You Only Live Twice escrita por Szin


Capítulo 3
I had to find you tell you I need you


Notas iniciais do capítulo

Heyy voltei!
Adivinha quem teve ecsrevendo toda a noite e toda a tarde só pra postar hj?
Exato eusinho aqui...
então a gente conversa lá em baixo siM? asuhsuhasuhsauahs
Só dedicando o capitulo à Fer, à Liids (essa menina quase me mata pedindo capitulo Gzuis do céu) e claro Moon Queen, Leitora 98 e Danny Mellark

MAS TODOS OS OUTROS MEU DEUS ORIGADO A TODO O MUNDO VELHO ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/739090/chapter/3

Já era noite.

Eu estava revendo a matéria que professor Xavier havia pedido pra gente. Eu não preciso fazer de novo um paragrafo sobre ele preciso? Eu escrevi a décima anotação na folha que estava na minha frente, enquanto deslizava os dedos pelo mouse do notebook ao meu lado.

Eu estava grata por ter minha quinta feira ocupada.

Ocupada e livre dos pensamentos sobre Percy Jackson.

Já passava quase 3 semanas que ele meio que fez as pazes comigo…

Apesar de “fazer as pazes” ser algo estranho entre a gente.

Primeiro, que não havia motivo pro clima pesado que havia se formado entre a gente dois.

Segundo, tudo isso aconteceu porque Percy havia tratado com aquela indiferença toda.

Ou nem isso já que ele me esclareceu naquela tarde....

A gente subiu no ónibus enquanto Percy Jackson continuava segurando minha mão. O motorista ficou olhando pra gente e deu um sorrisinho estranho enquanto ele me puxava pro bancos do fundo. Aqui entre a gente, eu não sou a garota dos bancos do fundo.

Toda a minha vida de passageira de onibus eu fui garota dos bancos do meio.

Não muito na frente, nem muito atrás. Sempre no meio.

Isso porque maioria das vezes todo o mundo da escola ficava gritando nos bancos do fundo. Gritando tanto que o volume máximo da música nem conseguia silenciar eles… nem mesmo de fone.

E viagem de bus sem fone não dá pra mim. Anotem aí.    N Ã O    D Á

Enfim, na frente se sentavam as crianças mais novas que gritavam tanto quanto os mais velhos do fundo. Ou isso ou os idosos faziam questão de dormir quando chegava o bus da tarde, as vezes até ficavam falando coisas aleatórios como a sua filha que estava noiva, ou o seu neto que tinha passado finalmente de ano escolar. 

Me desculpem mas uma viagem de 30 minutos com o idoso é meio complicado. (continuo amando idiosos, eles continuam sendo um amorzinho de pessoas não fiquem bravos sim?)

Como eu falei, eu era a garota dos bancos do meio.

Mas hoje não… hoje eu tava indo pros bancos do fundo. E eu estava indo com Percy Jackson. Ele caminhou pelo corredor do bus ainda com sua mão entrelaçada na minha.

Os dedos… sempre tão macios…

— Sentamos aqui? – ele perguntou olhando pra mim.

Eu tive que me segurar pra não ficar encarando aqueles seus olhos verdes que me faziam perder noites inteira de sono. Sono esse que no dia seguinte fazia muita falta no meu frágil psicológico.

E na minha cara também, mas isso não interessa agora.

Eu assenti pra ele. Percy deu um meio sorriso se sentando do lado da janela enquanto eu me sentei do lado do corredor.

Na verdade, eu prefiro o lado da janela mesmo.

— Então – ele olhou pra mim – Tamos bem?

— Porque não estaríamos?

— Não sei – ele encolheu os ombros respondendo vagamente.

Suspirei. Esse menino me dava uns nervos com esse tom de “tou nem aí pra você". E não, eu não gosto desse tom. 

— E lá está você de novo – ele uniu as sobrancelhas – Sempre suspirando.

“Porque será né?”

— Descansa eu paro – resmunguei. Eu estava começando a me irritar de verdade com ele novamente. Numa hora ele era fofo, carinhoso e simpático já em outras ele ficava… insuportável.

Demais até.

Ouvi Percy respirar fundo.

— Vamos brigar de novo? – ele bufou passando as mãos no cabelo.

Eu fiquei encarando os bancos na minha frente. Eu não queria olhar pra ele. E eu tinha motivos plausíveis pra isso.

Esse traste tem um rosto lindo da desgraça

Eu tava irritada com o traste que tem um rosto lindo da desgraça. 

 Perfeitamente plausíveis como podem ver 

— Não – eu respondi no mesmo tom vago.

Revenge meu amigo!

— Ei – ele chamou – Não… não fale comigo desse jeito…

Eu fiz o que toda a pessoa com maturidade faz: dar sorriso irónico.

— Deveria fazer o mesmo não é Perseu Jackson?

Como saber que a coisa tava ficando feia? Exatamente, chamar ele pelo seu nomezinho de nascimento tal como as mães fazem quanto a gente apronta algo.

Se você estiver em casa e ouvir sua mãe te chamar pelo primeiro e ultimo nome só a uma coisa a fazer. Corra. Corra pela sua vida, corra o mais longe e rápido que puder, porque dali coisa boa não vem.

Ele olhou pra mim.

— Pare de me olhar desse jeito, é você que fica me tratando com indiferença – resmunguei continuando a olhar pros bancos vazios das fileiras da frente.

Eu só queria voltar aos meus bancos do meio.

Eu ouvi ele suspirar. Só passados uns segundos ele respondeu.

