A Garota do Cabelo Rosa escrita por Beatriz, Minha Culpa


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas, estou reescrevendo está história em 3ª pessoa e mudando algumas coisas.
Espero que gostem e minha ideia era apenas apagar os capítulos e repostar, porém as pessoas não iriam conseguir comentar, se já estivesse comentado antes.
Boa leitura ;)

ps¹: escrever em terceira pessoa ainda é novo para mim, mas estou gostando.



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4 De Fevereiro de 2016

― Mandou me chamar diretor? ― Um garoto ruivo perguntou parado na porta da sala.

O novo diretor olhou para o garoto com certa dúvida, ele havia mandado avisar a vários alunos para vir a sua sala depois que acabassem suas devidas provas, porém não fazia ideia de quem era quem. Ele apenas tinha uma lista de nomes, em que os alunos que já haviam aparecido eram riscados.

O garoto ruivo ainda parado na porta percebeu a confusão do diretor e tratou de se apresentar para o homem que aparentava ter seus quase cinquenta anos de idade e não tinha mais de um e setenta de altura.

― Eu sou o Daniel. Daniel Lincend. ― Falou o sobrenome com tanto desgosto que teve certeza que o diretor havia notado.

― Ah. ― O diretor proferiu enquanto olhava a lista de nomes. ― Você era um dos alunos que eu mais queria ver. ― Olhou para o rapaz ainda parado em sua porta. ― Entre e feche a porta, por favor

― Então, ― O garoto começou enquanto se sentava na cadeira em frente a mesa do diretor. ― o que senhor queria falar de tão urgente comigo?― E percebendo que a atenção do diretor estava em alguns papéis em cima da mesa e não diretamente nele, o garoto tratou de acrescentar. ―  Pelo menos foi isso que a professora me disse, que era urgente. ―  O diretor tirou os olhos dos papéis e olhou para o garoto de olhos verdes.

― Eu assumi a diretoria desta escola à pouco mais de duas semanas e suas notas me assustaram. Como um aluno nota dez deixou as notas caírem tanto no último ano escolar?

O garoto suspirou, já estava cansado de ouvir aquela perguntas dos professores.

― Olha, eu sei que minhas notas estão ruim…

― Sinceramente Daniel, elas estão péssima. Eu não sei como você irá passar de ano.

― Eu também não sei. ― Falou suspirando.

O diretor olhou para jovem sentado em sua frente e começou a mexer novamente em alguns papéis jogados em sua mesa.

― Eu fiz, não só para você, mas para cada aluno que eu chamei para conversar sobre as notas, uma tabela ou como uma aluna falou para mim a pouco tempo um “falso boletim”.

Daniel riu internamente enquanto pegava o papel das mãos do diretor. Aquilo não se parecia nem um pouco com um boletim, pelo menos não com o dele.

― Essas notas são as que você precisa tirar para no mínimo ficar em recuperação.

O olhar do garoto que estava achando graça daquele papel se transformou em um olhar de espanto.

― Então quando aparece aqui em física esses noves… ― Alguém bateu na porta interrompendo a pergunta de Daniel.

A porta se abriu revelando uma garota de cabelos pretos cacheados e muito branca. Lizzie, a filha da enfermeira do colégio.

A primeira vez que Daniel a viu nos corredores da escola  não deixou de pensar que a Branca de Neve havia saído dos livros de sua irmã e ido estudar em sua escola. Porque a garota era exatamente como ele imaginava a personagem das histórias infantis.

― Sim? ― O diretor perguntou. E seu olhar pousou em Daniel antes de responder.

― Tem dois alunos batendo em outro aluno no corredor. ― Assim que a garota falou aquilo Daniel não pôde evitar de levar a mão no rosto e pensar em quão idiota o amigo era por provocar aqueles dois trogloditas.

Não tinha dúvidas que era Joshua que estava apanhando.

― Acho que encerramos nossa conversa aqui, mas se tiver alguma dúvida pode me procurar. ― O diretor falou levantando-se de sua cadeira com certa pressa que derrubou alguns papéis no chão. ― Espero que você se recupere bastante nos próximos meses e consiga se formar.

    O diretor saiu atrás de Lizzie deixando o garoto sozinho em sua sala olhando para aquelas notas. Será que ele conseguiria recuperar suas notas em aproximadamente quatro meses ou repetiria de ano?

