Como acabar com um casamento escrita por Lily


Capítulo 1
I




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I

O casamento seria perfeito como num lindo conto de fadas, ela entraria com uma carruagem no lindo casarão que sua mãe havia alugado somente para aquele dia, depois seguiria por um caminho de pétalas de rosas vermelhas até o local da cerimônia, no caso, o quintal da casa que estaria todo decorado em um rustico chique, ideia de sua mãe. Então a marcha nupcial irá começar a tocar enquanto ela caminhava pelo tapete com todos os nomes dos convidados escritos à mão por eles próprios, seu noivo a esperaria sorridente no alto ao lado de todas as pessoas que mais amava.

Porém aquela ideia toda foi por água abaixo no momento em que ela o conheceu. Por Deus, ela só podia estar louca para roubar um carro e ir atrás dele naquele maldito aeroporto. Por que não podia ser mais simples? Por que ele não ficou quando ela pediu? Por que ela ainda quis se casar?

Atravessou o sinal vermelho sem nem olhar para trás. Aqueles três últimos dias haviam sido estressantes, loucos, mas incrivelmente maravilhosos.

Três dias atrás

Hotel Rose White- Califórnia.

Se tinha uma coisa que Caitlin mais presava era a pontualidade. Ela nunca se atrasava ou tolerava o atraso, mas sabia que seus amigos eram completamente desorganizados e que provavelmente se atrasariam devido ao tortuoso transito para sair de Central City ou Star City. Olhou no relógio novamente, quinze para às sete, havia chegado na hora, poderia fazer o check-in e curtir um pouco a piscina antes de ir para o casarão começar a organizar a localização das mesas e dos convidados.

—Ansiosa? – Ronald Raymond, seu atual noivo perguntou gentilmente, ela sorriu em confirmação.

—É um sonho virando realidade. – acrescentou. – Mal posso esperar para estar finalmente casada com você.

—E eu mal posso esperar pela lua de mel. – ele brincou e ela riu apenas para não ser mau educada. Ronnie só pensava em sexo, pelo menos na maior parte do tempo, na outra parte ele pensava em maneiras de fazer sexo sem ser pego.

Ok, isso era um pequeno exagero. Ronald era um engenheiro qualificado e um excelente namorado, mas havia algo, que até hoje ela não sabia, que faltava nele. Afastou aqueles pensamentos e tentou focar no dia agitado que teria pela frente, encontraria com a organizadora às nove, depois iria buscar a mãe no aeroporto e as madrinhas na estação de trem, então finalmente teria um somente para ela por volta das duas da tarde, às quatro começaria o chá de panela, que duraria pelo menos até às sete quando começaria o ensaio do jantar, então lá para às onze ela poderia dormir.

Ela era bastante organizada e maníaca pelo horário. Abriu a porta colocando as malas ao lado da cama, observou o quarto por um instante, a cama de casal, o closet bem espaçoso e o banheiro com um hidro que parecia magnifica. O melhor hotel da cidade, a melhor cidade do estado, somente para o casamento do século.

Sentou na cama retirando os sapatos de salto e massageando os pés, duas horas em um avião, depois mais duas em um trem, devia ter vindo de carro. A porta da varanda estava aberta e o vento fazia a cortina balançar, caminhou até o lado de fora e observou à vista magnifica que o hotel proporcionava, mas algo lhe chamou a atenção.

Sentado em uma das cadeiras perto da piscina com um livro na mão ele a encarava, tinha cabelo meio loiro e usava uma blusa do Mário Bros com um short caqui, ela não conseguia distinguir se realmente a encarava ou busca outra pessoa no prédio. Ele acenou, ela institivamente levantou a mão e sorriu, ele pareceu notar isso, pois sorriu de volta.

Caitlin saiu da varanda sem olhar novamente para ele, trocou de roupa e foi atrás de Ronnie, ou pelo menos foi isso que estava falando para si mesma todo o caminho até a piscina. Tinha que saber quem era aquele cara, quando o elevador parou no térreo saiu apressada e acabou trombando com alguém.

—Olha por onde anda. – resmungou sem nem olhar para a pessoa.

—Cuidado com as palavras, pretty, elas machucam e você acabou de ferir meu ombro. – ela se virou no momento em que as portas começaram a se fechar. Era o cara da piscina, ele sorriu e ela pode notar que seus olhos eram de castanho meio esverdeado. O coração de Caitlin começou a bater em uma velocidade diferente, as portas se fecharam e ele se foi.