— Não é indiferença – ele sussurrou num tom calmo – É só que… é meio difícil pra mim falar com você.

— Hmm…

— Ei – ele pegou na minha mão – pode olhar pra mim por favor?

Respirei fundo, cedendo ao pedido.

Ele mordeu o lábio e suspirou baixinho.

Não morda o lábio sua desgraça!

— É só que…- ele falou quase gaguejando. Ele humedecia os lábios a cada 30 segundos enquanto a mão livre coçava a nuca repetidas vezes. Era uma das manias de Percy Jackson -… É só que- eu não sabia como falar com você depois do que falei pra você ontem… isso é tudo novo pra mim sim?

Mas… Mas que menino fofo gente!

— E você complica muito as coisas – ele resmungou.

… pronto, estragou tudo.

— Eu complico? Eu?

Não era mentira…

— Sim… e muito. – ele arfou gesticulando pra mim - Você fica me encarando desse jeito como se esperasse algo de mim e eu fico sem saber o que você quer...

— Mas tem gente que nem complica tanto pra você não é?

Sim. Eu tou indo por esse caminho mesmo.

— Do que você está falando? – aquela maldita sobrancelha arqueou de novo.

— De ninguém Percy, me deixa tá? – bufei já cansada do rumo que a conversa estava tomando. Eu não entendia Percy Jackson. Não entendia suas mudanças de humor.

E quer saber? Eu acho que já nem queria entender mesmo. Sempre que dava um passo, Percy fazia questão de recuar dois. Era como se ele fosse um livro que fechava na minha cara toda a vez que eu tentasse abri-lo.

E eu estava cansada… cansada de tentar compreender ele.

Balancei a cabeça negativamente. Porém a sua mão puxou a minha me obrigando a olhar pra ele.

— Não! eu não vou deixar você em paz – ele olhou pra mim – Pare de me afastar e fale comigo.

— É você que fica me afastando.

— Annabeth dá pra me ouvir? Eu tou tentando pedir desculpa.

Silêncio.

— Annabeth? – ele chamou mais baixinho – eu não quero discutir com você por favor…

— Eu também não quero – murmurei.

— Então vamos parar com essa briga sem motivo sim?  - ele entrelaçou os seus dedos nos meus me dando um sorriso.

O seu lindo e desgraçado sorriso de lado.

Aff, te odeio.

— … porque você não me trata como trata os outros Percy?... custa muito assim?

— Você não é como os outros Annabeth – ele murmurou encarando as o nada – eu pensei que você sabia disso.

— Eu já nem sei de nada Percy…

— Vou perguntar de novo – ele murmurou com delicadeza apertando sua mãos fria e macia sobre a minha. Eu queria sentir mais das suas mãos em mim. – Estamos bem?

— … Sim  – eu concordei. Tal como Percy eu não queria continuar discutindo… eu não tinha paciência pra isso. – Tamos bem.

— Certeza?

Menino Persistente esse hein?

— Sim… certeza.

— Então cadê aquele seu sorrisinho hm? Vamos loira quero você sorrindo.

— Não quero sorrir – resmunguei cruzando os braços.

Mentira, eu queria sim.

— Pare de ser fofa – ele sorriu tocando no meu rosto. Eu estremeci sentindo os seus dedos roçando contra a minha bochecha – Sorria pra mim anda.

Eu cedi. Era meio difícil não sorrir quando ele estava por perto.

— Você fica mais bonita quando sorri – ele murmurou. Eu senti minhas bochechas queimarem.  – Mais ainda na verdade…

Olhei de novo pra ele. Os seus olhos verdes estavam mais brilhantes que nunca, e o cabelo tão bagunçado como sempre. Sua mão largou a minha pegando no fone do seu pescoço o colocando sobre a minha orelha. Eu rapidamente reconheci aquela musica.

Era a minha a musica.

E naquele segundo eu me senti a pessoa mais especial no mundo. Mais precisamente no mundo de Percy Jackson. A nossa viagem durou 5 musicas e meia.

Eu havia contando. Eu tinha a cabeça apoiada em seu ombro enquanto sua mão não desgrudou da minha nem por um segundo.

— Eu preciso ir – ele falou ao encarar a rua em que o bus estava passando. Percy saía sempre duas quadras acima do nosso bairro. Sua mãe trabalhava no Hospital de São Rafael como enfermeira socorrista.  Todas as tardes Percy saía no ponto de ónibus mais próximo, sentava numa das cadeiras do café em frente ao Hospital e esperava o final de turno de sua mãe. Era uma estratégica que Percy Jackson fazia todos os dias pra evitar chegar a casa antes do seu padrasto.

Eu levantei o rosto de má vontade. Ele olhou pra mim e sorriu.

— Amanhã à mesma hora. – ele murmurou.

— Tudo bem.  –eu sorri.

Os seus dedos petearam uma das minhas mechas colocando-a atrás da orelha. Ele deu seu típico sorriso e me encarou.

E de novo aquele sorriso. Seu lindo, desgraçado, e inquieto sorriso.

— Espera – ele pediu baixinho pegando na sua mochila. Abriu o ziper rapidamente enquanto procurava algo no interior. As minhas mãos pegaram sobre o pequeno saquinho de papel que ele me entregou.

Ele se levantou agarrando no varão de metal enquanto me olhava. 

— Vou esperar resposta amanhã de manha – ele piscou antes de caminhar pra porta e sair do ónibus me deixando confusa.

Os meus olhos o encararam enquanto ele passava pela janela em movimento.

Ele suspirei observando o pacote em minhas mãos.

