Em Busca do Oculto escrita por LuaDiabolic


Capítulo 4
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

DEMOREI, MAS VOLTEI CAMBADINHA LINDA!
Bom gente com a volta ás aulas, as coisas se atrasaram um pouco.
Esse foi sem duvidas um dos caps que mais amei escrever, gente, que chuva de ideias que tive ai.
Bom espero que gostem e até la em baixo meus diabinhos! ♥



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O sol queimou meu rosto, senti uma forte dor nas costas, abri os olhos e vi o céu acima de mim, olhei para o lado e o fitei, ele estava dormindo ainda. Daniel e eu havíamos passado a noite na montanha, não me lembrava de como havia caído no sono, provável efeito do álcool que consumimos na noite passada.

− Daniel, acorde! – Chamei enquanto o chacoalhava. – Vamos já amanheceu.

− Caramba, caímos no sono ontem. – Ele disse tapando os olhos com a mão por conta do incômodo causado pela claridade.

− Sim, são seis e meia, dá tempo de te deixar em casa e ir tomar café com minha avó. – Disse me levantando a juntando as garrafas e o resto de nossa sujeira.

− Beleza. – Foi tudo que ele disse antes de se levantar.

Enquanto voltávamos conversamos bem pouco, descobri um pouco mais dos interesses de Daniel e pude lhe contar sobre minha história, o modo como eu amava minha avó e tudo que já havíamos passado. Ele se mostrava interessado e não fazias muitas perguntas. Após deixa-lo na esquina de sua casa eu segui para a minha já aguardando um sermão de minha avó.

− Querida, que susto você me deu, estava prestes a chamar a polícia. – Minha avó disse me abraçando assim que adentrei a casa.

− Desculpe vovó, eu saí com um amigo e acabamos pegando no sono, prometo não fazer isso de novo.

− Um amigo? Não sabia que estava saindo com alguém, quando pretende me apresentar? – Ela dizia empolgada me arrastando casa adentro.

− Não estamos saindo nesse sentido vó, é só um amigo mesmo, mas prometo te apresentar ele. – Eu disse rindo.

Eu nunca havia apresentado nenhum amigo, namorado ou ficante para minha avó, tinha medo do que ela pensaria e nunca tive nada sério com ninguém. Mas sentia que Daniel iria gostar de conhecê-la.

− Sabe, acho que um namorado te faria bem querida, você é tão sozinha. – Ela voltou a dizer assim que adentramos a cozinha.  – Eu tive alguns namorados na minha adolescência, mas nenhum deles prestava, minha mãe queria morrer com cada cara que eu levava em casa.

 

− Vó, eu e Daniel não namoramos, nem se quer ficamos, somos somente amigos. – Eu ri de sua empolgação. – Acredite, prefiro ficar sozinha.

− É como eu sempre disse querida, antes só do que mal acompanhada. – Ao dizer isso ela soltou uma gargalhada que me fez sorrir também. – Vá se arrumar querida, ainda é quarta e a senhorita tem aula.

Dei um sorriso, subi as escadas e fui direto para o banheiro, parei em frente ao espelho reparando detalhadamente, eu me sentia diferente, não um diferente do tipo esgotada, pelo contrário, me sentia mais forte e disposta.

Decidi tirar o amuleto para tomar banho, mas ao levar a mão à nuca para abrir o fecho, não o encontrei, girei o amuleto em meu pescoço procurando um meio de abri-lo e tirar, mas não havia um meio, tentei arrebenta-lo, mas parecia impossível, comecei a me desesperar, sai do banheiro e desci as escadas. Embaixo da escada havia um compartimento onde vovó guardava algumas ferramentas antigas, abri a enorme caixa e retirei de lá um alicate, corri de volta ao banheiro e tentei de todas as formas abri-lo e não consegui. Vencida, desisti.

− Mas que diabos é isso? – Disse olhando fixamente o reflexo do amuleto.

Tomei meu banho e me arrumei para a escola, minha pequena guerra me atrasou e eu tive que sair sem tomar café. Dei um beijo em minha avó e corri.

