Quartevois escrita por Lily


Capítulo 18
Caitlin




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/739167/chapter/18

Quando tomamos um choque sentimos o nosso corpo enrijecer, da pontas dos dedos do pé até o último cabelo da nuca. Caitlin sentia assim, congela sem nem ao menos conseguir respirar, seus olhos pinicavam ameaçando transbordarem pelo excesso de água, respirou fundo tentado recobrar os sentidos do seu corpo.
Com cuidado se levantou do sofá e sem fazer barulho seguiu até o quarto, Natali ainda procurava o quebra-cabeça no armário, fechou a porta com cuidado e escorregou até o chão, sentiu uma lágrima escorrer pela bochecha até o canto de sua boca.
—Mamãe? - Natali chamou, Caitlin se virou para ela e colocou o dedo indicador sobre a boca pedindo silêncio. Engatinhou até ela e a puxou para seu colo. - Mamãe, por que você está chorando? - ela perguntou em um sussurro.
—Porque algumas coisas nem sempre são como a gente quer. - disse e limpou algumas lágrimas com o dorso da mão.
—Mas por que estamos fazendo silêncio?
—Porque às vezes o silêncio é nosso melhor companheiro.
Natali bufou.
—Não gosto dessas frases misteriosas.
Riu sem muita vontade e beijou o topo da cabeça dela. Sentia seu coração doer, como se uma mão invisível o apertasse.
Sabia que Barry ainda amava Íris, estava na cara, mas não esperava por isso, às vezes se esquecia o quanto os homens podiam ser idiotas quando queriam. Fechou os olhos e deixou os minutos correrem, talvez ficasse tempo o suficiente para ver o sol nascer pela janela, a vista deveria ser linda pela manhã.
Natali apertou seu braço e se ajeitou em seu colo, ela não parecia incomodada com o fato de ter que ficar em um quarto sem fazer nada, talvez Natali gostasse do silêncio tanto quanto ela. Fechou os olhos tombando a cabeça para o lado e a apoiando na cômoda. Tentou controlar sua respiração e começou a contar, mal chegará ao quatrocentos e sessenta quando sentiu uma mão tocar seu ombro.
—Cait, ela já foi. - a voz de Barry saiu meio arrastada. - Cisco está na sala.
Assentiu, sabia que se falasse qualquer coisa, mesmo que uma pequena confirmação, acabaria desabando em lágrimas de novo. Tocou no cabelo de Natali.
—Ela dormiu. - ele falou já esticando os braços para pega-la. O deixou leva-la para a cama e sem jeito se levantou do chão, Barry deitou Natali sobre a cama, ajeitou os travesseiros ao redor dela e colocou o urso de pelúcia sobre seu braço, a pequenina o apertou com força. Barry então se virou para sair, ele mal conseguia olhar na sua cara. Respirou profundamente, pegou a saia que havia deixado sobre a cômoda e a vestiu, colocou a blusa por dentro, ajeitou o cabelo bagunçado, calçou os saltos, caminhou até Natali e lhe deu um beijo na testa sussurrando.
—Boa noite meu anjo.
Saiu do quarto deixando a porta entreaberta. Cisco estava na sala e conversava animadamente com Barry, este porém não prestava muita atenção, parecia perdido em seu próprio mundo particular.
—Ei Cait, pronta para começar o experimento? - Cisco indagou sorrindo, ela tentou dar um sorriso amigável, mas provavelmente a única coisa que conseguiu foi uma careta irritada.
—Não posso, lembrei que tenho uma coisa para fazer. - disse já pegando a bolsa e o casaco sobre o sofá e indo em direção a porta. - Tchau.
Saiu antes mesmo que Cisco ou Barry pudessem falar alguma coisa. Não estava afim de papo, principalmente de ouvir as desculpas de Barry.
Pegou o celular na bolsa e mandou uma mensagem de socorro, o devolveu para a bolsa.

[...]

