A Mágica De Dentro escrita por Escritora Desconhecida


Capítulo 1
CAPÍTULO UM- O Desconhecido.




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Acordo com o som do meu despertador. Já é cinco da manhã, o que significa que está na hora de ir para o inferno, quer dizer escola. Quando saio do metrô vejo a Gabriela me esperando nas catracas, quando me aproximo vejo que sua luz está amarela, já sei que ela está feliz, quando ela me vê solta um sorriso imenso e me abraça forte.

—Rebeca! Comecei a pensar que você não ia vir. –Ela riu enquanto me abraçava.

—Desculpa. -Disse quando o abraço acabou. –O Leo já chegou?

—Não. Aquele menino nunca vem pra escola, quando vem é um milagre.

—Então tô esperando meu amém! - Leo fala pulando na nossa frente.

—Porra Leo, que susto! – Eu falo enquanto soco de leve seu braço.

Leonardo ri, passando a mão em seu braço.

—Oi Beca, oi Gabi. - Ele diz tentando acalmar a gente.

Enquanto os dois conversam na minha frente andando em direção do colégio, eu reparei na luz do Leo, que está azul escura, o que significa que ele está muito triste com alguma coisa.

—Leo. -Eu o chamo. -Posso falar com você?

Leo me olha com uma cara curiosa, mas antes de ele responder escutamos, de longe, o sinal tocar e saímos correndo.

Infelizmente nós três estamos em salas diferentes, mas isso não atrapalhava nossas conversas pelo celular. Eu peguei meu telefone e mandei uma mensagem para o Leo.

R: Leo tá tudo bem com vc?

L: Tá sim Beca... pq?

R: Tem certeza Leo? Vc sabe que pode falar o que vc quiser comigo.

L: Ai Beca... Como vc sempre sabe quando eu estou mal?

R: Instinto de melhor amiga.

L: É meu pai.

R: O que ele fez dessa vez?

L: Ele está traindo a minha mãe.

Fico encarando a tela do celular com a boca aberta sem saber o que falar para ele. Quando ia começar a digitar, o professor me chama.

—Rebeca, você sabe a resposta?

Olho para ele sem saber o que dizer, observo a lousa e percebo que ele estava perguntando sobre um exercício de Física. Faço uma cara séria e calculo a resposta na minha cabeça.

—E então Rebeca? Sim ou não?

—Sim, claro. Me desculpe. A resposta é X=1200 Joules.

—Está certo! Mas por favor não use mais o celular na minha aula.

—Desculpa. -Esboço um sorriso fraco.

Pego o celular escondido para responder o Leo.

R: Leo vc tem certeza?

L: Sim Beca... Ele falou para minha mãe ontem. Na minha frente.

R: Meu Deus, Leo!

L: Tenho que prestar atenção. Falo com vc no intervalo.

Passei as próximas duas aulas ansiosa esperando o intervalo, quando o sinal toca eu saio correndo em direção a sala dele. Fico esperando na porta até ele sair fazendo um sorriso fraco, eu corro até ele e o abraço o mais forte possível.

—AI REBECA! -Ele grita.

—Desculpa. Vc quer conversar?

—Não, obrigado Beca. Não fala pra Gabi.

—Não fala pra Gabi o que? -Gabriela fala atrás da gente, causando um susto em nós dois.

—Que o Enrico tentou humilhar a Beca na aula hoje. -Leo fala rindo.

—De novo? Aquele professor te odeia, não é possível. O que ele fez dessa vez?

—Ele me viu mexendo no celular e pediu pra eu resolver um exercício “difícil” sem ouvir a explicação.

—Por que você foi irônica? Os exercícios dele são impossíveis. -Gabi disse brava.

—Até parece, ele não tem essa capacidade.

A Gabi e o Leo me olham com uma cara assustada balançando a cabeça, sinalizando para eu olhar para trás. Quando eu me viro lá está Enrico com uma luz vermelha encobrindo ele, mas dessa vez a luz foi inútil já que a cara dele dizia tudo.

—Rebeca, entra na minha sala AGORA! -Ele diz gritando.

—Você não manda em mim fora da sala de aula. -Digo indiferente.

Ele pega meu braço e me arrasta até a sala dele, e não fala nada até se acalmar.

—Rebeca...

