Heal me escrita por Ryanneh


Capítulo 3
A francesa


Notas iniciais do capítulo

Herrou :3

Mais um capítulo fresquinho para vocês ♥

Boa leitura ^^



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— Sou Ségolène Frazier. – Sua fala era diferente, algum tipo de sotaque acompanhando de um tom fraco e suave. – Nicolas Clark imagino... – Ela enfim diz quando eu não falo nada, colocando uma de suas mãos finas e delicadas na xícara de chá a sua frente, tomando um pequeno gole sem deixar de me encarar.

Quem... Qual... Eu deveria falar alguma coisa agora não deveria?

~~

  Eu não falo nada por alguns segundos, apenas fico a encarando e analisando de cima a baixo, sou um a pessoa curiosa por natureza. É de família.

  É possível abraçar um ser humano com uma força capaz de quebra-lo? Por que da perspectiva que eu vejo me parece que não seria muito difícil com essa garota. Ela é magra, bem magra para falar a verdade, me pergunto se ela é saudável. Quando meus olhares se cruzam novamente com os dela eu percebo que ainda não tinha respondido.

— Ah sim. Sou Nicolas Clark. Prazer. – Eu sorrio de canto e estico a mão me aproximando dela. Ela é bem bonita, talvez seja interessante ficar aqui um pouco.

— Não é preciso perde tempo com essas formalidades. Apenas me entregue todo o material e pode ir embora. – Ela dobra o "r" em algumas palavras, fazia seu sotaque ficar de certa forma adorável combinado a sua aparência. — Está escutando? Pode entregar o material. — Sua expressão era de tédio e ela simplesmente estica uma das mãos para receber o material, ignorando completamente meu sorriso e minha mão de cumprimento.

— Então tá. – Digo tirando a pasta, com todos os assuntos e exercícios do dia, de minha bolsa e a entregando. – Me disseram algo sobre lhe ajudar no assunto. – Analisando as folhas, a garota nem ao menos olhou para mim novamente enquanto eu falava.

— Já disse não ser necessário, consigo me arranjar sozinha. – Ela fala em um tanto arrogante. “Arranjar”? Que dicionário ela usou para aprender minha língua, o do século passado? – Pode ir embora.

  Aquele estranho momento onde uma parte de você grita para aproveitar a oportunidade e sair dali, mas as o mesmo tempo outra parte se sente atiçada de curiosidade. De qualquer forma, esse é um daqueles momentos na vida que uma escolha pode lhe ajudar ou ferrar com você.

Estava prestes a questiona-la mais uma vez para saber se não precisava de minha ajuda, porém sinto meu celular vibrar chamando minha atenção. Quando olho a tela de bloqueio vejo ser uma mensagem do Erik.

“Ei, que lance é esse de vc cuidar de uma garota? Me encontra no PUB de sempre assim que se livrar”

— Você não se importa mesmo que eu vá embora? – Pergunto para Ségolène que estava lendo as folhas que eu a entreguei.

— Já falei que pode se retirar. Com certeza deve ter programas mais importantes para fazer do que vir aqui “bancar a babá”. – Um sorriso sádico se estampa em seu rosto ao mesmo tempo em que se levanta da poltrona. – Tenho certeza que foi isso que a maioria disse, seus amigos disseram e até mesmo você deve ter dito. – Ela fala isso enquanto me olha de cima a baixo. – Mas eu não preciso de um garoto como você para cuidar de mim.

— Ahm? O que quer dizer com isso?

— Para ser mais especifica, se eu realmente precisasse de alguém... Você com certeza não estaria apto a me ajudar. – Ela ia passar por mim, mas eu seguro seu braço, era tão fino e frágil que tive receio de segurar muito forte.

— Eu não pedi para estar aqui certo? Eu não preciso que “uma garota como você” fique me esnobando. – Eu encarava seus olhos a cada palavra. – Faça um favor ao colégio e continue não comparecendo as aulas, por que de gente como você já tem muitos lá. Fique aqui sozinha com esse ridículo sotaque inglês.

— Sou francesa. — Ela corrige revirando os olhos. — E eu... – Ségolène me olha com desdém e encarou minha mão que estava segurando seu braço. Ela fez menção de falar algo, mas eu a interrompi.

— Não precisa falar mais nada, estou me retirando... Vossa alteza. – Falo a última parte com ironia, solto seu braço começo a caminhar para fora daquela sala.

— Pessoas como eu você disse? – Ouço-a falar atrás de mim e colocava a mão onde eu a segurei. – Você não sabe nada sobre mim mon chérie. — Ela fala as ultimas palavras com um tom sarcástico. 

— E não tenho a intensão de conhecer. – Digo simplesmente antes de continuar a caminhar para fora daquele cômodo.

