Identidades Indefinidas, Um Mesmo Coração escrita por teffy-chan


Capítulo 3
Capítulo 3 - Treinando Novas Descobertas




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No dia seguinte Touta se sentia muito melhor. Mas sua melhora parecia ter causado certo conflito entre ele e os amigos. Ele queria treinar para poder enfrentar novos adversários e assim se classificar no torneio Ulti-Mahora; Kuroumaru dizia que era melhor ele ficar de repouso por mais algum tempo para se recuperar melhor; Kirie insistia que, agora que ele já estava bem o suficiente para andar, deviam voltar para o esconderijo o quanto antes; e Santa afirmava que Touta levaria a maior bronca se descobrissem que eles haviam saído de lá às escondidas.

— Você não pode ficar andando sozinho por aí desse jeito! - Kirie insistia - Agora que já está melhor, precisamos voltar o quanto antes. O Ikkuu não vai conseguir enrolar a Karin para sempre.
— Então foi ele quem planejou tudo isso? Preciso agradecer ao Ikkuu-senpai depois - Touta falou, não parecendo ter escutado a última parte - Mas, já que estou aqui, preciso aproveitar. Não vou ter outra chance entrar no torneio!
— Olha, me desculpe, Touta, mas eu preciso concordar com a Kirie-senpai dessa vez. Você vai levar a maior bronca se descobrirem que você fugiu - Santa falou - E nós também, se descobrirem que estamos acobertando essa sua ideia louca de participar do torneio.
— O que é isso, Santa? Cadê o seu espírito aventureiro? Nem parece aquele menino que castigava os alunos delinquentes do colégio em que você morava! - Touta exclamou - Ei, pelo menos você está comigo nessa, não é, Kuroumaru? Não vai me dizer que acha que eu tenho que voltar para o esconderijo também, não é? - ele deu uma cotovelada no amigo.
— Hã… na verdade eu acho que você deveria era descansar um pouco mais - ele respondeu - Não sei nem se você já está bem o suficiente para viajar, que dirá para lutar.
— O que? Do que está falando? É claro que estou ótimo, não está vendo? - ele dobrou os braços como se quisesse exibir os bíceps, mas não adiantou muito, considerando que não era lá muito musculoso.
— Desculpe, mas não estou muito convencido - Kuroumaru respondeu.
— O que? Por que?!
— É porque você não é nada musculoso - Kirie jogou na cara dele.
— E magricela - Santa acrescentou.
— Não precisam ser tão cruéis! - Touta exclamou - E você não pode falar nada, Santa! Você é mais fracote e mais magro do que eu!
— Pode ser, mas eu já estou morto mesmo, então não faz diferença - o menino deu de ombros - Além do mais, eu não tento ficar exibindo músculos que não tenho por aí.
— Maldição… tá, que seja! Vou provar para vocês que as aparências enganam! Lute comigo, Kuroumaru! - Touta sacou a espada abruptamente e a apontou para o outro garoto.
— Hã? Por que eu?! - Kuroumaru sobressaltou-se, apontando para si memso.
— O poder da Kirie não serve de nada em uma luta corpo a corpo, e lutar contra o Santa seria injusto - "para mim", Touta acrescentou mentalmente - E já faz um tempo que não treinamos juntos. Vamos lá, saque sua espada!

Touta avançou contra o amigo, que sacou a espada rapidamente e defendeu por reflexo. Kuroumaru percebeu que os golpes de Touta tinham ficado mais fortes, porém menos precisos. Sabia que o garoto era melhor do que isso, ele provavelmente estava errando porque estava de cabeça quente. Aproveitou uma brecha para acertá-lo no braço. Porém, Touta conseguiu contra-atacar e também o apunhalou. Kuroumaru ignorou a dor e apenas agradeceu mentalmente por ter sido golpeado no abdômen. Se tivesse sido mais em cima, teria problemas, mas ter apenas a barriga exposta não era grande coisa. Touta, agora com uma das mangas da camisa rasgada, estava com o ânimo redobrado e voltou a atacá-lo, com cada vez mais força.

Enquanto isso, Kirie e Santa tinham percebido que aquilo provavelmente demoraria, então se sentaram em um tronco oco perto dali para observar o "treino matinal" dos dois.

