Presente escrita por Ana P


Capítulo 1
Único




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Pacifica Northwest sentia saudades de quando tinha doze anos. Não só pelo ensino médio com suas horas de aulas intermináveis e suas matérias complicadas, mas também pelas aventuras que vivera quando os gêmeos vieram à cidade. Lembrava-se bem da enrascada em que os dois metiam todos, ou melhor, que Dipper metia, com sua curiosidade sem fim para as loucuras e mistérios daquele lugar.

Dipper. Claramente sentia saudades dele, mesmo que negasse a si mesma. Todos os verões ela o esperava voltar, mas isso nunca acontecera. Regularmente o episódio da mansão passava em sua mente, encabulado-a.

Ela havia enviado os convites há algumas semanas para a Califórnia. Não fazia a mínima ideia se viriam, afinal, não deixariam a cidade apenas para ir à uma festa em um lugarzinho no interior.

Em frente ao espelho do quarto, Pacifica suspirou.

— Pacifica, seus amigos chegaram — ouviu a voz da mãe do outro lado da porta.

Sorriu e se observou mais uma vez antes de descer, ajeitando os cabelos rapidamente.

Desfilou para fora do quarto com o salto e o vestido violeta que ia até os seus pés. Mesmo que estivesse animada com a presença deles, claramente não demonstraria, afinal ainda era uma Northwest.

Desceu as escadas da nova mansão. Seus pais haviam conseguido se reerguer rapidamente depois de falirem, comprando novamente uma casa invejável.

Tentando esconder sua ansiedade, vasculhou o salão com os olhos procurando qualquer coisa chamativa. Sabia que se Mabel estivesse ali, Dipper também estaria.

— Pacifica! — ouviu os gritos às suas costas e virou-se com um sorriso no rosto.

Uma menina com um vestido azul curto e de cabelos castanhos, ao lado de outra com um vestido rosa e cabelos negros se aproximavam dela, acenando.

— Ca... Cameron? Beca? — O sorriso murchou, mas Pacifica se forçou a dar outro quando as garotas se aproximaram mais.

— Que cara é essa, Pacifica? — Cameron, a de vestido azul, falou, levando suas mãos a boca em sinal de preocupação.

— Ah... nada — respondeu.

A garota tentou esconder a decepção olhando para os lados. Sabia que os esperava, assim como sabia que não viriam. A expectativa decepcionava, já havia aprendido aquilo, mas, ainda assim, esperou que aparecessem.

— Eu não acredito que você chamou o...

— Vocês me dão licença? — Pacifica a interrompeu antes que se pusesse a falar sem parar sobre um garoto qualquer da escola que estava ali e que era muito afim. Não tinha paciência para aquele tipo de papo no momento e tudo o que queria era ficar sozinha. — Eu preciso... hã... — Deu alguns passos para trás, deixando as amigas confusas e procurando em sua mente uma desculpa para dar. — Acho que meus pais estão chamando.

— Mas seus pais estão ali — Rebeca apontou, fazendo a amiga se virar para ver os pais entretidos em uma conversa com alguns amigos.

— Ah, é... — Pacifica se forçou a dar outro sorriso, dando mais alguns passos para trás. — Sabe, é que minha mãe quer muito que eu faça uma coisa e... — Não pode continuar a falar, pois algo bateu em suas costas, quase a levando ao chão.

Ouviu o grito agudo das amigas enquanto cambaleava, tentando ficar em pé. Quando enfim conseguiu, bufou irritada. Olhou para as meninas por um instante, pareciam incrédulas.

Sabia que estava vermelha e, nervosa, virou-se para trás para chutar quem quer fosse para fora dali.

— Se eu me machucasse, eu ia...

— Me processar?

Pacifica olhou para cima podendo ver um garoto centímetros mais alto que ela, com cabelos castanhos e sardas no rosto. Sua boca se abriu alguns milímetros.

— Dipper?

Ele estava diferente, e é claro que estaria. Trajava terno e elegância. Quando ele havia ficado daquele jeito? Mesmo nas redes sociais, ela jamais conseguira ver o garoto daquele modo. Não parecia ter mudado tanto, mas ele havia mudado.

Balançou a cabeça, saindo de seu transe.

— Você está de terno? — perguntou com um sorriso presunçoso.

— Ele ficou a semana toda falando da sua festa e o que vestiria — ouviu a voz irritante e animada tão conhecida.