Rapidamente o abri alcançando o que estava no interior.

Eu não consegui evitar sorrir. Era um CD.

Não… era aquele CD. Aquele mesmo que eu queria e estava nas mãos de Percy Jackson. O Plastico transparente ainda cobria toda a capa onde o fundo de mar brilhava na noite enquanto “Ghost Stories" estava gravado no cimo da capa. 

Mas não era só isso.

Colado atrás da capa estava um dos post-it que Percy Jackson sempre usava no seu livro com as suas notas e duvidas. Eu rapidamente reconheci o trecho daquela música.

Eu sorri encarado a nota.

 “You're in control Is there anywhere you wanna go?”

E como prometido eu respondi na manhã seguinte. Foi o nosso oficial primeiro encontro eu acho. E foi ótimo na verdade.

O dinheiro que a gente gastou em panquecas foi a prova disso.


Eu olhei pra capa do CD sobre o criado mudo.

Pra uns era um simples CD mas pra mim… era tão mais que isso.

E claramente vemos como os deveres de casa falharam perante minha tentativa de tirar esse menino da minha cabeça.

E isso me deixa tão confusa e tão fora de mim que me deixa ainda mais confusa e fora de mim. Era uma bagunça!

Em 3 dias a gente já chegava junto na sala. Todo o mundo ficava me encarando mas Percy parecia nem ver isso. Sempre sorrindo e conversando comigo. Por vezes chegava até sendo constrangedor caminhar num corredor e ter 30 par de olhos em cima da gente analisando cada movimento. Eu tinha até medo de tropeçar e todos rirem de mim por ficarem nos encarando. E Percy? Nada.

Ele não parecia notar, mas se o fazia continuava conversando, sorrindo e piscando.

Eram essas as 3 ações que Percy Jackson tinha comigo.

E eu me sentia tão feliz por isso.

Na hora da almoço a gente sentava junto. Eu e Thália desciamos as escadas na direção do refeitório onde Percy e Nico já nos esperavam. Eles sentavam na mesa do fundo longe de toda a ação e gritos. A nossa mesa (sim a gente já a chamava de nossa) ficava no canto do fundo, no lado contrário da janela junto da parede.

Foi uma escolha pessoal de Nico… ou nem tanto assim já que sua alergia ao sol impedia que ele ficasse exposto muito tempo nas horas de calor.

Era um castigo pra Nico Di’Angelo. Sua pele ficava vermelha e irritada e ele ficava coçando toda a hora resmungando. Tinha dias que ele ia pra casa tomar remédio pois não aguentava estar na escola de tanta agonia que tinha.

Foi daí que surgiram os boatos que Nico era um vampiro e filho das trevas.  Mas ele não ficou bravo ou irritado com isso, muito pelo contrário. Aqui entre a gente acho que ele até que gostou bastante, mas enfim…

Continuando… nossas horas de almoço eram… divertidas. Tudo era assunto na nossa mesa. Ninguém nos incomodava tirando alguns olhares.


— Elas estão me irritando já – Nico resmungou cobrindo ainda mais seu rosto com o gorro do moleton.

Percy segurava seu refrigerante enquanto eu terminava meu suco de laranja. Thália ainda estava comendo olhando pro celular.

Uma coisa sobre Thália: essa menina demora mais terminando seu almoço que Clay Jasen ouvindo suas fitas anotem aí.

— Você vai demorar? – eu perguntei pra ela. 

— Tou terminando já – respondeu dando outra garfada.

— Você falou isso há 10 minutos – Nico sorriu pra ela. Eu vi suas bochechas corarem, porém Thália lhe mostrou o dedo do meio.

Não… eles ainda não tinham nada. Quer dizer, eles tinham tudo, mas ainda nada.

“A gente têm o nosso ritmo” – Thália me respondeu uma vez.

E eu respeitava isso neles. De verdade.

— Se vocês pararem de olhar talvez elas parem – eu falei baixinho.

Eu também não estava confortável.

— Mando elas se fuderem querem ver? – Thália olhou pra a gente.

— Shiu pare quieta. – eu sussurrei.

Nada confortável mesmo.

Olhei pra Percy que estava no seu silêncio olhando pra mesa. Eu acho que era nesses momentos que Percy organizava seus pensamentos. Isso acontecia muitas vezes acreditem. Percy parecia parar no tempo olhando pro nada enquanto ficava meio que… pensando.

E isso me deixava louca. Eu dava o mundo pra saber o que aquele menino pensava tanto.

— Mano elas estão olhando pra mim – Nico corou ate à ponta dos cabelos. Ele apertou mais os cordões do gorro cobrindo todo o rosto deixando apenas a ponta do seu nariz visível. 

Thália riu baixinho.

— É porque você é bonito – elogiei.

Não era mentira. Nico Di’Angelo era digo da sua beleza. Seus cabelos e os olhos negros eram donos de charme e mistério e seu sorriso de “pareço revoltado mas sou legal” fazia qualquer um confiar nele, até mesmo os desconhecidos. Em cada palavra havia uma dose de ironia polvilhada com ternura e carinho enquanto sua voz era calma e serena como se fosse imune ao pânico ou desespero. A sua pele era tão ou mais pálida que a de Percy, Jackson fazendo repensar nos rumores acerca de seu vampirismo enquanto que as olheiras profundas marcavam as suas pálpebras. Nico Di’Angelo não tinha nenhum piercing. Mas um par de asas de anjo estava tatuado ao longo das suas costas fazendo prender olhares de quem o visse.