— E então? O que você acha? - a garota perguntou de repente.
— Do que? De quem vai ganhar? - Santa indagou confuso - Não sei… acho que o Kuroumaru ainda é mais forte, mas o Touta também está indo muito bem…
— Não é isso, idiota! - Kirie exclamou - Estou falando de ontem. Quando pegamos os dois no flagra.
— Ah… ainda está pensando naquilo?
— Mas é lógico que estou pensando naquilo! - Kirie falou como se aquilo fosse a coisa mais óbvia do mundo - No final das contas, eles não falaram o que raios estavam fazendo. O que você acha que era?
— Hã… eu prefiro não pensar no assunto - Santa virou o rosto para o lado, envergonhado.
— Qual é, eu preciso de uma opinião aqui! - Kirie o puxou pela gola da camisa - Ah, que falta a Karin faz! - ela lamentou.
— Olha, se quer mesmo saber - Santa começou, e Kirie finalmente ficou quieta - Parece que o Kuroumaru gosta mesmo do Touta, isso eu não tenho como negar. Mas o que realmente importa é o que o Touta sente. E, pouco antes de entrarmos no quarto ontem… eu ouvi o Touta dizendo algo sobre fazer cócegas. Quando vi os dois daquele jeito, me esqueci completamente disso, mas, agora que passou o choque, eu me lembrei. O que acha que significa?
— Bem, o Touta não estava com cara de quem estava sentindo cócegas, mas com certeza é o tipo de pessoa que faria cócegas em alguém só para provocá-la… ah! E ele estava praticamente com as mãos no traseiro do Kuroumaru!
— Não precisa falar desse jeito! - Santa pediu.
— Tudo bem que o Kuroumaru é cheio de peculiaridades, mas… sentir cócegas em um lugar como aquele? Sério? - Kirie fez uma careta estranha enquanto pensava no assunto.


Enquanto os dois conversavam, não perceberam que o desenrolar da luta havia tomado um rumo um tanto inesperado. Kuroumaru tinha caído sentado no chão, as costas apoiadas contra a parede da casa, com Touta ajoelhado em cima dele, suas pernas enlaçadas com as do garoto, seus rostos perigosamente próximos. Touta havia conseguido milagrosamente desarmá-lo e agora apontava a espada contra seu pescoço, com um sorriso vitorioso. A espada de Kuroumaru estava caída no chão a poucos centímetros de distância. Em circunstâncias normais, ele poderia alcançá-la facilmente, mas havia um problema: Touta havia rasgado sua camisa ao meio por completo, e agora ele usava uma das mãos para segurá-la e esconder seu tórax, enquanto a outra estava ocupada segurando a lâmina da espada de Touta, para que esta não o atingisse.

— Vamos lá, Kuroumaru! Admita que eu ganhei dessa vez! - Touta exclamou sorridente como se já tivesse sido nomeado campeão da luta, aproximando tanto a lâmina da espada quanto o rosto do outro garoto. Kuroumaru sentiu seu rosto esquentar diante daquela proximidade e sua mão sangrou de tanta força que usava para deter a lâmina da espada de Touta.
— Mas não mesmo - ele respondeu com o máximo de firmeza que conseguiu colocar na voz - Eu não vou perder para você de jeito nenhum, ouviu? - e dessa vez foi Kuroumaru quem aproximou seu rosto do de Touta. Cada vez mais perto… Touta podia sentir o hálito quente do garoto batendo em seu pescoço. Aquilo o fez corar involuntariamente. Ué? Ele tinha ficado envergonhado com aquilo? Mas por que isso agora? Já tinha ficado perto assim de Kuroumaru várias vezes. Muito mais próximos aliás. Como no dia anterior, por exemplo, quando ele resolveu inventar de provocar o garoto, fazendo cócegas dele, mas acabou sentindo várias outras coisas que não entendia e que não sabia que era possível se sentir com outro garoto…

Tarde demais. Touta se distraiu tanto pensando nisso que não percebeu a cabeçada que Kuroumaru lhe deu, livrando-se dele. Touta rolou no chão, sentindo a testa latejar e, quando reabriu os olhos, viu que agora era Kuroumaru que estava em cima dele, apontando a espada recuperada para seu coração.

— E então, quem foi que ganhou a luta, hein Touta? - agora era Kuroumaru quem sorria vitorioso, como se a luta já tivesse terminado.
— Ei, isso foi golpe baixo - Touta reclamou, esfregando a testa - Geralmente sou eu quem uso esse tipo de truques…
— Aprendi com você - o sorriso de Kuroumaru tornou-se mais leve.

