Um Bonito Amor escrita por Brêh SF


Capítulo 26
A outra versão


Notas iniciais do capítulo

Hello people!
Gente perdoa o título, eu realmente fiquei sem criatividade hehe...
Acabei de escrever esse capitulo, aproveitei o tempo livre, totalizando umas 3 horas tentando desenvolver, espero que tenha dado certo.
Então, vms ler...



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Eu não fazia ideia do que aquela mulher poderia me falar, quem sabe inventar coisas para tirar o seu de reta, vai saber. Mas, estaria atenta para tudo o que ela dissesse, também ia me ouvir por ter maltratado e abandonado seu filho de uma maneira brusca.  

Cheguei ao café praticamente sem fôlego, Raquel que vinha mais atrás de mim também se mostrava cansada. De início não havia localizado a tal senhora, e então comecei a olhar por todos os lados para procurá-la. Tentando encontrá-la, olhei por todos os lados, até avistar uma senhora de ótimo porte assinar para mim, franzi o cenho duvidosa, mas um moço de movimentos peculiares se dirigiu até mim. 

—Você se chama Gilda? - Perguntou com um sotaque estranho. 

—Quem deseja saber? - Devolvo a pergunta insegura. 

—Sou David, assessor da senhora Nicole Muller que está logo ali à sua espera. - Responde-me de forma amigável e sorridente, ainda com um sotaque diferente. 

—Foi ela que me ligou? - Continuo perguntando desconfiada. 

—Sim, sim, vamos. 

Ele abre caminho para que eu me dirija até a mulher, Raquel sai me empurrando apressadamente até à mesa. 

—Gilda Barreto, que bom conhecer você! - Diz com uma entonação afetiva. - Espera, você é gêmea? 

Apenas meneio a cabeça que sim, estou muito nervosa por exatamente não saber o que fazer. Ela faz sinal para que sentássemos, o fizemos. 

—Nossa, são lindas! - Diz encantada. 

Não consigo ainda lhe dizer nada, pois ainda estou insegura do que realmente fazer ali. 

Ela, é uma senhora de mais ou menos 52 anos, magra e pálida, porém sua maquiagem lhe dar uma corada. Sua pele é branca e tem cabelos negros como os de Raul, vestia-se socialmente, o que me fez pensar que ela seria uma mulher da alta sociedade. 

—Bem, me diga o que quero saber. - Digo enfim, após um tempo calada. 

—Sei que deve está com milhões de perguntas porque sei a versão que te fora contada sobre mim. 

—É isso mesmo, temos milhões de perguntas! - Raquel se prontifica em dizer. 

—Mocinha, você não quer vim comigo enquanto as duas conversam? - O cara peculiar pergunta à Raquel. 

—De jeito maneira, irei ficar bem aqui. - Ela diz cruzando os braços. 

—Algum problema ela ficar? - Pergunto receosa. 

—Não minha querida, como quiserem eu posso dizer às duas. - A senhora diz ainda dócil. 

Por ela está agindo docilmente assim? É até difícil de assimilar ao monstro que Raul descreva com essa mulher que está à minha frente agora. Talvez ela esteja tentando me confundir, e é até bom que Raquel esteja comigo porque acho não conseguirei falar nada. 

—Então começa a nos dizer, por que raios você perturbou minha irmã e ao Raul com essas ligações? - Raquel inicia firme. A senhora, abaixa a cabeça e pensa em algo. 

—Eu peço desculpas mesmo, mas não havia outro jeito de ouvir a voz dele, eu só queria ouvi-lo. - Seu semblante agora era triste. 

—E se só queria ouvi-lo, então porque me ligar também? - Pergunto curiosa. 

—Porque descobri que ele tinha uma namorada, e pelo o pouco que descobri sobre ela, acreditei que seria possível falar com ela, mas toda vez que a ligava não conseguia dizer nada, porque acreditava que ainda não era a hora. - Confessa. 

—Então você esteve nos observando esse tempo todo? - Continuo a perguntar. 

—Sim, desculpa. Mas, desde que cheguei aqui eu precisava vê-lo nem que fosse de longe. 

—E porque simplesmente não apareceu para ele?  