Quando cheguei à escola meus amigos já estavam entrando, me aproximei de Soraya e a mesma se assustou.

− Caraca Chris que susto. Achei que você nem vinha hoje.

− Eu quase não vim mesmo, você viu o Daniel? – Perguntei vasculhando os corredores com os olhos.

− Vi não, ei que desespero é esse pelo novato, tem nem uma semana que ele ta aqui. O que ta rolando? – Ela enroscou seu braço no meu e continuamos andando até nossa sala.

− Não ta rolando nada amiga, eu só queria falar com ele.

− Sei. – Foi somente o que ela me disse.

Adentramos a sala e nos dirigimos para nossos lugares, o professor de cálculo já nos esperava.

Eu estava distraída, não conseguia manter minha atenção na aula, minha cabeça vagava em um universo do qual nem eu mesma sabia identificar. Eu podia ouvir meus pensamentos “mas o que tem nesse relicário?”, “Por que isso ta comigo?”, “o que eu vou fazer com isso?”, “Quem era aquele homem?”. Aquela porcaria não tinha nenhum sentido.

− Senhorita Bessi. – O professor disse chamando minha atenção. – Está tudo bem?

− Sim, eu só estou um pouco cansada, me desculpe

Tentei voltar minha atenção para a aula, mas algo na janela me chamou a atenção. Minha sala tinha grande janelas de vidro, que davam para o pátio, havia muitas árvores e uma delas me chamou a atenção, pude ver próximo á árvore a mesma mulher que havia visto no reflexo do carro, mas agora era nítido que ela estava lá.

− Soraya. Olhe aquilo!

− O que? A grama está mais verde? – Soraya disse zombando.

Quando olhei de volta a mesma mulher não estava mais ali, um desespero imenso passou por dentro de mim e a única coisa que consegui foi sair da sala correndo, olhava para o chão pensando naquilo quando senti um forte impacto sobre meu corpo, quando me dei conta já estava no chão.

 

− Chris? Está tudo bem? – Reconheci a voz de Daniel.

− Não! Eu não sei. Daniel me tire daqui! – Eu implorei.

Ele pegou minha mão e corremos em direção ao banheiro masculino, havia uma janela imensa, pela qual poderíamos facilmente passar, agora entendo porque John matava aula facilmente.

Corremos para longe da escola parando em frente a uma igreja, aparentemente abandonada. Sentamos-nos na velha escadaria e eu comecei a contar para ele tudo que havia passado nos últimos dias, contei sobre o colar e como não havia conseguido tira-lo hoje de manhã. Ele ouvia as minhas palavras sem expressar nenhuma emoção, parecia já saber o que eu ia dizer e sem perceber acaba em algumas vezes completando meu pensamento.

− Christie, entendo que esteja assustada, mas ainda acho que não deve se desfazer do colar. – Ele disse tocando o mesmo.

− Eu estou com medo desse colar Dan. Ele chegou tem dois dias e parece que as coisas saíram do lugar. – Eu disse tentando demonstrar toda minha tristeza.

− Chris, olhe para mim, eu tenho certeza que nada vai te machucar, você é muito incrível e nada vai chegar até você. – Ele segurou minha mão e disse olhando para os meus olhos, passando uma certeza da qual eu desconhecia.

Voltamos pra escola pra que eu pudesse pegar as minhas coisas e logo depois eu segui para a locadora. Tudo ia normalmente, normal até de mais pelo dia que eu estava tendo. Parecia completamente insano, diversas coisas passavam pela minha cabeça, será que eu estaria com algum tipo de esquizofrenia? Todos os sonhos e esse amuleto, não podiam ser reais.

Senti uma pequena pontada em minhas costas, mas deduzi que fosse da minha péssima postura e modos, logo a ignorei, mas quando senti de novo, percebi um aumento em sua intensidade, decidi que era hora de fechar e ir para a casa. Conforme ia seguindo meu caminho, a dor ia aumentando, era como se eu a sentisse formando um caminho por minhas costas, ao entrar em casa, já era algo muito intenso. Subi para meu quarto e deitei em minha cama, tentei dormir, mas a dor só aumentava, era como algo rasgando minha pele, parecia que estavam fazendo um desenho a facas em meu corpo. Eu arfava de dor e continha os gritos para não acordar minha avó.

