O som de saltos altos batendo sob o cimento da calçada movimentada no centro da cidade ecoava pelo lugar. A mulher de cabelos loiros acabara de se chocar com um casal que caminhava tranquilamente.

“Desculpe-me.”

Ela voltou a andar mais rápido, segurando sua bolsa cara de grife, quando dobrou a esquina, conseguindo desviar de um entregador que a xingou. Seus passos finalmente diminuíram ao chegar à porta de uma loja feminina de alta costura. Ela batia sem parar, até que uma das funcionárias apareceu para destrancar a grade de proteção e abrir para ela.

“Bom dia, Sra. Morgan. O que...”

Ela adiantou-se e voltou a segurar a bolsa contra seu corpo. Sua fisionomia continuava pálida e aflita. E antes de chegar à escada que levava ao escritório, a mulher acabou por cair em um dos sofás próximos aos provadores.

“Oh meu Deus. Sra. Morgan.” Gritou uma das funcionárias que correu para ajudá-la, mas se espantou ao perceber a mancha de sangue crescendo no peito da mulher caída. “Oh Meu Deus. Liguem para emergência. AGORA!”

Com uma careta de dor, ela tentava falar alguma coisa. Porém, o sangue já havia tomado boa parte de sua blusa. E em poucos segundos, seus olhos se tornaram imóveis e sua vida havia acabado...

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Havia uma multidão no hall principal do aeroporto. Dois voos chegaram simultaneamente. Era mais uma quinta-feira caótica pelo que parecia.

Contudo, Patrick Jane não deixava de sorrir. Conversando com seu filho no braço, ele aguardava por sua esposa, que não imaginaria a surpresa que receberia.

O retorno de Lisbon ao trabalho acontecera meses antes, mas Kimball Cho foi assertivo em designá-la para um curso em Quântico o quanto antes. A agente não refutou, precisava se atualizar nas novas diretrizes do Bureau e Daniel já tinha começado a alimentação sólida. Com mais de oito meses, o Bebê Jane era o orgulho de seus pais. Lindo, sorridente e a cara do mentalista. Não havia dúvidas o quão charmoso era para todos.

Patrick atendeu o celular ao ver a foto sorridente de Teresa e seu filho. “Agente Lisbon. A que devo o prazer de sua ligação?”

“Finalmente em solo. A droga da esteira estava quebrada, mas estou saindo assim que um grupo de turistas decidirem para onde raios vão.” Sua voz era irritada. “Como está Daniel? Melhorou da gripe?”

“Está ótimo. Tirando uma fralda molhada aqui e ali, o nariz entupido, ele está bem.”

“Ótimo. Nos vemos logo, vou ver se tem alguém pela redondeza e...”

“Acredito que não vai ser necessário.” Ele deu um sorriso ao vê-la caminhando decidida pelo portão do desembarque. “Espera, esta jaqueta é nova?”

Teresa parou e olhou ao seu redor. Ao avistá-los, seu sorriso foi brilhante e logo se pôs a andar mais rápido.

Jane já tinha guardado o celular e mostrava ao filho que sua mãe estava a caminho. O bebê emitiu seus sons habituais e sorria para o pai, puxando uma das lapelas do paletó.

“Ei, não acredito que estão aqui. Não deveria estar trabalhando?” Teresa beijou Jane rapidamente nos lábios e pegou seu filho que se esticava para ela. “Ei, Dan. Senti tanta saudade.”

 “Cho me liberou para vir te pegar.” Respondeu Jane sorrindo ao filho que segurava uma das mechas de Teresa. “Cuidado, Daniel continua na fase de puxar cabelo. Ele ficou a semana toda lhe procurando. Apontava para sua foto todas as noites.”

“Sentiu falta da mamãe?” O bebê bateu palmas em resposta, fazendo o casal sorrir. “Também senti falta dos meus homens queridos.”

“Bom saber que faço parte do time.” Respondeu Jane pegando a mala dela e os dirigindo ao estacionamento do aeroporto. “Eu te disse que passaria rápido.”

“Não foi tão rápido.” Ela falou séria. “Foram três semanas longe de casa. Quântico não foi tão ruim, mas senti falta da nossa casa. Lugar barulhento.”

“Quem diria que a agente Lisbon se renderia ao sossego do campo.”

“Acredite, também fiquei surpresa.” Falou sorrindo ao chegar ao carro. “Mas agradeço por ter ido a Washington. Ajudou muito.”

Jane sorriu e abriu o porta-malas. Teresa instalou Daniel na cadeirinha, fechando a porta traseira em seguida. Os dois entraram no carro e logo estavam saindo do aeroporto.

“E no FBI?”

“Nada novo.” Falou sucinto entrando no lado do motorista. “O mesmo de sempre. Assassinatos, sequestros, Cho pegando no meu pé, Fischer ainda se enturmando...”

O celular de Jane tocou e ele passou para Teresa que colocou no viva voz, enquanto ele acionava o veículo e atendia a ligação. “O que manda, Cho?”

“Jane, precisamos de você. Lisbon já chegou?” O supervisor foi direto ao ponto.

“Sim, estou aqui. O que houve, chefe?”

O agente asiático estava de pé, diante do corpo da mulher de cabelos loiros que continuava caída no sofá, enquanto a perícia vistoriava o local. “Temos um caso. Mulher assassinada no centro, possivelmente ligado ao caso Morgan.”

“Ok, mande o endereço para este celular e estaremos a caminho.”

Teresa desligou, sendo notificada de onde deveriam ir em segundos. Ela passo o endereço para Jane. E neste instante, Daniel deu um gritinho animado.

“Nem pensar, rapaz. Day care para você e trabalho para nós.” Falou olhando o retrovisor antes de pegar a via principal. Minutos depois, segurando a mão de Teresa, ele olhou rapidamente para ela no sinal vermelho. “Preparada, g-woman?”

“Eu nasci preparada.” Respondeu sorrindo.

Sorrindo, ele piscou o olho e o carro seguiu em direção ao novo caso deles.