—Quem você pensa que é para me puxar desse jeito? -Digo quase gritando.

—Eu sou seu pai. -Ele diz num tom autoritário.

Ah não, ele não falou isso, como eu odeio esse cara.

—Você é meu padrasto! Você nunca vai ser meu pai. -Grito e dou um tapa na sua cara.

—Rebeca, você precisa parar de agir assim.

Eu saio da sala dele batendo a porta com força atrás de mim. Gabi e Leo vem correndo em minha direção.

—Tudo bem Beca? -Perguntam em uníssono.

—Tá sim, ele só está achando que é meu pai de novo.

O sinal toca obrigando a gente a se separar novamente, para assistir mais três aulas chatas. Quando entro na sala todo mundo começa a cochichar olhando para mim. Sento na minha cadeira na última fileira e escuto uma menina falando para sua amiga:

—Não acredito que o Enrico levou ela para a sala dele, aquela aberração é muito sortuda, ele é tão gostoso.

Reviro os olhos, como alguém pode achar aquele velho chato gostoso? Agora eu tenho aula de História, então posso dormir à vontade, quando essa aula acaba espero o próximo professor chegar e peço para ir ao banheiro. Quando entro no banheiro vejo ela, a pior pessoa no planeta, Melissa, ela para de arrumar o cabelo e me olha de cima a baixo.

—Beca...Beca... você não aprende nunca? Eu já falei várias vezes, aberrações não podem usar o banheiro feminino.

Eu olho para ela e vejo que ela está segurando um café, sem pensar duas vezes eu despejo todo o conteúdo do copo nela, o que causa ela gritar tão alto que uma moça que trabalha no colégio entrou correndo no banheiro.

—O que tá acontecendo aqui?

—Essa maluca entrou aqui e jogou o café em mim. -Melissa fala chorando.

—Isso é verdade Rebeca?

—Não foi bem assim.

—Mas você jogou o café?

—Sim. -Falo brava.

—Vai pra sala da Laila.

Laila era a diretora do colégio. Quando chego na sala dela vejo um menino riquinho, vestido com uma camisa polo verde e um jeans claro, mas é só isso, sem nenhuma luz cobrindo ele, e sem perceber fico encarando ele, quando ele sai da sala dela ele passa por mim e dá uma piscadinha.

—Tchau, gatinha!

—Que nojo.

—Pode entrar Rebeca. -Ouço Laila me chamando de dentro da sala dela.

—Oi Laila, tudo bem?

—Rebeca... O que você fez dessa vez?

—A Melissa me chamou de aberração e eu joguei café nela.

—Você não pode sair jogando café nas pessoas.

—Mas tudo bem ela me chamar de aberração?

—Eu vou conversar com a Melissa, fica tranquila, mas hoje você vai ter que ficar na detenção depois do almoço.

—Tá bom.

—Tchau Rebeca.

—Tá.

Quando eu vou entrar na minha sala o sinal toca, só mais uma aula Rebeca, você consegue. Assim que eu sento no meu lugar eu pego meu celular e falo com a Gabi e o Leo no grupo.

R: Gente vcs não vão acreditar no q aconteceu.

G: O que??

L: A Melissa fez alguma coisa?

R: Como vc sabe?

L: Ela saiu pra ir no banheiro e voltou cheia de café, rindo.

R: Vadia.

G: O que aconteceu?

R: Eu fui no banheiro e encontrei a Melissa lá, aí como sempre ela me chama de aberração.

G: Beca ela sempre faz isso.

R: Sim, mas hj depois do lance com o Enrico, eu tava com raiva.

L: VC JOGOU O CAFÉ NELA?

R: Sim...

G: Realizou nossos sonhos. Hahahahahahah.

L: Mas pq ela tava rindo então?

R: Eu tenho que ficar na detenção hj depois do almoço...

G: Nossa q ruim Beca.

R: Pois é.

R: Até o almoço galera.

G: Até

L: Tchau

Eu estou com tanta raiva que não consigo nem me concentrar no professor explicando a matéria, fico anotando o que ele escreve no meu caderno, esperando ansiosamente o fim dessa aula, como num passe de mágica o sino toca. Eu respiro fundo, arrumo minhas coisas e saio da sala. Vou até a saída do colégio esperando a Gabi e o Leo.