Ás três e trinta e cinco da manhã eu me arrastei até o espelho e tirei a blusa, decidida a descobrir o que estava acontecendo, quando vi meu reflexo no espelho me desesperei, havia diversas marcas e símbolos desenhados, como uma tatuagem tribal, comecei a passar a mão na esperança que sumissem, mas não saiam, ao contrário, apareciam cada vez mais. Certa hora da madrugada eu já não conseguia me mexer de tanta dor, e meu corpo desfalecido adormeceu.

No dia seguinte, acordei com meu corpo todo ardendo, com muito sofrimento consegui me levantar ir ao banheiro, antes olhei para o relógio e vi que já eram nove da manhã, eu havia perdido a hora. Entrei no chuveiro e deixei a água quente cair sobre meu corpo dolorido, sem conseguir me aguentar sentei-me no chão, agarrei meus joelhos e chorei me sentindo extremamente perturbada, imaginando que algo horrível estava acontecendo e que eu morreria e iria para o inferno em breve.

Só me dei conta de que havia passado muito tempo no chuveiro quando ouvi batidas na porta.

− Christie? Querida você está bem? Faz mais de meia hora que está ai! – O som doce da voz de minha avó me fez tentar levantar abruptamente, e com isso gemi de dor.

− Ta tudo bem vó, estou saindo. – Gritei de volta.

Sai do banho e me deitei em minha cama, decidida a não sair da cama. Eu não queria acreditar em tudo que estava acontecendo, culpei o amuleto maldito, o homem que o deixou comigo, me culpei por usar e culpei Daniel por me incentivar, em um estalo, decidi ligar para ele, contar o que ocorreu.

− Alô?

− Dan? É a Christie! – Minha voz falhou.

− Chris você ta bem? Sua voz está estranha.

− Eu preciso ver você, vem aqui em casa. – Acabei chorando no final da frase.

− Eu estou indo. – Dito isso ele desligou, e eu continuei a chorar deitada.

Decidi me levantar e colocar uma roupa, já que não havia feito isso depois do banho, vesti roupas intimas e um roupão, precisava mostrar a Daniel, nunca tive problema em ficar de roupas intimas na frente de outras pessoas, tinha o pensamento de “se pode biquíni na praia, pode calcinha e s sutiã”. Comuniquei minha avó que Dan iria me visitar e disse para mandá-lo subir.

Ouvi a voz de Daniel e me sentei, logo após ouvi duas batidas na porta e pedi para entrar. Ao me ver ele ficou sem entender direito, pois eu realmente estava em um estado deplorável.

− Meu Deus Chris, o que aconteceu com você?

−Dan, olha o que aconteceu. – Eu disse já chorando.

Virei de costas e baixei o roupão deixando a mostra minhas novas “tatuagens”.

− Chris o que é isso? Eu não entendo. – Ele disse se afastando.

Comecei a contar sobre todo o ocorrido e uma expressão de espanto se formava em seu rosto.

− Christie eu receio muito ter que te dizer isso, mas acho que você é uma das herdeiras do oculto. – Ele disse e um sorriso se formou em seu rosto.

− Daniel, de que merda você está falando? – Eu disse alterando meu tom de voz.

− Christie, eu preciso que me escute com total atenção.

− Eu estou escutando!