Dipper virou os olhos, fazendo Pacifica rir com a reação.

A garota pulou de trás do irmão e foi para o seu lado, envolvendo o seu pescoço com um braço enquanto encarava o irmão. Colocou a mão na frente da boca e virou o pescoço para Pacifica.

— Eu acho que vou falar com alguns gatos, você poderia cuidar do Dipper pra mim? — Antes que a outra pudesse lhe responder, Mabel se virou e correu.

Os dois se encararam por longos minutos depois. Pacifica olhou para trás, vendo que as amigas ainda observavam a cena com interesse. Ou talvez Dipper, ela não poderia saber.

— Quer ir pra outro lugar? — perguntou sem pensar. Quando notou o que havia falado, arregalou os olhos. O garoto, envergonhado, passou uma das mãos no cabelo, os bagunçando. — Quero dizer... Minhas amig...

— É, eu sei.

Pacifica sorriu e, sem pedir permissão, pegou na mão do menino e o arrastou pelo salão. Ela o levou até o jardim de trás da casa, talvez o seu lugar preferido naquela mansão e com certeza o mais bonito. Havia árvores e gardênias por todo lado. Pacifica parou com Dipper nos degraus em frente à fonte. Ela se sentou em um deles, sendo seguida no gesto por Dipper. Sentiu-se sem ar com a proximidade, mas ainda sim tentou agir naturalmente.

— É... você não vai ficar na sua festa? — Dipper perguntou, enquanto admirava o vasto jardim.

— Tá uma chatice aquilo lá. — Fez uma careta, arrancando uma risada do garoto. Ela o encarou. — Eu chamei aquelas amiguinhas estranhas da sua irmã — falou fazendo um gesto com as mãos —, acho que elas já devem ter ser encontrado.

Dipper pareceu confuso.

— Por que chamou, se você não gosta delas?

— Porque achei que vocês viriam.

O garoto manteve-se em silêncio durante longos segundos. Pacifica também o seguiu. Queria lhe dizer tanta coisa, mas, ainda assim, nenhuma delas saiu.

Quando Dipper voltou a falar, contou-lhe como andava a vida na California. Contou-lhe sobre a Mabel e o que faziam durante as férias por lá. Pacifica riu dos contos do garoto e também contou sobre algumas de suas confusões na escola. Sozinhos, os dois riram e conversaram até a garota ouvir sua mãe lhe chamar.

Levantou-se rapidamente do lado de Dipper, já sabendo que se a mãe os visse juntos e ainda tão próximos a levaria para dentro, impedindo de ver o garoto pelo resto da noite.

— Pacifica, iremos cortar o bolo — a mãe falou assim que a avistou. Contudo, ela ainda não havia visto Dipper.

Assim que colocou seus olhos no garoto que acompanhava a filha, a mãe a encarou duramente.

— O que faz sozinha com um Pines, Pacifica?

— Nada, só estamos conversando.

A mãe passou seus olhos pelos dois. Ela sabia o que o olhar significava. Tinha de sair dali imediatamente e voltar para dentro, para a sua festa.

— Você tem cinco minutos.

A garota não respondeu, apenas observou a mãe voltar para o salão, deixando ela e Dipper sozinhos novamente.

Suspirou.

— Preciso ir — falou, sem olhar para o garoto.

Subiu as escadas lentamente, até sentir as mãos do menino em volta de seus pulsos.

— Eu ainda não te dei seu presente.

Pacifica o encarou por alguns minutos. Dipper subiu os degraus, ficando um abaixo dela.

Ele sorriu e passou as mãos pelo cabelo. Ela sabia que ele fazia aquilo quando estava nervoso ou envergonhado. E então foi a sua vez de sorrir.

A garota se inclinou para frente, criando coragem para fazer aquilo que realmente queria fazer. Era a sua única oportunidade.

Antes que pudesse perceber, sua boca e de Dipper se encontravam. E, em perfeita sincronia, se beijaram. Pacifica enroscou seus braços no pescoço dele, enquanto ele segurava-lhe pela cintura.

Já havia passado os cinco minutos quando se separaram. 

— Às vezes você não é tão inteligente assim, Dipper Pines.

Ele riu.

— Feliz aniversário, Pacifica.


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Notas finais do capítulo

Agora eu não paro mais de fazer fanfic desses dois, senhor, socorro ♥ diwqjidojqijw