O que foi um erro. Touta se aproveitou do breve momento de distração do amigo e deu-lhe uma rasteira, fazendo-o cair deitado no chão e ficando por cima de Kuroumaru de novo, apontando a espada para ele.

— E eu aprendi isso com você. Nunca se distraia durante uma luta - Touta respondeu.

A expressão de surpresa de Kuroumaru por ter sido derrubado se desfez tão rápido quanto tinha aparecido. Com a mão que não segurava a própria camisa, ele agarrou o pulso de Touta e o girou com força, até obrigá-lo a pressionar o cabo da espada na grama. Embora ainda fosse Touta quem estivesse segurando a espada, tinha perdido o controle sobre ela, já que não conseguia se soltar das mãos de Kuroumaru. Agora sentia a lâmina da própria espada apontada contra seu peito, arranhando-lhe a pele, fazendo com que uma gotícula de sangue escorresse por seu corpo.

— Você ainda tem muito o que aprender, Touta - o sorriso de Kuroumaru se tornou mais firme outra vez - Nem sempre estar por cima significa que você está com a vantagem.
— Ahá! Agora é o Touta quem está por cima! Então vocês se revesam afinal - Kirie pareceu brotar do nada bem ao lado deles enquanto apontava para os dois de modo acusador.
— Eles revesam o que? - Santa indagou.
— Eu te explico mais tarde - Kirie prometeu - Porém, mais importante do que isso, parece que você realmente percebeu o que se passa dentro do seu coração, Touta! Minhas suspeitas estavam corretas afinal!
— Coração? Suspeitas? Do que está falando? - Touta perguntou confuso, finalmente livre das mãos do amigo e pondo-se de pé. Kuroumaru também se levantou e foi pegar seu paletó preto, que foi inteligente o bastante para retirar antes da luta começar, pois já imaginava que poderia acabar em algo assim. A camisa branca que costumava usar por baixo dele estava destruída afinal.
— Estou falando do seu verdadeiro amor, é lógico! - Kirie exclamou com os olhos brilhando.
— Ah, tá, isso de novo… - Touta murmurou, sabendo que ela começaria a despejar um gigantesco discurso em cima dele.

Touta não tinha tempo para escutar as baboseiras de Kirie, então parou de prestar atenção no meio da frase. Ele tinhas coisas mais importantes para se preocupar. Como o que era aquilo que ele tinha sentido ontem enquanto estava na cama com Kuroumaru… nossa, quando pensava desse jeito, parecia ainda mais constrangedor. Mas, bem, eles estavam em uma cama. Mas não fizeram nada impróprio exatamente… exceto pelo fato de ele ter quase arrancado a calça de Kuroumaru fora enquanto fazia cócegas nele e Kuroumaru ter praticamente tirado sua camisa. Pensando bem, ele nem pareceu sentir cócegas… será que Kuroumaru estava mentindo? Não, não era isso que importava! Aliás, quem arranca a calça de outro cara assim do nada? Pensando bem, ele já tinha tentado fazer algo parecido quando se conheceram… ok, desse jeito Touta já podia ser considerado oficialmente um tarado.

Mas, não, aquilo estava errado! Quer dizer, o que ele fez foi meio que pervertido, é verdade, mas… ele também se sentiu estranho enquanto fazia essas coisas… sentiu seu coração acelerar e seu rosto queimar em brasas quando ficou perto de Kuroumaru daquele jeito, e todas aquelas outras coisas que contaram para ele sobre como alguém se sente quando se está apaixonado… espere, apaixonado? Ele estava se sentindo assim porque estava apaixonado? Bem, seria uma explicação plausível… e também explicaria porque ele ficou tão agitado quando seu rosto ficou tão próximo do de Kuroumaru enquanto lutavam alguns minutos atrás. Quase chegou a pensar que o garoto ia beijá-lo. Sim, aquilo batia com a descrição que conhecia de uma pessoa que está apaixonada, e explicaria muita coisa, mas… será que era isso mesmo? Ele mal tinha acabado de definir seus sentimentos por Yukihime, e agora estava concluindo que estava apaixonado por outra pessoa. E Kuroumaru era um garoto… bem, não que isso tivesse importância. Haviam outros assuntos mais urgentes que ele precisava resolver antes de pensar em se apaixonar, seja lá por quem fosse.