Olhou para o céu cinzento através da grande janela que havia na sala do diretor e suspirou: odiava dias de chuva. Dobrou o papel e colocou no bolso do moletom e saiu da sala do diretor direto para enfermaria. Onde provavelmente encontraria o amigo.

    Havia conhecido Joshua no jardim de infância e desde daquela época viraram melhores amigos. Mas, o amigo às vezes era idiota  e vivia se metendo em brigas por causa disso, geralmente era ele quem apanhava.

    Abriu a porta da enfermaria e encontrou um garoto moreno reclamando enquanto a enfermeira limpava um de seus machucados.

    ― Você por acaso ouve quando eu falo? Você tem ouvidos? ― O ruivo perguntou irritado para o amigo.

― Você devia mudar as frases um pouco. Acredito que a Susan também iria gostar de ouvir outras coisas.

Alguém riu às suas costas e Daniel olhou para trás e viu novamente a garota que mais parecia a branca de neve.

― Ali está ela, a garota que me salvou. ― Joshua falou apontando para Lizzie. ― O que seria de mim sem Lizzie. Estaria eu morto no meio do corredor agora?  ― Perguntou fazendo a enfermeira e a garota rirem enquanto o amigo balançava a cabeça em negação. ― Sua filha é minha heroína Susan. ― A enfermeira riu novamente.

Daniel percebeu que a menina que carregava duas caixas ficou corada com o comentário do amigo.

― Obrigada, filha. Pode deixar as caixas ali. ― Falou apontando para uma maca que havia que estava fazia. ― E você tem uma prova em quinze minutos não tem? ― Perguntou para Joshua.

― Ela já sabe até minha grade de horários. ― O garoto moreno falou fingindo-se emocionando para o amigo que não deu bola, seus pensamentos ainda estavam na folha de papel cheia de números que estavam em seu bolso.

― O que foi que aconteceu? ― Joshua perguntou para o amigo assim que saíram da enfermaria e paravam em frente a alguns armários.. ― Você está estranho, muito estranho. Foi algo que o novo diretor falou? ― Perguntou enquanto pegava um livro no armário.

― Você tem prova agora. ― Daniel comentou.

― Eu sei, mas tenho cinco minutos para revisar alguma coisa. ― Joshua olhou para o ruivo e balançou a cabeça. ― Você não vai me falar vai?

― Não foi nada. Ele só queria falar das minhas notas. ― Falou dando de ombros e lembrando-se de várias notas nove que precisa em física.

Daniel pegou seu celular no bolso e olhou as horas.

― Você deveria correr ou não vai fazer a prova. ― O amigo bufou enquanto arruma a mochila nas costas. ― Como que  se fala boa sorte em Espanhol? ― Provocou o amigo.

― E eu lá vou saber? Nunca mais deixe eu me inscrever em uma matéria extra por causa de um garota. ― Joshua comentou antes de sair andando pelo corredor.

― Anotado. ― Daniel gritou antes que o amigo sumisse de sua vista.

            (...)

― Quantas vezes eu terei que repetir que não fui eu quem roubou o dinheiro do caixa? ― Daniel perguntou irritado para o homem em sua frente.

O homem de cabelos grisalhos soltou uma risada falsa.

― Essa não é a primeira vez que eu noto que falta dinheiro no meu caixa.

― E nem vai ser a última, porque não fui eu. ― Os olhos do menino se voltaram para porta da cafeteria para ver quem era o cliente que iria atrapalhar a sua discussão com o chefe. Porém, quem ele viu a seguir só o fez  sentir ainda mais raiva do senhor em sua frente. ― Você chamou ele?

― Você é menor de idade, eu tinha que informar aos seus responsáveis o que você está fazendo.

Daniel bufou quando o homem de cabelos e olhos castanhos parou em sua frente.

― Danny. ― Um voz estridente gritou e então ele percebeu que Joseph não estava sozinho, Maya estava com ele.

― Será que podemos conversar em particular em minha sala? ― O senhor de cabelos grisalhos perguntou calmamente para o homem que havia acabado de chegar.

― Claro. Não de um pingo de café para ela. ― Joseph advertiu Daniel antes de sair.

‘    ― Maravilha. ― O garoto falou olhando para a menina loira que estava mexendo em um cardápio que havia sido largado em uma mesa.