Não é a toa que o user de Nico no instagram é “dark_diângelo”. O meu é “corujinha34” (mentira não é não).

— Eu sei disso Annabeth mas não precisam ficar encarando. – Nico resmungou  escondendo o rosto. Eu sorri. Percy deu o ultimo gole no refrigerante olhando pra mim

— Que foi?

— Você cortou o cabelo – ele me olhou.

Thália e Nico olharam pra mim confusos. Ninguém havia notado.

— Eu só cortei as pontas – era verdade. Eu praticamente briguei com a cabeleireira quando ela propôs retirar quase 10 centímetros dos meus cabelos.

“Meu cabelo, minhas regras”- Anotem isso aí.

— Você está bonita – ele sussurrou olhando pra baixo num gesto tímido.

Thália e Nico agora nos encaravam com um sorriso.

A essa hora eu nem sabia quem estava mais corado se eu, ou Percy na minha frente.

— Hey Percy tá calor neh? – Nico sorriu.

— Ahn?

— Calor Percy – os olhos negros se desviaram pra mim ainda com aquele seu sorriso sacana – Tanto calor que até a gente fica vermelho.

Percy lhe bateu com o cotovelo com força – Cala a boca.

Nico gemeu de dor abraçando o braço. As meninas na frente voltaram a rir baixinho.

— Ei! -  Percy se virou num tom brusco olhando para as garotas que pararem de ir no mesmo segundo – Querem foto é? Se querem a gente tira uma já que tal?!

— Me… me desculpe – a do meio gaguejou engolindo a própria saliva enquanto as outras baixavam o rosto envergonhadas. Percy soltou um resmungou se virando de novo penteando seu moicano.

As meninas voltaram a se virar dessa vez cochichando baixinho.

— Calma Cara – Nico sorriu pra ele. Os olhos de Percy Jackson se fixaram em mim e por logos segundos ele mordeu o lábio me encarando…

— Eu tou calmo – ele sussurrou enquanto de novo, seu sorrisinho de lado dançou nos seus lábios.

Naqueles lindos lábios.


Eu fechei meu caderno olhando pro relogio digital em cima do criado mudo.

22:48 brilhava a verde fluorescente. Desliguei a luz do pequeno cadeeiro sobre a mesa e me levantei da secretária despindo minha camiseta branca enquanto pegava na toalha em cima da cadeira. Tomei um duche quente sem fazer barulho já que – como sempre – mamãe e painho já estariam dormindo.

Mamãe era arquiteta-chefe da empresa da cidade, e segundo ela, isso significava chegar antes de todo o mundo (e claro mais dinheiro na conta bancária mas isso não importa agora). Já meu pai era professor de História no liceu da cidade vizinha. Por causa do horário e do transito ele se levantava todos os dias às 5h30 da manhã, tomava seu duche e seu habitual chá de camomila (papai não gostava de café) e arrumava sua maleta nos minutos restantes.

Ele chegava sempre cansado e a gente sabia disso. Ser professor não é tão fácil como a gente fica pensando que é. Preparar as aulas, planear provas, planear matéria tudo isso papai fazia em suas poucas horas de descansado.

Chegava às 5 da tarde praticamente esgotado, porém, ele sempre me ficava me perguntando como estava a escola, Thália, notas, aulas (papo de professor mesmo) e dava seu habitual beijo na testa da minha mãe. Quando chegava às 22h os dois já estavam na cama ferrados a dormir.

Peguei na toalha me enrolando sobre ela enquanto voltava em silêncio pro quarto. Vesti meu shorts laranja e a habitual camisa cinza que guardava no comoda em frente da cama. Apaguei a luz do quarto e me deitei sobre a cama pegando num dos livros que havia – muito gentilmente – roubado da estante de meu pai. Folheei as paginas até onde havia parado e liguei a luz do pequeno cadeeiro no criado mudo.

Eu não soube quanto tempo passou ao certo, talvez ao fim de 14 paginas e uns parágrafos.  Chris Martin se fez soar no meu quarto enquanto o meu celular vibrava naquele trecho de musica.

Life is a drink, and love's a drug

Eu peguei no celular deslizando o dedo sobre a tela.

— Sim?

— Oi… acordei você? – Percy murmurou baixinho do outro lado da linha.

— Não, eu estava meio ocupada aqui.

— Isso explica a luz no seu quarto – ele riu baixinho.

Eu arqueei as sobrancelhas me levantando indo até à janela. Uma silhueta estava sentada sobre o passeio olhando para a janela. Ele levantou a mão acenando pra mim.

Se eu não soubesse que era ele eu estaria tendo um treco agora. 

— O que faz aí Percy?

— Mesmo de sempre – eu pude ver ele passando a mão nos cabelos do outro lado da estrada.

— Gabe?

— Gabe….

Eu suspirei. Gabe era um assunto delicado pra Percy.

Eu nunca tive o azar de me cruzar com ele, só pelas coisas que Percy me contava eu já fazia questão de o evitar.

— Você está bem? – eu sussurrei baixinho.

Eu vi o garoto vestido de preto encolher os ombros.

— Eu tou bem… - eu podia sentir ele mordendo seu lábio – eu só queria ouvir sua voz antes de voltar…

Oh, angel sent from up above, You know you make my world light up...

Percy estava diferente fazia dias. Ele sorria mais, conversava mais e ria mais… tudo isso pra mim.

Talvez Nico tivesse razão… ele só precisava de tempo.

Eu já consigo até ouvir a voz dele falando “Eu avisei” dentro da minha cabeça.

