1997 escrita por Honora


Capítulo 1
when everything else is fading




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/739158/chapter/1

Remus sentiu o cheiro de lavanda adentrar suas narinas com rapidez, as mãos acariciavam a barriga de sua esposa, enquanto Tonks estava envolta de seus braços quentes. O barulho da chuva lá fora era a única música que escutavam com louvor, não havia indícios de desconforto e nem palavras que necessitavam ser ditas naquele momento.

Sentia a tristeza pairar no ar, entretanto. Era atípico, inusitado e melancólico, mas Remus a sentia; esmagando seus ossos, criando cenários inexistentes em sua cabeça, fazendo-o se questionar. E, para a sua surpresa, ele não tinha o apoio de Tonks naquela noite, pois sua esposa encontrava-se tão incerta quanto ele.

Eram os presságios da guerra em companhia do dia lúgubre e dos toques pacientes. E tudo vinha com uma maré de medos e incertezas, onde nem mesmo Nymphadora conseguia se desapegar.

E o cheiro familiar, o sorriso pequenino, a chama especial e a esperança de um amanhã grandioso eram o conjunto que Remus temia perder.

Mas, apesar disso, havia o aperto de seu corpo contra o de Tonks, junto dos beijos ternos, do calor prazeroso e da ilusão de uma manhã sem medo. E por mínimo que seja, era o suficiente para espantar o marasmo que pairava sobre o lugar.

— Quando isso acabar, montaremos uma família; grande e bonita, de olhos castanhos e cabelos coloridos — sussurrou de repente, fazendo-a sorrir de maneira inigualável.

— Quantos filhos acha que teremos? — Tonks levantou o rosto, encarando a expressão serena de seu agora marido.

— Eu gostaria de ter dois meninos e duas meninas, o que acha? — a gargalhada de Nymphadora acendia seus olhos em excitação, como sentia medo de perdê-la!

— Definitivamente não! Quem vai cuidar de quatro crianças, Remus?

— Ora! Eu, claro. Você prende os malvados e eu tento não destruir a casa!

— É uma ideia adorável — sorriu Tonks, deitando a cabeça no tronco de Lupin.

Por um milésimo, Remus imaginou as crianças correndo pelas escadas, enquanto Remus preparava chá e Tonks recebia Harry como convidado. Um sorriso transpareceu e iluminou seu rosto com a ideia da felicidade que uma família o proporcionaria.

Logo, porém, lembrou-se de sua condição e do medo frio e alarmante em seu coração. Não havia chances de ter um filho numa guerra imersiva junto da doença que carregava, não era justo com Tonks e não seria justo com seu filho.

— Nós vamos dar um jeito, ok? Não se preocupe com isso — murmurou Tonks, lendo seus olhos soturnos e acariciando os fios brancos de Lupin.

E a melancolia fez-se novamente presente naquela noite chuvosa de 1997.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "1997" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.