—Obrigada por me encontrar aqui. - disse a Felicity assim ela entrou na sorveteria.
—Eu que agradeço por não ter escolhido um bar. - Felicity sorriu e se sentou ao seu lado. -Oba sorvete de menta! Então, qual o problema? - ela indagou colocando a colher de sorvete na boca. - Você parece abatida.
—Não é nada. Onde está Kara?
—Com Íris.
Caitlin mordeu o lábio inferior e cutucou o sorvete com a ponta da colher.
—Ah, Joe falou que Kara dormiu lá ontem a noite. Elas se deram bem, né? - falou, Felicity sorriu, inclino-se para frente e sussurrou.
—Na verdade Kara está com Jesse e Íris foi atrás e Barry.
—Eu sei. - murmurou incomodada, Felicity a encarou confusa. - É a coisa mais óbvia que ela iria fazer.
—Você acha que eles ainda tem alguma chance de voltarem?
—Eu não sei, Íris é bem volúvel.
—Não acho isso. - Felicity discordou deixando a colher sobre a taça do sorvete.
—Ela rompeu o noivado com Barry por achar que as coisas estavam indo rápido demais.
—Como você sabe disso?
—Barry me contou, ele disse que Íris já havia voltado atrás algumas vezes, então não é uma surpresa para mim ela fazer isso justo agora. - falou pegando um guardanapo de papel e rasgando em pequenos pedacinhos.
—Como assim justo agora?
—Agora que Barry finalmente está seguindo em frente.
—O Bar está saindo com alguém por acaso? - Felicity indagou com a sobrancelha arqueada e um brilho meio malicioso no olhar.
Deu de ombros.
—Não que eu saiba, mas se ele realmente estiver saindo com alguém isso fará um bem para ele, já estou ficando cansada de vê-lo fazer o papel de cachorrinho atrás de Íris.
—Isso é um pouco frio da sua parte. - Felicity voltou a se reencostar na cadeira. - Você por acaso está  com ciúmes Cait?
—Você quer a verdade? - indagou se ajeitando na mesa e ficando de frente para ela, já estava farta daquela situação. Já estava farta de ver Barry atrás de Íris, de vê-la usa-lo e depois descartar, não aguentava mais sofrer por alguém que não parecia dar a mínima pelos seus sentimentos. - Sim Felicity, eu estou morrendo de ciúmes de Barry com Íris, e estou com raiva porque ele é um idiota e não enxergar o que está bem a sua frente, mas também estou triste por saber que mesmo que tentasse por mil séculos ele nunca sentirá por mim o que sente por ela. E acima de tudo estou cansada de fingir que ela não me afeta, mas me afeta sim, desde o início, porque sempre foi a Íris, sempre. Ele fez tudo por ela, o possível e o impossível, e no final quem estava lá o ajudando a catar os pedaços que ela havia partido? Eu, Felicity! Sempre eu, aquela que fez e faz papel de trouxa apenas esperando um olhar ou um gesto, me contentando com pouco e sonhando que um dia ele olhará para mim. Mas não, sempre vai ser ela. Só ela.
Desabou sentindo as lágrimas rolarem, aquilo já estava preso dentro de si a muito tempo e era ótimo colocar tudo aquilo pra fora, mesmo que fosse em uma sorveteria no meio da noite.
—Uau! Isso é muito para processar e também é um pouco difícil de ouvir.
Cruzou os braços sobre a mesa e deitou a cabeça.
—Eu sinto muito, é que isso já estava entalado a um bom tempo.
—Entendo é bom desabafar de vez em quando. - ela suspirou e colocou a mão sobre seu ombro. - Por que não me falou isso antes?
—Não temos muito tempo para esse tipo de conversa.
—Você podia ter ligado ou mandado mensagem. Caitlin, eu estou aqui sempre que você quiser, entendeu? - assentiu. - Ótimo, agora vamos por partes. Você gosta do Barry e isso é meio obvio agora, e está magoada por ele estar com Íris.
—Ele não está com Íris, ele está comigo. - disse e sentiu um certo alívio ao dizer aquela frase em voz alta.
—Vocês estão juntos?
—Mais ou menos, é meio complicado. Mas estamos saindo e vendo se as coisas podem dar certo, por isso não contamos para ninguém.
—Porque se as coisas não derem certo, vocês voltam a ser amigos.
—Isso.
—Isso não me surpreende muito, para falar a verdade. - Felicity sorriu para ela. - Sempre achei que vocês formavam um belo casal. Mas se você e o Barry estão juntos, por quê ele ainda está tão ligado à Íris?
—Porque ele ainda está confuso, eu disse que tínhamos que nos resolver com o nosso passado, não nos envolver com ele, de novo! - socou a mesa com força, isso chamou a atenção da caixa e de uma garçonete, as únicas duas pessoas, além delas, que estavam no local.
—Ok, eu entendo que você está nervosa, mas não queremos ser expulsas ainda. - Felicity tentou acalma-la, mas ela estava um pilha de nervos.
—Eu o vi beijando ela. - revelou.
—Aquele filho da mãe. - Feli rosnou incrédula.
—Eu sei, e o pior de tudo é que ela beijou ele, mas invés de afastar ele a beijou de volta.
—Eu vou matar o Barry. - ela fortificou. - Como ele pode ser tão idiota a esse ponto? Sinto muito Cait.
—Só queria apagar isso da memória, mas já que não podemos tomar algumas bebidas por conta do seu atual estado, sorvete era minha única opção. - falou olhando para a taça com  sorvete meio derretido. - Obrigado por ter vindo.
—Não tem de que.
Felicity passou o braço pelo seu ombro e a puxou para mais perto, Caitlin sorriu agradecida.
—Você é a minha pessoa, Feli.
—E você é a minha, Cait.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Quartevois" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.