— Filho, vou deixar o jantar na geladeira – Melissa gritou do andar de baixo, sabendo que o garoto escutaria – Estou indo para o hospital.

— Tá bom, mãe – gritou de volta – Te amo, bom trabalho.

Na maioria das noites que sua mãe fazia plantão no hospital, Scott passava a noite com seus amigos, ou então virava a noite com Stiles pelo computador. Era muito melhor do que ficar sozinho, mas ao que parecia não tinha havia nenhum plano para o garoto esse noite, já que seu melhor amigo se arrumava, do outro lado da tela do computador, para jantar com o namorado.

— Vai sair com os garotos? – Stiles perguntou enquanto colocava o seu par de tênis.

— Não marcamos nada – deu de ombros – Acho que não.

— Desculpa, cara – disse – Derek voltou de viagem hoje, e eu preciso vê-lo.

— Tudo bem, vai curtir e não se preocupe comigo – disse sentindo o cansaço o dominar – Esteja cedo amanhã na escola, teremos jogo no fim da semana e não quero fazer feio.

— Okay, eu entendi – Stiles assentiu – Não vou beber até cair.

— Até amanhã, cara.

Ambos desligaram o computador e Scott seguiu para o seu banheiro, tomando um banho bastante relaxante já sabendo que no dia seguinte teria de enfrentar muita coisa. Inclusive Jackson Whittemore e Theo Raeken, as pessoas que mais odiavam o garoto na face da terra, e todo o ódio era reciproco. Sua briga com Jackson começou no inicio do ensino médio, onde ambos dividiam os holofotes dentro de campo, o que fez com que uma rivalidade enorme crescesse fora do mesmo. Theo e Scott nunca foram amigos, desde o jardim de infância. O garoto sempre tentou tirar tudo o que estava nas mãos de Scott e acabou se juntando com Jackson e seu grupo.

Ao sair do banho, Scott pode ver seu telefone tocar encima de sua cama, anunciando uma chamada de Melissa.

— Mãe?

— Oi, Scott— disse do outro lado da linha – Te acordei?

— Não – respondeu – Tá tudo bem?

— Tudo bem, filho— a mulher suspirou – Eu esqueci meu jantar encima da mesa, será que pode trazer pra mim?

— Claro, mãe – respondeu – Já levo.

— Obrigada, dirija com cuidado.

Lydia Martin nunca se odiou tanto como naquele momento. Odiava com todas as forças se sentir fragilizada. Sua mãe havia ensinado desde pequena, garotas como ela não poderiam ser fracas. Garotas como Lydia eram fortes, como ninguém nunca viu. Mas, no momento, vendo sua avó numa cama e hospital não podia deixar de se sentir dessa forma. A avó de Lydia sempre foi a pessoa que ela mais amava em todo o mundo, mesmo com toda a distancia que existia entre elas, quando sua neta vinha visita-la, ambas amavam isso. A ruiva teve que se mudar quando ainda era muito pequena, para Londres, até seu pai casar, sua vó adoecer e sua mãe decidir que era hora de voltar. Fizeram a mudança no dia anterior e a garota começaria na escola já no dia seguinte.

— Garota, tudo bem? – uma das enfermeiras que passava por ali perguntou – Você precisa de alguma coisa?

— Não, obrigada – sorriu amigavelmente.

— Meu nome é Melissa – disse – Se precisar de alguma coisa, pode chamar por mim na recepção.

Lydia abraçou o próprio corpo, sentindo-o arrepiar.

— Vem – a enfermeira a puxou para sentar em um dos bancos que haviam ali – Vou pegar uma agua pra você.

No exato momento em que Melissa enchia o copo de agua, seu filho adentrou a porta do hospital encontrando a mesma.

— Mãe – chamou-a – Trouxe o seu jantar.

— Obrigada – sorriu, com o cenho franzido.

— Tudo bem? – perguntou.

— Melissa – o pai do Liam chamou-a enquanto passava por ali – Preciso de você em uma cirurgia, agora.

— Estou indo – olhou para o filho – Obrigada pela comida. Pode levar agua para uma menina ruiva na sala de espera? Tenho que correr.

Antes que o garoto respondesse, ela lhe entregou o copo.  

— Como vou saber quem é? – perguntou.

— Ah, acredite, você saberá – sorriu – Ela está de vestido vermelho.

Scott bufou andando até a sala de espera, já havia passado tanto tempo naquele hospital que conhecia-o como a palma de sua mão. Não havia muita gente por ali, e mesmo que tivesse, ele conseguiria saber de quem sua mãe estava falando. O moreno se aproximou, engolindo seco, sem saber o que fazer. Lydia prestava atenção em seu celular.

— Oi – murmurou ao ficar próximo da mesma, sentando ao seu lado – Água?

Lydia o olhou sorrindo sem mostrar os dentes.

— Obrigada – pegou o copo em sua mão, tomando um pouco do mesmo.

— Tudo bem? – perguntou o garoto – Quer dizer, acho que se estivesse tudo bem você não estaria aqui, mas enfim...

— Vai ficar – disse – Pode me ajudar?

— Claro! – disse entusiasmado.

— Preciso me despedir da minha vó – sussurrou – O quarto dela é 305 ala C. Nunca estive aqui antes, não sei nem por onde começar.

— Nova na cidade? – perguntou e ela assentiu – Vem comigo, vou te levar pra vê-la.

Andaram em silencio por todos os corredores até que Scott a deixou na porta do quarto de sua avó.

— Obrigada... Qual o seu nome?

— Scott Mccall – sorriu.

— Obrigada, Scott.

E então sumiu.

Scott foi pra casa sentindo algo diferente dentro de si, e ao mesmo tempo se sentindo um grande idiota por não ter perguntado o nome daquela garota. Mas, não importava. Ele tinha certeza de que havia conhecido um anjo.