—Oi, você é o garoto fofo da festa né?
—Oi? Eu? Não sei, acho que talvez, ha ha ha- sério Pedro? Esse é o melhor que você consegue fazer?
—É ele sim- Ally respondeu por mim- Você é o e amigo do Matheus né?- O menino disse "sim" , não sabia como Ally estava agindo assim tão naturalmente ou como ela sabia de que eu tinha ficado com ele. Eles estavam conversando como velhos amigos na minha frente e estava lá pensando em um jeito como fugir.
—Então, vou deixar vocês sozinhos por enquanto- essas palavras que saíram da boca de Ally me deixaram surpreso e me despertaram do meu transe.
Eu estava sozinho com aquele ser humano que nem sabia o nome ainda, pensando qual seria o próximo movimento dele.
Ficamos nos encarando por uns segundos que pareciam horas, até que ele sorriu e disse:
—Quer ir tomar um sorvete?
—Pode ser...
Fomos andando em silêncio pelo shopping até chegar na praça de alimentação para pegarmos nosso sorvete, nos sentamos e começamos a conversar.
—Então, do que você gosta?
—Você vai ter que ser mais específico que isso?- respondi dando uma risada, o menino riu também, o que deixou o clima mais leve, então me lembrei de algo importante.
— Vamos do princípio, qual o seu nome?
—Noctis- que? Quem diabos tem esse tipo de nome?
Ele deve ter entendido minha cara de confusão, porque riu e começou a me explicar
— Meus pais não queriam me dar um nome genérico, aí eles me deram o nome de Noctis, que é "noite" em latim, e eles se conheceram quando estava de noite, e ficaram conversando até o amanhecer.
—Nossa, que lindo- tudo que podia pensar era que provavelmente meus pais apenas se casaram por ser algo conveniente, não via paixão nos olhos deles e nenhuma história igual a essa.
—Pra mim tem algo mais lindo.
—O que?
—Você- meu Deus... Não fui treinado pra isso, não sei como reagir há elogios deste porte
— Disse algo que não devia? Seu rosto ta um pouco vermelho - ele disse rindo.
—Ta tudo bem, é que os únicos elogios que recebo são que sou inteligente.
—E você é?
—Mais ou menos, acho que sim.
—Ta na cara que é- fiquei com o rosto mais vermelho ainda
— E você, qual o seu nome?
—Pedro, não tem nenhuma história por trás disso, meus pais só acharam o nome legal mesmo- dei uma risada no final e ele também.
Continuamos conversando e descobrindo mais coisas sobre nós dois, descobri que ele está na faculdade de música e já tem 19 anos, o bom foi que ele não pareceu espantado quando disse que tinha apenas 16.
Recebi uma mensagem de Ally falando que já tinha ido para casa, então não me importei em ficar um pouco mais, meus pais já sabiam que iria ficar na casa dela esse final de semana, então apenas fiquei conversando com Noctis o tempo que queria.
Quando estava na hora de nos despedimos, falei que iria andando, ele quis me acompanhar, alegando que a casa dele era perto para onde estava indo.
Fomos andando, e claro, conversando, assim que chegamos perto da casa de Ally, nos despedimos de verdade.
—Posso fazer uma pergunta?- ele disse.
—Claro.
—Posso te dar um abraço de despedida?- assenti, até porque não tinha ninguém nesse horário que poderia fazer algo de mal para nós.
Ele me abraçou e ainda abraçados fez outra pergunta.
—Posso te beijar?
—Po-Pode- Estava meio nervoso, nunca tinha demostrado nada tão afetivo assim em público, meus pais nem sabiam da minha sexualidade ainda.
Quebramos o abraço e ele se curvou um pouco e me deu um beijo breve, nada muito mais que o necessário, apenas para que pudesse sentir seus lábios.
—Até outro dia.
Ele disse e foi embora, entrei na casa de Ally, vendo que ela já estava dormindo, fui tomar um banho e fui me deitar também, esperando encontrar o azulado nos meus sonhos.