu amigo aqui! Os dois irão pra trás das grades! 

— Grades? Cadeia? Você tá doido, Domenico? Abaixa a arma! – a policial seguiu aos berros, já com a arma abaixada.

— Eles roubaram o Carioca Palace! - Expedito gritou de um lado e Antônia se distraiu ao olhar para o colega investigador.

Foi nesse momento que Malagueta começou a se afastar do cerco atraindo a atenção dela. Julio corria ao lado do concierge e quando Domenico começou a correr, notou que Victor se virou e apontou a arma na direção de Antônia novamente. 

A investigadora estava atônita, lágrimas nos olhos, surpresa demais com tudo para se mover. Victor disparou antes mesmo que ela pudesse revidar. Ela piscou e esperava sentir a dor do tiro no peito, porém seu corpo tombou no chão com o peso do corpo de Domenico. 

O tiroteio e a correria iniciaram ao redor dos dois. Antônia sentia o braço doer com o impacto, Domenico a encarava com preocupação.

 - Você tá bem?

Ele tentou sair de cima dela, porém seu braço esquerdo latejou e foi nesse momento que percebeu o líquido vermelho escorrendo ali. 

— Você tá sangrando, Domenico! – ela empurrou o corpo dele contra o chão. Suas mãos trêmulas rasgavam a camisa do investigador. 

— Você foi atingida? – ele a questionou ignorando a própria dor.

— Não! Mas você foi! AMBULÂNCIA! Alguém liga para o SAMU!

A dor só realmente veio quando Antônia tocou a ferida, suas mãos gélidas tentando estancar o sangramento. Ele gritou com a dor enquanto ela pedia ajuda. 

— Vai ficar tudo bem, não pegou no peito. Foi só no braço. Domenico, calma...

Ela ficou repetindo a palavra "calma" como se fosse um mantra. Estava calmo, mas a dor queimava todo o seu braço esquerdo e ele teimava em querer sair dali para pegar os bandidos. Antônia o mantinha preso ao chão com toda a sua força e persuasão. 

Domenico foi levado ao hospital mais próximo com a colega de trabalho na ambulância, Victor e Julio fugiram da polícia e ela segurava o nervosismo e as lágrimas nos olhos. Discutia com ele enquanto uma paramédica analisava o ferimento. 

— Por que você me fez de isca? Onde você achou essas provas? Devia ter me ligado! Você tá doido de agir assim? Por que...? – disparava perguntas em seu tom explosivo. 

— Eu já sabia que ele ia fugir! – interrompeu com a voz em um tom alto que nunca tinha usado com Antônia. – Você ia acreditar em mim? – ela hesitou.

— Não ia! Eu sei que não! Sei como é ficar cego por amor... – diminuiu o tom falhando ao final da frase.

— Por favor, parem! – a paramédica pediu e os dois ficaram em silêncio. Domenico gemeu quando a mulher limpou o sangue no ferimento. A ambulância balançava com a rapidez que se movia. 

Quando chegaram ao PS descobriram que o tiro tinha sido de raspão e a bala não se alojou, porém tinha arrancado uma boa parte da pele do policial. Fizeram a saturação na ferida e o medicaram com analgésicos e anti-inflamatórios. Quando ele foi liberado na madrugada, Antônia já não estava mais lá, apenas Expedito o aguardava. Os dois amigos se abraçaram e Domenico foi levado para o seu apartamento, onde se deitou no sofá e lá ficou. 

O céu já estava com um tom azul mais claro quando a sua campainha tocou. Ele tinha cochilado e acordou no susto, seu ferimento esbarrando no encosto no sofá o fazendo suprimir um grito. Enquanto levantava, começava a imaginar quem seria já que poucas pessoas tinham a autorização de subir sem precisar ser anunciado pela portaria. Seus pais e irmã, que moravam no interior do Rio, Expedito e... 

Ao abrir a porta encontrou Antônia parada ali. A mulher que ele tanto amava e sempre pareceu tão grande e forte aos seus olhos, parecia pequena e fraca. Seu rosto estava inchado de tanto chorar, seus olhos pesados, seu cabelo bagunçado, pois seus dedos não paravam quietos quando estava naquele estado. Ele nunca a tinha visto tão vulnerável. 

— Antônia? 

A investigadora olhava para o braço do amigo, o curativo tampava aquele ato de proteção. O sangue ainda marcava a pele e a regata branca que ele usava por baixo da camisa. Os olhos dela automaticamente se encheram de lágrimas ao pensar que Domenico podia ter morrido naquela noite e por ela. Jamais iria se perdoar. Estava há alguns dias sem falar com ele, ignorando sua presença no trabalho. Lembrou-se dos motivos da discussão: Julio, o roubo, o cofre. 

— Você podia ter morrido. Desculpa... – então, suas lágrimas caíram sem que ela pudesse terminar.

Domenico sentiu a garganta fechar ao vê-la chorar à sua frente, ele a puxou pra perto com a mão direita e a abraçou. Ela o agarrou e deixou o choro a atingir com força, todos os sentimentos daquele dia que estavam presos na garganta. Suas lágrimas molhando o peito dele, ele beijou seus cabelos e deixou que ela ficasse ali. Não queria estar em nenhum outro lugar no mundo, a não ser ali nos braços dela. 


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