Merda! Porra! Maldição! Que diabos ela tinha na cabeça?

Se virou pronta para ir para a piscina quando seu pé bateu em algo, abaixou para pegar o livro caído no chão. Admirável mundo novo por Aldous Huxley, ela já tinha ouvido falar, mas nunca havia tido tempo para ler aquele livro, o cara parecia ter um bom gosto para a leitura. Deu de ombros e seguiu para a piscina sem conseguir tirar aqueles lindos olhos esverdeados da cabeça.

***

Quando deu nove horas em ponto Caitlin já estava no casarão apenas esperando a organizadora, a decoração rustica havia sido ideia de sua mãe e sua sogra, elas haviam escolhido tudo, desde de seus vestidos até o bolo, a única coisa que Caitlin havia escolhido era seu próprio vestido, embora tivesse que aceitar que havia cedido as opiniões de sua mãe e escolhido um estilo sereia que embora fosse lindo, não era do seu gosto, e o buquê. Não que estivesse reclamando, é que ela apenas não queria que seu casamento fosse daquele jeito, queria algo mais íntimo, no quintal da própria casa ou no cartório local, podia ser apenas eles dois e alguns amigos mais próximos.

—Bom dia, Caitlin, não é? – Íris West, a organizadora de eventos sorriu para ela, Cait assentiu e a seguiu para dentro do casarão recém reformado. – Não é muito comum para nos organizadores conhecermos a noiva apenas a alguns dias antes do casamento.

—Eu sei e sinto muito, minha mãe cuidou de tudo nos últimos meses, nem meu trabalho, nem o trabalho do meu noivo, deixaram a gente ajudar. – não que fosse exatamente uma mentira, mas Caitlin sabia muito bem que Dr. Wells a liberaria da clínica para programar seu casamento se ela pedisse, porém, sua mãe começou a tomar conta de tudo e ela não queria enfrentar mais nenhuma briga com Carla, então decidiu deixar como estava.

O casarão ela lindo, tinha um toque colonial e todo o requinte de um nobre inglês. Íris seguiu comentando todos os detalhes da cerimônia civil e da festa, Caitlin se surpreendeu com algumas coisas que sua mãe e sua sogra haviam escolhido, como os lírios que iriam decorar o caminho até o altar.

—Eu pedi rosas vermelhas.

—Sim, mas sua mãe achou melhor lírios brancos e azuis. – a organizadora explicou olhando na prancheta. – Mas se você quiser podemos mudar.

—Não. – disse imediatamente, não queria começar um outra briga com a mãe antes do seu casamento. – Está tudo bem, gosto muito de lírios.

Íris assentiu e seguiu explicando como estavam organizadas as mesas e a divisão das famílias. Caitlin tentou lembrar do maior número de detalhes possíveis, mas sua atenção foi completamente desvia quando passaram por uma das enormes janelas da sala de estar que davam para o jardim. Lá estava ele, o cara da piscina. Sorriu involuntariamente, o loiro a encarava com uma câmera na mão e de repente começou a tirar fotos dela. Seu sorriso morreu aos poucos.

—Com licença. – saiu de perto da organizadora e caminhou para fora do casarão em direção ao cara da piscina.

—Bom dia, pretty. – ele sussurrou com a câmera direcionada para ela. – Seu rosto fica bonito sobre esse sol.

—O que você acha que está fazendo? – cruzo os braços o encarando.

—Tirando fotos da criatura mais linda que eu já vi. – ele sorriu e continuou a tirar mais fotos. – Não se preocupe, eu não mostrarei nada para ninguém. Apenas quero guarda esse momento para sempre.

—Se isso for um cantada, desista. Estou preste a me casar e você não tem nenhuma chance.

—Eu sei. Caitlin Snow futura senhora Raymond. Prazer, Barry Allen, seu fotógrafo. – ele pegou sua mão e beijou o dorso. – Você é mais bonita pessoalmente. Pretty.

Ela sorriu sem saber o que falar, não sabia como reagir aquela situação, ninguém nunca a havia chamado de pretty ou qualquer adjetivo semelhante. Sabia que era bonita, muito bonita na verdade, Ronnie sempre falava isso, pelo menos no início do namoro.

—Ai está você. – Íris parou ao seu lado meio ofegante. – Parece que já conheceu nosso fotógrafo oficial.