Raquel sabia que Raul odiava a sua mãe e que ele não a queria ver nem em forma de anjo, mas arriscou dizer porque realmente como não entendia o porquê ela estaria de volta, para o quê pretendia. 

—Não posso, vocês devem saber que ele me odeia muito, e eu não poderia simplesmente aparecer em sua frente depois de tanto tempo, depois do que o fiz passar. - A senhora abaixa outra vez a cabeça triste, e a vejo comprimir as mãos com muita força. 

—A propósito, porque fez tudo aquilo com ele, porque o abandonou depois de o maltratar? - Pergunto já com uma certa raiva só de imaginar o que fizera ao Raul. 

Houve um silêncio, apenas as vozes ao nosso redor eram ouvidas, logo, a senhora começou a chorar, seu choro parecia real eu quis acreditar, mas Raquel fez sinal para que eu não fosse tão ingênua que talvez seria atuação, e sim poderia ser. O moço, seu assessor, afagou as costas dela carinhosamente para que ela acalmasse o choro, e assim ficamos até que ela se recuperasse. 

—Desculpa, me dói toda vez que me lembro do que eu fiz. - Diz limpando as lágrimas. 

—Estamos aqui para entender o que você quer depois do que fez e após anos, esse choro dificilmente irá nos amolecer. - Disse Raquel muito segura, eu queria muito poder agir como ela, mas a verdade é que eu não conseguia ser tão rude assim. 

—Eu sei, e depois de tudo que eu contar, vocês não quiserem acreditar em mim, estão no seu direito, eu só quero que me ouçam, que saibam o que aconteceu e quem sabe me ajudar a me aproximar de meu filho. - Diz em súplica. 

—Então quer que ele o perdoe a essa altura do campeonato? - Pergunta Raquel ousada. 

—Não exatamente, eu sei que ele não o fará, mas queria que ao menos permitisse que eu estivesse perto dele como sua mãe. - Raquel esboça um risinho irônico, então eu tomo partida antes que Raquel se irrite. 

—Nos conte o que queria, eu realmente quero ouvi-la. - Digo em um misto de curiosidade e presteza, queria entender a versão dela logo. 

—Sim, irei relatar.  

Ela bebe um pouco da água que estava à sua frente na mesa, respirou, e por fim iniciou... 

Talvez tudo que eu lhes disser seja inválido para que me entendam, por que vocês podem partir do pressuposto de que nada justifica o que eu fiz, mas entendam que era algo que eu não conseguia controlar. (pausa) 