    ― Danny, ― A menina o chamou largando o cardápio. ― você acha que vai chover? ― E assim que terminou sua frase ela não pode evitar de dar um pulo, pois o primeiro raio cortou o céu e junto com ele veio um barulho tão alto que chegou a estremecer as janelas do café.

    ― Eu tenho quase certeza que vai Maya. ― Ele falou olhando para o céu escuro e depois para irmã que tinha medo de trovoadas. Se abaixou, lembrando que ela não tinha feito nada errado.  ― Você quer um desenho para pintar? ― Ele perguntou e a menina balançou a cabeça confirmando e logo em seguida olhou assustada para rua por causa de mais um trovão.

    Meia hora depois Joseph saiu da cafeteria puxando Daniel pelo braço.

    ― Sua mãe quer falar com você. ― Foi a única coisa que falou.

    Não muito longe daquele lugar uma garota de cabelos rosas e olhos castanhos sentada em um sofá, também olhava assustada para rua e dava pulos.

    ― Você precisa se abrir comigo, Meredith. Essa é a nossa quinta consulta e tudo que você faz é bufar, respirar fundo e revirar os olhos. ― A garota tentou tirar sua atenção dos trovões e da chuva que começou a cair para poder escutar a mulher de cabelos platinados e olhos verdes.

    ― Olha Eliza, eu sei que talvez o baba… o meu irmão tenha alguns motivos para achar que eu preciso de uma psicólogo, mas eu estou bem. Agora, eu estou bem. ― A garota jogou alguns fios de cabelos que visivelmente a estava incomodado para trás. ―  Eu sou uma garota que irá completar dezoito anos em alguns meses, mas já estou cursando a faculdade a quase um ano. Não tem como a vida está melhor, tem? ― Ela perguntou com certa ironia no tom de voz.

    ―  Você perdeu os seus pais adotivos em um acidente trágico…

    ― Muitas pessoas perderam familiares naquela acidente. ― Ela falou visivelmente incomodado com o assunto.

    ― ...eu preciso saber como você se sente com isso?

    A garota riu.

    ― Terrivelmente bem. ― Ironizou. ― Até dei uma festa semana passada.

    ― Meredith, por favor…

    ― Por favor o que? Você deve saber como eu estou só de olhar para mim e para minha ficha médica. Quantas vezes mesmo eu fui hospitalizada nos últimos três meses?

    ― E eu estou aqui justamente para tentar impedir que isso aconteça de novo. ― A psicóloga falou com toda calma possível e olhou por alguns instantes para o relógio em cima da mesa de centro.

    Meredith a observou. A sua consulta tinha começado a vinte minutos e era pelo menos a sexta vez que Eliza olhava para o relógio e ela nunca olhou para ele em suas outras consultas.

A mulher tirou seus óculos e olhou para garota em sua frente.

― Vamos tentar começar de novo. Como você conheceu seus pais adotivos? ― Meredith revirou os olhos e bufou cruzando os braços.

― No orfanato, quando eu tinha sete anos. ― A garota bufou novamente e começou a se levantar do sofá. ― Quer saber, isso não vai dar certo.

― Meredith. ― A psicóloga a repreendeu.

Mais uma raio cortou o céu e a garota tentou não pular.

― Vejo você na próxima consulta. ― Falou andando para a porta do consultório.

― Você está pagando por cinquenta minutos de consulta. ― A psicóloga comentou enquanto a garota abria a porta.

― Eu sei. ― Falou antes de fechar a porta.

Meredith passou apressada pela sala de espera e saiu para o corredor se dirigindo para frente do elevador, esperando o mesmo abrir. Olhou as horas no celular e xingou Eliza mentalmente. A psicóloga ligou para Kaique no sábado remarcando a consulta de segunda para quinta e o irmão aceitou sem nem falar com ela.

O problema era que em trinta minutos Meredith tinha uma prova na faculdade e o professor há odiava apesar do pouco tempo de aula e iria fazer de tudo para ela repetir na sua disciplina e ainda para ajudar ela  o mundo parecia que estava caindo.

O elevador se abriu e dele saiu uma menininha loira muito fofa e um homem que a garota deduziu ser seu pai. Meredith sorriu para a menina que deveria ter no máximo cinco anos e ela retribui o sorriso.

