Dead Island escrita por KSDissidia


Capítulo 2
Som do silêncio


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura ~



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/738957/chapter/2

Joohyun observava Seulgi mais uma vez sorrindo bobamente para o celular, se perguntando com quem ela estaria falando. Já havia escurecido totalmente e ela precisava voltar para o quarto e se arrumar, mas não sentia nenhuma energia. Em algum momento, acabou deitada junto com Seulgi no gramado agora gelado pelo cair da noite, e estranhamente se sentia confortável.

Sentiu o vibrar suave do celular no bolso da calça. Não conseguiu conter a expressão aliviada ao desbloquear a tela e ler o conteúdo da mensagem que havia recebido, despertando a curiosidade de Seulgi que desviara um pouco a atenção do próprio celular ao notar Joohyun se movimentando a seu lado.

 

— O que é?

— Sehun e seus pais não virão hoje.

— Você parece aliviada. Na posição de futura noiva, não deveria estar chateada?

— É, talvez. - Joohyun levantou-se, limpando qualquer possível sujeira das roupas com as mãos. - Eu vou avisar minha mãe. Pode entrar e me esperar no quarto enquanto isso?

 

Saiu antes de receber qualquer resposta.

 

***

 

Os passos de Joohyun ecoavam pelos corredores do primeiro andar da casa, enquanto a garota procurava pela mãe. Suspirou e fez seu caminho de volta para o hall, transferindo a busca para o andar superior. Subiu as escadas e andou lentamente até uma porta de mogno escuro, o quarto sempre trancado de sua mãe. Bateu suavemente na madeira, ouvindo barulhos apressados no interior do cômodo. Já estava habituada. Manteve seu olhar no assoalho, esperando calmamente que a porta fosse aberta, o que não demorou a acontecer.

 

— Algum problema, Joohyun?

 

Levantou o olhar, vendo a mulher quase estranha que chamava de mãe parada entre o batente e a porta semi-encostada, escondendo a visão do interior do quarto.

 

— Sehun acabou de me enviar uma mensagem. Houve algum problema no trabalho do pai dele e eles não poderão vir para o jantar de hoje... Ele quer adiar a data do jantar para a próxima semana.

 

Viu sua mãe desviar o olhar para algum canto do corredor, e então passar a mão pelos cabelos.

 

— Não é uma má notícia. Talvez eu consiga fazer com que seu pai esteja presente, agora que temos mais tempo.

 

Joohyun assentiu, fazendo menção de se retirar.

 

— Além disso, terei mais tempo para planejar a viagem de vocês.

 

E então congelou, olhando para a mãe com uma expressão que mesclava confusão e certo medo.

 

— Que viagem?

— Conversei com seu pai e com os pais de Sehun recentemente. Entramos em um acordo e vocês viajarão juntos depois do jantar de noivado, para que se tornem mais confortáveis um com o outro. - A mulher mudou o peso do corpo de uma perna para a outra e mordeu o lábio inferior nervosamente. - Vocês poderão escolher o lugar para onde irão, de preferência um que não fique muito longe pois Sehun pode ser requisitado pela família a qualquer momento. - Fez uma pausa, escolhendo as palavras com cuidado antes de prosseguir. - Vocês vão se casar em alguns meses, Joohyun. Não devem continuar se comportando como desconhecidos. Isso é necessário.

 

Joohyun apenas assentiu e virou as costas, caminhando de volta para seu quarto. Encontrou Seulgi deitada de bruços na cama, usando fones de ouvido e cantando em voz baixa. Sentou-se a seu lado, agarrando um dos travesseiros. Seulgi tirou os fones e a encarou.

 

— A reação foi muito ruim?

— A reação dela nunca é ruim quando se trata de Sehun. Ela disse que preferia dessa maneira.

— Hm. - Seulgi virou-se de cabeça pra cima, encarando o teto. - Já que está sem compromisso hoje, que tal sair comigo? Queria te apresentar à uma pessoa.

 

Joohyun fechou os olhos.

 

— Não estou com vontade e você sabe que eu não gosto de conhecer pessoas.

— Ainda assim está sempre sendo sociável nas festas do trabalho do seu pai.

— Não é como se eu tivesse escolha.

 

Seulgi revirou os olhos. Ficaram em silêncio por alguns minutos antes que a loira conferisse as horas no celular e se levantasse.

 

— Eu preciso ir, já estou atrasada. Não suma de novo e responda minhas mensagens, Baechu.

 

Joohyun levantou a sobrancelha.

 

— Não prometo nada. Com quem vai sair, afinal? - Ainda que não disposta a conhecer a pessoa, continuava intrigada com o comportamento estranhamente mais agitado que o normal de Seulgi. Quem quer que fosse, havia aparecido durante sua ausência.

— Não vai saber enquanto não quiser encontrá-la.

