Numa terra distante e longínqua, uma cidade muito peculiar pode ser encontrada, nesta podemos observar os mais inacreditáveis seres que a nossa imaginação poderia alguma vez ter se atrevido a imaginar. E aqui estou eu perpétuamente a mirar esta cidade, uma nuvem solitária que observa diariamente a vida mundana de todos os que habitam as ruas cinzentas e as altas casas de pedra polida, mas quem me intriga mais é um pequeno feiticeiro que se auto-intitula de malvado e uma alta e jovem garota vestida como um espantalho, que estava cansado de passar os dias pregado as madeiras assustando os pobres coitados dos pássaros. E nestas duas figuras me foco diariamente, aprecio cada movimento que as duas almas muito peculiares fazem entre a multidão. Mas por momentos perdi-lhes o rasto no meio da confusão agora instaurado. A praça da cidade esta recheada de gente,  e a barulheira que produz faz com que não consiga adormecer, nem o gentil vento que me tenta empurrar frustrado por não ter sucesso me consegue embalar, por isso aqui fico observando como um circulo de pedra com barracas de madeira coloridas das mais diversas cores agressivas ao olhar sensível se enche ao ponto de quase explodir.

— Odeio-os a todos! Se pudesse fazia todos desaparecer! SAI DA MINHA FRENTE SEU MISERAVEL!

Reconhecendo de imediato a voz de entre a confusão, logo reconheci que se tratava de Mordark Moonfall, o nosso pequeno feiticeiro, não existe um dia em que ele consiga ser educado para alguém, questiono-me se um dia não lhe falha aquele coração devido ao estado de permanente raiva e nervos em que aquela alma se encontra.

— ÉS CEGO SURDO OU SIMPLESMENTE RETARDADO?!

Gritava violentamente a todos os desgraçados que não conseguiam evitar atempadamente chocar contra ele.

— Porque tens de ser sempre assim? As pessoas não têm culpa de ser baixinho.

— Sam! Não ouses trazer a minha estatura para esta conversa. Eu não sou baixo entendido!

— Mas tu és…

— ENTENDIDO?

A Sam sempre acaba tocando do tema da estatura que é um tema muito sensível para o nosso feiticeiro, pois quem iria ter respeito por um feiticeiro malvado baixote, eu certamente que não.

— Ok como queiras… baixote

— SAM!

E como todos os dias aquelas duas personagens acabam a discutir o caminho todo, e ainda é apenas de manhã, temo que como nos dias anteriores isto se prolongue para o resto do dia.

Enfim, estes dois são um par muito estranho, mas estranho mesmo é a Sam, para alem de usar roubas de espantalho que até não lhe ficam nada mal, ela ainda tem o tal segredo letal dela, que só Mordark aparenta saber.

 Mas enquanto estes debatiam de uma forma muito pouco gentil, eis que um outro ser se atravessa no “debate”, quase me esquecia de mencionar tal criatura, o diabrete vermelho de riscas pretas que acompanha Mordark para todo o lado, pobre bichano imagino o que ele tem que aturar diariamente.

— ratse Meugesnoc rop sodalac ocuop mu.

— Cala-te seu diabrete, ninguém entende esse teu dialecto mesquinho.

Gritava Mordark como já é normal dele. Eu também tento decifrar o que aquele diabrete diz, mas nunca consegui, reza a lenda que existe uma forma de traduzir a língua dos demónios, mas eu nunca descobri como, talvez tu consigas traduzir, embora eu acredito que ele não deve dizer nada com sentido.

Por agora acho que vou adormecer por um pouco que estes ventos até que estão quentinhos, mas se quiseres saber o resto da história viajante terás de aguardar ate que acorde… O que provavelmente vai demorar um pouco, mas eu prometo que se ficares e esperares eu te revelarei as mais emocionantes histórias que vi nesta cidade.