Assim que entrou no elevador a garota cumprimentou um senhora que estava dentro do mesmo e apertou o botão térreo. O elevador primeiro subiu para o décimo primeiro para deixar a senhora e depois começou a descer.

Assim que saiu do elevador Meredith percebeu o caos que estava aquele andar por causa daquela tempestade. Ela não tinha como sair na rua e chamar um táxi para leva-la direto para faculdade.

Bufou enquanto tirava o celular do bolso e discava aqueles números. Enquanto isso um Ruivo que andava impaciente de um lado para o outro no saguão daquele prédio, esperando a mãe. sentou-se em um banco que havia perto da onde a garota estava em pé e começou  a observá-la, principalmente por conta de seu cabelo que havia chamado sua atenção, eles eram cortados no ombro e rosas pastel.

A garota por sua vez revirou os olhos assim que seu irmão atendeu o telefone a chamando de Mér. Um apelido idiota que ele havia inventando só para provocá-la.

― Não começa Kaique. ― A garota falou irritada. ― Eu tenho que estar na faculdade em menos de trinta minutos, será que vo…

― Eu estou ocupando Mér. ― Meredith revirou os olhos, novamente, assim que ouviu aquele apelido

― Kaique, por favor.

― Pegue um táxi Meredith.

― Eu até pegaria se o mundo não estivesse caindo lá fora. ― Mas a garota não ouviu resposta, o irmão havia desligado o telefone em sua cara. ― Babaca. ― Disse enquanto guardava o celular de volta no bolso da calça, mas não antes de notar que ele estava ficando sem bateria.

Meredith olhou para rua através das portas de vidros do edifício e viu que não tinha saída, ela iria perder aquela prova e como a sua sorte era terrivelmente ruim, provavelmente o professor iria ficar pegando no seu pé para fazê-la repetir sua disciplina e talvez perder sua bolsa.

A garota juntou as mãos e olhou para cima.

― Por favor. ― Suplicou. ― Eu sempre fui uma boa garota e nunca fiz nada de errado. ― E então a garota ouviu uma gargalhada.

O ruivo que até então observava a menina de cabelos rosa não conseguiu se conter ao ouvir aquilo.

Meredith olhou em volta a procura da pessoa que estava rindo e encontrou o ruivo com um olhar divertido a encarando.

Daniel não pôde evitar de ficar constrangido assim que a garota o olhou. A sua intenção era apenas dar uma leve risada, porém acabou rindo alto de mais. O garoto recuperou-se do constrangimento enquanto Meredith o olhava de boca aberta, talvez por ele ser ruivo e ela nunca ter visto um ruivo de nascença pessoalmente ou talvez por ele ser muito bonito e ainda por cima a sua terceira opção que era mais válida era por ele ser ruivo e muito bonito.

― Olha, eu acho que você teria que fazer isso na rua e olhando para o céu ou dentro de um lugar olhando para alguma imagem. ― Daniel falou chamando a atenção de Meredith que ainda estava perdida em seus pensamentos de como o garoto era bonito.

Enquanto a garota pensava em uma resposta, Daniel não pôde evitar de avaliar como ela era baixinha. Mesmo com aquelas botas que tinham um salto enorme.

― Você estava ouvindo minha conversa? ― Meredith perguntou um tanto quanto irritada.

― Eu estaria mentindo se falasse que não. ― Falou enquanto a garota dava dois passos para frente para ficar mais perto do garoto ruivo desconhecido. ― Mas, você queria o que? Você estava perto de mim.

― Isso é invasão de privacidade. ― Daniel riu.

― Então da próxima a senhorita anã vá conversar em outro lugar. De preferência um que esteja vazio. ― A garota cruzou os braços e bufou.

― Você acabou de me chamar de baixinha? ― Ela perguntou irritada;

― Não estou mentindo, estou? ― Falou dando de ombros.

― Você acabou de me conhecer e já acha que pode me chamar de anã. ― Ela falou rindo. ― Você…

― Você acabou de me conhecer e por acaso está pensando em me xingar? ― Ele perguntou levantando as sobrancelhas. Estava começando a se divertir com aquela situação.

Para surpresa de Daniel a garota do cabelo rosa descruzou os braços e se deixou cair sentada no banco.

― Pelo visto estamos no mesmo barco. ― Ele comentou analisando-a

― Por que? Você vai perder uma prova importante, também? ― Ela perguntou enquanto olhava para um ponto fixo no teto.