Como aquela história sobre ele ter uma irmã do mal. E sobre ele ser um clone. Nenhuma mulher ou homem iria querer ficar com uma cópia mal feita do avô dele. Touta nem sequer tinha pais. Não tinha a menor ideia de como tinha nascido. De um tubo de ensaio? Era um experimento de um laboratório combinado com magia? Provavelmente era alguma coisa do tipo. Mas era como sua suposta irmã havia dito. Ele era apenas um clone que não deu certo. E ninguém jamais iria se apaixonar por um ser "quebrado" como ele.

— Ei, seu nulo! Está me ouvindo? - o berro estridente de Kirie o despertou para a realidade.
— Hein? O que? - ele gritou de volta, um tanto atordoado - Desculpe, não ouvi. O que você disse?
— Francamente, preste mais atenção nos que os outros falam. Mostre um pouco de respeito aqui, seu nulo! - a garota suspirou - Eu disse que podemos ir dar uma volta pela cidade para enfrentar alguns participantes desse torneio e ver no que vai dar.
— Sério? Que demais! Valeu, Kirie! - Touta esmagou a menina em um abraço e saiu andando na frente com empolgação excessiva, enquanto Kirie corria atrás dele aos gritos.

Kuroumaru e Santa seguiram os dois um pouco mais de longe. Santa passou os últimos minutos em silêncio, pensando no que Kirie tinha falado. Não acreditava que estava prestes a fazer aquilo, mas tinha que admitir que também estava curioso… bem, se ia mesmo fazer isso, agora era a hora. Parou de andar para que ficasse alguns passos atrás de Kuroumaru e, fechando os olhos com força como se isso pudesse lhe dar coragem, ergueu as duas mãos e as colocou na cintura do mais alto, movendo os dedos rapidamente.

— Mas hein?! - Kuroumaru olhou para trás assustado, girando o braço com tanta força que teria acertado um belo soco em seu assediador se este não fosse Santa, pois o braço do garoto apenas atravessou seu corpo - Santa…? - ele ficou entre aliviado e chocado ao reconhecer o amigo - O que pensa que está fazendo?!
— Desculpe… - Santa murmurou, com as mãos ainda erguidas no ar - Eu ouvi que você sente cócegas aí, então… bem, queria testar para ver se era verdade - ele baixou os olhos. Ele sabia que Kuroumaru possuía uma técnica para exorcizar espíritos e se sentiu um tantinho temeroso que ele ficasse irritado a ponto de usá-la nele, apesar de saber que o amigo jamais faria isso. Mas que justificaria ele daria para ter feito aquilo? "Sou uma criança curiosa e travessa"? Era uma tremenda desculpa esfarrapada,mas era a melhor na qual ele conseguia pensar.
— Sei… - Kuroumaru o encarou com um olhar desconfiado - Bom, quem te disse isso estava mentindo, eu não sinto cócegas em lugar nenhum - ele respirou fundo, se recompondo. Para seu azar, esqueceu-se completamente de que aquele era seu álibi para acobertar o que tinha acontecido no dia anterior entre ele e Touta - E não faça mais coisas assim, por favor. Se quiser saber alguma coisa desse tipo, apenas pergunte - ele virou as costas e voltou a caminhar.
— Está bem - Santa se apressou para acompanhá-lo, ainda surpreso com a própria ousadia, mas também satisfeito com sua descoberta. Kuroumaru disse que não sentia cócegas. Mas ontem, Touta disse que estava fazendo cócegas nele. Um dos dois estava mentindo. Mas ambos pareciam estar sendo sinceros quando disseram aquilo… será que ambos estavam dizendo a verdade, tornando aquela cena que presenciou uma situação completamente diferente da que tinha imaginado? Santa não entendia tão bem assim sobre aquele assunto para saber, mas precisava contar isso para Kirie assim que pudesse. Sorriu ao imaginar o escândalo que a garota faria ao escutar aquilo.


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Notas finais do capítulo

Oi pessoal!
Bem, parece que as coisas estão começando a esquentar um pouco... e é claro que a Kirie não vai deixar isso passar despercebido, né? Muito menos o Santa, o coitado está sendo arrastado para o lado yaoi da força, se deixando se levar pela curiosidade kkkkkkkkkkkkk será que uma hora os nossos meninos chegam lá? Lentos do jeito que são... bom, só lendo pra saber!
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Kissus^^



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