Depois de almoçarmos juntos meus amigos vão para casa, e eu volto para o colégio. Quando vou para a sala de detenção encontro o menino que estava na sala da Laila, que novamente não possui uma luz em sua volta, tornando muito difícil de ler ele. Eu me sento no fundo e ele se senta do meu lado.

—Gatinha, você por aqui?

—Não me chama de gatinha. -Disse quase socando a cara dele.

—Preciso saber seu nome então.

—Rebeca. -Digo tentando ler ele.

—Sou o Lorenzo, mas pra você pode ser Enzo. -Ele responde dando uma piscadinha.

—Lorenzo? O filho da Laila? -Pergunto curiosa.

—Culpado.

—Sua mãe te mandou pra detenção? Que barra.

—Cuidado Bebeca, ou vai parecer que você se importa. -Ele diz rindo.

—Não me chama de Bebeca.

—Bebeca me empresta o celular?

—Eu não! Usa o seu.

—Tá sem bateria, preciso avisar a Mel que não vou sair hoje.

—Mel é a Melissa? Se for pra cancelar com ela, toma. -Entrego meu celular para ele.

—Valeu.

Ele mexe um pouco e eu percebo que o celular dele vibrou.

—EI! Você falou que estava sem bateria. -Falo pegando meu celular da mão dele.

—Eu só queria se número. -Falou piscando novamente.

—Aff...

Eu consegui ignorar ele pelo resto do tempo da detenção, e quando acabou saí correndo para o metrô. Quando cheguei em casa vi a pior cena possível: meu pai beijando o Enrico. Fui correndo para o meu quarto e comecei a chorar, incrédula, como meu pai pode fazer isso? Namorar aquele crápula. De repente recebo uma mensagem.

E: E aí, Bebeca?

R: Agora não, me enche o saco depois por favor.

E: O q aconteceu?

R: Como se eu fosse te contar.

E: Ué, e pq não?

R: Não vou te contar nada, pra vc n ficar fofocando de mim pra sua namorada.

E: Minha namorada?

R: Haha que engraçado, todo mundo sabe que vc e a Melissa estão juntos.

E: Ela é gostosa e a gente se pegou, mas isso acabou faz tempo. Fala oq aconteceu.

R: Meu pai.

E: O q tem ele?

R: Ele casou de novo, com uma pessoa horrível.

E: Ela é tão ruim assim?

R: Ele.

E: Vish... Desculpa.

R: Tudo bem, e respondendo sua pergunta sim ele é muito ruim.

E: Quer se encontrar e esfriar a cabeça?

R: Nem a pau.

E: Pq??

R: N te conheço.

E: Vou mudar isso

R: Boa Sorte riquinho.

E: Até amanhã.

R: Até.

Quando acabo de conversar com ele me sinto mais calma, mas o que eu não estava entendendo o porquê de eu não enxergar sua luz.

—REBECA. -Ouço meu pai gritando da sala.

—O QUE FOI?

—VEM JANTAR.

Desço os degraus rapidamente, estou morrendo de fome. Sento no meu lugar da mesa do lado de meu pai, na diagonal do demônio. Como tudo depressa, ansiando a hora de poder me levantar e voltar ao meu quarto. Quando estava prestes a me levantar meu pai me para.

—Rebeca, Enrico me falou que você teve detenção hoje.

—Sim pai, eu joguei café na Melissa.

—Filha... você sabe que isso é errado.

—Pai, ela me chamou de aberração.

—Ela o que? -Disse Enrico interrompendo.

—Cala a boca. -Eu disse irritada.

—Não fala assim com o seu pai. -Meu pai falou triste.

—Ele não é e nunca será meu pai. -Disse convicta.

Fui para o meu quarto, tomei um longo banho e fui dormir. E pela primeira vez em muito tempo eu não tive um pesadelo, mais especificamente eu não tive o pesadelo. Esse pesadelo vinha me perturbando desde o meu aniversário, ele me mostrava uma menina com a minha idade com cabelos longos, cacheados e loiros, assim como os meus, a menina era muito magra e possuía as minhas feições, ou seja, era bochechuda e olhos verdes, só que sem brilho, sem vida, essa outra versão de mim está segurando um crânio, e eu sempre acordo comigo gritando e sangue saindo dos meus olhos.


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Notas finais do capítulo

Avisem se for lixo.



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