Tudo teve início quando eu era bastante jovem e cheia de alegria, mas especificamente quando eu tinha meus 20 anos. Eu namorava um cara que eu dava minha vida por ele, pois naquele momento ele era tudo que eu tinha uma vez que havia saído de minha casa no interior após meus pais falecerem em um acidente. Então assim que cheguei no México, o encontrei e ele desde então passou a cuidar de mim alugando uma casa para que eu morasse e aí começamos a namorar, eu nunca sabia nada dele e ele sabia tudo de mim, sempre mudava de assunto quando eu falava em querer conhecer os pais dele eu dizia que me sentia sozinha naquela casinha o dia inteiro sem ter nada para fazer e queria ao menos conhecer sua mãe para conversar e ele sempre vinha com a conversa de que seus pais eram muito ocupados assim como ele, pois estudava medicina na época e tinha muito o que fazer, e era assim sempre, eu passava o dia dentro daquela casa sem conhecer a cidade em que eu estava, apenas o esperava a noite que depois de um tempo passou a ficar mais difícil suas vindas até mim. Após eu me entregar para ele em uma dessas noites, nunca mais o vi, e quando o via era questão de poucos minutos comigo e ia embora, notei sua indiferença, mas não procurava questioná-lo. Mas, um dia não suportando mais, resolvi segui-lo e o vi com uma garota de sua faculdade, ele a beijava a palpava ferozmente, eu não consegui fazer outra coisa a não ser chorar bastante. Voltei pelo mesmo caminho à sua espera queria que me explicasse sobre o que havia visto, mas assim que cheguei na casa comecei a passar mal, vomitava e sentia a cabeça rodar até desmaiar pela sala mesmo, quando acordei estava em um hospital, não entendia por que estava ali, não tinha muita lembrança, mas quando o vi entrar pela porta do hospital, senti muita raiva e só queira cuspir tudo na cara dele. Foi então que logo atrás dele uma moça, a mesma que a vi beijando em sua faculdade entrou no quarto também, comecei a esbravejar e pedir que me explicasse aquilo, foi aí que ele confessou que ela era sua namorada, que eu o desculpasse mas, havia sido apenas um caso comigo que entre nós dois não era nada sério, que havia levado a garota para ver ele acabando seu caso comigo para ela ter a certeza de que eu não significava nada. Na hora, não tive reação, ele jogou tudo isso na minha cara, doente em um leito de hospital com ela e saiu, apenas saiu me deixando ali, como se realmente eu fosse nada. Após algum tempo minha ficha caiu, e então comecei a chorar bastante e a odiá-lo com todas as forças, queria sair dali e correr até ele para matá-lo com minhas próprias mãos, realmente eu estava me cegando pelo ódio, se em meu coração pulsava algum sentimento, naquele momento só clamava por ódio e vingança por ele ter me usado, me iludido e me feito entregar pra ele, sentia meu estômago embrulhar outra vez, mas antes que pudesse provocar, um médico havia entrado e me jogado outra bomba: VOCÊ ESTÁ GRÁVIDA! Em outro momento talvez até poderia me sentir feliz, mas como estava odiada, abominei aquele filho, eu não queria ter um filho dele, e me desesperei para que o médico tirasse, o mesmo pediu para que eu me acalmasse e que não aplicaria o aborto, foi então que eu quis me matar, para mim a vida não tinha mais sentido, eu não tinha meus pais comigo, o homem que eu amava me enganou desgraçadamente, estava sozinha e não queria aquele filho, não queria ter de me lembrar daquele desgraçado toda vez que olhasse para o bebê, me sentia a pior das piores, então só queria acabar com tudo isso me jogando da janela do hospital. Acontece que foram mais rápidos e me livraram antes que eu realmente me jogasse. Fiquei um bom tempo em observação naquele hospital, até eles terem a certeza de eu pudesse sair dali, sai sem ter esses pensamentos suicidas, mas ainda assim não queria a criança, não conseguia aceitá-la.  

Depois de tudo isso eu não sabia para onde ir, estava largada e grávida, foi então que resolvi ser quem eu jamais me imaginaria ser, uma mulher fria e sem sentimentos por homem nenhum, queria usá-los e jogá-los como fizeram comigo, eu não mais queria amar. Sem eira e nem beira, esbarrei com um dono de boate para homens, ele havia me visto largada em frente sua boate e contei o que me havia acontecido e que não tinha para onde ir, apenas ocultei sobre a gravidez, foi então que ele disse que me daria esse tipo de trabalho em troca de um lugar para dormir, eu simplesmente aceitei sem mais pensar. Passei meus dias dançando semi nua para homens sem escrúpulos que me pagavam muito bem, mas eu sentia que estava infeliz e ao lembrar que tinha uma criança daquele homem dentro de mim, era mais um motivo para estar infeliz eu não conseguia controlar. Em uma dessas noites, dançando para tantos homens, meus olhos se direcionaram para um em específico, ele me olhava de um jeito diferente no qual eu me sentia acolhida eu não costumava o ver ali, mas depois dessa noite ele ia quase todas as noites. Um dia ele viu meu chefe discutir comigo ao descobrir que eu estava grávida e simplesmente me tirou dali, sabendo que eu não teria mais serventia, o que me deixou com mais raiva em ter essa criança. Esse cara me acolheu, conversou comigo, foi gentil, querendo me oferecer um lugar para ficar, mas eu não queria aceitar, porque não acreditava mais nesses homens. Mas, me venceu por não saber para onde ir, então aceitei. Ele me levou para sua casa, melhor dizendo, mansão, era enorme e bonita, viu que eu estava encantada com tudo aquilo e logo sugeriu se eu não queria morar ali, fiquei surpresa de início, mas aí ele foi me explicando de que havia se apaixonado por mim, de que nunca havia visitado uma boate em sua vida e a primeira vez que foi me conheceu, confessou que passou a ir a maioria das noites só para me ver, eu não sabia o que pensar e não queria mais me apegar a homem nenhum por medo de ser enganada outra vez, mas esse homem era bom, fui o conhecendo melhor, havia ele me aceitado mesmo sabendo que eu estava grávida de um crápula, dizia querer assumir a paternidade e que adoraria ser o pai. Por um bom tempo desde que havia aceitado a morar com ele, não demonstrava sentimentos por ele, mas aos poucos ele com seu jeito bom e honesto, foi criando um sentimento novo dentro de mim, só que era tarde e eu não queria demonstrar essa fraqueza, havia colocado na cabeça de que se eu revelasse meus sentimentos por ele, acabaria perdendo outra vez e isso eu não queria mais. Aceitei a casar com ele, e com a vida de casada fui amando-o mas sem o dizer, ele não precisava saber, assim também fui aos poucos aceitando a gravidez, mas ainda assim tinha uma certa repulsa quando via a carinha do bebê, pois ele tinha a cara do idiota que me traiu e toda vez que eu me lembrava disso um sentimento ruim me invadia e eu acabava ignorando meu próprio filho. Mas, apesar disso eu amava os dois, meu filho e meu marido, mas mesmo com esse sentimento não pude me livrar do sentimento ruim...” 

