Because of who we were escrita por vivikasc


Capítulo 1
When the past meets the present


Notas iniciais do capítulo

oi gente,
seguinte, faz muito tempo (basicamente uns bons quatro anos) que eu não escrevo nenhuma fanfic, então sejam legais comigo.
qualquer coisa podem me procurar no twitter @hpshum
aproveitem.



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Salazar Slytherin

Alguns mil anos atrás.

Eu estava em algum lugar pela Inglaterra adentrando um bar bruxo atrás de alguns ingredientes que pensava poder conseguir com o dono se usasse um pouco do meu bom charme e poder de manipulação. Tinha certeza de que havia descoberto como fazer uma poção do amor que funcionasse, mas havia alguma coisa, algum ingrediente que ainda faltava, eu só precisava descobrir o que de fato ele era.

E então eu a vi.

— Helga? – Falei em um impulso. Não conseguia acreditar que poderia ser ela, não poderia ser, fazia tanto tempo, tanto tempo em que eu havia partido, tanto tempo que tínhamos nos visto pela última vez, mas aquele cabelo, o cheiro dele, o cheiro dele era algo que eu me recordaria para sempre.

— Salazar? – Ela me olhou parecendo tão surpresa quanto eu, veio correndo em minha direção, pronta para me dar um abraço, mas então quase que subitamente lembrou-se da minha repulsa por contatos físicos desnecessários e parou no ato, ficando ali, bem a minha frente – Quanto tempo.

— Quase uma eternidade.

— Faz o que? 10? 20? Anos?

— Um pouco mais, um pouco menos, não que eu esteja contanto.

— O que fazes por aqui?

— Eu, digamos que eu estou precisando ter uma conversa com o dono.

Ela sorriu.

E por um momento pareceu que todos aqueles anos não haviam passado.

— Não seja por isso, eu posso te apresentar. – Então me conduziu até a mesa onde apontou com a cabeça para um homem forte, com uma barba maior que a que eu possuía e por mais que estivesse sentado pude perceber que sua altura também não deixaria a desejar. Frustrante. Ele parecia um bruxo habilidoso. – Salazar este é Godric dono deste bar e um dos mais habilidosos bruxos em feitiços de proteção. Godric este é Salazar um antigo amigo que perdi contato há alguns bons anos atrás.

A menção a palavra amigo me fez estremecer.

— Prazer – estendi a mão pensando em um plano de escape.

— Salazar estava querendo falar com você

— Comigo? – A voz grossa de Godric fazia jus ao seu corpo – Não consigo imaginar o porquê.

— Ele veio com o intuito...

— De pedir dicas para uma boa receita de cerveja amanteigada – Interrompi minha velha nova amiga pensando na desculpa perfeita – receio nunca ter encontrado a fórmula adequada, venho em uma longa busca há bastante tempo.

— Pois pode puxar uma cadeira e sentar-se conosco, sua busca chegou ao fim – O homem começou a rir juntamente com Helga e uma mulher morena que até então não havia notado a presença, jovem, bela, cabelos longos, não sorria.

— Receio que ainda não fomos apresentados – A mulher falou enquanto eu puxava uma cadeira e buscava meu lugar a mesa – Rowena.

— Rowena é muito boa com os animais de nosso mundo, vem fazendo uma pesquisa brilhante sobre suas espécies, também entende muito de fantasmas, seu conhecimento me impressiona – Minha amiga ainda não havia perdido a mania irritante de elogiar todos aqueles que cruzassem seu caminho, essa característica já nos rendera longas discussões que nunca terminavam com um ar agradável. Acho que foi por isso que fui embora da pensão onde morávamos, eu não conseguia me entender com nenhum dos moradores, exceto com ela, quando nossa relação também começou a ficar conturbada eu parti, sem me despedir, deixando uma nota de adeus e nunca mais a procurando. Nenhum deles.

— E de onde vocês dois se conhecem? – O outro homem da mesa tinha tocado justamente no ponto em que eu estava preocupado em tocar, mas como em velhos tempos, Helga me salvara.

— Nós morávamos em uma pensão para estudantes de magia, Salazar completou seus estudos e foi em busca de arranjar um emprego melhor em algum outro povoado e então perdemos contato.

Sorri em meio à verdade distorcida.

— E encontrou?

— Perdão? – virei-me novamente para a morena, Rowena.

— Um emprego em algum outro povoado.

— A claro, acabei encontrando algumas opções, mas hoje trabalho no ramo de poções, produzo algumas, tento encontrar melhor opções para outras...