—Sim. – sussurrou sem conseguir tirar os olhos de Barry.

—É ele que ficara ao seu lado durante todo o final de semana. – Íris revelou, Caitlin balançou a cabeça e encarou a organizadora.

—Como?

—Sua mãe escolheu o pacote plus, ou seja, a sessão de fotos não será a convencional, um fotografo ficara ao seu lado e tirara fotos sua durante o dia, no final escolheremos as melhores fotos e as colocaremos no álbum.  - Oh merda!— Está tudo escrito no panfleto.

O panfleto que sua mãe havia lhe entregada a algumas semanas e ela nem havia se dado ao trabalho de ler. Respirou fundo, não havia nenhum problema ali. Barry era apenas um fotógrafo que a ajudaria com as fotos do seu casamento, não havia nada demais se seu coração bater em um ritmo acelerado e suas mãos suarem como o verão em Nova York.

—Ok. – falou em um fio de voz.

—Que tal começarmos com algumas fotos suas perto do lago? – Barry perguntou apontando para grande massa de água à apenas alguns metros dali.

—Não estou vestida a caráter. – falou a primeira desculpa que lhe veio à mente.

—Não se preocupe, são apenas fotos conceituais. – Íris a acalmou. Mas Caitlin não estava tão calma quanto esperava, seguiu Barry para perto do lago.

—Você sempre calada assim ou está apenas chateada? – Barry indagou, ela levantou os olhos em direção ao céu e pode ouvir os cliques da máquina fotográfica.

—Estou apenas cansada da viagem.

—Pela sua cara há alguns minutos, você não parecia saber sobre a escolha do fotógrafo.

—Foi a minha mãe. – revelou sem saber o porquê. – Deixei que ela organizasse o casamento, não queria entrar em uma discussão. – as palavras saíram da sua boca antes que ela percebesse. Nunca havia falado aquilo para ninguém, a todos que perguntavam ela repetia a mesma ladainha: Estou muito ocupada e ela é melhor do que eu para fazer isso. — Minha mãe é meio cabeça dura com esses tipos de coisa.

—Ela é controladora? – Barry a puxou para mais perto das flores.

—Um pouco, eu puxei isso dela. – confessou, pegou uma margarida no chão e levou delicadamente até o nariz. – Papai sempre dizia que se um dia eu encontrasse alguém mais cabeça dura que eu, deveríamos nos casar.

—Então você finalmente achou. – o tom de voz de Barry era de questionamento, Caitlin o encarou antes de murmurar.

—Acho que sim.

—Existe uma diferença entre achar e ter certeza.

Ela colocou as mãos sobre a cintura.

—O que você está insinuando?

—Nada, só que você não parece aquele tipo de noiva que está surtando pelo casamento e eu admiro isso. – ele abaixou a câmera. – Você parece não se importar se vai casar ou não.

—Desde quando eu lhe dei o direito de opinar na minha vida?

—Mas é o que eu todo mundo parece fazer. – Barry deu de ombros. – E acompanhei sua mãe e sua sogra nas escolhas, mesmo que de longe. Como você consegui suporta-las? Elas são horríveis, pretty.

—Primeiro, para de me chamar de pretty, e segundo, não fale da minha mãe ou da minha sogra, você não tem esse direito. – tentou ficar séria, mas alguma coisa no jeito com Barry a encarava fazia sua raiva se esvair. – Mas você está certo, às vezes elas são um pouco megeras.

—Um pouco? – ele arqueou a sobrancelha. – Eu só te conheço a poucos minutos, mas ainda estou me perguntando como uma criatura tão encantadora como você, pode ter vindo de uma mulher tão...

—Tão o que?

—Vaca. – disse ele por fim.

Caitlin não pode conter o riso. Ou Barry era louco, ou ela que estava louca. Um cara desconhecido havia chamado a mãe dela de megera e de vaca, a havia insultado e insinuado que ela não estava nem ai para o seu próprio casamento. E a única coisa que ela estava fazendo era rir com ele.

—Que horas são?

—Quase onze. – Barry murmurou sem olhar no relógio e com a câmera apontada para ela. – Por que?

—Minha mãe! Eu tinha que ir pega-la no aeroporto as dez. – passou por ele correndo.

—Hey, pretty! – Barry gritou, quando ela já estava na entrada da casa.

—Te vejo depois.


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