—Oh meu Deus, então você está nos dizendo que o pai de Raul não é quem ele acreditou que era? - Raquel pergunta esbaforida, após a senhora ter feito uma pausa. 

—Isso, o pai de Raul na verdade é o crápula que me abandonou. - Responde com um olhar vago ao longe. 

—Não imaginava isso, com certeza mais uma dor para Raul, ele amava tanto o homem em que acreditava ser seu pai. - Digo pensativa. 

—Mas, ele sempre há de ser o pai dele, ele sim é o pai de verdade de Raul. - Diz firme a senhora. 

—Isso é, ele o criou com muito amor, deu todo o amor que a senhora não o deu... - Raquel despeja, e eu a cutuco a fazendo cair em si. 

—É, eu sei, carregarei essa culpa por toda a minha vida, pois poderia ter o dado o amor que ele sempre o necessitou. 

—Entendo pelo o que passou, realmente não deve ter sido fácil, mas ainda não consigo pensar que o que fez Raul passar seja justificável. - Digo passiva. 

—É compreensível você pensar assim, mas o que eu poderia fazer naquela época? Eu estava cega pelo ódio, e não me perdoo pelo o que fiz, meu coração fica pequeno demais toda vez que me lembro de como sai daquela casa e o que fiz em meu Raul. 

—Mas então, o que fez você cair em si, e voltar a procurá-lo depois de tanto tempo? - Pergunta Raquel, querendo continuidade daquela história. 

A senhora baixou outra vez a cabeça, em seguida olhou para seu assessor com um olhar triste, com aquela troca de olhares imagina-se que ele sabia de toda a conversa. 

—D. Muller, a senhora não quer deixar essa conversa para depois? Precisa descansar. 

—Não, preciso falar agora. - Ela o olhou e passou carinhosamente suas mãos na dele. - Não se preocupe, eu estou bem. 

Raquel e eu ficamos confusa, o que estava acontecendo? 

—Bom, desde que o deixei já fora contra a minha vontade, mas eu tinha de ir. Eu o fiz muito mal, fui uma péssima esposa e uma péssima mãe, tudo porque não queria me apegar a eles, porque não queria demonstrá-los o meu amor. Eu sempre saia e traia meu marido, mesmo ele me satisfazendo tudo dentro de casa, toda vez que Raul me enfrentava porque chegava a me ver com um e outro e eu sentia raiva, porque seu rostinho me lembrava o seu verdadeiro pai, eu não queria fazer essa associação dos dois, mas meu ódio era tanto que eu acabava projetando tudo em meu pequeno Raul. Na última vez que ele me enfrentou e que eu o bati até... até... 

Sua voz começou a embargar, e quis chorar, mas desta vez se segurou para continuar. 

—Até ele desmaiar, acabei indo embora, porque meu coração sangrava só de pensar no que eu tinha feito, daí eu me dei conta do monstro que eu havia sido para meu Raul, tudo por causa de um homem que não merecia que eu sequer perdesse meu tempo o odiando. Me senti mal, e por isso fui embora, imaginava ser o único jeito de fugir desse tormento, era estando longe deles. Levei comigo alguns pertences de valor e todo o dinheiro que meu marido estava guardando para Raul para quando cumprisse a maior idade, e então fui para bem longe. 