― Não, mas meu dia está sendo uma droga.

― Quase todos os meus dias são uma droga, ultimamente. ― Ela comentou tirando seu olhar do teto e o olhando. ― A diferença é que uns são piores que os outros.

Ele sorriu antes de falar.

― Nossa, e eu pensando que minha vida estava uma merda.

― Com toda certeza nossos problemas são diferentes, porém isso não quer dizer que o seu problema é inferior ao meu. Às vezes as pessoas acham que outra não podem achar que a briga com um namorado é um grande problema porque existem pessoas que acabaram de perder os pais ou estão passando fome, mas isso é um mentira. Para aquela pessoa ali, naquele momento, a briga com um namorado é sim um grande problema. ― Ela suspirou. ― Acho que você entendeu o que eu quis dizer, não entendeu? Talvez minha explicação tenha ficado meia…

― Eu entendi. ― Ele comentou. ― Cada um tem seus problemas e eles são grandes para aquela pessoa, independente da diferença absurdas deles. Mas, não sei se concordo com isso. ― Ele olhou ela por alguns segundos antes de continuar. ― Não sei se concordo com você

―  Algumas pessoas ― Ela continuou. ― perdem os familiares, outras passam fome e sede, outras foram abandonadas, outras brigaram com o namorado, parente próximo ou amigo e outras apenas quebraram o pé. Porém nenhum problema é inferior a o outro, porque cada uma delas tem um estilo diferente de vida. Por exemplo, uma mãe perdeu um filho e uma bailarina que tem uma apresentação de dança no dia seguinte, mas quebrou o pé. Quem você vai achar que tem um problema maior?

― A mãe, é meio óbvio.

― Exato. Mas, no meu ponto de vista as duas estão sofrendo da mesma forma. Porque aquele filho ou aquela apresentação de dança tinha um significado enorme para cada uma.

― Se as pessoas verem você falando assim vão “cair matando” em cima de você.

― Eu sei. Mas, é meu jeito de ver o mundo. ― Ela comentou. ― Pode parecer cruel eu comparar uma perda de uma apresentação com a perda de um filho, mas foi assim que eu parei de inferiorizar meus problemas perto dos outros.

Ele a observou, havia gostado de conversar com aquela garota.

― Você é legal anãzinha. ― A menina de cabelos rosas sorriu para o garoto ruivo e se impressionou com aquilo, fazia tanto tempo que não dava um sorriso verdadeiro para alguém.

― Obrigada. Você também não é tão mal assim, apesar de ficar ouvindo a conversa dos outros. ― Ela comentou e olhou para rua. A chuva havia acalmando e os raios e trovões haviam ido embora. ― Eu tenho que ir embora. Foi bom te conhecer, estranho.

Daniel observou enquanto Meredith levantava do banco. E antes que ela se distanciasse muito ele falou, um pouco mais alto.

― Será que eu vou te ver novamente, ― e acrescentou quando ela virou-se novamente para ele. ― Garota do cabelo rosa?

Ela sorriu por conta do apelido.

― Acho pouco provável, ruivo.― Daniel sorriu com o apelido.

― Pelo menos me fala seu nome então. ― Pediu, chamando atenção de algumas pessoas que passavam, já que Meredith não se aproximou novamente dele.

― Assim perde a magia da coisa. ― Ela piscou para ele e saiu andando, deixando o ruivo com cara de idiota no meio daquele edifício.

Porém, a felicidade que Daniel havia sentido enquanto conversava com a garota do cabelo rosa não durou muito, pois logo viu Joseph e Maya saindo do elevador acompanhados de uma mulher de quase quarenta anos e cabelos platinados. Todos os três estavam vindo em sua direção, mas Joseph e Maya passaram reto por ele enquanto a mulher parou em sua direção.

Ele suspirou e olhou diretamente em seus olhos.

― Oi, mãe. ― Falou com certo desgosto. ― Já fazem quatro meses, não é? ― Perguntou sorrindo logo em seguida.

― Vamos conversar enquanto eu tomo um café, pode ser? ― Eliza perguntou calmamente.

― Eu tenho outra opção? ― Perguntou enquanto se levantava do banco.

― Não. ― A mulher falou e começou a andar para praça de alimentação que havia no edifício.