  Que situação irritante, que experiência degradável. Eu saí daquela mansão com os nervos a flor da pele, querendo socar alguém ou alguma coisa. E que droga de sotaque é aquele? E a forma de falar. Que droga, francesa narcisista... Por que estou tão alterado? Eu não fui um cara tão cruel, não a ponto de merecer isso.

Quem a vê deve acha-la um anjo, as aparências realmente enganam, em pensar que quase me interessei por ela.

Qual o problema dessa garota?

—Thomas Clark-

Nicolas saiu tão rápido da última aula que nem tive tempo de falar com ele sobre o que aconteceu. Tive que ficar até depois do horário na escola para pegar uns livros na biblioteca com a Rosé. São para um trabalho de sociologia.

Não ficamos muito tempo. Logo após pegarmos os livros tiramos algumas dúvidas sobre a matéria e o trabalho com o professor. Com tudo terminado, estamos saindo do colégio para ir embora.

— Até amanhã Tommy. – Eu faço uma careta pelo apelido o que a faz soltar uma pequena risada. — Vou fazer a pesquisa e te mando por email até o fim do dia. – Rosé fala assim que saímos pelo portão.

— Espere, eu posso te acompanhar até sua casa.

— Ahm? — Ela arregalou o olho. – N-Não precisa. Eu vou todo dia sozinha, não precisa se preocupar.

— Mas isso é no horário movimentado, logo que saímos da aula. Agora não é seguro. Tem muitos caras perigosos há essa hora.

— São duas horas da tarde. – Seu tom era divertido e mal conseguiu conter a vontade de rir. – Pode me acompanhar até o ponto, hoje vou de ônibus já que sai tarde. Mas fica no lado contrário da sua casa.

— Não importa... Vamos.

Começamos a caminhar em direção ao ponto de ônibus, conversando animadamente diversos assuntos. Eu nunca tive a chance de ir até a casa da Rosé, ela nunca convidou e eu não seria indelicado de me convidar a ir. Apesar de que ela e seu irmão mais novo Jackson são bem próximo de nossa família e sempre os convidamos para nossas festas e churrascos de família. Ela fala que seu pai é do tipo “super protetor” e não gosta que ela seja amiga de garotos, eu respeito apesar de achar um tanto exagerado.

  Quando chegamos ao ponto de ônibus eu decidi ficar para esperar o seu ônibus chegar, enquanto isso ficávamos conversando.

— Ah sim, me explique direito esse negócio do Nicolas e sua punição. – Ela pergunta de repente enquanto ainda caminhávamos.

— Ele terá que ir todos os dias a casa dessa garota para entregar a matéria do dia e ajudar a entender o assunto. Os orientadores também pediram para ele ser simpático e tentar ser amigo dela. – Eu falo isso e Rosé solta uma risada nada discreta.

— Deus que tenha piedade dessa pobre garota. – Rosé fala e nos dois rimos. – Se bem conheço o Nic, ele apenas irá jogar o material e tipo correr de lá para o PUB mais próximo. Excerto se ela for bonita, dai primeiro ele vai tentar ficar com ela.

— Infelizmente é exatamente o que eu acho que ele vai fazer. —Solto um longo suspiro.

— Por que arrumaram esse tipo de castigo para ele? Onde a diretora e seus pais acham que isso vai dar?

— Além de ocupar o tempo dele, eles acham que ajudar e se preocupar com alguém que não seja ele fará com que ele crie responsabilidade. Eu sempre fui muito independente, amadureci mais rápido do que ele, por isso nunca precisei de muita atenção.

— Hum... Desculpa ai, senhor independente. – Ela fala me empurrando de leve e rindo. — Eu brinco com você, mas sei que é verdade. Nem consigo acreditar que ano que vem já vai se mudar da casa de seus pais, engajar numa faculdade e já ter um emprego perfeito. Que orgulho do meu amigo. – Ela bagunça meu cabelo levemente enquanto sorri.

— Obrigado... – Eu não conseguia prestar atenção 100% no que ela estava falando. Via seus lábios se mexerem, mas estava completamente perdido na minha cabeça, queria falar algo para ela. Algo que mostrasse meus sentimentos... Na verdade quero fazer isso há muito tempo.

— Tudo para alguém como eu é mais difícil eu acho.

— Não fale besteira. Você é determinada e inteligente, as portas se abrem para pessoas desse tipo. E caso não quisesse seguir um ramo intelectual eu mesmo te contrataria para ser uma de minhas modelos. – Eu falo e ela ri muito alto.

— Ótima piada Tommy. Tem certeza que vai ser fotógrafo e não comediante? – Ela diz ainda rindo.

— Estou falando sério. Você tem uma boa aparência, seu cabelo preto combina com o tom de sua pele. Seus olhos com traços orientais são lindos. Tem uma boa altura para modelo de revista, pernas longas, um corpo que... – Me calo antes de falar mais alguma coisa, tenho certeza que fiquei vermelho. Viro meu rosto, desviando do olhar de Rosé. – Não me julgue, sou fotografo de pessoas, observo demais as características físicas. – Tudo bem que ela eu observo um pouco mais. – Você é perfeita.