—Eu posso entendê-la de certa forma... 

—Mas, não aceitamos o que fez, ainda assim foi errada e uma sem coração. - Raquel me completa, após me interromper. 

—Aceito que me julguem assim, eu realmente olhando desse lado de fora fui uma sem coração, mas acredite eu sempre amei os dois, mas o amor naquele momento não podia se fazer presente, isso meio que bagunçou meu psicológico. - Explica a senhora. 

—Mas, para onde foi, porque passou tanto tempo para tentar recuperar o amor de seu filho? Ele sofreu muito, pois seu pai entrou em depressão, veio à falência e morreu, Raul teve de se virar sozinho, apenas com a ajuda de alguns empregados da casa, mas felizmente ele pode contornar tudo isso e conseguiu tudo em dobro, mas dentro de si, ainda há aquela dor que você causou e que jamais será cicatrizada. - Digo com ansiedade. 

—Infelizmente fiquei sabendo disso há pouco tempo, quando consegui localizar meu filho, o detetive que contratei para encontrá-lo me informou sobre tudo isso, e mais uma vez senti minha culpa aumentar ainda mais. Mas, assim que sai da casa, quis voltar imediatamente, correr para eles e fazer tudo diferente, cuidar deles, amá-los como devia ser, mas eu simplesmente não consegui fazer isso e fui embora. Fui para a França, e lá voltei à estaca zero outra vez, guardei o dinheiro que havia pego de meu filho, não me senti digna de mexer em um só centavo, um dia eu pretendia devolvê-lo. Voltei a trabalhar em uma boate para homens e dessa vez eu não só dançava, mas realmente dormia com eles. E nisso, acabei adoecendo e... ainda estou doente. - Disse triste. 

—Doente? E qual é a doença? - Pergunto assustada. 

—Câncer do colo do Útero. - Responde triste.  

—Mas, ela passou um bom tempo recusando o tratamento, o que acabou a levando a desenvolver um tumor maligno... Carcinoma invasivo do colo uterino. - O assessor de sotaque estranho explica-nos. 

—Minha nossa, isso é muito grave. - Digo realmente assustada. 

—Mas, porque não quis se tratar? - Raquel segue com as perguntas, sua intenção é saber de tudo, enquanto agora tenho pena da mãe de Raul. 

—Bem, assim que eu descobri que estava com esse tipo de doença, não me desesperei, apenas aceitei como parte do meu castigo por tudo que fiz ao meu filho. Eu realmente não queria ter que me tratar, achava que não valia de nada, se era esse meu castigo, que eu pagasse então, mas um dia passei muito mal e fui parar no hospital, fiquei um bom tempo internada, e tive então que fazer tratamento uma vez que colocava na minha cabeça que queria ao menos ver o rosto do meu filho nem que fosse pela última vez, mesmo que ele não me perdoasse eu queria lhe dizer o quanto eu o amava, e que estava absurdamente arrependida pelo o que havia feito, eu só queria ter tempo em dizer isso a ele, assim eu poderia morrer tranquila. 

—E como fez para se virar, já que disse não ter mexido no dinheiro de seu filho? - Raquel estava tocada pela doença da senhora, mas queria conhecer toda a versão dela. 

—Bem, depois de uns meses internada, eu consegui alta, eu não poderia mais trabalhar como trabalhava, e não queria mexer no dinheiro de Raul, e não mexi. Mas, eu precisava viver pelo meu filho, e continuar com os tratamentos, precisava de um emprego, e mesmo fraca ainda podia exercer alguma coisa, pois a doença ainda estava controlada, bati em todas as portas possíveis, até ser aceita em uma agência de modelo como recepcionista. Não tinha nenhuma experiência, mas me aceitaram. O dono da agência era um senhor de idade muito rico, e a gente acabou se envolvendo, eu me envolvi com ele na verdade, ele precisava de uma mulher para deixar toda a sua fortuna, no início eu não aceitei, achava uma loucura, mas ele confiava muito em mim, e eu já havia dito toda à minha vida a ele que inclusive até o último dia de sua vida, apoiou para que eu fosse atrás de meu filho. Nos casamos, e ele passou tudo para meu nome, não vivíamos como um casal, mas como bons amigos, me respeitou sempre e me ajudou com o tratamento, sou eternamente grata por ele. Então ele faleceu, e me deixou tudo. - Disse com gratidão. 