Eu apertei mais o celular… Não era só Percy que estava diferente comigo… eu também estava diferente em relação a ele. Eu gostava de Percy, mais do que deveria e mais do que alguma vez pensaria gostar.

Antes eu tremia apenas quando ele notava que eu ficava o encarando.

Depois, eu tremia não apenas quando ele notava que eu ficava o encarando mas também quando ele me encarava de volta.

Mais tarde, eu tremia não só quando ele notava que eu ficava o encarando e ele me encarava de volta, mas também quando ele segurava minha mão ou sorria pra mim.

Mas agora? Agora eu tremia quando a gente se encarava, quando dávamos as mãos, quando sorríamos um pro outro, quando trocávamos mensagens e quando ouvia a voz dele todos os dias da semana.

Eu agora tremia por inteiro com Percy Jackson. E mesmo não sabendo se isso é bom ou mau, eu apenas queria que isso continuasse.

Percy era alguém recorrente em minha vida agora. Em semanas esse garoto não ficou apenas ocupando minha cabeça e minha sala mas também, meu almoço, meus dias, minhas noites e minha vida.

E isso incluiu minha listinha de contatinhos.

— Porque você me guarda com um coração azul? – ele me perguntou olhando naquele tom de “pare de ser desse jeito, eu não te quero”.

... e não queria mesmo?

— Porque azul combina com você. – eu respondi sorrindo pra ele.

Nós estávamos sentados nas mesas de pedra do jardim do escola. Thália e Nico haviam ido buscar um lanche pra gente enquanto Percy e eu esperávamos. Ele vestia uma camiseta nova. As mangas eram abertas deixando visível a pele exposta dos seus músculos. As suas calças estavam furadas como sempre e seu cabelo estava tão bagunçado que eu quase insisti pra pentear ele.

Quase…

Ele estava do meu lado com seu fone de ouvido, enquanto eu estava sentada escrevedo a matéria de Quimica do caderno que Mayara havia me emprestado.

Moça bem legal, anotem aí. Tou devendo um pudim pra ela na verdade.

Percy me olhou com cara de emburrado. Eu notei de novo seu piercing na sobrancelha.

Mas gente… aquilo não doeu a fazer não? Dá até agonia.

O garoto arqueou a sobrancelha.

— Apague isso – ele resmungou tentando alcançar o meu celular das mãos. Eu o empurrei o colocando no bolso enquanto olhava pra ele irritada.

Ele me fazia feliz tanto quanto me fazia zangada.

Esse menino era uma bagunça que Deus do céu. Parecia até criança fazendo birra.

— Annabeth apague isso.

— Porquê? Thália eh o coração verde, o Nico o preto… que mal tem você ser o azul?

Eu recuei um lugar o encarando.

Ele bufou. Eu revirei os olhos.

Era o costume.

Que droga! Menino chato!

— Eu não quero ser o azul – ele resmungou – Eu não quero ser nenhum.

— Vai ser o azul sim, e cale a boca – eu resmunguei. Ele voltou a bufar deitando a cabeça sobre os braços.

— Você é impossível. – ele criticou unindo as sobrancelhas pra mim.

— E você é insuportável.

— Insuportavelmente lindo? – ele sorriu arqueando a sobrancelha direita.

Também. Shiu. 

— E convencido – eu sorri de volta. Eu acho que já estava pegando o jeito com Percy Jackson. Tal como Nico falou: seja mais teimosa que ele.

Era casantivo? Era… mas tava dando certo e isso era o que importava.

Ele me encarou com aqueles seus olhos verdes brilhantes. Era estranho, mas eu queria me afundar neles… me abraçar neles. 

Ele levantou o rosto pegando no celular num gesto rápido. Os seus olhos se fixaram na tela enquanto os seus dedos deslizavam rapidamente pelo ecrã. 

— Que está fazendo? – eu perguntei baixinho.

— Guardando você com o coração azul – ele me respondeu com um sorriso – Assim a gente fica os dois.

…. Socorro.

— E quem é o coração vermelho? – olhei pra ele aproximando o rosto. 

Ele deu um sorriso de lado olhando pra mim daquele jeito.

O jeito que só Percy Jackson me olhava.

— Não tem coração vermelho – ele sussurrou baixinho enquanto voltava a deitar o seu rosto sobra a mochila. Os seus olhos verdes se fecharam ao fim de uns segundos me permitindo sorrir por leves instantes.

O que Percy não soube foi que eu alterei o coração 3 dias depois… Ele passou a ser meu coração vermelho.

Eu desci as escadas em silêncio pegando no casaco que painho sempre deixava pendurado quando chegava em casa. Yoda estava dormindo em sua caminha no canto da sala. Ele levantou as orelhas quando me ouviu abrir a porta o mais lentamente que pude. Ele me olhou e levantou a cabeça, porém logo voltou se deitando e virando a bunda pra mim

E eu que te criei seu bocó. 

Eu saí, sentindo o frio da noite embater contra as minhas pernas enquanto fechava o casaco até ao pescoço. Fechei a porta devagarinho, caminhando até ao garoto sentando no passeio.

— Você é doido – eu sorri me sentando do lado. Ele me encarou por leves segundos e depois desviou o olhar para a minha janela ainda acessa. 

— O que fazia acordada? Já viu as horas? – ele conteu o sorriso. Eu o encarei por segundos. Ele vestia a camiseta dos Artick Monkeys de há duas semanas. Foi a mesma que ele levou quando fomos comer panquecas, na nossa primeira saída. Seu cabelo estava molhado me fazendo pensar que talvez ele tivesse tomado um banho porém suas calças ainda estavam vestidas.