— Salazar é excelente em poções, ele me ajudou com uma para fazer plantas crescerem quando ainda estudávamos e creio que suas habilidades só floresceram mais.

— Interessante – Comentou Godric conosco.

Então o assunto da mesa virou habilidades bruxas, ramos que gostaríamos de seguir, métodos de estudo e as circunstancias que nos levaram até aquele bar, ao inicio da noite estávamos todos bêbados de cerveja amanteigada.

— Essa é definitivamente a melhor cerveja amanteigada que já provei, mas receio que devo ir.

— Por quê? – Helga parecia genuinamente desapontada.

— É uma longa jornada até minha hospedagem.

— O bar tem uma hotelaria aos fundos, porque não fica por aqui? É onde estou ficando também.

— Claro, seria uma honra tê-lo conosco. Helga e Rowena dividem um quarto, posso arranjar algum para você, assim amanhã poderei ensinar-te a receita que tanto buscavas, já que admitiste que esta seja de fato a melhor cerveja amanteigada já provada por você.

— Por favor, Sly – Helga me chamou pelo nosso antigo apelido - afinal temos de fato muito a conversar e se não mudaste tanto quanto creio que não mudaste todos da hospedagem ficariam felizes com a sua saída repentina.

Este era outro ponto que tanto me incomodava nela, seus argumentos que nunca me deixavam contradize-la, odiava não ter o controle de uma situação e com ela eu nunca tinha a certeza se de fato o tinha, mas deixei convencer-me, de fato eu precisava sair de minha hospedagem no mais tardar dali a dois dias pois ainda estava em busca do ingrediente final para minha poção e sentia que ele estava ali, em algum lugar.

Mais tarde naquele mesmo dia

Batidas na porta. Maldição. Detestava ter de lidar com pessoas tão tarde da noite, mais ainda quando estou tentando entender o que exatamente eu preciso para completar a minha poção.

— Sim – Gritei sem mover um músculo ou até mesmo retirar meus olhos de minhas anotações.

— Sly?

Helga?

Fui até a porta.

— O que desejas?

— Conversar, penso que tenho esse direito, não?

— De uma conversa?

— De uma explicação.

— Explicação?

— Salazar, não se faça de sonso – ela falou já entrando em meus aposentos.

— Claro Helga, sinta-se livre para entrar no meu quarto. – A ironia sempre fizera parte de mim.

— Conosco convites nunca foram necessários – Ela me olhava nos olhos com uma profundidade que me dava agonia, me remoía por dentro, emoções nunca foram o meu forte, talvez este seja outro motivo que me levou a partir.

— Helga, eu precisei partir.

— Por qual razão? Nunca deixaste explicado, naquele maldito bilhete apenas havia comentado que seu destino não pertencia àquela pensão, como se você acreditasse em destino afinal e minhas corujas nunca te encontraram achei que você não estava nem mais entre nós, só me acalmei quando seu bilhete de aniversário chegou.

Os bilhetes de aniversário. Sorri quando ela os mencionou, eu mandava todo ano, todo dia vinte e seis de junho, por cinco anos, mas a saudade dela me consumia, e então eu decidi parar, esquecer, seguir em frente, mas algo sempre me puxava de volta às lembranças, sempre que eu sentia o cheiro do cabelo dela, pinhos em um dia de sol.

Eu possuía tantas lembranças com aquela mulher, tantas tardes ensinando-a poções ou noites em que ela cozinhava enquanto não parava de tagarelar sobre as propriedades de mandrágoras, duelos de feitiços, discussões sobre tatuagens bruxas e debates sobre como ela acreditava que nascidos trouxas poderiam ser tão bons em magia como puro sangues, bobagem de sua cabeça sonhadora.

Mas a lembrança mais importante. Aquela que ainda me prendia a ela. Aquela que foi crucial para minha partida. Aquela que não saia da minha cabeça. Eu já havia lembrado daquela noite de vários modos diferentes que não conseguia mais distinguir fantasia de realidade mas eu lembro de nosso beijo, minhas mãos por seu cabelo, e costas e camisola, sua camisola pelo chão, minhas mão em sua intimidade, sua voz pedindo mais, sempre mais e então as coisas ficam confusas em minha mente, mas eu lembro de estar dentro dela, sobre ela, embaixo dela e então não estar mais. Nunca mais. Na manhã seguinte eu partiria.

— Porque me recebeste tão bem hoje? – Perguntei sem ter certeza se gostaria de levar a conversa por aquele caminho.

