crença escrita por themuggleriddle


Capítulo 1
crença


Notas iniciais do capítulo

Mais uma da série "passei dias querendo escrever algo e quando consigo sentar para fazer isso, a motivação e a inspiração somem".



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Os olhos de Salazar não deixavam o seu pescoço e Helga sabia muito bem que o que atraia aqueles olhos verdes não eram a pele que a gola deixava exposta, mas sim a cruz de metal que pendia da tira de couro que ali descansava.

“Sei que não gosta, mas encarar é considerado falta de educação,” a mulher falou, desviando o olhar para as fogueiras que ardiam nos terrenos do castelo.

“Eles tentaram queimá-la viva,” o bruxo resmungou. “E matariam a todos nós se nos vissem aqui hoje.”

Hufflepuff suspirou. Celebrações como aquela não haviam sido completamente abolidas, mas tinha que concordar com o amigo. Enquanto alguns trouxas celebravam o início do verão com uma oferenda ou algumas danças, nenhum deles lançavam feitiços no ar enquanto dançavam ao redor de uma fogueira. A mulher conseguia até mesmo ouvir o sermão do padre de sua antiga aldeia, as acusações dele sobre aquelas práticas horrorosas: dançar no meio do mato com os pés descalços até o cansaço se abater sobre eles, deliciar-se com a magia enquanto adoravam algum demônio.

Mas ali, não havia nenhuma criatura horrível sendo cultuada. As únicas coisas celebradas eram naturais e boas... O clima que ficava mais ameno e os permitia ficar ao relento até mais tarde, a alegria que irradiava de Godric enquanto ele contava histórias aos mais jovens, as flores que adornavam os cabelos dos alunos, o amor que fazia Rowena rodopiar nos braços do marido... Coisas boas e puras.

“Não a entendo,” disse Slytherin, cruzando os braços sobre o peito e erguendo um pouco o rosto. As chamas das fogueiras faziam os olhos dele brilharem de um jeito interessante. “Carrega os amuletos que Rowena lhe traz de viagens, mas continua com a cruz deles. Enche os cabelos de flores e dança em homenagem à primavera, mas também reza para o Deus deles...”

“Acredito nas duas coisas, Sal.” Ela encolheu os ombros e sorriu. “É tão difícil de compreender?”

Mas Helga sabia a resposta. Para alguém como Salazar, o mero ato de acreditar era difícil. A desconfiança era sempre mais forte, o medo de ser enganado e ter o orgulho ferido.

A mulher ouviu o ritmo da música mudar e viu Ravenclaw, a distância, puxar o marido para outra dança. Com as flores nos cabelos e os passos rápidos, qualquer desavisado poderia pensar que aqueles dois faziam parte do povo das fadas caso os vissem no meio de uma floresta.

“No que você acredita, Sal?”

Slytherin respirou fundo e a bruxa virou o rosto para poder enxergar a expressão dele. As sobrancelhas escuras franzidas faziam uma ruga aparecer em sua testa e os olhos verdes continuavam brilhando com intensidade. Os lábios finos estavam pressionados um contra o outro enquanto os dedos brincavam com alguns fios da barba morena.

“Acredito na magia,” ele falou.

“Apenas porque a consegue controlar.” Ela riu, sacudindo a cabeça. “Acredita em algo sobre o qual não tenha poder?”

A testa do bruxo se enrugou um pouco mais, os olhos fixos nas fogueiras. Por um momento, ele permaneceu assim e Helga achou que a sua pergunta seria esquecida, mas então ele virou o rosto e ela pôde ver a sua resposta muito clara.

Talvez, Hufflepuff pensaria mais tarde, ela estivesse vendo algo onde não havia nada. Talvez a forma como os olhos do homem se fixaram nos seus fosse apenas uma forma que Salazar tinha de dizer que não queria responder aquilo. Talvez o silêncio não tivesse significado algum. Mas esses questionamentos surgiriam apenas muito tempo depois, quando Slytherin não estivesse mais por perto para fazê-la acreditar em uma expressão tão miúda.

Naquele momento, ela sorriu e sentiu-se leve enquanto agarrava as mãos do homem e o puxava para perto das fogueiras. Naquela noite, a magia estava mais viva em todos eles, a cada passo que davam e a cada risada que soltavam. E, como Salazar havia falado, ele acreditava na magia.


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Notas finais do capítulo

Eu, para mim mesmo, o tempo todo enquanto escrevia: "Foque no Salazar e na Helga, não na Rowena no fundo. Helgazar, não Tomrow. Controle-se!"