— Cerveja – ele apontou pro cabelo humido como se adivinhasse os meus pensamentos.

— Gabe?

— Gabe – concordou de novo – Aparentemente é divertido jogar cerveja nas pessoas.

Eu odiava Gabe. Por tudo o que ele fazia com Percy e sua mãe.

— O que aconteceu Percy? – eu perguntei tão baixinho quanto as conversas que ele tinha comigo. 

— Mais do mesmo – ele sorriu sarcástico encolhendo os ombros – Ele estava bêbedo, a gente discutiu, ele se embebedou mais, a gente discutiu mais... o costume.

Eu suspirei.

— Você está bem?

Ele me olhou, pegando em minha mão.

— Agora sim – sussurrou. - desde de que você esteja comigo.

When I was down, when I was hurt, you came to lift me up

— Porque sua mãe não… você sabe... ela bem que-

— Se divorciar? Era ótimo não era? – ele me olhou encarando o vazio da estrada. As luzes das casas estavam todas apagadas tirando a pequena janela da casa em frente. A minha.

Postes de luz estavam dispostos a cada perfeitos 12 metros iluminando a estrada gradualmente. O vento frio corria pela rua enquanto se ouvia os ramos das arvores abanando gentilmente.

Era sossegado.

— Quando era pequeno meu pai nos abandonou sabe? – ele contou baixinho como se fosse um segredo. E era. Era o seu segredo.— Minha mãe ficou sozinha com um filho de 5 anos por cuidar. Sozinha e sem ninguém. Ela então trabalhava noite e dia, todos os dias da semana, sem férias ou feriados.

— Percy…

Eu não queria forçar ele a nada.

Mas por mais triste que fosse, uma parte de mim se sentia feliz por ver se abrindo comigo. Só comigo.

When I was a river dried up You came to rain a flood

— Mas não era suficiente – ele murmurou baixinho – Todo o esforço dela não era o suficiente. Por mais que trabalhasse, por mais que desse tudo de si as contas chegavam e o dinheiro saía. Não sobrava nada. Quando eu fiz 7 anos ela casou com Gabe. Eles se conhecerem porque o desgraçado entrou em coma alcoólico e minha tratou dele no Hospital. E por mais bêbedo e fedido que aquele idiota fosse o dinheiro que ele recebia no posto de gasolina ajudava muito. Mas eu e Gabe nunca fomos um com o outro. Eu via o que aquele traste fazia com minha mãe todos os dias. Ela me falava que eu precisava ter calma com ele e tudo mais... mas eu não conseguia. Ele abusava da boa vontade dela. Quando eu fiz 16 anos eu fiquei na cola da minha mãe. Eu não sabia o que Gabe era capaz de fazer com ela… eu só queria… só queria diminuir o inferno que ela vivia ano após ano. Inferno esse que aconteceu porque um idiota qualquer não foi homem suficiente pra assumir o filho e a esposa.

Eu me aproximei ainda mais dele. Seu braço se pôs em volta dos seus ombros enquanto a sua cabeça se encostou na minha.

— Eu queria falar que tá tudo bem agora, que vai ficar tudo bem… – eu sussurrei baixinho sentindo o calor do corpo dele junto do meu. Eu não queria ver ele desse jeito, porém sabia que era algo dele. Fazia parte dele – Mas ele ainda está em sua casa Percy… e você vai ter que o ver de novo… infelizmente.

— Eu sei… - ele murmurou beijando os meus cabelos – Eu sei disso…

— Ele não vai embora né?

— Não… ele é como um verme, se apega nas pessoas e não desgruda. – eu senti sua mão se fechar num punho fechado – minha mãe tentou pedir o divorcio quando viu que conseguia se virar sozinha… mas o filho da-… enfim… ele não reagiu bem.

— Ele bateu nela? – eu perguntei olhando pra ele.

— Não… eu não deixei – as mãos relaxaram por breves momentos.

— Talvez um dia o posto  de gasolina expluda com ele lá dentro – eu sorri baixinho.

— Isso seria irado – ele riu junto – Muito irado mesmo.

Eu gostava do riso dele.

Até o mais triste…

— Talvez as coisas dêm certo.

— Vão dar – ele garantiu olhando pra mim – É só terminar faculdade que pego na minha mãe e sumo com ela daquela casa.

— Só… não vai embora sim? – eu sussurrei apertando os seus dedos.

Eu senti ele sorrir.

— Não… não vou a lugar nenhum.

Eu fechei os olhos enquanto sentia o rosto pesando contra o seu ombro. A sua mão fazia carinho na minha bochecha e seu perfume parecia impregnar sobre a minha pele que arrepiava cada vez que sentia a respiração dele batendo contra a minha cabeça.

— Sua mãe está em casa?

— Não, ela está fazendo turno no hospital – respondeu num tom mais calmo – Amanhã quando chegar ele já vai estar no emprego.

— Isso significa que-

— Que vou ter que ir pra casa com ele lá – ele sorriu sem animo – Bela noite de quinta feira não é?

Levantei o rosto do seu ombro o olhando. A mão tocou na sua bochecha fazendo com que ele a segurasse continuando o toque.

— Eu só queria ver vocês antes de ir… sabe, pra dar uma força – ele piscou pra mim.

Now I just can't get enough Put your wings on me, wings on me

Eu sorri.

— Você não precisa ir – eu sussurrei me levantando e estendendo a mão pra ele. Percy me olhou.