—Realmente, a senhora teve muita sorte. - Disse a Raquel com leve ironia. 

—Mas, sua doença é terminal? - Pergunto com medo da resposta. 

Ela apenas meneia a cabeça em positivo. 

—Eu sinto muito. - Digo realmente sentida. 

—Não sinta, eu apenas aceitei esse destino. Bom, continuando, assim que meu “marido” faleceu, tomei de conta de suas agências de modelo, e tive de aprender tudo. - Ela olha serenamente para o cara ao seu lado. - David me ajudou, foi meu braço direito e é meu grande amigo, devo muito a ele. Vim para o México após abrir uma nova agência de modelos como desculpa, se chama TOP MODEL, mas a verdade é que vim apenas para estar perto de meu filho nesse tempo que resta. - Disse com semblante penoso. 

—Uma dúvida, como a senhora conseguiu se casar outra vez, sendo que já era casada? - Raquel indaga curiosa. 

—Mudei de nome, paguei por isso, mudei para me casar e para que Raul não me descobrisse por enquanto quando chegasse aqui. Meu nome verdadeiro era Madalena de la peña, nome de casada com o pai de Raul, então tive que mudar para Nicole Muller, é assim que todos me conhecem agora. - Responde. 

—Então, como a senhora pretende se aproximar de Raul? - Pergunto simpatizando com ela, mesmo meu coração dizendo para não fazer isso. 

—Pensei diversas maneiras, mas em todas percebi que seria rejeitada de cara, foi então que ao descobrir o número dele, resolvi ligar anônima para ir ao menos ouvir a voz dele, recentemente pude vê-lo com você, foi aí que descobri que você era a namorada dele. Ele está todo um homem, lindo e muito bem-sucedido, eu fiquei tão feliz ao saber que ele se tornou um homem de porte, me senti muito feliz por isso. - Disse ela encantada ao falar do filho. 

—Mas, você sabe que não será fácil, não é? Raul sente uma enorme aversão só em tocar em seu nome. - Advertiu Raquel. 

—Isso é, ele muda completamente de humor se o assunto for você. - Completo. 

Ela apenas assentiu infeliz, dava para ver que sentia muito por isso, mas entendia que era culpa dela mesma. 

—Se eu pudesse voltar atrás... - Disse pensativa. - Bom, mas não tem como, tentarei pelo menos o ver o ouvir, isso já me fará imensamente feliz. 

—E porque eu? Como acha que posso ajudá-la? - Pergunto com receio. 

—Pensei que você poderia me ajudar, falando de mim para ele, não sei, se lhe tocou de alguma forma o que me ouviu e assim quiser me ajudar com meu filho, eu serei eternamente grata. 

—Impossível. - Raquel se apressa em dizer. - Raul odeia você, no mínimo que Gilda irá fazer, é fazer com que ele a odeie também. É melhor a senhora encontrar um outro jeito e deixar minha irmã fora dessa, isso pode custar o relacionamento dela com ele.  

Admirei Raquel buscando me proteger que seja, eu não imaginava que ela faria tanto, estava encantada com ela se preocupando comigo sabendo que se eu me metesse, Raul não perdoaria e nisso Raquel estava certa, mas no fundo eu queria ajudar, ela estava doente e só queria um último contato com o filho. 

—Tentarei ajudá-la. - Digo num impulso. Raquel me olha incrédula. 

—Gilda! - Me repreende com aqueles olhos verdes. 

—Eu quero fazer isso, Raquel. 

—Nos dê licença uns segundinhos, vem aqui! - E então me puxa da mesa para um canto em que eles não pudessem nos ouvir. - Ficou louca? 

—Não, quer dizer, talvez. Ah, Raquel, ela está doente e em fase terminal. - Falo com ênfase. 

—Sim, mas você está colocando em fase terminal seu relacionamento com Raul, é isso o que quer? 

—Não, é óbvio que não, mas eu posso aos poucos fazer com que ele a entenda, eles podem conversar, ela pode contar sua versão o que lhe aconteceu e lhe implorar por perdão, Raul, não é esse bruto todo que você pensa. 

