Era final de outubro, eu olhava fixamente as estrelas do forro de meu quarto, elas me consolavam de algo que eu não sabia explicar, era como se eu ainda escutasse a voz que dizia que não poderia adentrar a academia, coisa que eu não deveria me importar.  Eu me revirava na cama sem sono, aos poucos as vozes ficavam mais altas e me lembravam também sobre o lisianto, eu não conseguia aceitar esta situação.

Eu o conheci por estas datas, nos tornamos bons amigos rápidos, admito que eu me aproximei por interesse, pois me sentia sozinha e precisava de alguém para conversar, ele era apenas um idiota qualquer que eu não me importava, não via diferença em ter o conhecido ou não. As folhas do jasmineiro dançavam na minha janela, ele batia forte contra o vidro de forma que seus galhos e folhas se machucassem, suas flores pareciam me dizer que eu deveria ir atrás dele, mas algo em mim sabia que eu deveria ficar.

Então ele veio a mim, de forma que nenhum de nós sabe explicar. Caro ouvinte, é dispensável eu te contar quem era quando meu telefone tocou ou como eu me senti, pois você conhece bem esta sensação. Foi uma breve conversa, mas era como se o jasmineiro tivesse adentrado meu quarto e me envolvido em seu abraço, com seu doce balanço, seu aroma e sua fragilidade.

“Qual o seu nome, donzela? ”

Quando ouvi esta frase eu senti um espasmo percorrer meu corpo, ergui os olhos procurando quem me chamava mas não encontrei ninguém, não via nada de diferente.

“Qual o seu nome? ”

Desta vez a voz parecia mais impaciente mas eu ainda não podia ver a quem ela pertencia, levantei-me da cama e abri a janela, procurei com os olhos por todo o jardim mas novamente não encontrei ninguém então decidi abrir a porta e olhar se havia alguém nos corredores, novamente, ninguém.

“Perguntei seu nome, Donzela, por um acaso é surda? ”

Me senti assustada, talvez fosse alguém que passava pela rua entretanto avistei um vulto, uma silhueta negra de um garoto, não podia ver seu rosto mas ele parecia triste e então perguntou novamente.

“ Qual seu nome, Donzela? ”

 “Claire” - Falei sutilmente - "Claire Grimlock, descendente direta de Amelies."