Os dedos alcançaram os meus o ajudando a levantar. O puxei pela mão até minha casa no mais profundo silêncio.

— Não faça barulho sim? – eu pedi. Ele assentiu sem falar nada. A minha mão continuou segurando a sua enquanto eu abri a porta o eixando entrar. Yoda esperava na porta abanando a cauda e pondo sua língua de fora.

Os seus olhos encararam Percy porém continuou no silêncio.

Obrigado meu jovem Padawan.

A gente subiu as escadas no mais profundo silêncio. Eu podia ouvir as respirações de Percy junto com as minhas. Caminhámos pelo corredor em bicos de pés.

Eu só rezava pra que minha mãe não acordasse e me matasse por estar quebrando a famosa regra de nada de garotos.

Ainda mais se esse garoto fosse Percy Jackson.

1º Novidade: minha mãe não gostava dele.

2º novidade: ele já se haviam conhecido recentemente. Flashback fica pra depois sim? Meio ocupada agora.

Guiei Percy até ao quarto com o coração batendo tão forte quanto Show de Bastille. Era como se eu sentisse estar fazendo algo de errado.

Isso porque você está mesmo Annabeth.

Mas não importava.

Eu não queria ver Percy Jackson daquele jeito.

Quando ele entrou eu fechei a porta acendendo a luz.

Os seus olhos analisaram as paredes bejes do quarto cheio de fotografias e retratos.

— Você era bem… fofinha – ele sorriu vendo a foto da garota sem os dentes da frente nas cavalitas do pai. – Muito fofa mesmo.

— Ah aham pois.

— Estou falando sério. – ele sorriu voltando a correr olhos pelo espaço. Graças a Deus eu o havia arrumado ontem. Sem roupas e livros espalhados por tudo o que é lugar. Amén. – Esse quarto é tão…

— Irritante? Eu bem que queria pin-

— Não… não é irritante – ele cortou olhando pra mim – É só que ele tão… você.

Eu dei um sorriso de lado.

— Tem você em todo o lado – ele continuou sorrindo – Rabiscos iguais ao do seu caderno de matemática— ele apontou pra minha secretária – fotos de você com seus pais e Thália, como no seu celular— ele apontou pras paredes – Poster e Artick Monkeys e Coldplay… e livros… muitos livros.

— Eh…. É muito eu mesmo.

— Bastante você – ele sorriu imóvel.

Eu respirei fundo. Isso era tão errado em inúmeros fatores.

— Você pode usar o banheiro pra tomar duche se quiser – eu falei pra ele – Ou então lavar só o cabelo.

Ele assentiu pra mim.

Ele estava mais tímido que eu.

— Pode entrar – eu apontei pra porta do lado da estante – Eu vou buscar alguma roupa do meu pai.

— Você não precisa…

— Não tem problema, só não faça barulho sim?

— Descansa… eu não quero ter outro encontro com sua mãe…

— Com certeza que não – eu contive o sorriso.

Percy e minha mãe já haviam sido apresentados há uns dias. Quer dizer, não é como se Percy Jackson não fosse conhecido nesse bairro. Antes da breve apresentação minha mãe o chamava de “o garoto revoltado do fundo da rua”.

Agora era apenas "o seu amigo revoltado do fundo da rua”. E como vêm Athena Chase adora rotular tudo.

Thália – “Má Influência mas eu gosto dela”.

 

Nico? “Má influência mas eu simpatizo com ele”.

Percy? “Má influência e não quero ele perto de você”

Vai lá entender essa mulher.

Eu prometo que futuramente vai ter FlashBack de como minha mãe e Percy Jackson tiverem seu primeiro encontro aqui em casa. Podem cobrar eu deixo.

Percy assentiu ainda carregando seu sorriso de lado.

Eu juro que fiquei por minutos sentada sobre a cama repensando seriamente no que eu estava fazendo da minha vida. Eu tinha Percy Jackson aqui em casa.

Mais precisamente no meu banheiro.

Eu saí do quarto bem devagarinho indo até à lavandaria do andar de baixo. Com cuidado entrei na pequenina divisão onde a maquina de lavar havia sido deixada ligada enquanto ensaboava o 3º e ultimo cesto de roupa sua da semana. Mamãe sempre deixava ela ligada de noite. Fui até ao cesto da roupa passada e retirei uma calça de treino e uma camiseta cinza que meu pai usava nas tardes de domingo pra ficar assistindo os jogos do Yankees na SportTv enquanto minha mãe lia seu livro que nunca mais tinha fim ainda deitada no seu colo. 

Eu voltei pra cima tão devagarinho quanto tinha descido. Eu podia ouvir meu pai roncando baixinho do outro lado da porta junto com o silêncio que ecoava naquele quarto. Eu entrei, batucando baixinho sobre a porta do banheiro. Percy abriu no mesmo segundo. Eu notei seu ombro desnudo porém a sua calça ainda estava em suas pernas.

Graças a Deus Annabeth. Amén.

— Tome aqui.

Ele assentiu pegando nas roupas e esperando eu virar pra voltar a fechar a porta.

Eu ouvi o duche a ligar e 5 minutos depois ele saiu vestido e limpo. Os seus cabelos estavam molhados e já não havia sequer indicio do cheiro a cerveja.

Era estranho o ver desse jeito. Eu nunca tinha visto esse menino usar outras cores se não preto e branco.

E agora ele estava ali usando uma camiseta cinza e uma calça clara com uma listra azul nos dois lados.

— Eu usei sua toalha me desculpe – ele murmurou sentando na cama ao meu lado.