— Thomas... – Ela ia falar algo, mas olha para o lado e percebe que o ônibus estava chegando. – Ah, obrigada por me acompanhar. – Ela se levanta e fica esperando o ônibus parar.

— Tem certeza que não quer que eu te leve para casa?

— Tenho sim. Absoluta. – Ela diz e se vira para entrar no ônibus quando ele para, algumas pessoas saíram nas portas de trás. – Até amanha. – Ela fala olhando para trás e acenando.

— Até. – Falo baixo e acenando de volta. Dou um sorriso bobo quando ela não está mais na minha vista e o ônibus começa a se movimentar. – Ah Rosé.

  Coço minha cabeça violentamente. Sou capaz de fazer aquilo tudo que dizem. Tirar notas boas, planejar um futuro, um bom emprego e um futuro estável, mas não sou capaz de dizer a minha melhor amiga que estou apaixonado por ela. Grande homem eu sou, parabéns Thomas.

— Trouxa... Thomas seu trouxa! – Grito comigo mesmo aproveitando o lugar vazio, ou era o que eu achava.

— Poxa, finalmente admitiu. – Reconhecia aquela em qualquer lugar. Olho para trás e percebo meu querido irmão ali, provavelmente desceu do ônibus e eu não notei.

— Não me enche o saco okay? – Falo coçando o olho. — O que faz aqui? – Falo me recompondo. – Achei que estaria na casa daquela garota... Ségolène não?

— Deixei a matéria na casa dela e fui embora. Me recuso a ficar mais do que o tempo necessário com ela. – Ele diz se aproximando de mim com uma cara nada feliz.

— Nicolas... Você nunca vai mudar?

— Você não entendeu, essa garota Ségolène...

— Eu entendi. Está fugindo da responsabilidade de novo. Para onde vai agora?

— Bom, vou ao PUB encontrar o Erik, mas foi só por que...

— Não precisa falar mais nada. Eu te adoro irmãozinho, mas melhore. – Eu falo isso e me viro para ir embora. Não sei se era pelo estresse incomum, mas estava cansado das desculpas de meu irmão para fugir de suas responsabilidades.

— Nicolas Clark-

— Inacreditável... – Falo observando Thomas ir embora, a caminho de casa. – “Irmãozinho”? Eu sou o mais velho, será que ele se esqueceu disso?

  Encaro minha mão esquerda, a mesma que segurou o braço de Ségolène mais cedo. Quando sai do cômodo minha mão estava quente, ela era muito quente, em apenas um contato eu consegui chegar a essa conclusão. E mesmo com todos aqueles ar-condicionados ligados.

 Observo mais uma vez Thomas indo para casa. Deixo todos os pensamentos curiosos de lado e me viro em direção do PUB e começo a caminhar, não iria de jeito nenhum para casa agora.

(...)

— Não dá para acreditar. Não queria estar na sua pele cara. – Erik fala tomando mais um gole de sua cerveja.

Assim que cheguei ao PUB o encontrei e sentamos para conversa. Contei tudo que aconteceu depois da festa de sexta e o quanto eu estava ferrado. Ele primeiro não conseguiu parar de rir da minha capacidade de ter confundido as portas do quarto da minha casa, mas depois se compadeceu da minha dor.

— Pois é.

— Mas há um lado bom nisso tudo. Se passar a tarde fora, passa menos tempo em casa. E do jeito que você falou que sua mãe está é vantagem.O que é engraçado por que nunca vi a Karyn brava da forma que você falou.

— Então né. – Minha cabeça doía com tantas coisas para pensar.

— Detesto falar isso, mas tenho que ir. – Erik fala checando o celular e se levantando da mesa.

— Como assim? Estamos aqui a menos de uma hora.

— Eu sei, arrumei um tempo para você, mas eu tenho que encontrar alguém agora. – Ele diz com um sorriso malicioso.

— Poupe-me dos detalhes sórdidos. A gente se vê depois. – Solto uma risada enquanto me despedia dele.

— Não fique triste Nic. – Ele fala com uma voz afinada, claramente me zoando. — Você tem sua própria garota para cuidar agora. – Ele diz e eu mostro o dedo do meio para ele, que apenas ri e vai embora.

— Em menos de um dia e eu já tenho certeza de que ela seria a ultima garota do mundo por quem eu me interessaria. – Deixo o dinheiro da minha bebida em cima da mesa e me levanto para ir embora.

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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado ♥

Ségolène não é exatamente o tipo de garota agradável a segunda vista hahahah
E Nicolas... Não desdenha por favor kkkk

A principio os caps serão postados toda segunda e quinta ^^



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