— Uma garota, huh?

— Uma pessoa. - Seulgi sorriu. - Vai gostar de conhecê-la.

— Não gosto das pessoas. E nem elas de mim.

— Você encanta a todos.

— Superficialmente.

— Porque não deixa que ninguém se aproxime.

— Não há um motivo para que se aproximem. - Não conseguiu evitar que a frase da mãe reverberasse pelos seus ouvidos, sobre seu tipo de relação com Oh Sehun.

— Resposta errada. Está errando muito recentemente, Baechu.

 

Seulgi sorriu e saiu do quarto antes que Joohyun pudesse responder. Mas Joohyun sequer pretendia, e apenas fechou os olhos ao ouvir a porta sendo encostada.

 

***

 

— Não iria trazer sua amiga que nunca fala com pessoas da idade dela?

 

Seulgi mantinha os olhos fechados e um leve sorriso nos lábios enquanto sentia mãos acariciarem suavemente seus cabelos. Mas o sorriso sumiu tão logo a frase chegou a seu final.

 

— Ela é difícil.

— Você deve gostar de desafios para se envolver com duas pessoas tão diferentes quanto eu e ela. Sabe exatamente como lidar com cada uma.

 

Seulgi riu.

 

— Você não a conhece.

— Dear, todo mundo a conhece. Aliás, todo mundo se conhece nesse meio, você sabe. Se dissesse meu nome a ela, certamente saberia quem eu sou.

— Até mesmo quem está fora desse meio sabe quem você é. Causadora de problemas número 1 da família.

— Não, sou apenas a primeira em gerações que não se deixou prender.

— Hey, eu sou mais velha!

— Por onze dias, cale a boca. Isso não significa nada e eu adquiri a fama primeiro. Deal with it.

 

Seulgi mostrou a língua antes de se deixar cair novamente no colo da garota também loira. Estavam em um parque, sentadas bem no meio de um gramado e defronte a um lago. O fato de que já era noite e o parque trancava os portões às sete era irrelevante. Pelo menos para elas.

 

— Sim. Isso significa que eles vão dizer que você me desvirtuou.

— Please. Eu ainda não acredito que me mandaram pra cá por que acharam que logo você seria uma boa influência. Além disso, não é como se eu fosse algum tipo de delinquente.

— Pros nossos padrões, você já é uma criminosa com a cabeça a prêmio.

 

A garota riu audivelmente, jogando os cabelos para trás, e Seulgi sorriu.

 

— Olhar o rosto das pessoas de baixo para cima não é exatamente um bom ângulo. Só vejo suas narinas. - Riu da forma como o sorriso no rosto da outra se transformou em uma careta, e gargalhou quando foi empurrada.

— Arrume outro travesseiro então.

— Eu gosto desse.

 

Ainda assim, Seulgi sentou-se de frente à garota, mantendo um sorriso brincalhão nos lábios.

 

— Son Seungwan, você é uma péssima influência pra mim.

— Espero pra ouvir isso seriamente vindo da sua mãe e a sua reação quando formos descobertas. Porque você sabe que uma hora ou outra nós seremos. Você não é exatamente cuidadosa. - Se aproximou de Seulgi, deixando seus rostos a alguns centímetros de distância. - E meu nome é Wendy.

 

Afastou-se e riu da expressão frustrada de Seulgi, apenas para ser surpreendida com as mãos ágeis em sua cintura e os lábios macios colados aos seus. Sorriu antes de envolver os próprios braços ao redor do pescoço de Seulgi e fechar os olhos, correspondendo ao beijo suave. Seulgi quebrou um beijo com pequenos selinhos, e afastou-se alguns poucos milímetros.

 

— Nunca disse que não gostava da sua má influência. Talvez eu queira ser pega.

 

E inclinou-se para um novo beijo.

 

***

 

Joohyun revirou-se na cama vezes sem conta, incapaz de pegar no sono. Já sabia que seria mais uma de suas noites insones que encobriria com camadas de maquiagem pela manhã, para evitar perguntas sem o menor resquício de preocupação que não fosse com o estado de seu rosto.

Levantou-se e caminhou até a escrivaninha, sentando-se. Abriu a primeira gaveta e retirou o estilete de tantos anos, esticando a lâmina serrilhada e examinando-a atentamente.

Afastou o computador e marcou novo espaço da madeira com um X, dessa vez de enormes proporções.

Debruçou-se por cima da mesa, pela primeira vez em anos deixando-se derramar lágrimas. E elas não paravam, como se a barreira que continha sua angústia de tanto tempo finalmente estivesse rachando e por fim desmoronando por completo, deixando que tudo aquilo saísse.

As lágrimas escorriam sem que ela proferisse nenhum som. Até mesmo seu desespero era silencioso.

 

***


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Dead Island" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.