− Bom, há muitos anos, a terra era dividida em dois mundos, cada um, habitado por um povo diferente, o mundo comum, ou exposto, como costumavam chamar, habitado por humanos considerados normais, esse mundo aqui, que você e eu vivemos atualmente, e o mundo oculto, no qual eram habitadas as forças que podiam proporcionar o bem ou o mal para o mundo exposto, com pessoas que portavam habilidades exuberantes e excepcionais, eles tinham domínio sobre os quatro elementos, sobre o bem e sobre o mal, eram como os anjos e demônios na bíblia. As jovens eram escolhidas pelo bem ou pelo mal quando completavam dezesseis anos, e a partir daí começavam suas jornadas, guiando suas atitudes segundo seu invocador, aquelas que eram escolhidas para o bem, faziam com que os expostos agissem segundo as coisas de moral decente, os guiava para a coisa certa, já aquelas que tinham suas vidas invocadas para o mal, bom, essas faziam as coisas saírem do normal, criavam guerras, brigas, de grande e pequeno porte, permitiam furacões e tsunamis, os homens, eram os protetores, cada um era destinado a proteger uma jovem, seja qual fosse o seu invocador. Mas quando o mal começou a ter mais força como invocador, algumas mulheres começaram a esconder suas filhas no mundo exposto, para que essas fossem confundidas com os demais jovens e passasse despercebida pelo invocador, mas sempre com seu protetor guiando-a, hoje o mundo oculto está destruído pelo mal, e as poucas que ainda podem proporcionar o bem vivem escondidas por aqui ou presas no mundo oculto. – Ele disse tudo aquilo pacientemente e sem esboçar nenhuma expressão além de pesar.

− É uma triste história, mas ainda não entendi o que tem a ver comigo. – Eu disse segurando o queixo.

− Christie todas as jovens invocadas por um dos seres passaram pelo mesmo processo que você, da mesma maneira, e tem tatuagens parecidas, com pequenos símbolos diferentes. – Ao dizer isso ele sorriu, mas pude notar certa preocupação em seu tom de voz.

− Cara, desculpa, mas isso não faz nenhum sentido para mim. – Eu disse e me levantei, comecei a andar em círculos, pensando em tudo que ele havia dito. – Foi bem legal de sua parte inventar essa história, mas não ajudou muito.

− Chris eu não inventei isso, é a história do meu povo, e me sinto desrespeitado por ouvir você dizer isso. – Ao dizer isso ele se levantou com expressão fechada e cruzou os braços.

− Pelo amor de Deus, Dan, não quer que eu acredite nisso né! – Eu disse forçando um riso de deboche. Ele arqueou uma das sobrancelhas e suspirou. – Ok, digamos que eu concorde que tudo isso é real, que prova você pode me dar? Só pra eu confirmar assim.

Ele descruzou os braços e tirou a camisa, pude comprovar minhas teorias sobre seu belo físico, com certeza ele malhava.

Fechei a cara em uma expressão de “o que você ta fazendo cara?”, e então ele sorriu e virou-se de costas para mim, minha boca se abriu em um perfeito “o”.

− Oh meu Deus! – Eu disse ao reparar que ele possuía tatuagens extremamente parecidas com as mesmas que agora estavam em minhas costas.

− Sou um protetor Chris, escondido na exposição para não compactuar com a maldade do meu mundo.

− Não se mexa! – Ao dizer isso peguei minha câmera fotográfica e tirei uma foto de suas costas. Pedi para que ele fizesse o mesmo comigo, eu precisava comparar ambas.

− Chris você já tem dezesseis, isso só pode significar que estão tentando te invocar, e te levar de volta para o mundo oculto, se isso for verdade, receio que você corra perigo. – Ele disse e uma onda de fúria tomou conta de mim.

− Você ta maluco? Eu não sou nenhuma entidade para ser invocada. Olhe, eu preciso ficar sozinha, acho que você deve ir pra casa e quando eu analisar as fotos eu te ligo. – Disse isso e empurrei ele porta afora.

Não sei ao certo quando ele foi embora, mas sei que foi. Passei as fotos para meu computador e comecei a analisar cada detalhe, a semelhança era incrivelmente absurda. No lado direito inferior pude notar que havia um símbolo exatamente igual em ambas, era como um pentagrama com o número seis em algarismos romanos.

Passei horas lendo sobre lendas e contos, tudo que consegui encontrar sobre o tal mundo oculto era muito vago e me fazia acreditar cada vez menos em toda aquela história.

Eu só tinha uma certeza, nada daquilo era normal.


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Notas finais do capítulo

É AI QUE O PARANUÊ VAI COMEÇAR CAMBADA! HAHA
Beijokas da Diabolic! Até a proxima!