—Gilda, põe na sua cabeça, é tarde demais para um perdão, Raul jamais superou e essa vinda dela só vai piorar tudo o que ele levemente foi esquecendo. 

—Eu sei Raquel, mas você ouviu, ela tem um motivo e mais ainda, ela reconhece que isso não justifica o que fez com Raul, mas ela realmente se sente mal por tudo, o que é compreensível. - Tento convencer Raquel, mas ela realmente não aceita. 

Entendo a preocupação de Raquel, entendo todas as partes, por isso acredito em um perdão, sei que não irá mudar tudo o que já foi vivido, mas talvez para Raul se sentir em paz por completo ele precise ouvir sua mãe, e entender porque agiu daquele modo com ele, talvez ele precise perdoar para que seu coração esteja em paz. 

—Gilda, seja má apenas uma vez e ignore essa senhora, eu sinto que isso não é um bom sinal. 

—Não dá, estou decidida a ajudá-los. 

Ela respira fundo e fica uns segundos me encarando negativamente. 

—Tudo bem, você tem certeza disso? - Pergunta, na tentativa de me convencer do contrário. 

—Sim. - E então volto com ela para mesa onde estava a senhora e o assessor. - Eu irei ajudá-la, não lhe garanto muita coisa, entenda que farei aos poucos até me sentir segura de que posso realmente falar sobre você para ele, até lá não o ligue ou apareça, mantenha apenas contato comigo lhe passarei informação sobre ele para que possa vê-lo.  

Ela assente alegre, em seguida se levanta da cadeira e me abraça. 

—Oh, muito obrigada mocinha, tenha em mente que estou em dívida com você. - Diz ela contagiada pela alegria. 

—Não agradeça, ainda não temos certeza do que vai acontecer. 

—Eu tenho a convicta certeza de que isso não vai acabar bem. - Raquel solta. 

—Raquel! - Repreendo-a, e ela apenas revira os olhos nada contente e confesso que estava com medo de tudo isso. 

—Bom, é melhor vocês irem, agradeço muito por terem me escutado e... Está mesmo tudo bem pra você se envolver nisso? Eu não quero prejudicá-la. 

—Farei com cuidado, não se preocupe. 

—Você é uma moça de alma linda, agradeço muito. - Ela diz me dando um abraço do qual não consegui reagir muito bem. 

—Então iremos, qualquer coisa me liga e por favor seja discreta. - Advirto-a, ela assente. 

Raquel e eu caminhávamos para meu apartamento uma vez que o café era bem perto, ela vinha me enchendo a cabeça todo o tempo de que o que fizera não era boa coisa e eu senti que realmente não era, mas meu coração é muito mole. 

—Eu sei Raquel, só esquece isso. 

—Esquecer? Você é que tinha de esquecer e deixar essa mulher se virar sozinha. - Diz ainda irritada. 

—Eu apenas atuarei indiretamente Raquel, tomarei cuidado para que Raul não descubra que eu estive envolvida, só o que quero é que ele esteja em paz consigo mesmo. 

—Gilda, sinto que isso não é bom, você sabe como Raul reage quando é sobre a mãe dele, eu só não quero que você seja infeliz, mas você é muito burrinha. - Diz me dando um leve tapa no braço. 

—Pára de me chamar de burra. Oras, eu aceitei, mas estou com muito medo porque eu não quero perder o Raul, mas algo me diz que ele só conseguirá viver bem se a ouvir e a perdoar, eu só quero que ele esteja bem. - Digo ao pensar no Raul, de como ele tinha pesadelos com a mãe. - Por favor, só esteja do meu lado. 

—Vou estar. - Ela me para em frente do meu apartamento. - Mas, como você vai ficar se o Raul descobrir? 

—Descobri o quê? 

Meu coração acelera freneticamente ao ouvir aquela voz, Raul aparece indagando e pela sua expressão eu pude jurar que ele no mínimo desconfiou de algo, rezei em muitas vezes em poucos segundos para que ele não nos tenha ouvido por completo... 


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Notas finais do capítulo

E aí gente? o que vcs acham desse capitulo, me digam! Besos e até o próximo cap....



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