Negros escrita por Nirv


Capítulo 1
Abismo


Notas iniciais do capítulo

Oi oi Galerinha, tudo bem?
Acho que essa é minha One-Shot preferida até agora. Eu realmente gosto muito dela, e espero que partilhem do mesmo sentimento que eu.

Beijos, muito brigadeiro e uma otima leitura pra vocês.



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I´ll Follow you, cause I´m under your spell.

 

Ela está na sua frente, correndo de ti. Seus cabelos, negros de pontas azuladas balançam pelo vento de forma irregular, como em uma cena cliche de filme de romance. Morena.

Ela se volta para traz, olhando para você. Seus Malditos olhos negros te invadem, eles são tão... profundos. Os olhos delas carregam universos de constelações. Constelações que você está disposto a procurar e estudar detalhadamente.

Ela sorri, e continua a correr. Seu sorriso ilumina até a noite mais escura, tal como aquela a qual este fato aconteceu, e aquece até o dia mais frio do inverno. Ela tem os lábios vermelhos de um cupido pronto para dar o golpe final.

Seu corpo é um estonteante conjunto de curvas que levam ao mais alto nível do paraíso. Ela é excitante, hipnotizante e completamente viciante. Ela é a droga a qual você não consegue renunciar.  

Ela é linda... Desde o primeiro fio de cabelo, até a ponta dos pés. Ela é linda, do limite do seu corpo até todo o universo que guarda dentro de si. Ela é a criatura mais linda que você já viu.

Ela corre de ti, olhando para trás todo hora para verificar se você a segue. E você apressa o passo, em pouco tempo tocando o tecido da camiseta que ela estava usando. E ela some. Simplesmente some, desaparece sem deixar rastros. E você começa a sentir falta de algo.

E de repente você está caindo.

E você não sente medo. A adrenalina preenche seu sangue e suas células, e você se sente a beira do precipício da loucura, mesmo já estando em queda livre. O vento faz com que seus cabelo tremulem como uma bandeira no mais alto mastro, do dia mais tempestuoso. Seus ouvidos são preenchidos por um zumbido agudo, e você sente como se seus tímpanos fossem estourar em uma bolha de sangue a qualquer instante. Você pressente o desespero lhe encher o peito após meio minuto, e o pânico começa a se refletir em seus olhos.

Você está caindo.

Você sente como se seu coração estivesse sendo preenchido por navalhas, cada vez mais profundas. Seus músculos do miocárdio contraem e apertam, cada vez mais, e mais forte. E você tem a sensação de que um buraco negro surge aos poucos no local onde antes se encontrava seu peito. A garganta fecha, trava, as mãos suam. Você sente falta de algo.

Você está caindo.

Seu estomago doi, e você nota milhares de asas descontroladas em sua barriga. Borboletas e Mariposas. O bonito e o feio se misturam como os sentimentos que te invadem. O frio na barriga se torna quase impossível desprezar. As roupas que veste incomodam e batem em seu corpo de forma violenta devido ao vento.

Você está caindo.

Azul. É a única cor que você enxerga. Azul, tudo é azul. O azul mais bonito que você já vira. Não é o índigo, muito menos o cobalto, e nem mesmo o celeste. Não, ele é muito mais... Vivo. Seus olhos só vem azul, por minutos incontáveis, tudo que existe é Azul.

Você está caindo.

O zumbido no seu ouvido se mistura com um som. É algo completamente indecifrável para ti, mas você sabe que está lá, sabe que existe. E por um milésimo de segundo onde o barulho agudo cessa, você escuta uma única palavra. Apenas uma

Gayatri. Uma palavra Sancrita que dá nome a uma espécie de Hino de 24 sílabas. Três linhas de oito silabas cada. É também um mantra do hinduísmo, e representa uma deusa que é o feminino do Parabrahman.

Om bhur bhuvaha svaha,

Tat savitur varenyam,

Bhargo devasya dhimahi,

Dhiyo yonah prachodayat,

Tais palavras aparecem na sua mente mente, de forma espontânea, e suas traduções se formam como a legenda de um filme. De onde você conhece isso? Você não sabe. Mas sabe que essas palavras dançam na sua mente como voce se lembra que ela costumava dançar. 

Você está caindo.

Suas pupilas começam a dilatar, e você começa a perceber melhor as paredes do abismo no qual você está caindo a algum tempo. As rochas formam desenhos irregulares, e você consegue ver a rispidez da parede, com medo demais para toca-las.

Você está caindo.

A queda se torna agradável a medida que o tempo passa, e você começa a pensar se um dia chegará ao fim. E começa a se perguntar se você realmente quer sair desse estado de queda. Você entra em um estado cômodo. Mas a sensação de que algo estava faltando não sumia de seu peito.

Você está caindo.

Você sente o sangue lhe subir as costas, estendendo até o pescoço, encharcando seus cabelos de um Escarlate Ardente. A dor que você sente na parte superior de suas costas se torna quase imperceptível. A dopamina e a adrenalina em seu sangue tiram a sua concentração da dor dos cortes de suas costas. O cheiro de Metal sobe-lhe as narinas, e você não consegue distinguir se este vem do sangue de suas costas ou do fim do abismo.

E você descobre. Ve-las destroçadas no fim do abismo faz com que o pânico tome conta de todo o seu corpo. Você vai morrer. Você descobre o por que da sensação de que algo estava sumido. Você estava sem elas.

Suas asas estão caídas no chão. Ensangüentadas. Destroçadas. Acabadas E destruídas. E você não tem como sair de lá. Não mais. 

Não tem.

E não quer

Você já caiu.


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Notas finais do capítulo

"Se apaixonar é como se jogar de um abismo sem saber o que te espera no fundo"
Espero que tenham gostado ♥
Espero alguns de vocês nos comentários.
Adios, Mafe.