— Justamente porque eu precisava falar contigo. Por tantos anos Sly, tantos, eu te procurei.

— Por quê?

— Como assim por quê?

— Porque me procuraste, porque sentias a minha falta ou porque precisavas de uma explicação para a minha ausência?

— Porque a tua ausência me fazia falta.

Fiquei em silêncio. Não saberia responde-la, nunca soube, não quando ela me pegava de surpresa.

— Então, porque partiste?

— Por que... Ora Helga, Por que eu precisava. Simplesmente isso.

— Na manhã seguinte em que ficamos juntos? Simplesmente isso? – Ela falava calmamente já que eram raras às vezes em que perdia a paciência, outro de seus muitos defeitos.

— Foi melhor assim.

— Melhor assim? Você viveu todos esses anos melhor assim? Por que até eu te ver naquele bar, hoje, eu vivia com a preocupação de que algo tivesse acontecido com você, vivia me culpando por sua partida...

— A culpa nunca foi sua – Falei cortando-a de imediato – Nunca foi. – Minha voz parecia um sussurro. – A culpa foi minha de ter te envolvido em minha vida.

— Sly...

— Pare. Por favor. Eu parti porque nós nunca concordávamos com nada, nossa maneira de ver a vida sempre foi diferente, eu parti porque todas as nossas brigas estavam nos afastando cada vez mais e durante aquela noite, no momento em que nós dois tornamo-nos um eu percebi que nossa relação não tenderia a melhorar, estaríamos fadados ao fracasso e sem ao menos percebermos já estaríamos nos odiando por completo e você seria a única pessoa que eu não conseguiria aceitar o olhar de pavor.

— Como podes ter tanta certeza que estriamos fadados ao fracasso? – Sua voz agora também não passava de um sussurro.

— Fazia semanas que tudo o que conversávamos acabava em discussão. Eu preferi partir, escolhi me prender as lembranças, a uma última lembrança nossa, do que sempre me perguntar em que canto do mundo você estaria me odiando naquela semana.

— E dessa maneira você decidiu que seria melhor ficar se perguntando em que canto do mundo eu estava sentindo a sua falta? Egoísta.

— Eu nunca disse que eu era uma boa pessoa Helga.

— E agora?

— O que tem agora?

— Você vai ficar?

— Até encontrar o que eu estou procurando.

— E se eu te pedir para partir?

— Perdão? Foi você que praticamente implorou para que eu ficasse?

— Até eu entender o motivo de você ter ido, tanto tempo atrás.

— Me desculpe Helga, mas há algo que eu preciso encontrar, algo que eu sei que está em algum lugar perto daqui, e eu só parto após achar meu ingrediente.

— Mesmo que isso me magoe?

Assenti com a cabeça.

— Mesmo que isso a machuque, sim.

Ela respirou fundo, então, fez o que eu achava ser impossível, conseguiu abaixar ainda mais o tom de sua voz.

— Você sabe que eu nunca lhe pediria para partir, não sou tão forte assim.

Ela ia em direção à saída.

— Helgs?

Há quanto tempo eu não usava aquele apelido? Certamente a mais tempo do que eu havia partido, tinha perdido o costume desde que nossas brigas começaram e mesmo naquela época não tornara aquilo um habito. Seus olhos brilharam com a menção da palavra em minha boca, a fazendo parar bem diante da porta.

— Sim?

— Será que podemos esquecer tudo aquilo?

— O nosso passado?

Confirmei com a cabeça.

— Acho que não, a sua falta me fez mais forte Salazar e me fez entender muito mais sobre quem eu sou e sobre a bruxa que eu quero ser, mas podemos manter assim, no passado, afinal, por mais próximo que fossemos sinto como se eu não o conhecesse mais, ao menos, não completamente.

Sorri.

E sem dizer nada fechei a porta.

Até que ouvi batidas, novamente, as mesmas batidas. E como em um impulso abri a porta esperando vê-la mais uma vez.

— Prazer, Helga. – Me falou estendendo sua mão.

— Perdão?

— Sou sua nova vizinha, divido o quarto com minha amiga Rowena.

Impressionante, como ela sempre via uma solução para tudo.

Outro defeito.

— Prazer – Estendi minha mão de encontro com a dela. – Salazar. Será um prazer dividir o mesmo corredor com você.


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Notas finais do capítulo

e ai? gostaram? odiaram? querem mais? paro de postar? comentem tudo, beijão :*



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