Daniel estava prestes a seguir a mãe, mas algo em cima do banco chamou sua atenção. Um celular. O garoto se aproximou do mesmo e o pegou, seu pensamento se desviou para a garota de cabelo rosa, aquele celular só poderia ser dela. Rapidamente o colocou no bolso do calça e seguiu a mãe que estava parada no meio do caminho, o esperando.

 

 

    Assim que abriu a porta de casa Meredith sentiu seu sangue ferver e seu rosto ficar vermelho, por causa da raiva. Kaique estava jogando videogame com seus amigos. O irmão era um poço de irresponsabilidade e não era por falta da idade, pois ele já havia vinte e sete anos.

    A menina bateu a porta de casa chamando a atenção de todos ali presentes, inclusive daquele loiro de olhos castanhos, que era a cópia mais nova de Peter Ferrari. Seu pai.

    ― Você é incrível. ― A garota ironizou.

    ― Muito obrigada, mas eu já sei disso. ― Comentou fazendo os amigos rirem.

    Meredith balançou a cabeça em negação, havia ficado ainda mais irritada depois daquele comentário.

    ― Você iria perder um dedo se fosse me ajudar por acaso?

― O dedo não, mas o jogo sim.

― Você já pensou em crescer? Você não é mais nenhuma criança Kaique.

― Eu estou muito bem do jeito que eu sou e você? ― Ele perguntou cruzando os braços. ― Ah a propósito, Eliza ligou. Você fugiu da consulta?

― Não te interessa. ― Meredith falou dando de ombros e se dirigindo para as escadas.

― É o meu dinheiro que está sendo gasto, Meredith. ― Ela ouviu enquanto estava subindo as escadas e parou.

    ― Não é o seu dinheiro, babaca. ― Gritou. ― É o meu dinheiro. O dinheiro que foi deixado para mim.  ― Falou irritada.

    ― Quantas vezes eu vou ter que repetir, você não é parte dessa família. Você é uma intrusa.

    A garota fechou os olhos, respirou fundo e voltou a subir as escadas. Não iria continuar discutindo com Kaique, aquilo não valia a pena.

    Antes de bater com toda força que ela tinha a porta do quarto pode ouvir um dos amigos do irmão fazer um comentário nojento sobre ela. Assim que fechou a porta Meredith se jogou na cama e ficou olhando para o teto branco por longos minutos e pensando na prova que havia perdido. Poderia ser de qualquer disciplina, menos aquela.

    Porém, seus pensamentos logo se dirigiram para o ruivo. Não sabia explicar quão legal foi conhecer aquele garoto, foi bem melhor conversar com ele do que com Eliza. Suspirou, sabendo que nunca mais iria ver o menino novamente. Na hora achou melhor não revelar seu nome para o garoto, porém agora havia se arrependido totalmente dessa ideia. Queria muito encontrá-lo novamente em um lugar melhor para conversar, mas sabia que isso não iria acontecer e a culpa era totalmente sua.

    Ouviu um porta se fechada e logo depois escutou barulho de carros ligando. Kaique e seus amigos havia saído de casa e Meredith agradeceu mentalmente por isso. A garota levantou correndo da cama e foi pra cozinha preparar um sanduíche, para depois tomar um banho. Não sabia se o irmão e os amigos iriam demorar a voltar ou iriam ficar fora a noite toda, então preferiu não arriscar tomar um banho antes e ter que ir dormir com fome.

    A menina que estava tranquila fazendo um sanduíche nem imaginava que dali a três meses, quando completasse seus dezoito anos, sua vida iria ter um virada brusca, novamente.


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Notas finais do capítulo

Eu revisei o capitulo duas vezes, mas se encontrarem algum erro me avise, mas lembrem-se: eu não sou formada em língua portuguesa, na realidade na escola eu era péssima em português. Eu escrevo porque eu gosto e me faz bem, eu nunca tive o sonho de ter um livro publicado.

Minha ideia era postar todos os dias até chegar no capitulo oito, que foi o ultimo postado, porém não sei se vou conseguir. Mas, já escrevi até o capitulo seis.

Seu comentário será bem vindo ♥
Beijos

ps²: se quiser, me siga no twitter: @sendobea

ps:³: como eu escrevo pelo celular muitas vezes e também reviso (eu uso o google drive) pode acontecer do corretor fazer aquelas correções que só ele sabe fazer, se isso acontecer me avise, por favor.



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