— Não… Não tem problema. – eu murmurei pra ele.

Houve um longo segundo silêncio entre a gente.

E eu odeio quando isso acontece.

— Se sua mãe descobrir.... – ele riu baixinho.

Eu soquei ele sentindo de novo o desespero tomando conta de mim – Não brinque com isso!.

Ele passou a mão nos cabelos sorrindo.

Eu queria passar a mão neles também.

— Isso é muito errado – ele murmurou baixinho encarando o chão.

— Pois é…

E era mesmo.

— Mas eu não quero ir… - ele mordeu o lábio olhando pra mim.

E pela primeira vez nessa noite eu notei uma coisa. Percy Jackson se encaixava tão bem naquele quarto quanto um dos meus livros ou uma daquelas fotos.

Eu queria ter ele ali todo o dia…

Eu queria passar a mão em seus cabelos, e acariciar o seu rosto. Eu queria que suas mãos macias tocassem em mim e enquanto sua respiração se misturava com a minha.

— Não fique em silêncio – ele resmungou se remexendo na cama. – Fico sem saber o que fazer quando você fica desse jeito.

— Eu não quero que você vá – eu respondi baixinho, encarando as mãos entrelaçadas no meu colo. Eu sentia meu rosto esquentar de tão vermelho que estava. – Você pode ficar… bem… até ele ir dormir e você quiser voltar. 

— Tudo bem – ele sorriu pra mim - … eu… prefiro assim também.

Percy deu de ombros e encarou meu criado mudo.

— Eu te dei ele – ele sorriu estendo o braço pegando no CD.

Nosso CD.

— Pois foi… - eu o encarei ao fim de uns segundos- como sabia que era esse o CD que eu estava procurando?

— Você ficou encarando ele na minha mão toda a tarde – ele deu de ombros – foi um palpite eu acho… podia ter pedido.

— Você tinha pegado ele primeiro…

— Mas você o queria… - ele contrapôs – eu teria emprestado ele a você.

— Você nem falava comigo direito – eu ri olhando pra ele. – Eu nem sabia como falar com você na verdade.

Percy sorriu peteando uma das minhas mechas e acariciando a minha bochecha.

— E agora? – ele perguntou um pouco constrangido. Ele encostou sua testa na minha enquanto nossas mãos foram se entrelaçando de novo. Eram nosso gesto. Apenas nosso, só meu e dele. Eu conseguia sentir seu cheiro doce misturado com o aroma do meu shampo que ele havia usado. Ele fechou os olhos respirando fundo.

— Agora é agora – eu sussurrei. Minha mão tocou na sua face sentindo a maciez e humidade da sua pele. O canto da sua boca se elevou por segundos e eu senti seu corpo se relaxar com o passar do tempo.  Eu pude sentir suas bochechas quentes e seu coração batendo.

— Me desculpe – ele resmungou, a sua teste se descolcou da minha porém, ele escondeu o rosto na curva do meu pescoço. Eu sentia sua respiração contra a pele do meu ombro.

— Pelo oque?

Ele suspirou baixinho -  Por ter afastado você… vezes e vezes sem conta.

A minha mão trilhou caminho até à base da sua nuca acariciando os seus cabelos. Eu senti ele estremecer com o gesto.

Faz de novo…

Ele humedeceu os lábios e… calma, ele estava me cheirando?

— Eu não quero você longe de mim – ele admitiu em segredo. – Não mais…

— Eu vou não a lugar nenhum… - eu repeti suas palavras de há minutos atrás. 

— Ainda bem… - ele afastou o rosto do meu pescoço me olhando. Os seus olhos estavam tão brilhantes que não sabia se era por conta do reflexo da luz do candeeiro ou se era dele mesmo. Nunca dava pra saber. – Eu não quero isso…

— Nem eu…

Eu já sentia as pálpebras pesadas por conta das horas.

— É tarde… - eu não queria que ele fosse embora.

Ele olhou pra mim abatido. 

— Você quer que eu vá? – os seus olhos me encaram e o maxilar travou.

Eu fui sincera.

— Não…

Ele sorriu… Seus braços rodearam os meus ombros e os seus lábios beijaram a minha testa. 

— Então eu não vou…

Otimo… ótimo.

Eu apaguei a luz do criado mudo fazendo tudo ficar escuro. A luz fraca da rua entrava pela janela iluminando minimamente o interior. Percy se deitou sobre a cama e me pus do seu lado me deitando sobre o seu braço esquerdo. A sua boca estava encostada na minha testa e a sua mão acariciava os meus cabelos molhados. Eu o abracei envolvendo o seu corpo e sentindo seu peito subindo e descendo a todo o momento.

Eu queria parar o tempo agora. 

Em poucos os minutos eu adormeci… mas não sem antes ouvir Percy Jackson sussurrando baixinho.

— Annabeth? – ele chamou respirando fundo.

Eu senti a respiração travar por leves momentos...

Eu não respondi… continuei de olhos fechados o abraçando.

Eu quase podia ver ele mordendo o seu lábio antes de continuar:

— Você é meu coração Vermelho…


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

AHHHHHHHHHHHHHHH
ENT GOSTARAM EH TUDO FORAM 6 MIL PALAVRAS INTEIRAS MEU DEUS DO CEU!!

Eu sou garoto dos bancos do meio e vocês?
Alergia ao sol eh uma bosta gente, eu sofro pakas com esse troço acreditem. Na praia preciso usar creme fator +50.
Eh um castigo mesmo...


COLDPLAY ME ABRAÇÇÇAAAA ♥