Incógnita escrita por Rafa


Capítulo 1
One-shot Incógnita


Notas iniciais do capítulo

Bom, se não leu os avisos, tudo que eu tenho pra dizer está lá. Espero que você que está lendo se afeiçoe por Milena e não se magoe com Ronaldo, é realmente difícil entender quando não se sente na pele.
Foi feito com amor, então tomara que agrade.
Beijos, Rafa dos nudes



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Um par de olhos castanhos brilhantes. Um nariz levemente torto, mas adorável. Uma covinha em apenas um lado do rosto. Um sorriso que começava do lado esquerdo e ia para o direito, como uma lembrança de que nada naquela garota era uniforme. Tudo nela era mutável, adaptável. Como podia ser assim, tão... ela? Não existiam adjetivos para descreve-la, sempre que pensava ter desvendado aquele mistério em forma de garota algo se mostrava fora do lugar, contraditório. Contraditória era um bom adjetivo para ela, a pesar de não totalmente cabível. As coisas que a envolviam convergiam e divergiam, harmonizavam e descordavam. As vezes Ronaldo torcia para aparecer uma espinha, ou para que ela acordasse com olheiras, apenas para que ela parecesse menos deslumbrante, mais no seu nível. Como uma garota assim poderia existir? E ainda gostar dele? Não era só linda de fazer pessoas nas ruas a encararem, também era dona de uma personalidade formidável, que o entretinha por horas a fio. Parecia perfeita, mas o que ele não sabia era que seus defeitos eram mais ocultos, velados no fundo de seu ser. Milena estava quebrada, estilhaçada em milhões de pedaços, que a perfuravam de dentro para fora. A cada hora se tornava mais difícil sorrir, conversar, respirar. As coisas pareciam cinza para ela, ela se decepcionava e decepcionava as pessoas ao seu redor. Qual era o sentido da vida? Você se sentia amada desde pequena, apenas para em um momento perceber que esse amor tinha limites e você já não estava dentro deles mais, então você perde a vontade de viver. Como seguir com isso? Como as pessoas velhas aguentaram viver tanto tempo? Milena tinha vivido apenas 16 dessas formas de tortura apelidadas de anos e já não aguentava mais. Uma hora tinha sossego, uma hora iria começar a valer a pena? Ou ia ser para sempre assim, uma dor incessante, a dilacerando aos poucos enquanto ela sorria falso para não machucar as pessoas ao seu redor mais do que fazia? Eram tantas perguntas, todas sem respostas. Qual era o sentido da vida, a final? Por que Deus tinha que ser tão sádico? Você pode dizer que ele nos criou para ficarmos ao seu lado e que o erro foi nosso, mas por que colocar a árvore da verdade dentro do Jardim? Quando você tem um bebê, você tampa as tomadas porque sabe que a curiosidade vai atrai-lo até elas. Então por que deixar a tentação lá, exposta, sabendo que Eva e Adão eram ingênuos demais para ter noção do risco? E por que a verdade tinha que ser um pecado, um erro? O que tem de errado em buscar entender? Deixar suas criações no “escuro” não parece algo do feitio de um deus bom, sim de um que usa da ignorância para manter o controle. Claro que Ronaldo não entendia nenhum dos questionamentos da garota e muito menos sanava suas dúvidas. Era uma menina de 16 anos, afinal. Era uma fase, estava se descobrindo, só tinha aquele característico prazer adolescente em descordar do que lhe foi instruído. Ou talvez fosse consequência de pensar demais, de sentir demais. Tudo nela era tão intenso, ele não estranharia se tudo isso viesse com uma bagagem emocional além do seu mortal alcance. Milena também não o culpava por pensar assim, ela até torcia internamente para que realmente fosse uma fase, para que uma hora suas preocupações começassem a se parecer mais com o das outras garotas da sua idade. Mas eles sabiam, lá no fundo, que isso nunca aconteceria, que Milena tinha algo de especial, um pensamento além do esperado, do comum, do viável e aceitável. Ela estava destinada a nunca ser compreendida por completo, fadada a ser uma incógnita, um mistério resguardado pela falta de vontade das pessoas ao seu redor. Um baú sem chave, uma relíquia sem registros, uma garota sem adjetivos.


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam? Comente o que acharam, é minha primeira one e é importante pra mim saber o que fez você sentir.
Beijos, Rafa dos buses



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